Angel Being Pampered [Hiato] escrita por biazacha


Capítulo 17
Extra: They Knows


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Vocês devem estar querendo me socar né? Ok, vou me explicar: toda vez que tentava escrever algo semana passada, o World bugava de uma forma bem do mal e desligava sozinha, mesmo que eu salvasse perdia tudo... tentei umas quatro vezes e desisti.
Hoje meu pai vem aqui com um Office novo pra tentar resolver, porque tá acontecendo isso quando a gente abre World, Excel, Power Point... um saco.
Como acho impossível escrever aqui, eu fiz esse extra no Bloco de Notas mesmo - foi um inferno - só pra vocês não ficarem sem nada enquanto coloco as coisas em dia...
Mais uma vez, foi mal mesmo gente. E boa leitura!



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O professor seguia sua explicação na aula de inglês, mas a manhã fria e seu tom de voz contínuo e entediante, quase como uma cantiga de ninar, desconcentrava a todos da sala.

Esfregando a nuca pra tentar se manter alerta, Lenalee era uma entre os muitos que deserdavam no meio da matéria e ficavam viajando em seus lugares; mas a menina tinha motivos muito mais consistentes do que os demais para se encontrar naquele estado. Fraca, machucada, estressada e com muitas saudades do irmão, ela se dividia entre a vida dupla de estudante e exorcista, mas claramente chegava ao seu limite: a pior parte é que não podia simplesmente abandonar o colégio, já que os akumas da região em sua maioria se concentravam disfarçados de empregados dos seus colegas.

Boa parte de seus ferimentos se estava nos braços, ao se defender dos golpes frontais que sofria e nas pernas, pois muitos miravam suas Dark Boots, na tentativa de separa-la do resto do corpo. No geral, os que tinham essa infeliz ideia e a todo custo passavam a batalha com a intenção de arrancar suas pernas eram os piores e mais irritantes de se lidar. Ela se sentia indisposta no espírito e queria mais que nunca voltar para o seu tempo, para a Ordem e seu irmão.

Mas estranhamente, quem no geral era o ser mais iluminado daquela sala estava estranhamente quieto e distante nos últimos dias: Suou Tamaki.

Respondia com monossilábicos aos professores e as garotas, mesmo durante as atividades do clube; não se importava em ser ofuscado pelos outros e passava boa parte do tempo fitando as janelas, imerso em pensamentos que só o próprio conhecia. Ao questionar Kyoya sobre o amigo, ele disse que era normal ele ter aquelas fases de 'príncipe solitário' e que em breve algo aconteceria e o puxaria de volta a realidade; mas mesmo ele aparentava preocupação quando voltava os olhos em direção ao loiro.

Acostumada a investigar as besteiras que o irmão faz por baixo dos panos, ela viu nele uma oportunidade de distrair a cabeça no interior do Ouran e ainda fazer algo que a lembrasse de casa.

Sua rotina ao chegar ao colégio na verdade era algo bem simples e até mesmo monótona de se observar, de modo que ela supôs que o motivo deveria estar em sua casa; não era um fato muito comentado, mas mesmo assim continuava conhecido por todos ali: ele era um filho bastardo do Diretor do colégio e uma bela francesa. Sua avó, a legítima líder dos Suou, não o aprova e ele nem mesmo têm permissão para ir até a primeira residência da família, onde ela e o pai vivem. Uma realidade cruel que não condiz com a figura encantadora e cheia de vida que ela encontra em sua sala todas as manhãs. Pensativo ou não, ele continuava longe de estar deprimido.

Na verdade, depois de um tempo, ela notou uma tendência: se Haruhi-kun chegasse antes que Allen e os gêmeos, ele se mostrava feliz e perguntava como tinha sido seu dia, se ele estava belo e as idiotices de sempre... isso até eles surgirem. Ele só voltava a ser ele mesmo nos breves momentos em que o Tipo Natural estava ao seu lado.

Com essa ideia fixa na cabeça, resolveu descobrir se de alguma forma ele tinha algum ressentimento pendente com seus colegas do primeiro ano que não Fujioka; chegando à mansão onde viviam, nos breves minutos de paz antes de sair para caçar akumas, ela encurralou Allen.

-Allen-kun, houve alguma briga entre os membros do Clube?

-Não! Porque diz isso Lenalee? – o garoto a encarou confuso.

-Nada, só achei que o clima entre vocês anda meio estranho...

-Sério que passamos essa impressão? Obrigada por contar, vou avisar Kyoya-sempai, precisamos tomar alguma atitude ou todas as clientes vão começar a ver brigas onde não há.

-Mas o Kyoya-san? O presidente do Clube não é ...

-O Tamaki-sempai, sim – disse ele – mas ultimamente ele anda aéreo, estranho... e de qualquer forma, as decisões mais duras sempre ficam por conta do Kyoya-sempai mesmo, ele tem o dom de fazer as coisas de um modo que ninguém consegue criticar. Não muito, pelo menos.

-Como assim?

-Sabe como é difícil conciliar as loucuras do Tamaki-sempai, as travessuras dos gêmeos, os caprichos do Hani-sempai, as opiniões mudas do Mori-sempai e a maré de azar que eu atraio?

-Nem consigo imaginar como. – respondeu ela rindo; o certo seria dizer ‘a imprevisibilidade’ dele e não uma suposta maré de azar.

-Enfim, dá trabalho e ninguém além dele tem competência pra assumi-lo.

-E o Haruhi-kun? Ele não é o aluno mais brilhante e promissor do colégio?

-Bom Haruhi... é um caso à parte. – desconversou ele.

-Porquê? – ela sentia que estava perto de uma resposta.

-É aluno bolsista e não pode deixar as notas caírem, não tem tempo para administrar nada... já o Kyoya-sempai é o terceiro filho da família dele. – ela ficou impressionada com a informação, com seu porte ela jurava que ele era o herdeiro primogênito.

Mas isso não a desviava do fato de que Allen se safou dela escondendo algo, porque a exorcista sabia quando o Trapaceiro agia sob a camada de brancura fofa do amigo. Mal deu dois passos e Kanda surgiu de algum ponto nas sombras, detendo-a pelo braço.

-Kanda-kun? – perguntou ela assustada.

-Se quer saber a dinâmica daqueles idiotas, observe os alunos do primeiro ano, ou os gêmeos com Suou... mas não se deixe ser pega e saia de perto quando os dois da minha sala estiverem lá.

-O que quer dizer?

-Para descobrir a verdade, tem que segui-los sem ser detectada.

-Você já fez isso?

-Já, na verdade comecei a suspeitar de algo há muito tempo, o que me levou a me infiltrar na casa dos Hitachiin aquele dia. – ela assentiu; então era por isso que ele a levou lá.

-E em torno de quem está o mistério central?

-Fujioka. – respondeu ele seco – Mas hoje nós temos que terminar a varredura de ontem.

Ele foi embora e a menina suspirou. Mais uma noite em claro.

Como por ironia ou algo do gênero, nessa madrugada Allen se feriu gravemente numa luta contra um nível três e ficaria o dia sob observação dos finders, sendo tratado com todas as drogas bizarras – porém altamente eficazes – que Komui enviou com eles no início da missão.

O moreno não se manifestou no carro, mas ela sabia que havia ali um trato silencioso: ela iria descobrir a verdade por si mesma e ele cobriria sua ausência se necessário. Mas a verdade é que não era tão fácil quando parecia; Lenalee não fazia ideia de onde começar a procurar por respostas e não podia perder as aulas bancando a detetive.

Passou o dia mirando Kyoya e Tamaki de canto. Assim que os avisou que Allen tinha demonstrado um mal-estar devido ao seu ‘estado de saúde frágil’, o loiro praticamente ressurgiu das cinzas e seu humor retornou, já o outro ficou visivelmente frustrado e preocupado, reações normais pra quem tem um colega doente que fará falta no clube.

E essas reações se estenderam, Kyoya centrado e fechado, Tamaki alegre e galanteador – seria um problema se o Rei do Host Clube continuasse da forma que estava antes, mas ela era forçada admitir que não estava gostando da nova postura do outro: não deveria ser difícil pra alguém da família Ootori começar uma investigação sobre qualquer assunto.

Mais tarde, já em meio a várias clientes, ela observou as fãs do amigo histéricas e muito, mas muito decepcionadas por não poderem encontra-lo. E logo se viu cercada pelas fãs de Allen, que a bombardeavam com perguntas sobre seu estado – seguindo o combinado, ela se limitava a dizer que o sistema imunológico dele estava um tanto quanto comprometido e por isso ele deveria ficar uns dias em isolamento e a base de remédios.

Todas as meninas pareceram acreditar piamente no que ela dizia; o mesmo vale para os gêmeos e Tamaki. Apenas Mori-sempai, Hani-sempai e Kyoya mantinham semblantes curiosos, claramente desconfiando de algo – exatamente as pessoas que Kanda alertou que poderiam perceber suas intenções caso fosse investigar a sério.

Perto da hora de ir embora, o catálogo da grife da mãe dos gêmeos com a campanha que Allen e Haruhi estrelaram foi distribuído para as clientes; ela o folheou se impressionando com o desempenho dos dois, que realmente pareciam profissionais e à vontade nas fotos.

Já fora da sala, ela caminhava cansada e pensativa em direção ao lugar onde geralmente a limusine deles os esperava – foi então que teve um estalo: havia esquecido completamente de pegar a matéria do amigo ferido com os colegas de classe dele. Meio andando, meio correndo, ela foi em direção a Terceira Sala de Música e parou na porta, espiando pela fresta aberta.

Os gêmeos agarravam Fujioka com uma das mãos e vestidos que ela reconheceu da campanha com a outra; Tamaki se colocava entre eles com uma expressão feroz no rosto.

-Saiam de perto da minha filha! – ‘filha?’ pensou a exorcista confusa.

-Qual é o problema??! Deixa a gente brincar com a Haruhi! – ‘a Haruhi??!’ ela estava em pânico, pois já tinha ideia do que isso significa.

-Mamãe! – gritou Tamaki, o que fez a garota se acalmar: ele realmente chamava Kyoya dessa forma de vez em quando, o mesmo podia ocorrer com Haruhi-kun.

-O quê é..... papai? – perguntou ele hesitante, sem retirar os olhos da planilha que analisava.

-Os gêmeos estão implicando com a irmã, querem enfiar ela nuns vestidos com segundas intenções.

-Haruhi, pode ir embora antes que isso piore – disse o garoto, ainda não encarando nenhum deles – e vocês tem que aprender que Haruhi só é uma garota... biologicamente falando. É só olharem pra ela.

O lugar entrou em silêncio, enquanto eles fitavam Haruhi, que estava com um semblante aborrecido.

-Agradeço a sinceridade Kyora-sempai, agora se me dão licença...

-Não! Haruhi, prove que Kyoya está errado! Você é uma menina e vai se vestir como menina! – berrou Hikaru.

-Não! Eu vou embora!

-Papai quer te ver com roupas de menina como nessa foto! – Tamaki ergueu uma imagem gigantesca de Haruhi, com os cabelos longos e um vestido rosa esvoaçante... mas suas feições estavam mais jovens, provavelmente era antiga.

-Para de pegar essas coisas com o meu pai! Deixar o cabelo assim dá trabalho e vestidos não são práticos!

-Nãããão! Não queremos ouvir você falando essas coisas! – berraram Tamaki, os gêmeos e Hani-sempai.

Com a sensação de que não poderia ficar ali mais tempo, ela saiu em disparada pelo corredor, com o coração a mil e uma sensação de choque com o que tinha acabado de presenciar. Sem demorar um segundo, abriu a porta do carro comprido e luxuoso que os aguardava, se atirou dentro dele, encarando Kanda, que a mirava com um olhar sugestivo.

-Fujioka Haruhi é... – começou ela.

-Uma garota. E o moyashi já sabia disso.

Eles foram o resto do caminho em silêncio; talvez ele tenha sido informado quando entrou para o Clube e nunca falou nada para eles – não há nada mais estranho e suspeito que uma menina que se veste de rapaz e faz o trabalho de um host. Porque Allen escondeu este detalhe crucial, e porque Tamaki parecia feliz com a ausência dele, ao contrário de Haruhi, que era uma  das pessoas mais preocupadas com a saúde do garoto?

As questões eram diversas, mas aquele não era o dia nem o momento para verbaliza-las. Mesmo porque eles teriam de lutar à noite, assim como em todas as outras.


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Notas finais do capítulo

No fim das contas acabou sendo mais fácil colocar assim do que um cap para isso... agora não vou ter que explicar nada mais tarde, os dois sabem e pronto!
Beijos flores! (*--*)//