A Ordem de Drugstrein (Versão antiga) escrita por Kamui Black


Capítulo 23
Capítulo 23 - A Indicação


Notas iniciais do capítulo

Agradecimentos especiais para a Beta Reader Lubea, que revisou este capítulo.



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Arco V - Exame para Mestre

 

 

Capítulo 23 – A indicação

 

A forte chuva castigava os campos verdejantes de toda região central de Algos. Em meio a tempestade, uma figura em capa de viagem atravessava a estrada em passos rápidos. Ele chega até a almejada estalagem de beira da estrada, olha para fachada do local e, finalmente, entra.

Uma vez dentro do ambiente quente e aconchegante, o jovem joga o capuz da capa para trás, revelando os cabelos negros e rebeldes. Segue em direção ao balcão e pede uma bebida para se aquecer.

- A chuva está forte hoje, não é? – Um sujeito gordo e de face rosada, graças a bebida, puxava assunto por detrás do balcão.

- Sim, ainda que a estação das chuvas já tenha passado.

- Passou, e quase sem chuvas, parece que elas estão atrasadas. – Ele serve a bebida. – Mas o que traz um jovem viajante a essas paradas com um tempo desses?

- Estou atrás de um certo homem.

- Um rapaz jovem como você deveria estar atrás de uma garota, não de um homem.

Kamui encara o homem com um olhar frio, mostrando que não estava para brincadeiras.

- Já ouviu falar em Justin Meyers? – Pergunta.

- Não, e aconselho você a esquecer esse nome. – Disse fechando a cara.

- Então eu aconselho você a me dizer tudo o quê sabe. – Ele abre a capa e evidencia o brasão de Drugstrein.

- Oh! Um mago. – Ele abaixa o tom de voz, enquanto observa para ver se ninguém mais estava prestando atenção à conversa dos dois. – Mas... Dar informações sobre esse feiticeiro pode ser perigoso. Digamos que tudo tem seu preço.

- Então. – Kamui coloca o copo vazio sobre o balcão. – Digamos que se eu não obter a informação que eu quero. – Ele forma uma pequena bola de fogo na palma da mão. – Esses pobres viajantes vão ficar sem um lugar para dormir.

- Entendi a mensagem – O homem não demonstrou medo, apenas respeito. – O que quer saber?

- Pode começar dizendo onde ele vive.

 

 

Um raio caiu sobre uma árvore que cercava aquela pequena construção de pedra, rachando-a ao meio. A construção era uma espécie de templo muito antigo, dedicado à algum deus desconhecido da maior parte da população.

Dentro desse templo, um homem de cabelos castanhos e longos permanecia ajoelhado, como se estivesse em uma prece. No altar, havia uma espécie de jarro com sangue, provavelmente humano.

- Não adianta rezar para um deus falso para tentar apagar seus pecados.

O homem levanta-se e vira-se em meio ao susto. Como não tinha percebido a entrada daquele garoto de cabelos escuros? Agora isso não faria diferença, o sangue dele seria a oferenda do próximo dia.

- Este não é um deus falso. – Ele começa dizendo. – É o único e verdadeiro deus.

- Justin Meyers. – Kamui começa em tom calmo. – Esse é o deus mais falso que eu já vi na vida. E você é um babaca em dedicar sua vida a ele.

A provocação de Kamui surtiu efeito. O homem havia ficado furioso.

- Maldito! Vai pagar por profanar meu deus! Eu, o emissário dele, irei puni-lo. Clay!

O solo do pequeno templo começou a se revirar, uma enorme onda de terra e pedra se seguiu para esmagar Kamui. O mago simplesmente estendeu a mão e, sem que ele pronunciasse uma palavra se quer, um escudo de energia parou o feitiço adversário, deixando apenas uma valeta a cada lado de seu corpo.

- Como vez isso? Um Proteggio sem pronunciar o feitiço.

Kamui simplesmente sorri, mas era um sorriso cruel. Ele tinha ódio daquele homem, ódio como nunca tinha sentido por ninguém em sua vida. Nem o lobisomem que havia matado sua mãe fora alvo de tamanha raiva.

- Você ainda tem muito a aprender, velho. Dracco Fira.

Mais de uma dúzia de poderosos dragões de chamas lançaram-se contra o feiticeiro. Em sua defesa, ele ergueu barreiras de pedra com o Clay. As chamas se chocaram contra ela e quase forçaram a passagem.

- Eu poderia acabar com isso agora mesmo se quisesse.

Kamui fala, enquanto lança um Dark Fira contra uma pilastra do templo. As chamas se infiltram na rocha e a destroem completamente.

- Queria que ela estivesse aqui. Que pudesse ver você apavorado. Acho que se fosse um duelo justo ela ia acabar com a sua raça.

- De quem você está falando? – Naquele momento, ele mal continha o medo.

- O mago que você matou, há dois dias, ele era meu amigo, sabia? Estou fazendo isso por uma amiga que lidera a equipe a qual ele pertencia.

- Perdão. Eu rogo-lhe o seu perdão.

- Não tem perdão algum para gente como você.

Kamui ganha o longo espaço que os separava em uma fração de segundo. Impulsionado pela aura, ele soca a barriga do seu inimigo.

- Aurus Pulse.

O feitiço atinge diretamente o corpo de Justin e o lança com toda a força em direção da parede. Ao se chocar com ela, ele cospe muito sangue no chão, em seguida, cai de joelhos.

Kamui já estava próximo a ele e o levanta segurando-o pelo pescoço. Sua mão direita estava envolta em chamas negras.

- Espero que esteja pronto para pagar por tudo o que tem feito.

Ele aproxima a mão da face do homem. Assim que as chamas atingissem-no, ele seria consumido por elas até a morte. Em seus olhos tudo o que Kamui via era pavor. As chamas cessam, Kamui havia encerrado o feitiço.

- Era isso que eu deveria fazer. Era o que você merecia. Mas... Eu não consigo... Não consigo acabar com a vida de uma pessoa... Mesmo que ela seja uma pessoa miserável como você.

Dito isso. Kamui utiliza um novo Aurus Pulse contra o corpo do feiticeiro, fazendo com que ele perdesse a consciência.

 

 

Kamui chega de volta ao castelo no meio da madrugada, ainda sobre forte chuva. Ele vinha arrastando o seu prisioneiro o caminho todo com um Aurus Prision. Chega ao castelo e o entrega, com escoriações e hematomas por todo o corpo, aos dois magos responsáveis por prisioneiros temporários.

Enquanto subia pela torre norte, pensava consigo mesmo que nunca iria querer exercer um trabalho como aquele: Vigiar prisioneiros.

Ele chega ao 6º andar da torre, onde tinha seu quarto, porém, dirige-se imediatamente ao banheiro. O banheiro era um local espaçoso, com as paredes e pisos totalmente ladrilhados em um tom azul. Exceto pelo caso dos apartamentos de famílias, os magos dividiam os banheiros de cada andar, que eram em número de 10, ou seja, um para cada cinco magos.

Ele vira uma placa de ocupado no lado de fora da porta e entra, trancando-a. Despiu-se rapidamente e, sem paciência para esperar a banheira encher, conjurou um pouco de água com o feitiço Acqua. Em seguida, aqueceu a água com um Fira. Kamui agora não pronunciava quase nenhum feitiço de nível 3 ou inferior, tinha se tornado muito bom em executá-los de forma não verbal.

Entrou na banheira e permaneceu no banho durante longos 15 minutos, queria relaxar, mas sua mente não permitia.

“Eu realmente tinha a intenção” pensava “por que não consegui matá-lo? Será que ainda sou criança demais? E se minha vida dependesse de tirar outra, será que eu conseguiria matar alguém?” Depois imaginou uma situação em que um amigo se encontrava em perigo e ele apenas conseguiria ajudar tirando a vida do causador. “Se fosse para proteger a vida de algum amigo, acho que eu mataria até dez pessoas”. Concluiu.

Após o banho, vestiu apenas as roupas de baixo e uma bermuda, depois, dirigiu-se ao quarto com as roupas molhadas e sujas na mão. Ao entrar no cômodo, jogou as roupas em um canto do chão e foi direto para a cama. Qual não foi sua surpresa ao encontrar alguém deitado lá.

Ele agachou-se ao lado da cama e aproximou-se da pessoa, afastou os cabelos castanhos, que estavam tampando o rosto, com as mãos, depois a chamou baixinho.

- Sarah...

A garota acordou em um susto.

- Kamui!

Ela saltou da cama e abraçou o garoto, derrubando-o sentado ao chão. Permaneceu ali, sentada sobre as próprias pernas, o abraçando.

- Nunca mais faça isso, Kamui. Nunca mais me deixe preocupada desse jeito.

- Me desculpe, Sarah. Queria que você soubesse apenas depois que tivesse acabado.

Eles permaneceram ali, abraçados um tempo. Kamui lembrou-se do beijo que trocaram a mais de um mês atrás e chegou a conclusão de que, se tentasse, conseguiria outro beijo de Sarah naquele momento. Porém, não o fez.

- Por que você foi sozinho? Por que se arriscar tanto?

- Eu tinha certeza que iria conseguir, portanto, não foi risco algum. – Ele falava calmamente, olhando diretamente nos olhos da garota. – Você sabe como e por que o Bruno... Bem o Bruno... – Ele ainda não queria encarar a realidade.

- Na... Não? Você sabe?

- A Taís me contou. Ela disse que eles encontraram o tal feiticeiro e o Bruno disse que peitava sozinho. Taís o repreendeu e disse que o trabalho deveria ser feito em equipe, ele não ouviu. Foi para cima do feiticeiro usando um Slash Jinn. O feiticeiro é rápido, devo admitir, e o enterrou com um Clay Catomb. Taís tentou salvá-lo e lançou um Dracco Fira contra o feiticeiro. Sabe o que ele fez?

Sarah balançou a cabeça negativamente.

- Se assustou com o poder do feitiço de Taís e fugiu. – Ele continuou. – Ela poderia ter pegado ele, mas tentou tirar o Bruno do meio da rocha formada pelo feitiço, o resto não preciso lhe falar.

- Por isso você tinha certeza de que iria vencer?

- Sim, e tem mais. Tenho medo que um dia Matheus cometa o mesmo erro que o Bruno cometeu.

- Ele não faria isso. Faria?

- Sarah, você eu sei que não. Você pensa antes de agir, às vezes, pensa até de mais. Mas o Matheus é impulsivo e existem certas magias que podem ser fatais.

- Você foi lá sozinho porque tinha medo que um de nós dois...

- Sim. Esse é meu maior medo.

Ela volta a abraçá-lo, para depois dizer algo.

- Me promete uma coisa, nunca mais vai fazer alguma coisa assim sem me falar antes?

- Não posso te prometer nada, mas vou tentar.

- Acho que é o melhor que posso conseguir de você, não é?

- Vai se conformando. – Diz, ao se separarem do abraço, ele vê que ela já está sorrindo. – Se quiser dormir aqui eu me acomodo naquela poltrona mesmo e deixo você ficar com a cama.

- Bobo, só peguei no sono porque você demorou a voltar. Onde já se viu, levar todo esse tempo só para pegar um feiticeiro perigoso.

Sarah não quis dormir no quarto de Kamui, mas, mesmo assim, ambos continuaram conversando até quase quatro da madrugada. Ele estava realmente cansado, mas, para conversar com Sarah, ele sempre teria um pouco de energia.

 

 

Nos dias em que se passaram, Kamui acabou levando uma bronca de Spaak, que disse que ele tinha sido irresponsável e se arriscado demais. Ele respondeu simplesmente que foi bem sucedido e isso era o importante. Resposta que deixou Spaak um tanto quanto irado.

Taís ficou feliz ao saber que o feiticeiro havia sido capturado e agradeceu Kamui por isso.

Mais dois meses se passaram e o pesar de perderem o amigo acabou diminuindo até sumir de vez. Eles sentiam falta dele, mas a vida continua e todos tinham que encarar esse fato.

Naquele dia, mais ou menos na metade de fevereiro, Kamui havia sido chamado para o que deveria ser uma reunião com três Mestres, incluindo Spaak. Ele não sabia do que se tratava, mas estava curioso para descobrir.

Entrou na sala onde a reunião iria se realizar e qual não foi sua surpresa ao ver que Taís também estava lá, além de Carlos Wigg, que estava sentado em um canto.

Kamui dirigiu-se diretamente ao lado de Taís, já fazia alguns dias que os dois não conversavam.

- Oi. – Ele diz ao se aproximar.

- Olá, tudo bem?

- Sim. E como o Fred está se saindo?

- Muito bem, na verdade, ele é um ótimo mago de terra e obedece minhas ordens cegamente.

- Um subordinado obediente é o melhor que tem.

- Queria só ver se eles ouvissem a gente falando isso.

- Nem fala não. O Matheus ia querer me matar.

- Falando nisso, ele e a Eliane estão meio de crise.

- Ele comentou, faz só três meses de namoro e eles vivem brigando. Matheus reclama que ela é muito ciumenta.

- Sério? Ela já fala o contrário, diz que ele é quem morre de ciúmes por causa do Fred.

- Isso eu tenho que concordar que é verdade. Ele vive comentando que os dois estão se entrosando muito bem nas missões e ele está desconfiado que aí tem coisa.

- Imagina, conheço minha amiga, ela nunca ia trair o Matheus.

- Bota isso na cabeça dele. – O garoto faz uma pausa. – E só porque são Mestres não quer dizer que podem ouvir a conversa dos outros.

- O quê? – Taís pergunta sem entender nada.

- Finite.

Carlos pronuncia aproximando-se do grupo. Os três Mestres aparecem bem na frente dos três Magos.

- Feitiço de ilusão, e eu nem percebi.

- Jurava que ia conseguir pegar os três. – Luís diz.

- Eu disse que o Kamui não ia cair nessa. – Spaak completa.

- Não acredito que você não percebeu, Taís. – Agatha comenta, deixando a garota corada de constrangimento.

- Gostaria de saber do que se trata essa reunião. – Kamui fala.

- Eu até imagino o que deve ser, embora não compreenda por que vocês dois também estão aqui. – Carlos comenta.

- Chamamos vocês aqui para dizer-lhes que nós estamos os indicando para prestarem o exame para Mestres. – Luís esclarece a situação, deixando tanto Kamui quanto Taís estupefatos com a notícia.

- Sério? – A garota pergunta, incrédula.

- Sim, Taís - Agatha responde. – Estamos todos muito felizes com o desempenho que os três estão tendo em suas equipes e decidimos que vocês estão prontos para os exames, mesmo sendo Magos há apenas um ano.

- Spaak, já ouve algum caso de um mago se tornar mestre aos 14 anos? – Kamui pergunta.

- Na realidade, não. O mínimo que já teve foi alguém conseguir com 15, mesmo seu pai só passou aos 16 anos.

- Quer dizer que provavelmente iremos reprovar? – Taís pergunta para os Mestres.

- Talvez sim, talvez não. – Luís responde. – Mesmo que reprovem, a experiência valerá a pena.

- Vocês não são obrigados a aceitar. Mas gostaríamos muito que tentassem. – Spaak expõe sua opinião.

- Não só vou tentar, como também vou me tornar Mestre. – Carlos fala.

- Vai com calma, Carlos. - Luís encosta a mão no ombro do pupilo – Não coloque tanta pressão sobre si mesmo.

- Como funciona esse exame? – Kamui pergunta.

- Como vocês devem saber, ele é feito entre todas as Ordens e terá um GranMestre de cada Ordem presente no exame. – Spaak explica. – Ele é feito em quatro partes, elas serão explicadas em detalhes no exame, mas se tratarão, basicamente, de teoria, prática, duelo e exame final, que é totalmente secreto.

- Quando ele será feito? – Taís pergunta.

- Ele terá início no dia 1º de março. O que dá a vocês quinze dias para se prepararem. Nós três assumiremos as equipes nesse meio tempo. – Agatha explica.

- Nós já havíamos formado uma equipe com nós três justamente com esse objetivo. – Luís complementa.

- Eu era o líder. – Spaak sussurra para Kamui, que lhe devolve um meio sorriso.

- Qual é a resposta de vocês. – Agatha pergunta.

- Aceitamos. – Os três respondem ao mesmo tempo.

Agora tudo o que lhes restava era se prepararem e estarem na cidade de Gyrben, onde o exame seria realizado, no dia 1º de março. Certamente que os três tentarão o melhor que puderem para passar no exame e se tornarem Mestres.

 

 

 

 

N.A. - Não tem pergunta pra mim fazer nesse capítulo >.<

Mas posso dizer que o exames começarão no próximo capítulo. E aparecerão dois personagens novos ^^

Ia me esquecendo... Reviews, please.


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