A Ordem de Drugstrein (Versão antiga) escrita por Kamui Black


Capítulo 22
Capítulo 22 - A Decisão de Kamui


Notas iniciais do capítulo

Agradecimentos especiais para a Beta Reader Lubea, que revisou este capítulo.



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Arco V - Exame para Mestre

 

 

Capítulo 22 – A decisão de Kamui

 

Uma semana se passou após o casamento de Sakuro e Katherine. Enquanto o casal viajava, a Ordem de Drugstrein mantinha a costumeira calma.

As batalhas contra os orcs ao norte, em apoio a Ordem de Kaz Barrak e aos anões, também tiveram seu ritmo reduzido. Eles começaram a ficar acuados novamente.

As missões estavam em baixa na Ordem e Kamui recusava-se a aceitar qualquer missão abaixo de grau C. Sendo assim, a equipe utilizava o tempo livre para treinar. Pelo menos deveria ser assim, mas Matheus já tinha encerrado seu treino e tirava uma soneca em baixo de uma árvore.

Enquanto isso, Sarah estava praticando feitiços de fogo sobre a tutoria de Kamui.

- Slash Fira.

A garota tenta novamente o feitiço após um exercício de concentração. O resultado foi o mesmo do de várias outras vezes no dia: A lâmina de fogo começava a se formar, mas, depois de dois metros, simplesmente se desfazia.

- Mas que droga! Por que eu não consigo?

- Sarah, você tem que manter a concentração para manter o fogo unido. – Kamui explica novamente, já sem nenhum ânimo.

- Não posso diminuir a quantidade de fogo? O Dracco Fira eu consigo tão bem. – Ela fala, com cara séria.

- Já lhe expliquei mil vezes. Se você não colocar uma quantidade grande e concentrada de chamas, o feitiço sai sem força e não vai cortar nada. Se fosse para fazer isso, era melhor usar o Dracco Fira que tem área de efeito maior. Tenta de novo.

- Ta, Vamos lá. – Um momento de concentração. – Slash Fira!

Novamente o feitiço começou bem, mas não se manteve. Kamui lança um suspiro de desânimo e Sarah o encara, repreensiva.

- Não dá, talvez você realmente não tenha talento para isso.

- Como assim? Antes mesmo você dizia que isso não importava, que qualquer um podia aprender qualquer feitiço, caso se dedicasse.

- Talvez eu tenha mudado minha opinião.

Sarah limitou-se a olhá-lo, pasma.

- Como assim?

- Não posso mudar de opinião, não?

- Já entendi. Você ainda esta chateado com aquilo, não é? Já lhe pedi desculpas, Kamui.

- Não estou chateado, não tenho nenhum motivo para estar.

- Ah é, então eu não te conheço há quase dois anos para saber quando você está ou não de bom humor. Será que você não vai me perdoar? Não consegue me entender?

- Não, Sarah, do mesmo modo como você não me entende, eu não te entendo. – Ele fala, agora brincando com uma pequena chama negra, que fazia flutuar no ar.

- Para com isso! Sabe que eu odeio quando você faz esse tipo de coisa. – Ela diz, referindo-se a chama negra.

- Ah é, e o que mais você não gosta em mim? – O tom de voz dos dois tinha aumentado a tal maneira que havia acordado Matheus, que agora apenas escutava a discussão.

- Kamui, para de ser criança! Poxa, você sempre foi o mais maduro, o mais responsável. E agora fica assim.

Ele não responde, apenas respira fundo e sai andando em direção ao castelo. Sarah simplesmente senta-se perto da árvore e enterra a cabeça nos braços, que estavam apoiados nos joelhos. Matheus percebeu que a garota estava se segurando para na chorar, então achou melhor deixá-la sozinha e ir atrás de Kamui.

Kamui, que já tinha atravessado uma boa parte das construções do castelo. Agora passava pelas áreas de treinamento dos alunos. Para extravasar um pouco da raiva, ele lançava alguns Dracco Fira para o alto. Os alunos que praticavam alguns feitiços olhavam aquilo, uns assustados, outros invejosos.

Depois de um longo passeio, o garoto se dirigiu até sala comunal dos alunos, que estava vazia, uma vez que os alunos estavam todos em aula. Sentou-se em uma cadeira em frente a uma mesa grande.

- Está se lembrando do primeiro dia que você falou com ela, não é? Foi exatamente nessa mesa, lembro-me como se fosse ontem. – Matheus corta a distração de Kamui. – Posso? – Pergunta ao puxar uma cadeira. Kamui dá de ombros. – O que aconteceu entre vocês dois? Algo me diz que foi durante a festa de casamento de Sakuro.

Kamui não respondeu. Matheus teve tato suficiente para esperar até que o amigo resolvesse falar.

- Fiz uma coisa que queria fazer há muito tempo.

- Você a beijou, não é? E depois ela não quis retribuir?

- Ela retribuiu. Foi o melhor beijo da minha vida, tirando o fato de que foi o único. – Disse, um pouco constrangido.

- Então? Qual o problema?

- O problema é que sei que ela sente por mim o mesmo que eu sinto por ela e, apesar disso, não quer aceitar namorar comigo.

- Qual a desculpa... Er... O motivo que ela alega?

- Diz que isso iria atrapalhar o desempenho da nossa equipe.

Mais um momento de silêncio.

- Você gosta tanto assim dela?

- De mais, Matheus. Desde o momento em que eu a conheci não tiro aquela garota da cabeça. Ainda mais depois de tudo o que passamos juntos.

- É, meu amigo, acho que o melhor que você tem a fazer é tentar esquecê-la, tenha ela apenas como amiga.

- Estou tentando fazer isso, mas é muito difícil.

- Eu imagino.

Novamente o silêncio. Até que Kamui decide mudar de assunto.

- E você e a Eliane, como estão?

- Nós estamos namorando, vou conhecer os pais dela assim que eles voltarem de missão. Ambos são magos, mas estão em equipes diferentes.

- Taí uma coisa em que você é melhor que eu. Você se dá bem melhor com as garotas.

- Em alguma coisa eu tinha que te superar, não é? Quer saber, vamos fazer alguma coisa para nos divertirmos, pede a skyjet emprestada pro Spaak pra gente dar uma volta.

- Acho que ele não vai deixar, mas vamos lá pedir.

Agora com o ânimo parcialmente renovado, Kamui toma a decisão de esquecer o que passou entre ele e Sarah e voltar a tratá-la como sempre a tratou; embora isso fosse algo muito difícil de fazer.

 

 

Os dias passaram, depois as semanas. Duas missões, apenas isso dentro de um mês para a equipe de Kamui. Matheus ansiava por ação, enquanto Sarah estava feliz por Kamui aparentemente ter esquecido todo o ocorrido. Ele, nesse meio tempo, tinha muito o quê fazer. Por algum motivo, Arthur estava pegando mais pesado nos treinos. Ambos estavam treinando no local de sempre: Um descampado um pouco afastado do castelo.

- Tente mais uma vez, Kamui.

- Vou tentar, mas acho que o resultado será o mesmo.

Ele coloca a mão esquerda sobre o pulso direito e começa a materializar a lâmina negra, em seguida pronuncia o feitiço calmamente.

- Giudecca.

A lâmina se forma em seu braço, agora de forma perfeita, mas não se mantém.

- Viu o que eu falei, mestre? Já faz quase um ano que tento esse feitiço sem sucesso.

- Não desanime. Ele é um feitiço muito complexo.

- Com quantos anos você conseguiu executá-lo?

- Dezenove.

- Sério?

- Acho que fica difícil para você acreditar, mas eu era um mago bem medíocre quando tinha sua idade.

- Difícil mesmo, o senhor é um dos mais conceituados Mestres de Elite.

- Mas isso eu consegui com muito treino e dedicação, não vou dizer que era um mago ruim, mas não chegava nem perto de Sakuro, seu pai ou de você.

- Que quer dizer com isso, mestre?

- É engraçado te ouvir me chamando de mestre quando estamos apenas nós dois. Você disfarça bem quando estamos em público.

- Não respondeu minha pergunta.

- Não fique confiante demais, mas suas habilidades são muito maiores que da maioria dos magos adultos que existem. Você, com apenas 14 anos, já superou pelo menos metade dos magos de Drugstrein, sabe o que isso quer dizer?

- Não.

- GranMestre. Esse será o seu futuro se você se dedicar realmente nisso.

- Isso eu não sei se quero para mim. Mesmo assim, quero me tornar o melhor mago que essa Ordem já viu.

- Você será um dos melhores de Algos. Agora chega de papo e vamos voltar ao treinamento.

- Giudecca de novo?

- Não, dessa vez irei lhe ensinar algo útil e que acabará lhe ajudando com o Giudecca.

- O que, mestre?

- Preste atenção. Dark Fira.

Arthur lança o feitiço contra uma rocha, as chamas negras se espalham sobre ela, mas a deixam intacta.

- Por que isso aconteceu? – Ele pergunta ao pupilo.

- Porque o Dark Fira não causa danos em objetos, apenas em células vivas.

- Exato, agora observe novamente. – Arthur concentra-se um pouco. – Dark Fira.

Uma nova trilha de chamas negras se dirige à rocha. No entanto, desta vez, ela a penetrou e destruiu de dentro para fora.

- Incrível! Como fez isso?

- Irei lhe ensinar em breve, mas antes quero que entenda a utilidade disso.

- Diria que serve para quebrar coisas, mas, para isso, existe o Explosion que faz o trabalho melhor.

- Então...

- Então a utilidade disso poderia ser... – Ele pensa. – Já sei! Quebrar um Barrier ou um Proteggio.

- Exatamente. Normalmente, quando um mago usa um Barrier contra um Dark Fira normal, o feitiço simplesmente se espalha e acaba perdendo o foco. Nessa maneira concentrada, ele irá acabar tentando atravessar a barreira do adversário.

- E agora como se faz isso?

- Tente descobrir por conta própria.

- Que tipo de mestre é esse que me diz para descobrir tudo? – Kamui comenta em tom divertido.

- Do tipo que lhe ensina a pescar ao invés de te dar o peixe. Se você descobrir como os feitiços funcionam, logo estará criando os seus próprios.

- Okey. Imagino que isso funcione com um princípio parecido com o Slash Fira ou Slash Jinn, concentrando-se a aura para ela tomar uma forma maciça.

- Quase isso, tem um pouco de variação. Mas vamos começar praticando da maneira que você falou.

Nos dias seguintes a esse, Kamui continuou a praticar essa nova maneira de se lançar um Dark Fira, faria isso todos os dias que não houvesse uma missão.

 

 

Era tarde da noite naquela quarta-feira. A equipe de Kamui tinha acabado de chegar de uma missão que se consistiu em eliminar um grupo de razards, que estavam aterrorizando uma determinada região ao norte. As criaturas eram uma espécie de lagarto bípede, mais de dois metros de altura, garras afiadas e uma velocidade surpreendente. Kamui estava muito feliz com sua equipe, pois não tinha erguido um dedo sequer. Sarah e Matheus haviam combatido mais de uma dúzia sozinhos, o que garantia que eles tinham tido uma boa evolução desde que haviam se tornado magos. A troco disto, estavam exaustos e foram direto para a cama, enquanto Kamui seguia sozinho para o pub, para comemorar o bom desempenho dos amigos.

Ele procura por alguém conhecido. Queria contar a novidade, estava realmente orgulhoso da equipe. Avistou Taís. A garota se encontrava sozinha em uma mesa, com uma garrafa de bebida sobre ela.

Kamui achou estranho, pois ela não costumava beber nada muito forte, ainda mais sozinha. Resolveu se aproximar.

- Posso? – Perguntou ao se aproximar da mesa.

A garota permaneceu de cabeça baixa e deu um leve aceno com a cabeça. Kamui sentou-se preocupado.

- O que aconteceu? – Ele perguntou do modo mais carinhoso que conseguiu.

Ela virou-se para ele, os olhos estavam muito vermelhos, o que indicava que ela estava chorando há pouco tempo.

- Foi minha culpa... Por minha causa...

Não completou a frase. Kamui se assustou com aquilo, algo muito ruim havia acontecido. Ela o abraçou e enterrou a cabeça em seu peito, tinha voltado a chorar. Kamui abraçou-a de volta e afagou-lhe os cabelos na parte de trás da cabeça.

- Calma, eu estou aqui, Taís.

Permaneceram assim, em silêncio por algum tempo. Quando a garota se acalmou, separou-se de Kamui e secou as lágrimas com o braço, ele voltou a perguntar.

- O que aconteceu, Taís?

- Nós pegamos uma missão esses dias. – Ela já estava mais calma e conseguia falar normalmente. – Seria a quarta que faríamos do tipo: Capturar mais um feiticeiro. Eu estava confiante em mim e em minha equipe, confiante demais...

Kamui previu o que havia acontecido e por fim achou que a garota estava exagerando.

- Se vocês falharam na missão não foi culpa sua. Você...

- Ele está morto! Por minha culpa... Por minha culpa o Bruno morreu!

Aquilo foi um choque para Kamui. Era difícil de acreditar no que a garota dizia. Um mago da idade dele, um amigo que estudou com ele, estava morto e não havia nada que pudesse ser feito a respeito.

- Eu falhei em liderar, Kamui... Fui confiante demais, se tivesse prestado atenção isso não teria acontecido... Eu...

Ele a abraçou de volta.

- Não foi sua culpa Taís, tenho certeza de que você fez tudo o que podia para evitar isso.

Ele também se sentia abalado com isso, mas tinha que se conter, tinha que arranjar um jeito de consolar a amiga. E assim o fez. Naquela noite ele permaneceu ao lado dela. Taís chorou mais um pouco e depois Kamui a levou até o quarto, ficando ao seu lado até que a garota adormecesse.

No outro dia seria o velório e enterro de Bruno. Kamui já tinha visto isso duas ou três vezes. O trabalho que exerciam era algo perigoso e fatalidades aconteciam, mas, pela primeira vez, era com alguém que ele conhecia. Um amigo havia morrido.

Naquela manhã, logo cedo, Kamui tinha conversado com Sarah sobre isso, pouco antes de Matheus chegar falando que a namorada, Eliane, estava desconsolada com o ocorrido.

O dia depois daquele não foi muito melhor, estava chuvoso para piorar o clima de tristeza que ficou para aqueles e outros jovens magos. Por fim, Kamui recebeu a notícia que era para comparecer na sala de entrega de missões naquele momento. Deixou a companhia de Taís e seguiu para lá. Não tinha ânimo algum para cumprir missões, mas pensou que, talvez, isso distraísse seus pensamentos para outro foco.

- Olá, Ana. – Cumprimentou a atendente com quem sempre pegava as missões.

- Soube sobre o seu amigo, eu sinto muito.

- Ainda me custa acreditar nisso.

- Lamento também que tenha que te passar essa missão, mas foi ordem de um dos Mestres de Elite. Ele disse que você e sua equipe são os mais indicados para o caso.

Ele pegou o formulário da missão e leu:

Feiticeiro Justin Meyers

Esse era o alvo. Ao ler aquilo simplesmente ficou pasmo. Ana entendeu a reação dele.

- Sim, era atrás dele que a equipe de Taís estava quando aquilo aconteceu.

- Quer dizer que agora é a minha equipe que terá de correr o risco?

- Lamento muito por isso. Por favor, tomem cuidado.

- Não se preocupe, minha equipe não vai se ferir de maneira alguma.

 

 

Quando a noite já havia chegado e a chuva caía em Drugstrein, dois magos procuravam por seu amigo e companheiro de equipe.

- O Kamui sumiu desde a hora do almoço. – Sarah comenta. – Fui até perguntar para a Taís para ver se ela não sabia dele.

- Você deve estar preocupada mesmo, até foi perguntar para a Taís.

- Eu to até com pena dela, fica se culpando pelo que aconteceu.

- Mas ta difícil pra todo mundo, em pensar que na festa do casamento do Sakuro a gente se divertiu pra valer juntos.

Nesse momento Spaak cruza com eles no corredor.

- Vocês ainda estão aqui?

- Sim, por quê? – A garota responde com outra pergunta.

- É que eu pensei que vocês já tivessem ido para a missão de vocês.

- Missão? – Matheus pergunta enquanto cruza o olhar com Sarah.

- Sim, os Mestres de Elite acabaram por passar aquela missão que era da equipe da Taís, que terminou em tragédia, para a equipe de vocês. O Kamui não falou nada? Ele deve estar transtornado.

- Ele não falou. Acho que deve estar planejando como cumpri-la agora mesmo. – Sarah falou, enquanto outra coisa passava pela sua cabeça.

- Estou com pressa. Lamento muito pelo amigo de vocês. Boa sorte na missão. E tomem cuidado.

Assim que Spaak saiu de vista, Sarah e Matheus trocaram olhares novamente.

- Você está pensando o mesmo que eu? – Ele pergunta para a amiga.

- Tenho quase certeza. – Ela dizia enquanto um relâmpago era visto pela janela alta do corredor do castelo. – Para não nos colocar em risco, Kamui foi enfrentar o feiticeiro sozinho.

 

 

 

 

N.A. - E ai? Acham mesmo que o Kamui foi atrás do feiticeiro sozinho? Façam suas apostas.

Mais uma coisa, a principio o título desse arco não faz muito sentido, mas vocês entenderão no próximo capítulo.

Espero reviews, hein!

 


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