Dust Angels escrita por Nancy Boy


Capítulo 11
Capítulo 11 - Run away with me


Notas iniciais do capítulo

OI :D
EU GANHEI UM VIOLÃO :D
MEU PRIMEIRO :D
ONTEM :D
Estou feliz, então aguentem um pouquinho do meu extravasamento (essa palavra existe?) agora.
Sabem o que acontecia? Era que há anos eu queria aprender a tocar, só que eu também queria (e ainda quero) aprender baixo e bateria, e por isso sempre fiquei na dúvida de qual comprar primeiro pra começar. E acabava que eu nunca comprava nenhum.
Aí na semana passada eu finalmente decidi que eu queria... uma bateria. É. UAHSUAHSUAHSA Só que no sábado fui visitar minha cunhada e fiquei namorando o violão dela o dia inteiro, meu namorado percebeu e decidiu "ah, foda-se, vamos comprar logo o negócio e depois juntamos pra bateria" e é isso. :D
Ele é preto, pra iniciante, mas é lindo. E eu o batizei de Queen Bitch -QQQ É uma música do David Bowie, que um diiiia eu vou aprender a tocar. E é muito legal falar "Queen Bitch" , né? QUEEN BITCH. *-* /parei
Ok, ok, passou. Ouçam Summertime aí e boa leitura! o/



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 Foram para a casa dos Dust Angels. Remote Heart e Rage Crow não deixaram que suas pernas machucadas — e particularmente doloridas — estragassem a alegria dos outros por terem escapado vivos. Os dois ficaram sentados no sofá, participando da conversa tão animados quanto todos. Mas eles precisariam de cuidados, e portanto Rage Crow e Night Riot foram embora para isso. Dr. Death trouxe Grace e Show Pony ficou por lá mesmo; recusou-se a sair até ter certeza de que Remote Heart estava absolutamente bem.

— Eu já disse que você pode ir, Pony — Remote Heart assegurava, apesar de não estar nem um pouco incomodado com a presença do amigo ali.

— Você tá me expulsando?

— Não!

— Então eu vou ficar aqui até a hora que eu quiser. E cala a boca.

Remote Heart sorriu e recostou a cabeça. Estava com a perna esticada, que Show Pony enfaixava cuidadosamente, ajoelhado a sua frente. Dr. Death observava sentado no braço do sofá, e Fun Ghoul e Party Poison estavam com Grace em algum lugar na cozinha, aparentemente falando sobre Jet Star e Kobra Kid.

— Foi muita sorte que Korse tenha atirado só na perna, sabe — Show Pony comentou depois de alguns momentos. — Se fosse em outro lugar você estaria ferrado.

— É... e agora que você falou, por que ele atirou na perna? — Remote Heart perguntou.

— Deve ter achado que nossos coletes protegiam contra tudo, não só as armas paralisantes deles.

— Armas que ele está deixando pra trás, né? — Dr. Death entrou na conversa. — Vocês perceberam o que está acontecendo?

Os outros dois o observaram impassíveis.

— A BL/ind tá começando a ficar desestruturada. Quer dizer, pelo menos a base da California. O Korse não tá feliz com o jeito que as coisas são levadas aqui, e já percebemos que ele está brigando o tempo todo por causa disso. Se continuar assim, essa rixa entre a direção da BLI e os Exterminators vai ser boa pra gente.

— É verdade — Remote Heart disse, esquecendo momentaneamente a dor que sentia. — Isso é ótimo! E depois de hoje, eles estão totalmente sem confiança. Seria o momento perfeito pra atacar... ai!

Show Pony dera um tapa na parte de cima da perna dele, onde não fora atingido.

— Você acabou de sair de lá e tá falando em atacar? Pelo amor de Deus, Remote, bom-senso às vezes é bom!

Dr. Death riu e Remote Heart revirou os olhos.

Em alguns minutos Show Pony terminou de enfaixar o ferimento, depois de ter há muito estacado o sangramento e limpado a região. Remote Heart queria muito mexer a perna, mas teria de ficar com ela bem esticada por alguns dias.

Show Pony se sentou no sofá e se espreguiçou. Dr. Death consultou um relógio e disse que já estava indo embora, e que esperaria Show Pony mais tarde.

— Obrigado — Remote Heart falou depois de um minuto um tanto desconfortável de silêncio.

— Pelo quê?

— Por cuidar de mim. Não precisava.

— Precisava sim, se eu não fizesse isso você ia me encher o saco pro resto da vida.

— É, ia. Mas o ruim é que agora você tem isso pra usar de chantagem.

— Exatamente, acha que eu fiz de graça?

Os dois riram de leve. Show Pony segurou a mão de Remote Heart e a apertou suavemente por um segundo.

— Sério, não foi nada. Eu gosto de cuidar de você.

Remote Heart sentiu um arrepio subir rapidamente por sua espinha. Essas reações do seu corpo já o estavam irritando. Ele perdia a concentração nesses momentos, tudo perdia o foco, e ele odiava isso. Tinha que estar sempre ligado, sempre atento...

Mas talvez ele tivesse que estar mais atento à razão dessas reações. O problema era que a cada vez que pensava em fazer ou falar qualquer coisa sobre isso com Show Pony, Black Flower lhe vinha à mente. Não o fazia se sentir culpado por estar sentindo algo por outra pessoa — ele sabia que ela iria querer que ele fosse feliz —, mas era uma dor que sempre conseguia apagar o calor que Show Pony produzia. Mas Remote Heart não chegaria a lugar nenhum se não lutasse contra isso. Black Flower não estava mais ali. Ele não podia se permitir cometer o mesmo erro que Party Poison; não podia fazer Show Pony passar pelo que Fun Ghoul passava todos os dias.

Isto é, supondo que Show Pony sentisse o que ele imaginava, o que não era certeza; talvez fosse fogo de palha, uma confusão que no fim voltaria à amizade. E ele já estava cansado de não ter certezas. Nunca foi de esperar respostas, e sim de procurá-las.

Suspirou e voltou o rosto para Show Pony.

— Por quê?

— Por que o quê?

— Por que você gosta de cuidar de mim?

Show Pony desviou o olhar e começou a corar. Remote Heart absorvia todos esses detalhes, mas nada, para ele, se comparava à palavra. Era por isso que sempre cumpria suas promessas; nada, nenhum gesto, nenhuma suposição, era o suficiente, até que ele ouvisse uma confirmação.

— Então? — ele perguntou de novo, vendo que Show Pony não respondia.

— Porque... eu gosto de você, né, por que mais?

— Gosta como?

Show Pony trouxe as pernas para cima do sofá e abraçou os joelhos.

— Você tem que ser tão cru assim? — perguntou em um tom de riso, mas meio envergonhado.

— Tenho.

Show Pony bufou. Remote Heart permaneceu quieto, seu olhar parecendo fritar o outro.

— Não posso responder — Show Pony falou finalmente.

— Por que não?

— Porque tenho medo.

— De quê?

— De tudo. De estar enganado, de me magoar... de te magoar. Tenho medo, é isso, tá?

— Ei... olha aqui.

Show Pony virou a cabeça lentamente para Remote Heart, que esperou alguns segundos antes de voltar a falar.

— Eu sei o que é ter medo, acredite. Mas o medo está só nas nossas mentes. Se deixarmos ele tomar conta, perdemos nossa vida pra ele.

— Eu sei, mas é mais fácil falar do que pôr na prática.

— Claro. Mas você é forte, eu sei que consegue. Além do mais, você não tá sozinho.

Show Pony deu um sorrisinho de canto.

— Estou percebendo.

Remote Heart o fitou profundamente. Deixou-se perder novamente em seus olhos, sem se importar que estivesse claro que ele estava entrando em outro mundo naquele momento. Aproximou-se um pouco.

— Tira esse capacete, Pony, antes que eu arranque sua cabeça inteira fora.

Show Pony riu de surpresa, mas sua expressão se tornou de repente triste.

— E-eu... não dá.

Remote Heart quis saber por que, mas seu rosto já deve ter feito a pergunta. Show Pony suspirou pesadamente e olhou para o chão.

— Tá vendo? É por isso que eu tenho medo. Eu sou problemático demais, você não vai ter paciência. Eu não teria.

— Problemático por quê?

— Coisas que aconteceram comigo, Remote, que eu não consigo me livrar. Demônios do passado, como acontece com praticamente todo mundo aqui.

Remote Heart sentiu uma súbita vontade de gritar. Será que ninguém estava bem, ninguém era feliz completamente? Mas ele já sabia a resposta, no fundo... a resposta sempre foi a mesma.

— Desculpa, eu não sabia — ele murmurou. Achou a mão de Show Pony e a apertou, como ele fizera mais cedo. — Mas você tem que lutar com seus demônios. Você sabe, né?

Show Pony deu de ombros.

— Tenho? Não sei mais se isso é verdade. Às vezes eu penso que não estou perdendo nada só trancando eles aqui dentro do peito mesmo.

— Você está perdendo muita coisa fazendo isso. Paz, tranquilidade... oportunidades.

Remote Heart deu ênfase à última palavra, apesar de não precisar. Show Pony entendeu perfeitamente.

— Pode ser. Mas eu ainda acho que você está perdendo seu tempo comigo. Por que você vai querer alguém ferido que só vai dar trabalho?

Remote Heart sorriu e acariciou a mão de Show Pony.

— Porque eu também gosto de cuidar de você.

Show Pony deu uma risadinha baixa e apertou os joelhos com o braço esquerdo, deixando o outro ainda ao alcance de Remote Heart.

— Eu preferia quando você achava que eu era só o ajudante fofo e sem problemas do Dr. D.

— Eu ainda te acho fofo — Remote Heart disse, em tom divertido, fazendo Show Pony corar de novo. — E não há nada de errado em ter problemas. Na verdade... eu quero conhecer seus problemas. Quero ajudar. Se você quiser contar.

— Eu... — Show Pony hesitou por alguns momentos. — Eu quero. Mas ainda não. Só... só preciso de mais um tempinho, tá?

— O tempo que você precisar.

Show Pony sorriu. Então procurou o relógio da sala com o olhar e se levantou. Ajudou Remote Heart a se levantar também e o guiou para o quarto, alegando que ele precisava de um descanso de verdade.

— Pony — Remote Heart chamou quando o outro já estava na porta. — Não esquece que eu vou estar aqui, tá? Para qualquer coisa.

— Qualquer coisa? — Show Pony perguntou com um sorriso debochado.

— Aham.

— Se eu falar pra gente fugir agora, você iria?

— Se você me carregar... — ele riu. — Eu iria. Você pode fugir comigo a hora que quiser.

— Não vou esquecer disso, hein?

Show Pony piscou rapidamente e se retirou. Remote Heart fechou os olhos, encostou a cabeça no travesseiro e se surpreendeu ao perceber um sorriso em seus lábios.

———

Algumas horas depois, Remote Heart acordou com um barulho abafado ao seu lado. Abriu os olhos devagar e focalizou Fun Ghoul, que xingava baixinho.

— Ah, te acordei? — o moreno perguntou. — Desculpa, é essa merda de cômoda, sempre bato o pé aqui...

— Tudo bem — Remote Heart murmurou. Olhou para o outro lado do quarto e viu Party Poison deitado, seu peito arfando lentamente. — Por que você não tá dormindo também?

— Não consegui.

Remote Heart imaginou que fosse por Kobra Kid e Jet Star, mas o olhar que Fun Ghoul lançou à cama do outro lado o fez mudar a direção dos pensamentos e despertar subitamente.

— O que aconteceu? — perguntou.

— Nada... só estou pensando demais.

— Quer conversar?

— Não, você tá dormindo...

— Já acordei — Remote Heart sentou rapidamente, e ficou um pouco tonto. Então tentou se levantar, esquecendo-se da perna machucada e abafando um grito de dor ao pressioná-la no chão.

Fun Ghoul correu para ajudá-lo, murmurando que ele devia ficar deitado, mas ele não ouviu. Fez um gesto para que Fun Ghoul o seguisse e foi mancando até a sala, onde se sentou e suspirou de alivio.

— O Party não acordou? — perguntou.

— Ah, não, ele tá muito cansado. E dorme feito uma pedra.

Remote Heart estreitou os olhos.

— Você costuma observá-lo dormindo?

Fun Ghoul soltou uma exclamação de exasperação.

— Se é pra me interrogar, pode voltar pra cama.

— Não, tá bom aqui.

Fun Ghoul revirou os olhos e se sentou de frente para Remote Heart, mas não deu indícios de querer falar. Não que isso fizesse muita diferença para o outro.

— O que você tava pensando que não te deixou dormir?

— Ah... no que eu te falei, do passado do Party com o Korse e tudo mais. Ele me disse que o Korse passou metade da noite de ontem torturando ele de algum jeito... a maior parte falando da família, de como ele os matou... ah, cara, você consegue imaginar como é isso, né?

— Consigo...

— E também ficou ameaçando fazer o mesmo com todos nós se ele não entregasse Grace, é claro.

Remote Heart assentiu. Tinha até esquecido que a BLI ainda queria a garota.

— Mas o que ficou me perturbando mesmo... — Fun Ghoul continuou, pensativo, parecendo falar consigo mesmo. — é o que Jet Star disse. Mas que merda, o último pedido dele tinha que ser exatamente o que eu não consigo fazer?

— Você conseguiria se tentasse.

— Não tenho tanta certeza. Eu ia gaguejar e falar besteira e... e eu ainda acho que não devia. Ainda mais agora, que ele tá abalado com o que aconteceu e tudo mais.

— Acho que é por isso que agora é o melhor momento.

— Não é, não. Se ele por acaso... por acaso corresponder a alguma coisa que eu fizer, vai ser só porque ele tá vulnerável.

— Ah, é? E ele estava vulnerável quando você beijou ele no palco naquela festa?

— Ele... ahn...

— É, pois é. Você já sabe a resposta, Fun. Só tem que criar coragem e fazer.

— Fácil falar.

Remote Heart o observou em silêncio. Não sabia mais o que dizer para convencê-lo. Ele tinha quase certeza que Party Poison sentia algo a mais por Fun Ghoul, mas também não podia afirmar sem saber de verdade. Não admitiria, mas sabia que existia uma chance, sim, de Party Poison ainda estar muito envolvido com o passado e não estar prestando atenção alguma ao Fun Ghoul do presente.

— Eu não sei o que fazer — Fun Ghoul sussurrou, e Remote Heart sentiu uma súbita vontade de abraçá-lo. Era possível ver seus olhos marejados, e existia alguma coisa em ver Fun Ghoul chorando que simplesmente não desce pela garganta de ninguém. — Eu só vou conseguir assumir o que eu sinto pro Party se eu souber que ele e o passado dele estão afastados, e não tem jeito de isso acontecer...

Remote Heart de repente sorriu, com um pensamento que lhe apareceu sorrateiro. Era perigoso, idiota e impulsivo, mas resolveria o problema.

— Tem um jeito sim, Fun. É só se livrar da pessoa que ativa a memória do passado no Party.

— O qu... Espera. Você não tá falando em...

— Matar o Korse? Estou. De fato... estou falando especificamente em armar uma missão pra matar o Korse.

Fun Ghoul tinha a boca aberta.

— Em todas essas vezes que ficamos frente a frente, ele saiu sem nem um arranhão!

— Ele não era o alvo em nenhuma das vezes.

Fun Ghoul piscou, como se para se livrar de algum atordoamento. Ficou quieto pelo que pareceu um minuto, e então começou a murmurar para si mesmo.

— É... é, talvez dê. E se Party tiver sua vingança... e vamos estar vingando o Kobra e o Jet também... é...

Remote Heart quase chegava a se arrepender de ter falado. Percebia agora que a semente estava plantada, e que nada mais tiraria a ideia daquela mente.

— Bom — Remote Heart cortou as indagações de Fun Ghoul, que pareceu acordar de um sonho. — Acho que a conversa já deu o que tinha que dar. Vamos dormir, você tá um caco.

— É... certo. Vem, eu te ajudo.

Os dois voltaram para o quarto e Remote Heart murmurou para que Fun Ghoul deixasse para pensar na ideia nova depois, o que ele concordou. Mas isso não queria dizer que ele ia dormir imediatamente. Depois de se deitar, Remote Heart ainda conseguiu ver perfeitamente o brilho nos olhos de Fun Ghoul, direcionados à um belo Party Poison adormecido. Seu suspiro apaixonado também foi bem audível, e Remote Heart se viu sendo levado para o sono pela segunda vez com um sorriso no rosto.


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Notas finais do capítulo

Ficou fofo? Espero que sim .-.
Se eu demorar com o próximo é porque meus dedos estão doendo -s
Mas eu não pretendo demorar. Beijos! :*