Diário De Uma Retardada escrita por Simjangeum


Capítulo 23
Cante e beba


Notas iniciais do capítulo

Ok, gente, não vou demorar muito porque tenho muitas coisas pra fazer hoje. Me desculpem por não ter respondido os reviews, mas respondo os do próximo capítulo ok? Boa leitura!



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29/12 - Sábado

Eu sei que todo mundo parece achar que eu sou a idiota da história, mas só eu sei que tem gente bem pior por aí. Um exemplo, muito bem usado aqui seria que hoje Lizzie ligou para mim as dez da manhã avisando que eu devia comparecer na inauguração do Soulair, um bar novo que abriu no centro de Berkeley, porque era aniversário dela.

Isso mesmo, meus caros amigos, ela nem avisa ou coisa parecida, é tipo “tcharã, oi minha nova melhor amiga, hoje é meu aniversário, não contei antes porque achei que ia ficar chato”.

E agora estou aqui, escolhendo uma maldita roupa para ir. É claro que não achei nada de interessante. Melhor eu ligar para Val avisando que vou passar na casa dela e pegar alguma roupa dela para eu vestir.

#1 hora depois

Val tinha um vestido branco e um terninho preto, e umas botas curtas marrom. Acho que vou usar isso.

#6 horas depois

Uau. Uau. UAU.

Eu ainda não acredito que depois de tanto tempo, depois do meu primo Macauli me ter feito dar meu primeiro beijo com o Jacarandá (alguém suspeito e nojento, não recomendo) e de Val me ter feito dar meu primeiro beijo de língua com o Palheta (o nome dele verdadeiro é Paul Lheta, por isso o apelido) (o Lheta se pronuncia Letá) (sim, isso tem um significado meio estranho), eu finalmente beijei alguém porque essa pessoa gostou de mim! Sim, meus jovens, isso é verdade.

O que aconteceu é que eu fui ao tal Soulair com a Val, uma espécie de danceteria bem grande e moderna, achei um lugar bem legal para se fazer um aniversário. Lizzie tinha convidado apenas alguns amigos para uma pequena festa, ou seja, eu, Val, Rony (argh), Bina (argh argh), Freed (eles estavam indo bem com seu relacionamento, não sei como estão agora), Matt, Thomas, Megan, Maurice, Lauren e mais alguns amigos seus de Londres.

Eis que, por sorte minha, um desses amigo dela era bonito, muito bonito, o tal Christopher Tolkien. Sim, ele era completamente britânico, inclusive com seu sotaque também, eu poderia namorar com aquele sotaque, sério.

Lizzie me apresentou a ele (a meu pedido, claro), e nós dois começamos a conversar. A conversa era sobre muita coisa e quase nada, o importante é que eu notei que tinha um interesse ali, ah isso tinha.

─ Muito bem, agora me conte ─ pediu ele, enquanto se apoiava no balcão do bar, olhando para mim ─ Você tem um lance com o irmão da Lizzie, não tem?

─ An, porque a pergunta? ─ indaguei, dando um sorriso fingido. Alguma coisa tinha escapado das minhas observações ─ Quero dizer, eu não gosto muito do Rony. A gente meio que se odeia.

Chris (sou intima agora, acho que posso chamá-lo assim) deu uma risada e como se fosse natural ele colocou seu lindo braço musculoso em volta dos meus ombros, mas de uma forma casual, não de uma forma forçada.

─ Ele ficou olhando para você quando estávamos sendo apresentados ─ explicou, ainda sorrindo ─ Mas já que você diz que não tem nada…

─ E não temos ─ neguei novamente. Porque ele parecia feliz com aquilo?

Continuamos a conversar e logo também estávamos tomando vinho. Depois da quinta taça e sem ter beijado o garoto britânico comecei a ficar meio alta então não sei se as coisas que vou relatar agora aconteceram de verdade.

Começou a tocar Lionel Richie, e todo mundo começou a dançar, inclusive eu e Chris. Me apoiei nos braços dele, afinal estava tocando uma música lenta, então olhei de relance e vi Val no maior agarramento com Matt. Isso mesmo, os dois nem estavam dançando para disfarçar, ela estava sentada em cima do balcão e Matt de pé na frente dela enquanto se beijavam de uma forma bem, an… animal.

Então uma duas músicas depois daquela todos já estavam completamente bêbados. E foi aí que Lizzie me provou que planejar e fazer uma festa em um dia só do próprio aniversário não é uma ideia tão louca.

Já com bastante álcool em seu organismo, Lizzie subiu em cima da mesa e todo mundo olhou para ela. Sua trança de lado já estava toda desarrumada, seu vestido prateado que ia até o joelho estava rasgado na cintura e dava para ver boa parte da sua calcinha de velha e seus saltos altos de grife estavam ambos quebrados. Então ela começou a falar coisa sem sentido como “eu amo todos aqui mas quero também matar todos vocês”, “sou rica, sou linda, eu não preciso de um homem”, “quero ser uma astronauta, mas minha mãe disse que preferia me ver como prostituta”, e por fim a frase que pôs um fim em tudo “Freed, Freed, eu acho que estou apaixonada pelo Thomas e eu não quero nada, mais nada, nadinha, com você, seu otário, é melhor fugir enquanto não vira corno”.

Aí Freed puxou ela da mesa, pela mão, e os dois começaram a discutir. Rony tentou intervir e levou um soco de alguém, acho que foi da própria Lizzie, mas não começou uma briga infernal, ou nada parecido. O que aconteceu é que Freed e Lizzie foram conversam em um canto e minutos depois ele saiu sério e ela voltou chorando.

─ Ah, eu sou tão idiota! ─ exclamou debulhando-se em lágrimas e vindo na minha direção. Abracei-a enquanto ela chorava ─ Ele vai terminar comigo, tenho certeza.

─ Ele disse que ia terminar com você? ─ perguntou Lauren, ficando do meu lado.

─ Não, mas ele disse que precisava pensar! ─ exclamou, chorando mais ainda ─ Isso não é nada bom!

Fiquei meia hora abraçando ela enquanto os outros ainda dançavam. Não os culpo, afinal todo mundo já tava meio bêbado. Lizzie ficou olhando para um ponto fixo até que olhou para mim, parecendo bem animada.

─ Alex, canta uma música?

─ Você ficou maluca? ─ indaguei, olhando para ela assustada ─ Eu não canto bem e nem me lembro direito das letras.

─ Você diz que é ruim em tudo, então em alguma coisa você tem que ser boa. Vamos lá, só uma! ─ pediu ela, piscando várias vezes para mim ─ O Ron sabe tocar violão, ele te acompanha.

Rony estava também ali do lado dela, e quando olhei para ele meio desacreditada ele apenas assentiu para mim. Como eu estava meio loucona devido a bebida, aceitei aquele gesto como um sim e subi no minúsculo palco que tinha no canto do salão.

─ Você quer qual música, Liz? ─ perguntou Rony, sentando-se no chão do palco com um violão. Não sei de onde o instrumento surgiu mas ao que parecia estava incluindo no pacote de aluguel.

─ Quero In Your Arms, da Kina Grannis! ─ pediu, se sentando na ponta do palco. Todos a acompanharam enquanto eu me sentava a lado de Rony, inclusive Bina se aproximou para ver.

Rony deu de ombros e começou a tocar. Eu conhecia a música também, então quando chegou a minha vez eu cantei:

Hush now, let’s go quiet to the park where it first started

Cold night, us lying in the dark

I felt my heart was trying to find a place for you to stay

A place where I’d feel safe

(Silêncio agora, vamos ir tranquilo para o parque onde isso começou

Noite fria, nós deitados no escuro

Senti que meu coração estava tentando encontrar um lugar para você ficar

Um lugar onde eu me sentiria segura).


Tenho quase certeza de que só porque eu estava muito bêbada e os demais também, achei que a minha voz estava realmente boa e todo mundo aplaudia feliz.

Anything we have known

Anything we’ve forgotten

In the rain, in the dark we’ll lay

In your arms, in your arms I’ll stay

(Qualquer coisa que conhecemos

Qualquer coisa que esquecemos

Na chuva, no escuro nós vamos colocar

Em seus braços, em seus braços eu vou ficar)

Cantamos o resto da música e depois paramos porque Lizzie estava desmaiada no chão. Quando ela está sóbria é muito educada, refinada, chique e quando bebe muito parece uma garota normal da quinze anos. É complicado.

─ Ela vai ficar bem? ─ perguntei a Rony, que admirava o violão.

─ Vai sim. Lizzie provavelmente vai esquecer de tudo e eu vou ter que lembrar à ela que ela terminou com o Friederich ─ respondeu ele, mas agora me olhando ─ Você cantou muito bem.

─ E você está falando isso porque está bêbado e com sono ─ murmurei, observando que os olhos dele estavam quase se fechando.

─ É… ─ disse, dando um bocejo e se deitando de costas ─ Provavelmente você tem razão.

Ele também estava dormindo, depois de alguns minutos.

Quase todo mundo tinha ido embora já, só restavam eu, Val, Matt, Lizzie, Rony e os amigos londrinos, entre eles o Chris. Aliás, esse estava do lado de fora do bar, o que eu pude ver porque ele estava com as costas apoiadas no vidro da enorme janela.

Fui até ele, me certificando que ninguém estava olhando para depois ninguém fazer algum tipo de fofoca. Chris olhou para mim e sorriu.

─ Ouvi você cantando ─ falou, dando um tapa amigável no meu braço. Que mãos!

─ E…?

─ Desculpe, estava péssimo ─ ele confessou, dando uma risada.

─ Hey! ─ exclamei, colocando as mãos na cintura e ficando de frente para ele.

Não estava realmente brava, era apenas um fingimento. Não queria confessar que eu era uma perdedora e blá blá blá e fazer todo aquele drama gigantesco.

Então, aconteceu. Fui dar um tapa, não amigável, no braço dele mas Chris foi mais rápido, me puxando pelo braço, e me beijou. Suas mãos deslizaram dos meus braços para a minha cintura enquanto me beijava de um jeito, bem, britânico.

Quero dizer, o jeito britânico é quando alguém te beija de leve mas há um toque firme entre ambos os corpos. E com Chris foi assim, britânico e maravilhoso.

─ Ah meu Deus! ─ gritou uma voz vinda da porta do bar.

Era Rony, segurando Lizzie em seus braços. Ele me olhava muito irritado, enquanto eu e Chris nos separávamos.

─ Como você pode? ─ perguntou ele, quase deixando a irmã cair ─ Uma amiga sua está quase tendo uma cópula carnal com um cara que ela nunca conversou na vida e a outra está desmaiada e completamente arrasada, enquanto você está se divertindo!

─ Não acho que Alex tenha que ser responsável por isso ou cuidar delas ─ retorquiu Chris, ficando um pouco a frente.

Rony não partiu para cima dele e os dois começaram uma briga mortal, nada disso. Ele apenas olhou para mim, parecendo bastante decepcionado.

─ Mas eu acho que se Alex estivesse no lugar delas também iria querer que alguém a ajudasse ─ falou.

De alguma forma ele estava certo.

Aléxia.



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Notas finais do capítulo

Feliz Ano novo para vocês! Muito obrigada pelos comentários incentivadores que recebi durante todo 2012, que foi um ano muito importante para mim. Muito, muito obrigado a todos vocês! Que venha 2013 :D