A Little Help escrita por giuguadagnini


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Caramba, deve ter gente achando que eu morri...
OOOOOOOOOOI GENTE, como estão?
Tá, eu sei que eu demorei de novo, hoje completa um mês desde a última vez que eu atualizei DD:
Mancada minha, eu sei, mas eu fiz este capítulo realmente grandão para vocês matarem um pouquinho da saudade de ALH.
Bom, neste aqui tem realmente de TUDO.
Vou deixar vocês felizes, depois com raiva, com vontade de descobrir onde eu moro para mandar uma bomba-relógio pelo correio e, então, talvez no finalzinho vocês entendam.
TALVEZ.
Tenho certeza que muita gente vai me ameaçar de morte nos reviews, e eu aceito totalmente.
Bom, vocês precisam ler para descobrir o porquê de tanto drama meu, e eu espero que curtam um pouquinho, certo?
Um grande beijo para todos que estão acompanhando, especialmente para a Larissa Moraes e para a Poli.
Meninas, eu namorei seus reviews por quase um dia inteiro. Vocês são maravilhosas ♥
Well, boa leitura a todos :)
P.S. Músicas nos colchetes!!!!!



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[Charlie Brown – Coldplay]

A água estava gelada, mas entrei mesmo assim.

Não que no hotel não tivesse uma piscina aquecida, havia sim, mas estava todo mundo tão enlouquecido de felicidade que eu não os culpei por terem escolhido a piscina externa. Acho que até preferia desse jeito, para falar a verdade. Poder ver o céu à noite enquanto se nadava era incrível.


Agora, se você estiver confuso, saiba que toda essa alegria tinha motivo: GANHAMOS O JOGO CONTRA DURMSTRANG!!!

Foi uma partida sofrida, você deve saber. Muitas faltas, cartões e impedimentos. Aliás, até agora eu não sabia em que time o Potter estava jogando. Sério, aquele garoto só dificultou as coisas para o time de Hogwarts. Cismou em jogar sozinho, insistiu em jogadas falhas e ainda perdeu bolas feito louco para o outro time. E o detalhe: ainda estava se achando o certo.

Mas, para a nossa alegria, Madame Hooch lhe deu um corte daqueles, ameaçando colocá-lo no banco e tudo mais se ele não tomasse jeito de uma vez.

"Se isso é uma atitude de um capitão, Sr. Potter! Não esperava isso do senhor".

Ahn, o que mais? Bom, eu fiz dois gols; Potter também. Blaise parecia um palito de dente perto daqueles caras, mas marcou Vitor Krum como se tivesse uma superforça ou sei lá o quê. E ele ainda conseguiu torcer o próprio pé no primeiro tempo, só para constar, o que não foi tão mal assim. De canto de olho, eu podia ver Luna cuidando dele no banco, colocando gelo no seu tornozelo e ajudando os paramédicos a sentá-lo de maneira confortável.

Eu podia jurar que ele preferia estar lá do que no campo, correndo com outros vinte e um caras suados e sujos de grama.

Já Draco auxiliou muito bem nos passes e nas roubadas de bola e, como havia prometido à Hermione, fez um gol para ela no último minuto! O engraçado foi que ele recebeu uma grande ajuda de Ron, que chutou a bola de um gol a outro. Ela bateu na trave e, Draco, que estava ali por perto, cabeceou de volta para dentro.

GOOOOOOOOL!

Hermione, que nessa hora tinha ido comprar pipoca, deixou tudo cair e, como toda a multidão, invadiu o campo para comemorar, sem ao menos pagar pelas pipocas derramadas.

"Oh meu Deus", ela se tocou depois de abraçar Draco. "Eu não paguei o pipoqueiro!".

"Você é mesmo uma delinquente, Granger", Draco estreitou os olhos e tentou dar um sorriso sexy.

Ela deu um tapa no braço dele e o puxou para as arquibancadas, rumo ao cara da pipoca.

No final, o placar marcava 5x4 para Hogwarts, o que foi mais do que satisfatório. Nada como um desempate no último segundo para revigorar os nervos.

Madame Hooch estava dando pulinhos, sem brincadeira.

Gina nem se importou de me abraçar enquanto eu estava suado. Agarrou-se em meu pescoço e eu peguei-a no colo feito uma criança que enganchava as pernas em torno da cintura do pai.

Giramos incontáveis vezes agarrados pelo gramado, às vezes rindo, beijando ou até gritando juntos para o céu, o tipo de grito bom de dar, que faz o corpo tremer, o sorriso abrir e os olhos brilharem.

Acho que nem preciso dizer que foi a maior várzea no ônibus de volta para o hotel, não é?

Cedrico colocou para tocar "We are the champions" no celular e todo mundo cantou junto. Pansy e as líderes de torcida entoavam o grito de guerra de Hogwarts e jogavam seus pompons para cima. Blaise não deixava Luna levantar do lugar ao seu lado, e é claro que seus motivos eram os mais convincentes:

“Como é que eu vou me sentir seguro se você não estiver aqui? É quase certo que alguém esteja planejando pisar no meu pé de propósito!”.

“Menos, Blaise. Muito menos...”.

Resumindo: eu não podia estar mais feliz. Sério.

Então, quando chegamos ao hotel, todos correram até seus quartos para colocar roupas de banho.

Agora me diga uma coisa: tem maneira melhor de comemorar do que juntar todos os seus amigos em uma piscina? À noite? Em um hotel maneiro?

Bom, eu acho que não!

Voltei à superfície e pude respirar novamente. A água gelada parecia ter roubado meu fôlego e deixado meu corpo estranho, como se de repente eu pudesse sentir meu coração batendo em tudo quanto era lugar. Mas era algo muito bom de sentir. Estranho, mas bom.

Gina ainda não havia aparecido na área da piscina, então fiquei matando o tempo até que ela chegasse.

Dei um caldinho em Draco, joguei água em Pansy enquanto ela passava perto da borda e até fiquei zoando Blaise, por ele não poder entrar na água.

– Ah, que querido você – Blaise fez uma cara de sínico e se ajeitou melhor em uma espreguiçadeira. – É quando você torce o pé que nota quem são os verdadeiros amigos.

– Exatamente – eu saí da água e fiquei ao lado de Draco, que estava secando o cabelo com uma toalha. – Os amigos são os que vão te zoar eternamente, vão te fazer sentir a melhor dor física e ainda vão rir da sua cara quando você der uma de idiota.

Draco concordou com a cabeça e, juntos, nós fingimos que íamos tocar no pé de Blaise, o que o fez contrair todo o corpo e gritar um “não” feito uma garotinha.

– Mas será possível! – alguém disse atrás da gente. – Vocês não dão um desconto ao garoto!

Gina estava de biquíni, com o cabelo preso em um coque soltinho na cabeça. Em um dos ombros pendia uma bolsa de praia feita de tecido colorido e, em volta da cintura, uma pequena canga estampada em tons de azul. Ela tinha os braços cruzados e um olhar reprovador para mim e Draco.

– Isso mesmo, Gina! – Blaise assentia com a cabeça. – Eles são muito maus comigo. Dê um cascudo nesses dois!

– Deixe comigo – ela disse séria, ou pelo menos tentou. – Eu vou fazer muito pior do que dar um simples cascudo.

– Ahn, é... – Draco já se esquivou para o lado. – Eu vou pegar um suco. Bateu uma sede agora...

– Cara! – eu o acompanhei. – Não existe nada melhor que suco.

Gina me pescou pela orelha e eu tive de voltar. Draco seguiu o contorno da piscina, rindo de mim.

– Boa sorte! – ele gritou, já longe, levantando a mão em um aceno.

– Valeu, amigo! – eu frisei a última palavra. – Acho que vou precisar.

Gina me olhou nos olhos, ainda segurando minha orelha, e fez sua melhor imitação de psicopata.

– Ah, mas vai mesmo – ela confirmou, me olhando maliciosa.

Sorri para ela, meio que imitando a cara de alguém que estava em apuros.

– Outra coisa sobre os amigos – Blaise começou a falar. – Eles te abandonam rapidinho quando ruivas ameaçam te dar uma lição.

– Fato – Gina concordou, inclinando a cabeça para a direita, o que lhe dava um ar de inocente, mas ao mesmo tempo perigoso.

Que garota linda.

Tirei a bolsa do seu ombro e fui guiando-a para perto da piscina sem que ela percebesse. Ela ainda segurava minha orelha e eu, para imitá-la, segurei a sua. Por sua vez, ela segurou minha outra orelha, e eu fiz o mesmo.

– Você sabe que vamos cair na piscina se dermos mais alguns passos, não sabe? – ela perguntou na maior tranquilidade do mundo.

– Sei. E é esse o objetivo.

– Mas eu ainda estou de canga. Não quero molhá-la. – ela fez um beicinho com os lábios, e eu me controlei para não beijá-la naquela hora.

– Eu tiro para você se prometer que não vai me bater – eu dei mais um passo para frente, e ela segurou um pouquinho mais forte nas minhas orelhas.

– Sem mão boba – ela frisou e eu me fiz de triste.

– Mas...

– Sem mas – ela apertou forte minhas orelhas, o que doeu de um jeito bom.

Contrariado, desci minhas mãos pelo seu pescoço até a cintura, onde encontrei - sem olhar - a barra da canga. Procurei pelo nó na lateral do seu corpo e desamarrei. E tudo isso só olhando nos olhos dela.

Joguei a canga em cima da espreguiçadeira ao lado da de Blaise e dei mais um passo com Gina em direção à piscina.

– Está muito fria? – Gina mordeu os lábios, aflita.

– Bastante – eu assenti com a cabeça, o que fez suas mãos baixarem e levantarem por estarem presas em minhas orelhas.

– Ótimo. Isso ajuda bastante, obrigada.

Dei outro passo e ela pareceu ficar desesperada. Era engraçado o modo como os olhos dela se arregalavam tão depressa e suas sobrancelhas se arqueavam de um jeito que expressava um pouco de medo.

– Mudei de ideia – ela disse, tentando se soltar de mim. – Eu vou entrar depois.

– Ah, não vai não – eu sorri, e ela sorriu também, apesar de estar inquieta.

Dei o último passo e ela já estava com os calcanhares para dentro da borda.

– Nott, não – ela riu de nervoso e prendeu-se em meu pescoço.

– Sim.

– Não!

– Ah, sim! – eu me inclinei para frente, o que a deixou arqueada para dentro da piscina.

Gina me abraçou muito forte, murmurando um não atrás do outro, e então eu soube que esse era o momento.

Com um único movimento, afundamos juntos para o fundo. Quando voltamos a emergir, ela ainda estava agarrada em mim.

– Seu idiota. Isso aqui não está frio. Está um GELO! Estou me sentindo no filme do Titanic.

Pensei por um tempinho de dois segundos e, como ela ainda não havia me soltado, achei que seria legal se eu falasse:

– “Se você pula, eu pulo”.

Gina ficou parada por um instante e, então, se desgrudou do meu pescoço e trouxe seu rosto para frente do meu devagarzinho, não acreditando no que tinha ouvido. Havia algumas gotinhas de água entre seus cílios, o que os deixavam meio juntos.

– O que você disse? – ela parecia quase desacreditada.

Sorri.

– Se você pula, eu pulo. Lembra?

E ela ficou ali, apenas piscando os olhos por um instante. Senti quando ela respirou fundo e, meio desajeitada, me puxou para outro abraço. E eu adorei me sentir totalmente amassado, com um sorriso bobo nos lábios.

Só então notei o quanto era bom abraçar alguém debaixo d’água. Sério, todo mundo devia fazer isso algum dia.

– Nott... – a voz de Gina estava baixa como um sussurro ao pé do meu ouvido.

– Oi? – eu respondi baixinho também.

Ela deu um beijinho no meu pescoço e, então, mais baixo ainda, escondendo o rosto entre o vão do meu ombro, ela disse:

– Eu realmente gosto de você. Gosto muito.

Meu peito queimou intensamente e senti como se aquele segundo fosse infinito. Era como se eu estivesse prendendo fogo dentro da piscina.

– Isso foi um eu te amo? – eu apoiei meu queixo no seu ombro, tentando não agarrá-la de uma vez só.

Ela riu e sua barriga tremeu na minha.

– Não estrague as coisas. Eu te amo é uma expressão muito forte.

Foi minha vez de rir.

– Não estrague as coisas, você. – eu beijei seu ombro e, então, voltei a perguntar: - Isso foi um eu te amo?

Ela demorou um pouco para responder, mas não se afastou de mim. E então, quando eu já estava ficando com a sensação de que tudo estava ruindo, ela disse:

– Talvez.

Com calma, tirei seu rosto das sombras e o trouxe para mim. Ela fechou os olhos e eu fiz o mesmo antes de tomar seus lábios com a maior delicadeza que consegui.

Gina fechou os braços na curva do meu pescoço e se deixou levar por nossas bocas. Eu quase sentia seu coração bater de encontro ao meu peito, e fiquei me perguntando se ela podia sentir o meu.

Como que me respondendo, ela desceu com uma das mãos até o lado esquerdo do meu tórax e a deixou ali, arrancando calor do meu peito como um cubo de gelo mergulhado em um copo de água quente.

Acariciando meu rosto, ela finalizou o beijo com vários selinhos demorados. Continuei de olhos fechados e, quando os abri, ela já estava me olhando.

– O que foi? – ela perguntou, quando passei os últimos quinze segundos sem dizer uma palavra.

Olhei para cima, onde o céu exibia um manto de incontáveis estrelas. Gina baixou meu rosto para ela e me olhou daquele jeito preocupado.

– Ei, o que foi? – ela voltou a perguntar.

Olhei bem para ela, a garota que em poucos meses havia me mudado quase que por completo.

– Nada – respondi.

Ela não deixou por isso mesmo.

– Nada?

– É. Nada. Ou não sei, talvez seja tudo. Você vira minha mente pelo avesso só com algumas palavras e eu fico aqui, não sabendo dizer algo suficientemente bom em troca.

Gina sorriu, mas não falou nada também.

A água tremulava na altura dos seus ombros, eu conseguia ver o reflexo da lua ondular na sua volta.

– É que aqui – eu segurei sua mão debaixo d’água -, agora, olhando no teu olho, eu não consigo acreditar que te beijei, ou que você disse que gostava de mim. Ou no quanto você me fez mudar sem ao menos perceber.

Ela apertou minha mão na sua, como que me dando coragem para continuar falando.

– E, sim, eu posso ficar aqui enrolando e enrolando, tentando descrever o que você é para mim nesse momento, ou o quanto eu gosto de você ao ponto de achar que te amo, de ter quase certeza disso, mas nunca vai ser o suficiente. Então prefiro dizer que não é nada, ou se preferir, tudo. Porque é assim que eu me sinto quando estou sem ou com você.

Aproximei meu rosto do seu e encostei nossos narizes. Sua mão, que antes estava apenas segurando a minha, agora a apertava como se fosse tudo o que tinha de mais precioso na vida. Com a outra mão, puxei sua cintura para mais perto de mim, o que a fez sorrir com o cantinho dos lábios.

Quando estava prestes a beijá-la de novo, alguém se jogou de um jeito estrondoso bem do nosso lado, atirando o que pareceu uma tonelada de água em nossa direção.

Gina pulou para longe de mim, assustada. Meu coração acelerou pelo ataque surpresa.

– Eu tinha que fazer alguma coisa – disse Draco, emergindo do que antes era um enorme aguaceiro. – Vocês estavam muito fofinhos. Quase vomitei meu suco.

Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, a própria Gina voou para cima dele e afundou sua cabeça para baixo. Não me restou alternativa a não ser rir.

– Pois bem, seu loiro aguado – ela disse, ainda pressionando a cabeça dele lá em baixo. – Me dê mais um susto desses e eu juro que eu faço o suco que você bebeu sair pelo seu nariz, junto com seu cérebro de minhoca!

Draco voltou à tona quase roxo. Eu não podia estar rindo mais.

– Mas será possível... – ele reclamou. - Vocês dois não sabem fazer outra coisa a não ser dar caldos em mim, não? Já é a segunda vez hoje – o loiro estava com um dedo no ouvido, que a essa altura devia estar cheio de água.

– Sabe – eu passei o braço em volta do pescoço dele. –, às vezes parece que você pede por isso.

Ele deu aquele sorrisinho afetado e foi tirando meu braço de perto, e então abriu aquela matraca outra vez:

– Primeiro: A gente nem estaria comemorando aqui na piscina se eu não tivesse feito o gol de desempate, então, vocês – ele indicou a mim e a Gina com a cabeça – deviam me agradecer, ao que eu respondo gentilmente com um: de nada.

Gina revirou os olhos e deixou um riso irônico escapar da boca.

– E segundo: eu sou muito bonito para morrer afogado, então... – Draco inflou o peito, adotando àquela conhecida postura de convencido.

– Ah, tudo certo, senhor bonitão – Gina nadou para perto dele e ficou rondando-o feito um tubarão pronto para atacar. – Então, só para você saber mesmo, eu acharia legal você se esquecesse um pouquinho de mim e do Nott e fosse dar uma olhada em Hermione. Meu irmão não para de olhar para os peitos dela já tem uns seis minutos seguidos.

Draco deu um pulo dentro d’água e, quase que instantaneamente, seu rosto foi preenchido por um milhão de feições de ciúme. Ele olhou em volta e, antes de sair nadando feito louco até a garota de cabelos castanhos, murmurou um:

Touché.

Gina sorriu satisfeita e começou a boiar. Quando ela já estava para lá de concentrada, puxei seu pé em minha direção e ela veio toda desajeitada para a minha frente.

Óbvio que o que se seguiu foi sessões de tapas e esmurros da parte dela para a minha, e eu não tinha do que reclamar. Quando finalmente consegui imobilizá-la, ela já estava se segurando para não rir.

– Não seria a gente se não houvesse toda essa estupidez maneira – eu murmurei no seu ouvido, já que ela estava de costas para mim, encostada no meu peito.

– Verdade.

– Vai, pode falar: você adora me fazer de saco de pancadas.

Ela me olhou por cima do próprio ombro e, apertando os olhos, respondeu:

– Na verdade, eu gosto sim.

Indignado, comecei a fazer cócegas na barriga dela, que só se contorcia e gritava de um jeito agudo para que eu parasse.

– N-Nott, pare com is-sso! – ela implorava, rindo de um jeito sofrido. – Eu gosto de te fazer de saco se pancadas, sim, mas gosto mais ainda quando você me agarra para me fazer parar.

Parei, sentindo-me bobo. Era bom saber do outro lado da estória.

– Bom – eu virei-a para mim, apertando seu corpo de encontro ao meu. -, você pode me bater mais vezes, então.

Gina deu um tapa na minha cara, e é claro que eu não estava esperando por isso, pelo menos não naquele momento. Abri a boca em um perfeito “o” e, antes que ela pudesse se explicar, beijei-a forte, agarrando-a sem piedade e sem medo do que podia vir a acontecer.

E é assim que as coisas devem ser: faça, não se importe com o que pode vir depois. Consequências existem, claro que sim, mas elas não valem o preço de desistir de algo que realmente importe para você.

Acredite em mim, o arrependimento é igual ao gosto ruim que sentimos na boca logo que acordamos de uma noite mal dormida: traz nojo, raiva de si mesmo e preguiça de resolver as coisas do jeito que elas deveriam ter sido resolvidas.

Também não estou dizendo para você sair por aí, fazendo qualquer loucura sem medir os riscos e tudo mais. Não! O que quero dizer é que, às vezes, um desvio do certo pode ser o que você precisa para continuar.

Saia da rotina, não faça sempre o esperado. Seja diferente, ouse, permita-se viver! Ou você acha que eu estaria aqui, beijando essa ruiva invocada se não me permitisse errar algumas milhares de vezes?

E foi por isso que, depois de nadarmos por mais uma meia hora, curtindo um ao outro, eu disse sim quando ela me convidou para ir à fogueira que iria acontecer daqui à uma hora no jardim especial do hotel.

Eu estava cansado, abatido mesmo, mas não deixei que o sono acabasse com o que poderia ser mais um momento inesquecível ao lado dela. Por isso saí da piscina, sequei-me um pouco com a toalha, me despedi de Gina e fui para o meu quarto tomar um banho quente.


– - -





[What goes around comes around - Justin Timberlake]







Se tem uma parada que eu odeio é ficar andando de sunga molhada por aí.





Não sei, mas acho que essa é uma das coisas que te enganam de início. Assim que você sai da piscina, você nem nota que é incômodo, mas quando começa a secar no corpo... Jesus! Santa aflição!


Se for para definir, eu digo que é como ir esfolando sua alma aos pouquinhos.

Passei o cartão no leitor e pude entrar no quarto. Estava tudo normal, exceto pelas camas, que estavam completamente arrumadas. Camareiras são pessoas lindas, eu devia dar flores para elas.

Separei uma toalha e entrei no chuveiro.

Não vou ficar descrevendo o que fiz, até porque todo mundo aqui sabe o que se faz no banho, não é? – todo aquele lance do shampoo, sabonete, ficar cantando uma musiquinha do One Direction para descontrair e por aí vai. Mas o importante foi que, mesmo no estado de cansaço em que estava, aquilo me ajudou a melhorar um pouquinho. Deixou meus olhos mais abertos e renovados do cloro da piscina.

Pois é, eu abro o olho debaixo d’água. Podem me julgar.

Quando terminei, enrolei a toalha na cintura e voltei ao quarto. Tudo continuava no seu devido lugar, as camas ainda estavam arrumadas, mas havia algo adicional em cima da minha. Uma loira de biquíni e shortinho curto estava recostada em meus travesseiros. O celular em suas mãos apontava para onde eu me encontrava, e eu tive certeza de que ela estava me filmando.

Só de toalha.

Merda.

– Olha só, aí está você – disse Astória, ajeitando-se na cama, o celular ainda apontado para mim.

– O que está fazendo aqui?

– Ai Nott, não seja mal educado comigo. Eu só vim te fazer uma visita.

– Visita? – eu ri, sarcástico. – Acho que você devia ter batido na porta e esperado que eu abrisse. Você sabe, só para o caso que eu estivesse quase pelado aqui.

Ela pareceu meio triste, mas um segundo depois sorriu com o cantinho dos lábios. Levantou da cama e foi vindo até mim, mas deixou seu celular ali, o que me deu certo alívio.

– Desculpe, eu não devia ter entrado aqui desse jeito – disse ela.

– É – eu comecei a procurar uma roupa para vestir. Ficar olhando só para o rosto de Astória enquanto ela tinha o corpo quase todo desnudo era meio difícil, mas me controlei. E então, percebendo uma coisa, eu virei-me de novo para olhá-la. – Espera aí, como você entrou aqui?

A loira já estava mais perto de mim, olhando para o chão, mas ela não parecia uma vadia oferecida. Astória aparentava estar realmente aborrecida.

– Aconteceu alguma coisa? – perguntei a ela, que ainda tinha o olhar baixo.

Astória mirou meus olhos por um minuto e não disse nada, e então eu percebi o quanto a situação estava ficando preta para o meu lado. Dei um passo para a direita, na desculpa de pegar uma camisa em cima de uma cadeira ali pertinho, mas ela segurou meu braço.

– As coisas mudaram rápido, não foi?

Olhei para sua mão em torno do meu bíceps e vi que ela não tinha medo do que estava fazendo.

– Coisas? – questionei.

Ela foi deslizando a mão pelo meu braço, passando pelo cotovelo até a parte do pulso. No final, segurou meus dedos nos seus, o que me deixou para lá de confuso.

– Você costumava me tratar como uma deusa enquanto não tinha conseguido ficar comigo e, então, depois daquela festa... você... não sei, parece que você tem até raiva de mim, Nott. O que foi que eu fiz?

Eu não tinha visto por esse ponto. Devia ser realmente ruim o que eu a tinha feito sentir, como se eu quisesse apenas agarrá-la para depois cair fora. E foi o que aconteceu, mas isso não vem ao caso no momento.

– Astória... – eu soltei meus dedos dos seus. – Isto não está certo. Não torne as coisas mais complicadas.

– Não foi isso o que eu perguntei – ela manteve-se firme, olhando-me nos olhos.

Fiquei calado, pensando no que ela tinha dito, e percebi que não sabia responder. Quero dizer, eu sempre corri atrás da menina, ela sempre disse não, e então, em uma festa, ela decidiu liberar. E eu fiquei com ela, mesmo que para provocar Gina, e depois nem quis saber. Isso pareceu a coisa certa a se fazer naquela época, pensando que ela também havia me beijado para provocar Draco, mas e essa não fosse realmente a intenção dela?

– Você simplesmente resolveu dar uma de indiferente comigo, Nott – disse ela. – E até agora eu não entendo. Pensei que você gostasse de mim.

Eu havia entrado em um beco sem saída. Não tinha respostas, estava recebendo todo o tipo de sentimento dela para cima de mim e ainda estava só de toalha. Se eu estava me sentindo vulnerável? Acho que é meio óbvio...

– Eu também pensei que gostasse de você – foi o que eu disse, apesar de não ser de totalmente verdade. Não queria fazê-la sentir mal na minha frente. – Mas então Gina apareceu...

Alguma coisa nos olhos de Astória mudou. O que antes era uma tristeza guardada pareceu se transformar em uma raiva crescente.

– Ah, ela apareceu – a loira assentia minimamente com a cabeça, comprimindo os lábios ao mesmo tempo em que andava de um lado para o outro. – Ela apareceu, Nott! Simples assim!

– Não grite desse jeito – eu me preocupei que alguém ouvisse seus berros e pensasse coisas não condizentes.

Astória não parecia disposta a colaborar, ficava apenas andando e andando, mas mesmo assim falou um pouquinho mais baixo:

– E o que ela tem que eu não tenho? – ela colocou as mãos na cintura fina. – Hein?

Eu nem sabia o que Gina tinha que me fazia gostar dela, eu apenas gostava. Fora que nem seria bom ficar pensando em algo para dizer à Astória em relação a isso. Ela estava chateada, e eu devia tentar esfriar as coisas, não deixá-las mais quentes.

– Astória, pare – eu fechei os olhos com o máximo de força que consegui, esperando que aquilo tivesse um fim. Quando os abri novamente, ela estava com os braços dobrados para trás das costas, em uma posição que só indicava uma coisa: ela ia tirar a parte de cima do biquíni.

– Astória, o que você?...

E então ela estava nua da cintura para cima, e eu não tinha a menor ideia do que fazer. A loira veio caminhando até mim, quase desfilando, seus passos eram firmes e decididos. O sangue em minhas veias devia ter parado de circular. Meu corpo estava petrificado.

Era impossível não olhar.

E eu não consegui negar seu toque quando ela tentou se aproximar. Seus dedos encostaram-se a minha nuca, trazendo-me para mais perto.

– Diga que você não quer – a sua voz parecia um sussurro ao pé do meu ouvido.

E de novo eu não consegui dizer nada, pois falar “não, não quero” seria uma puta de uma mentira. Meu instinto estava gritando.

O que se passava dentro da minha cabeça era uma constante guerra entre vontade e bom senso. Quero dizer, eu sou um adolescente, caramba! O que mais eu podia fazer quando uma garota ficava nua na minha frente? Sair correndo? Chamar os bombeiros, talvez?

Ela começou a beijar meu pescoço.

– Astória, não... – eu recusei, mas minha voz parecia totalmente vacilante.

Eu estava cedendo, até meus olhos estavam se fechando.

Por um momento me dispersei de todo o peso daquela atmosfera, minhas mãos pareciam determinadas ao passear pela sua cintura e, com um movimento rápido, prensei-a contra a parede. Fixei meus olhos em sua boca e...

– Opa.

A porta do quarto bateu. Draco estava ali, paralisado, seus olhos pareciam duas bolas de golfe.

– Ahn, eu trouxe suas roupas – ele disse meio atordoado, mostrando a camisa e a bermuda com que eu tinha ido até a piscina mais cedo.

Quase vomitei meu coração de tão nervoso que fiquei.

Será que todo mundo fica desse jeito quando é pego fazendo algo de errado? Porque era errado. Muito errado.

Sei lá, parecia que eu estava me espremendo tanto dentro de mim mesmo, querendo me esconder, que meu corpo inteiro tremia e ficava tenso.

Astória cobriu-se do jeito que conseguiu, pegou seu celular sobre a cama e pescou a minha camisa do braço de Draco. Vestiu-a virando-se de costas para nós dois e saiu porta a fora, quase correndo.

Incontáveis segundos seguiram em silêncio, eu me sentia culpado e confuso.

– Nott, você... – começou o Draco.

– Esquece.

– Mas eu preciso contar uma coisa que...

– Depois, Draco. Agora não!

Peguei uma roupa na mala e segui até o banheiro. Minha cabeça parecia estar girando feito um liquidificador - meu cérebro seria facilmente colocado em um cardápio de sucos, intitulado como uma vitamina misteriosa.

Fechei a porta e comecei a me vestir, tentando apenas não pensar. Eu havia traído Gina? Mas eu nem cheguei a beijar Astória...

– Você vai contar para ela? – Draco encostou-se à porta do banheiro, eu conseguia ver a sombra dos seus chinelos pela fresta inferior.

Parei de me vestir pela metade. Meu olhar foi para o chão, assim como tudo o que estava sentindo. Eu diria para Gina? Diria, logo agora que tudo estava se ajeitando?


– Você contaria? – eu devolvi a pergunta.




Ele pensou por um instante e, então, dando uma batidinha na porta com o que me pareceu uma leve cotovelada, ele respondeu:




– Não.



– - -





[Say (All I Need) – One Republic]







Blaise demorou um ano para entrar no elevador por causa daquelas malditas muletas.





Apertei um botão e as portas foram se fechando daquele típico jeito de elevador, de fora para dentro, como se fossem uma boca vertical que engolisse a parte que ainda conseguíamos ver do corredor.


Fiquei olhando para baixo, muito interessado nos meus tênis. Draco estava muito quieto também, havia até recostado a cabeça em uma das paredes, o que lhe dava um ar pensativo muito contido. Já Blaise, é claro, estava o oposto de nós dois. Ele balançava os ombros - o que fazia suas muletas sacolejarem no chão da cabine – e assobiava alegremente, como alguém que havia acabado de torcer o pé certamente não faria. Mas estávamos falando de Blaise, então isso era completamente aceitável.

Draco roçou o braço no meu bem rapidinho, o que me fez dirigir o olhar para ele. Não dissemos nada um para o outro, mas eu podia ver nos seus olhos que ele estava comigo nessa. Não que ele concordasse que eu tivesse feito algo certo - vamos combinar que de certo aquilo não tinha NADA -, mas ele me entendia, estava sendo meu amigo.

Desviei o olhar, constrangido demais com aquilo tudo.

Como nunca me senti assim antes? Quero dizer, eu costumava ser o maior galinha metido a heartbreaker há apenas alguns meses. Como pude não sentir ao menos um pingo da culpa que estava sentindo agora?

Bom, acho que eu realmente não gostava de ninguém naquela época. Não havia conhecido certa ruiva...

Os andares iam passando, passando e passando, mas meus pensamentos pareciam ser os mesmos desde que saí daquele banho.

Fiquei um bom tempo discutindo mentalmente comigo mesmo, o que eu não costumava fazer com tanto afinco, mas nada parecia concreto.

Eu agi por impulso? Foi apenas o calor do momento?

Será que eu ainda sentia algo por Astória? E se não, por que não consegui negar aquilo a ela?

Será que eu gostava mesmo de Gina? Eu não teria dado um jeito de fugir daquela situação se realmente a amasse?

Draco forçou uma conversa comigo antes de Blaise voltar para o quarto e, na opinião dele, eu não era nada menos do que um ser humano real, que tinha fraquezas e que agiu por puro instinto. E eu realmente queria acreditar nele, queria muito, mas... Ai, esse mas nunca me abandona!

“O que você faz quando uma garota nua começa a beijar seu pescoço, cara?” foi o que ele disse. “Você não vai ficar nem um pouquinho animado com a situação?”

“Até aí tudo bem” eu concordei com ele. “Mas eu tinha acabado de passar um supermomento com a Gina, Draco. Eu não deveria querer parar aquilo? Eu não devia ter pensado nela?”

“Nott, nós somos homens. Sempre pensamos com a cabeça de baixo primeiro!”

“Eu sei, mas...”

“Então fica frio, cara. Pelo que você me contou, nem beijo saiu. Não foi, sei lá, uma traição completa. A Astória que te pegou desprevenido.”

“Bota desprevenido nisso.”

“Então sem estresse. Você não pode ficar se culpando. Não foi como se você tivesse a influenciado a tirar o biquíni na sua frente. Ela fez isso porque quis, entendeu? Você só tentou reagir de acordo com a situação.”

“É, tentei. E me saí muito mal.”

“Não, você até que foi bem. Acho que se fosse eu, a toalha já tinha ido abaixo antes que alguém entrasse no quarto.”

E foi assim que trocamos milhares de palavras com apenas aquele olhar cúmplice no elevador. Ele sabia como era estar na minha situação, estava me dando forças, mas será que eu mesmo acreditava na minha parte da estória?

Bom, eu tinha que acreditar. Como Draco falou, não foi como se eu esperasse que uma garota brotasse em cima da minha cama assim que eu saísse do banho. Astória forçou a barra, isso não dava para negar.

As portas voltaram a se abrir. Blaise saiu primeiro, já gritando alguma coisa para alguém que estava no saguão de entrada do hotel. Draco foi depois e, por último, eu fui, decidindo deixar todas aquelas besteiras guardadas dentro do elevador, para que se perdessem por aí conforme ele abrisse nos mais variados andares.

– Garoooootos – Pansy veio correndo até nós com um violão na mão. – Alguém viu o Dino? Arranjei um violão para ele. Vamos ter música na fogueira!

– O Dino toca violão? – perguntou Draco, franzindo o cenho.

– É claro que toca! – Pansy parecia chocada. – E muito bem por sinal.

– Garanto que é só nesse violão que ele consegue tocar – brincou o Blaise, o que nos arrancou risadas.

– Parem com isso – disse Pansy, ainda com um esboço de riso nos lábios. – Ele é legal. Um pouco bobão, talvez, mas sabe tocar e cantar muito bem.

– E como você sabe disso? – Blaise desconfiou.

– Ele está na mesma classe de música que eu – ela respondeu.

– Você faz aula de música? – eu estava realmente surpreso.

Run, há muitas coisas que vocês não sabem sobre mim, garotos. Eu sou uma mulher de muitos mistérios – Pansy cerrou os olhos de uma maneira sedutora.

E então ela saiu com aquele violão em uma das mãos, gritando por Dino, chamando por Dino, perguntando para Deus e o mundo se tinham visto o Dino, porque ela precisava falar com Dino.

Blaise, Draco e eu seguimos até o jardim, onde a fogueira já estava sendo preparada. Poucas pessoas já estavam lá, entre elas Gina, Luna e Hermione. A loira e a castanha estavam ajudando a montar os espetos com marshmallows, chefiadas por Cedrico, o marshmallow mestre do nosso time.

Gina estava encolhida em um canto, o corpo arqueado para frente para abraçar os próprios joelhos. Ela usava um short jeans e um moletom da GAP bem grandão, dando-lhe aquela aparência de “eu não me importo com aparências”, o que era uma coisa que eu amava muito nela.

Eu a amava, caramba! Como pude sequer ter dúvida disso por um instante?

Seus olhos estavam presos no fogo que começava a crescer, alimentado por algumas toras de madeira e alguns nós de pinho.

Fui de mansinho até ela, que permanecia concentrada no crepitar da fogueira. Pelo menos dessa vez ela não notou quando eu cheguei por suas costas, então me joguei em cima dela.

Gina levou um susto, é claro, e eu levei alguns tapas - mais claro ainda -, mas só o seu sorriso pós surra já me bastava para querer me sentar a sua volta, como uma cadeira humana em que ela pudesse repousar.

E eu fiquei ali, sentindo o cheiro do seu cabelo que roçava em meu rosto de vez em quando. Eu fiquei ali, sentindo o calor que o fogo emanava para nós dois. Eu fiquei, fiquei e fiquei.

– Alguém quer marshmallow? – Hermione apareceu sorridente, segurando dois espetos.

– E quem não iria querer? – eu peguei um da sua mão. O outro ela ofereceu a Gina, que também aceitou e lhe agradeceu.

As pessoas foram chegando aos poucos. A noite estava perfeita, coberta de estrelas que brilhavam sutilmente. Lilá tirava fotos para o jornal da escola. Potter e Ronald estavam rodeados de menininhas com risadas de hiena. Blaise inventou de ajudar a distribuir os marshmallows com Luna, mesmo estando de muletas. Draco corria em volta de Hermione, perturbando-a sempre que podia.

Astória não apareceu.

– Você não acha o fogo incrível? – perguntou Gina, baixinho, quase como um sussurro, um segredo que só eu pudesse escutar.

Segui meu olhar para onde o seu estava concentrado. E era mesmo incrível, o modo como as chamas pareciam lamber o ar, subindo e descendo em um vaivém constante.

– Não sei – Gina continuou. – É poderoso. Tem toda essa luz e calor, mas também pode também destruir tudo em questão de minutos.

– Você gosta de coisas assim, eu notei – eu a apertei mais em meu abraço. – Coisas fortes, destrutivas.

– Eu sou desse jeito.

– Forte? – eu tentei imobilizá-la, o que deu certo por apenas quatro segundos.

– Não. Destrutiva.

– Você não é destrutiva – eu discordei.

– Você só não me deu motivos para isso – ela inclinou o pescoço para trás para poder me olhar. Ela sorria fraquinho.

Senti uma fisgada no estômago. Será que não?

– ACHEI O DINO!

Pansy vinha praticamente o arrastando pelo gramado do jardim. Uma mão segurava a dele e, a outra, o violão.

– Você é muito discreta, sabia? – ele reclamou, mas percebi que ele gostava da atenção que estavam chamando.

Todo mundo se agrupou em roda na volta da fogueira. Draco sentou do meu lado direito e Luna no esquerdo. Dino e Pansy se acomodaram por último, um ao lado do outro.

– Bom – começou ela, pigarreando para chamar a atenção de todos que jaziam ali. – Eu não sou a melhor com palavras, mas todos nós sabemos o valor desta noite.

Ela olhou para o céu, e muita gente fez o mesmo. Sorrisos fraternos se espalharam entre os todos.

– E não digo isso por causa da vitória – Pansy voltou a falar. – Bem, talvez isso tenha uma pequena importância...

O pessoal trocou risos e batidas de espetos.

– Mas, acima de qualquer jogo de futebol – ela retomou o raciocínio. -, nós viemos para cá juntos. E esse é nosso último ano, galera. Talvez eu nunca mais participe de uma fogueira assim, entendem?

Gina apertou minha mão, seus dedos se escondiam entre os meus. Beijei sua bochecha, apertando-a de volta.

– E eu quero ter uma memória realmente boa desta noite – Pansy sorriu. Dino apertou o joelho dela, sacudindo-o um pouquinho. – Tudo bem, Dino, eu não vou chorar.

Mais risadas. Mais daquele sentimento bom.

– Então... – ela apontou para o violão no colo de Dino. – a primeira música da noite é dedicada a todos nós, por tudo o que passamos e o que ainda vamos passar, sendo juntos ou separados.

Dino ajeitou o violão e posicionou seus dedos sobre as cordas.

– Essa se chama Say, de uma banda muito maneira chamada OneRepublic. Quem conhecer, deixa dessa de introvertido e canta comigo...

Ele começou a dedilhar as primeiras notas, Pansy entoava alguns suspiros musicais de fundo. Não vou mentir, fiquei fascinado. Algumas partes ficaram na minha cabeça, e eu realmente adorei. Desejei poder lembrar do nome daquela música para que, quando chegássemos ao quarto, eu pudesse anotar para baixar depois.


Do you know where your heart is?




(Você sabe onde o seu coração está?)




Do you think you can find it?


(Você acha que pode encontrá-lo?)

Or did you trade it for something

(Ou você o trocou por alguma coisa)

Somewhere better just to have it?

(ou algum lugar melhor para tê-lo?)

Do you know where your love is?

(Você sabe onde seu amor está?)

Do you think that you lost it?

(Você acha que o perdeu?)

You felt it so strong, but

(Você sentia isso de um jeito tão forte, mas)

Nothing's turned out how you wanted

(nada ficou do jeito que você queria)


Do you know what your fate is?




(Você sabe qual é o seu destino?)




And are you trying to shake it?


(E você esta tentando mudá-lo?)

You're doing your best and

(Você está dando o seu melhor)

Your best look

(No seu melhor visual)

You're praying that you make it

(Você está rezando para superar isso)


Do you know where the end is?




(Você sabe qual é o fim?)




Do you think you can see it?


(Você acha que pode vê-lo?)

Well, until you get there, go on

(Bem, até você chegar lá)

Go ahead and scream it

(Siga em frente e grite isso)

Just say...

(Só diga isso...)


Draco conhecia a música, Luna também. Acho que a maioria na roda conhecia, então foi uma cantoria de encher o peito. Foi realmente muito bom.




E com Gina entre meus braços, Draco agarrando Hermione do meu lado e Blaise entupindo a boca de Luna com marshmallow derretido no outro, eu percebi que sentiria muita falta dessa galera quando tivesse que ir para uma faculdade.




Aquele foi um dos momentos que eu iria lembrar para sempre. Se eu pudesse, eu inventaria um jeito de congelar aquele segundo com um simples piscar de olhos, como uma foto na memória.


Então eu tinha sorrisos, alguém para abraçar, o calor da fogueira e música saindo de algumas cordas de violão. Era impossível não me sentir completo.


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Notas finais do capítulo

Facas, pedras e tiros chovendo em cima de mim em três, dois, um...
Ok, parei com a brincadeira :)
É o seguinte, meus amores, se tem uma coisa que eu prezo muito é que meus personagens sejam o mais reais possíveis, certo?
É pelo Nott que eu busco transmitir o máximo de coisas que eu vejo todos os dias, e como ele é um garoto, eu não preciso ficar toda de mimimi quando narro pelo ponto de vista dele.
É isso e ponto, sabe? Sem muita enrolação.
Então eu tenho que mostrá-lo como alguém real e, acima de tudo, humano. Alguém que não faça sempre o certo e que não seja a pessoa fofa da qual vocês amam 24h por dia.
Fora que nem tudo é um conto de fadas na vida da gente, vocês devem saber disso... Então decidi que era a hora de uma reviravolta, alguma intriga e tudo mais, só para apimentar a fic.
Espero que isso não os tenha desanimado na leitura, eu odeio desapontá-los.
Enfim, acho que está tudo bem. Sem estresse, certo?
Tudo bem, vocês tem o direito de nem comentar nada pelo tempo que eu sumi, ainda mais pelo o que eu fiz nesse cap!
Eu entendo, viu?
Um superbeijo a todos que estão acompanhando e que gostam de A Little Help. Até o próximo!
Giu ♥

P.S. Eu JURO que vou tentar responder aos reviews, tá? Estou me sentindo a pior pessoa do mundo em relação a isso, hahaha.



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