Um mês já havia se passado. Jake e eu passávamos 25h por dia juntos. Ele era simplesmente o sonho de qualquer garota, para o meu azar. Sempre tinha alguma engraçadinha se jogando pra cima dele.

– Aquela garota nem disfarça que está afim de você. - Disse sentando ao lado dele na sala, me referindo a uma ridícula que acabara de sair do lado dele.

– Sô, você está com ciúmes de mim, é isso? - Jake disse rindo.

– É claro que não, fala sério. Só acho que aquela menina não precisa usar um decote que vai até o umbigo. - Tirei meu caderno de dentro da bolsa. Havia uma foto minha com Jake que eu havia colado na capa, ele estava tão lindo naquele dia. Fomos a um campo lindo, e passamos a tarde conversando, rindo das besteiras um do outro. Parecia que todos sabiam que eu era afim do Jake, e não eram nada discretos, fazendo com que eu me sentisse na maioria das vezes, extremamente envergonhada.

– Ela não faz meu tipo. - Ele falou sorrindo olhando para nossa foto.

– O Sr. Jacob Black tem um tipo? - Tentei esconder minha curiosidade, mas eu tinha que saber do que ele gostava em uma garota. - Qual seria então?

– Meu tipo? Não acho que eu posso falar isso para você. Não agora. - Ele sorriu abaixando a cabeça.

– Por quê? Somos... Amigos, certo? - Amigos! Que palavra idiota. Não queria Jake só como meu amigo.

– É exatamente por isso. - Ele disse sério. Aproximamo-nos um do outro, quase que involuntariamente. Eu podia sentir a respiração quente de Jake sobre minha pele. Tudo nele era perfeito para mim, tudo muito convidativo. Mas a sensação de êxtase foi interrompida pelo professor que entrou na sala. Afastamo-nos e não trocamos sequer uma palavra no decorrer da aula.

"Que droga Sofia! Você quase estraga tudo!" - Me dei uma bronca por pensamento.

A aula parecia não ter fim. Fomos juntos ao refeitório, ainda sem falar nada. Esse silêncio estava me deixando nervosa.

Pegamos nosso almoço e sentamos na mesa de sempre.

– O que aconteceu Sofia? Você está mais branca que o normal. - Paul disse rindo, me zoando como sempre.

– Nada demais. Então... O que vão fazer no final de semana? - Desconversei.

– A gente está querendo ir à La Push. - Kim disse animada. - Você vai né?

– Não sei... Minha mãe vai viajar hoje, se ela deixar, eu vou sim, com certeza. - Sorri. Vi Jake sorrindo também. Aleluia! Alguma manifestação de emoção nele.

Cheguei em casa e fui explicar para minha mãe sobre La Push.

– O Jake vai?

– Vai mãe...

– Então tudo bem! - Minha mãe tinha adquirido um carinho horrendo por Jake. Eu podia dizer que ia assaltar um banco, se o Jake fosse, por ela tudo bem. - Vocês vão amanhã?

– É. - Sorri.

– E quando vocês dois vão assumir o namoro?

– Mãe! – Revirei os olhos. – Que mania de me arranjar namorado... Se, e eu disse “se”, estivesse acontecendo alguma coisa entre nós, você saberia, eu te conto tudo.

– Ah filhinha, mas vocês ficam tão lindos juntos! Vai dizer que você nunca reparou na forma que ele te olha?

– Como assim? De que jeito ele me olha? – Falei quase que desesperada. Minha mãe começou a rir.

– Escreve o que eu estou dizendo, quando eu chegar, você vai estar de namorado novo! – Ela me deu um beijo na testa. – Vou subir pra arrumar minhas malas.

Na verdade a ideia de namorar com Jake me agradava, e muito! Eu vinha pensando nisso durante semanas. Eu já tive outros namorados, mas nunca senti nada parecido com o que eu sentia quando estava perto do Jake. Porque embora uma parte minha desejasse loucamente que ele ficasse comigo, só a presença dele já me era suficiente. Só tê-lo por perto pra mim bastaria. Mas claro que ter Jake só pra mim, era muito melhor. Ainda me peguei pensando uma ou duas vezes sobre a tal de Bella que a Leah comentou no almoço no meu primeiro dia de aula. É claro que eu sei que o Jake não era nenhum padre. Obvio que ele já teve alguma namorada na vida, mas isso me incomodava, não conseguia nem pensar na ideia de outra garota com ele.

Achei melhor tirar esses pensamentos da cabeça e ir para o meu quarto.

Um tempo depois, minha mãe já estava saindo. Despedi-me dela e voltei para minha caverna.

Tomei um banho, coloquei um pijama e fiquei na cama vendo televisão.

Vi que a janela estava aberta. Levantei-me para fechar, mas me deparei com um céu lindo. Fiquei sentada no chão da varanda admirando a lua cheia que parecia estar tão perto de mim, que eu podia encostar nela.

Como eu adorava o tempo aqui de Forks.

Fiquei perdida nos meus devaneios, até que vi alguma coisa se mexendo por dentro da floresta. Estreitei os olhos pra ver se conseguia ver, mas não consegui. Qualquer pessoa normal se assustaria, mas eu fiquei curiosa. Até considerei a ideia de descer e ir ver o que era, mas depois percebi que seria praticamente um suicídio.

– É melhor ir dormir. – Me aconselhei.

Antes de voltar para a cama, ainda levei um tropeção no degrau que separa a varanda do meu quarto.

– Um dia desses eu ainda acabo me matando. – Bufei.

Deite-me e comecei a pensar em besteiras... Coisas da minha vida. Lembrei do meu pai, com quem eu não conversava a muito tempo. Fiquei pensando se ele estava bem, se tinha reconstruído a vida dele. Nós dois éramos muito unidos, fazíamos de tudo juntos. A separação dos meus pais foi, sem dúvida, um dos golpes mais duros que eu já recebi. Mas eu ainda tinha esperança de que um dia, ele e minha mãe sentassem e se resolvessem. Não demorou muito para eu cair no sono.