Dust Angels escrita por Nancy Boy


Capítulo 10
Capítulo 10 - S/C/A/R/E/C/R/O/W


Notas iniciais do capítulo

EVERYBODY HIIIIDE -q
Oi -q
Nossa, só porque eu coloquei o "aí" na frase ontem todo mundo achou que o Party ia morrer. Acho que minha fama não tá muito boa aqui -qqq
Bom, aqui está o capítulo, hoje com descobertas *-*
Boa leitura ;)



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 Remote Heart e Show Pony não estavam mais aguentando aquele silêncio.

Fun Ghoul olhava pela janela com a expressão mais dura que eles já viram naquele rosto geralmente tão dócil. Ninguém falou nada durante todo o caminho até a casa do Dr. Death; somente quando saíam do carro é que Fun Ghoul se pronunciou.

— A Grace sabe? — perguntou friamente.

— Não — respondeu Show Pony.

Fun Ghoul assentiu e procurou imediatamente pela menina assim que entrou, sem falar com mais ninguém.

— Fun! — Grace gritou ao vê-lo, claramente preocupada. — Ninguém me diz nada, vocês estavam demorando... Cadê o Party? E o Jet, e...

— Vou te contar tudo agora, querida. Vamos lá pra trás.

Os dois desapareceram, indo para os fundos, e Show Pony se pôs a explicar para Dr. Death o que acontecera. Ele ainda tentava captar a sintonia dos rádios da BLI, que mudavam frequentemente, e em alguns minutos conseguiu descobrir que Party Poison fora levado para Battery City; mais especificamente, para a unidade SCARECROW.

Eles já esperavam por isso. Korse não deixaria Party Poison ficar longe dele, agora que finalmente o capturara.

— Bom, a gente vai ter que ir — Remote Heart comentou, e os outros dois o observaram um pouco assustados. — É óbvio que o Fun vai querer, e nós não vamos deixá-lo ir sozinho, né? Ainda mais depois de obrigá-lo a deixar o Party lá.

— Que bom que você sabe — a voz de Fun Ghoul os sobressaltou.

Ele entrava acompanhado de Grace, que tinha os olhos vermelhos e a face molhada. Remote Heart se abaixou até ficar na altura dela e a abraçou.

— Sinto muito — ele murmurou, ouvindo os soluços da garota em sua orelha. — Vai ficar tudo bem, vamos trazer o Party de volta e tudo vai melhorar, tá?

Ela assentiu, sem conseguir dizer nada. Fun Ghoul a observava com compaixão, mas logo se voltou para os outros.

— O que precisamos para ir?

— Armas. Muitas armas... e outras coisas — Show Pony disse, levantando-se e saindo.

Todos o seguiram, exceto Grace e Dr. Death, que passou a consolar a menina no lugar de Remote Heart.

Depois da garagem que ficava nos fundos, existia um depósito onde Remote Heart nunca havia entrado. Show Pony os guiou para lá.

Sobre várias prateleiras empoeiradas, estavam inúmeras rayguns e outros objetos em que ninguém prestou muita atenção. Show Pony foi direto para uma prateleira onde estavam alguns coletes, pegando-os e os exibindo para os outros.

— São antigos, à prova de balas, de quando ainda se usavam balas nas armas. Não servem pra nada contra as nossas rayguns, mas agora que descobrimos que as deles não matam, talvez ajude em alguma coisa.

Ele jogou um colete para Remote Heart e outro para Fun Ghoul. Depois pegou uma caixa que estava lotada com eles e arrastou para o centro do depósito. Trouxe, então, outra caixa cheia de capacetes usados.

— Nós vamos precisar de ajuda. Não sei quem vai aceitar, mas vai ser bom distribuir esses coletes pra alguns killjoys. E todos vão ter que usar capacetes também.

Show Pony se virou, passeou os olhos pelas prateleiras e pegou duas rayguns. Subitamente, apontou uma para cima e atirou, arrancando um grito e um xingamento de surpresa dos outros dois. Ele os ignorou e repetiu o processo com a outra arma, que não disparou.

— A gente foi colecionando as rayguns que achávamos perdidas, nem todas funcionam. Vamos ter que testar antes de levar.

Remote Heart estava meio pasmo. Apesar de sempre reconhecer a profissionalidade de Show Pony, nunca o havia visto agir tão calculadamente, tão firme. Ele sempre fora aquele que parecia precisar de proteção; mas em momentos como esse ele mostrava que sabia muito bem se cuidar sozinho.

Depois de pegar mais algumas coisas, Show Pony se virou para Fun Ghoul e o fitou autoritariamente.

— Agora, Fun, me escuta. Eu sei que você quer ir o mais rápido possível, mas estamos sem comer e dormir há horas e precisamos estar perfeitamente preparados para entrar no quartel da SCARECROW. O Party não iria querer que você fosse se não estivesse com todas as cartas ao seu favor.

Fun Ghoul bufou.

— O Party não iria nem querer que eu fosse.

— Não dá pra culpá-lo, né? Às vezes é bom fazer o que ele quer.

Fun Ghoul arqueou as sobrancelhas.

— Foi por fazer o que ele queria que ficamos lá, esperando para sermos atacados.

— Ahn... é, é, tem razão. Mas mesmo assim, não dá pra ir agora. Vamos daqui algumas horas, ok?

O moreno deu de ombros. Era possível ver as olheiras sob seus olhos; por mais difícil que fosse para ele parar agora, seu corpo exigia descanso.

Eles preparam um jantar ao ar livre novamente, mas dessa vez ele foi silencioso e mórbido. Grace, Remote Heart, Fun Ghoul e Show Pony não falavam nada, e as tentativas de Stardust Rose e Dr. Death de animá-los eram todas falhas. Invisible Star também apareceu, e conversou um pouco, contando que o casal que viera na moto de Remote Heart estava muito agradecido e disposto a ajudar no que fosse preciso. Fun Ghoul lançou um olhar aos outros nesse momento, mas não parecia muito convencido de que o tal casal realmente os ajudaria se soubesse qual era o plano agora.

Quando terminaram, Dr. Death juntou um monte de colchões velhos que também estavam no depósito e os amontoou em seu quarto. Fun Ghoul foi o primeiro a se retirar para dormir, mas Remote Heart decidiu ir atrás dele. Queria falar alguma coisa, qualquer coisa.

— Fun...

— Quê?

— Desculpa por... por hoje, por te forçar...

— Tudo bem. Você pensou pelo lado do Party, você faria a mesma coisa que ele pelo Pony.

Remote Heart o olhou assustado, e Fun Ghoul franziu o cenho.

— Que? Pony é seu melhor amigo, não é?

— Ah. É, claro, claro.

Fun Ghoul estreitou os olhos, desconfiado, mas não estava com ânimo para fazer mais perguntas.

— Sabe... — Remote Heart continuou, cauteloso. — Tem mais uma coisa que o Jet disse, que eu não falei ainda.

Isso captou totalmente a atenção do killjoy.

— O quê?

— Ele disse pra você parar de perder tempo.

Fun Ghoul o observou quieto por alguns segundos, e então desviou o olhar.

— Não é tão fácil.

— Por que não? Você não viu como o Party te defendeu hoje?

— Claro, eu sou o melhor amigo dele. Você faria o mesmo pelo Pony, acabei de falar.

Remote Heart não pôde conter uma risadinha. A comparação que Fun Ghoul tentava fazer não estava dando muito certo.

— Mas como você pode saber que o Party não fez aquilo por sentir algo a mais?

— Vocês não entendem... — ele murmurou, virando e se cobrindo com o cobertor.

Remote Heart segurou seu ombro e o virou de volta.

— Então explica.

Fun Ghoul suspirou, irritado.

— Remote, você sabe porque o Party odeia o Korse tanto assim?

Remote Heart negou com a cabeça.

— Porque, anos atrás, quando a BLI começou a tomar o poder, eles se conheceram. O Party, junto comigo, o Jet e o Kobra, já começamos a ficar contra a empresa. Tínhamos uma banda, lembra? E começamos a usá-la para recrutar killjoys. Nossos fãs começaram a formar uma base contra a BLI, e eles não gostaram nada disso.

Remote Heart escutava com atenção, um tanto fascinado ao perceber que a luta dos Dust Angels começara tão logo a revolução da BLI ocorrera.

— Eles não tinham esse negócio de “não matar” ainda; os Exterminators foram contratados exclusivamente para isso. E Korse foi designado pra se livrar de nós. Mas ele fez pior. Ele queria mostrar que não estava ali pra brincadeira.

Fun Ghoul olhou para baixo e suspirou novamente, dessa vez pesaroso.

— Party tinha uma esposa e uma filha. Eu também, três crianças. Jet e Kobra não tinham filhos, mas tinham alguém a quem amavam. Korse sabia que nos pegar pelos nossos corações era mais eficaz do que só nos matar, já que nossos fãs continuariam mais raivosos do que nunca se ele fizesse isso. Ele já tinha percebido quem era o líder entre nós, e fez dele o alvo. Por isso foi atrás da família do Party, e o resto você pode imaginar.

Remote Heart ofegou. Não sabia, não fazia ideia...

— Depois disso, não conseguimos continuar com a banda, brigando publicamente — Fun Ghoul prosseguiu. — Eu, Jet e Kobra abandonamos nossas famílias, com medo de que algo acontecesse com elas. Continuamos mandando dinheiro e as visitando por um tempo, mas aos poucos elas foram sumindo... quer dizer, exceto uma, né. Jet Star encontrou sua noiva de novo há um ano, junto com Grace, como você já sabe, e pelo jeito descobriu que ela estava grávida na época que ele a deixou.

Remote Heart permaneceu em estado de choque, balançando a cabeça sem acreditar.

— Então — Fun Ghoul falou, encostando a cabeça no travesseiro. — Se o Party ainda odeia tanto o Korse, é porque não superou a perda. O que só pode significar pra mim que, no fundo, ele ainda ama a mulher. Como eu vou dizer pra ele o que eu sinto desse jeito? Ele precisa de um amigo, só isso... E o que aconteceu hoje foi só por causa do pânico do momento.

— Não, você não sabe disso. Eu também passei por uma perda e nem por isso acho que não posso me apaixonar de novo.

Fun Ghoul deu de ombros e se virou, ficando de costas para Remote Heart.

— Você não é ele... Se tem algo de terrível e de maravilhoso no Party Poison é que ele ama com intensidade demais.

Remote Heart não podia argumentar contra isso. Desde que conhecera Party Poison, vira que tudo nele era intenso; seus sentimentos inclusive, sempre refletidos em seus olhos.

Show Pony entrou no quarto e Remote Heart decidiu dormir, deixando por alguns momentos de pensar na missão que teriam pela frente e pensando no que ele mesmo disse... então ele acreditava que podia se apaixonar de verdade novamente?

Talvez, no fundo, estivessem todos apaixonados naquela noite.

———

Poucas horas mais tarde, com o sol a raiar, os killjoys iam em direção a Battery City.

Remote Heart deixou sua moto em segurança; Dr. Death poderia precisar, já que ele ficaria cuidando de Grace. Os outros veículos principais foram ocupados; o carro dos Dust Angels com Fun Ghoul, Remote Heart, Show Pony e Stardust Rose, e a van com Invisible Star e, incrivelmente, o casal que eles ajudaram na noite anterior. Eles cumpriram com sua palavra, apesar de claramente apreensivos. Show Pony ajudou a convencê-los; os conhecia brevemente, e falou com muita animação dos coletes, sem acrescentar que existiam muitas chances de eles não funcionarem. Com a ajuda dos dois novos killjoys — ela, Night Riot e ele, Rage Crow — a missão parecia um pouco menos impossível. As rayguns haviam sido testadas e cada um deles carregava pelo menos duas.

Ao adentrarem Battery City, desviaram imediatamente do caminho que daria para a base central e foram para a esquerda, onde o quartel da SCARECROW estaria. Viram as câmeras a segui-los e não se importaram.

Desceram dos veículos e se livraram rapidamente dos Draculoids que guardavam a entrada do lugar. Lá dentro, porém, a história era outra.

Um alarme já havia sido acionado, e assim que entraram no primeiro corredor, uma porta se abriu, revelando três Exterminators. Eles ainda não estavam preparados para sete killjoys bem treinados; dois foram atingidos, mas um conseguiu atirar. Foi então que perceberam a eficácia do colete; Stardust Rose cambaleou levemente para trás, mas não sentiu dor e nem foi paralisada. Sorrindo com a expressão de incredulidade do Exterminator, ela levantou a mão e o matou gloriosamente.

Entraram no elevador de onde os inimigos vieram e sortearam um andar. Não sabiam nada da arquitetura interna de lá, e para resolver isso Night Riot teve uma ideia.

Assim que a porta se abriu, um bando de Exterminators atirou, mas os killjoys estavam todos agachados, e conseguiram surpreendê-los, disparando por baixo e quase sempre acertando nas cabeças. Somente dois ficaram vivos, e esses foram arrastados para dentro, agonizando com os tiros que levaram na barriga. Show Pony apertou qualquer botão e então parou o elevador.

Remote Heart levantou um dos Exterminators e o pressionou contra a parede, colocando a arma sob seu queixo.

— Onde ele está?

O homem riu, debochado.

— Vá se foder.

Remote Heart sorriu e atirou. Virou-se para o outro e o pegou também, repetindo a cena.

— Onde ele está?

— Se eu disser você vai me matar do mesmo jeito.

Remote Heart virou um pouco a cabeça, parecendo ponderar sobre algo.

— É, eu ia. Mas se é o caso, então não vou. Prometo. Sou um homem de palavra.

O Exterminator com certeza não acreditou, mas não tinha muita escolha.

— Tá... o prisioneiro tá no quarto 212, corredor sete, 3º andar.

Remote Heart o observou por um momento e então o soltou. Ele escorregou para o chão e o olhou, atônito.

— Você não vai me matar?

— Eu cumpro com a minha palavra — Remote Heart disse, apertando o botão para o terceiro andar.

Esperaram, e assim que o elevador chegou, Remote Heart se virou para o homem jogado ao chão.

— É uma pena pra você que só eu me dei ao trabalho de prometer alguma coisa.

Com um sorrisinho um tanto sádico, Remote Heart se virou e saiu, enquanto Fun Ghoul matava o Exterminator no elevador.

Eles andavam atirando nas câmeras e olhando para as numerações dos corredores. Era até assustador que ninguém os tivesse impedindo; deixava-os ainda mais nervosos.

Chegaram ao quarto sem problemas e encontraram Party Poison amarrado e amordaçado em uma cadeira no centro do cômodo, quase totalmente escuro. Foram até ele imediatamente, mas ele parecia querer dizer alguma coisa. Apontou com a cabeça para algum lugar, e quando eles se viraram, só puderam ver um vulto correr para a porta que eles deixaram aberta.

Tiraram o pano que cobria a boca de Party Poison e ele imediatamente gritou.

— ERA O KORSE! Esse desgraçado estava se divertindo me torturando aqui, mas é muito covarde pra enfrentar vocês todos sozinho!

Fun Ghoul desamarrava o amigo, aproveitando para ver as extensões dos machucados dele. Estava com cortes em alguns pontos e manchas roxas em outros, mas o que ele mais parecia precisar era de uma boa noite de sono.

Ele se esticou assim que foi solto, soltando alguns gemidos de dor. Então olhou para todos os killjoys, acenando em agradecimento para cada um, até parar em Fun Ghoul. Sorriu para ele.

— Eu faço de tudo pra te salvar e a primeira coisa que você faz é sair pra se matar de novo?

Fun Ghoul sorriu, radiante.

— Por isso que foi besteira ter feito aquilo. Mas obrigado mesmo assim.

Party Poison se aproximou e o abraçou subitamente, murmurando:

— Eu que agradeço, baixinho.

Saíram do quarto com um killjoy a mais e um Fun Ghoul quase tão vermelho quanto o capacete que usava.

Encontraram uma barricada reforçada para sair; era para lá que todos os Exterminators foram. Deram um colete, capacete e rayguns para Party Poison, e ele era o mais violento de todos. Parecia que estava se sentindo indestrutível com aquelas proteções, avançando sem medo nos inimigos.

Todos eles foram atingidos pelo menos uma vez, mas nada fatal. Conforme eles se aproximavam da saída, o desespero dos Exterminators crescia. Korse não era visto em lugar algum, mas todos os Exterminators tinham fones de ouvido; Remote Heart percebeu isso e supôs que Korse estava coordenando os ataques. Atirou, então, contra todas as câmeras do local, e o grito de raiva generalizado mostrou que ele estava certo.

Continuaram atirando e correndo, e já estavam na porta quando Korse finalmente apareceu. Ele mirou nas pernas dos killjoys, querendo atrasá-los; acertou Rage Crow e Remote Heart. Mas já estavam bem próximos dos carros, e Party Poison e Fun Ghoul carregaram no colo os que foram atingidos, enquanto os outros davam cobertura.

Em alguns minutos, eles saíam de Battery City, cantando vitoriosos. O único problema eram as pernas machucadas de Rage Crow e Remote Heart, que eles logo perceberam não estarem paralisadas... e sim ensanguentadas. Pelo jeito, Korse já não estava mais tão preocupado em se ater às armas da BLI.


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Notas finais do capítulo

Não gostei muito desse final .-. Mas tá prontinho pro posso capítulo ser... fofo :)
Espero que tenham gostado! Até segunda, bom FDS e boa viagem pra quem vai viajar -QS
o/