Diário De Uma Retardada escrita por Simjangeum


Capítulo 10
Almoço


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo veio mais rápido, pq como eu ando sem mt tempo achei melhor postar agora e tal (os reviews ainda não foram respondidos, mas eu vou responder assim que puder).

Bem, chegamos ao tão sonhado capítulo 10! Então, as regras para esse capítulo é a seguinte: o review que vocês mandarem tem que vir com pelo menos 5 perguntas sobre a fanfic (o q vai acontecer, alguma curiosidade e etc) e eu escolherei apenas uma de cada leitor para responder nas notas finais do próximo capítulo.

É isso ai, façam a parte de vocês e eu prometo responder tudo! Enfim, boa leitura!



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08/12 - Sábado

Eu não presto pra nada.

Ok, todo mundo presta pra alguma coisa. Mas eu… Só presto pra acabar com a minha vida (e por acidente a dos outros).

Hoje não teve aula, porque Nina errou alguma questão no trabalho dela de biologia e sem querer (querendo) inundou a escola praticamente (sem exageros) até o teto.

Depois sou eu que preciso de um psicanalista. Aff.

Então eu acordei era umas oito da manhã. Quero dizer, a minha mãe me obrigou a sair da cama as oito, por mim eu teria saído só meio-dia.

─ Alex! Alex! Acorda filha! ─ gritou ela, dando uns tapas no meu braço.

─ Mãe, hoje não tem aula ─ murmurei debaixo dos cobertores.

─ Eu sei mas… É urgente, por favor ─ ela parecia super aflita.

Eu odeio quando a minha mãe me pede por favor com a voz aflita, ela sabe que eu sempre vou fazer o que ela quer, mesmo que eu não queira.

Coloquei meu rosto para fora do cobertor e a observei (e quase fiquei cega). Minha mãe estava com seu cabelo castanho preso em um coque com um lápis de cor, os olhos castanhos aflitos (tudo nela era aflito) e com um avental (que não estava aflito).

─ Ok, você venceu mãe, o que você quer que eu faça? ─ indaguei, me sentando, completamente sonolenta e desanimada.

─ Vá no mercado pra mim ─ falou, forçando um pedaço de papel na minha cara ─ compre tudo o que está escrito aqui a lista.

─ Mas…

─ Anda! ─ sussurrou ─ vamos dar um almoço para uma família de empresários, eles querem fechar negócio com o seu pai, temos que agradá-los.

Suspirei, concordando. Aquela não era primeira vez, e infelizmente não seria a última. Meu pai trabalhava para uma corretoria de imóveis, ele era responsável por ir atrás de pessoas que queiram vender suas casas /apartamentos /fazendas /condomínios / terrenos e os convencer a deixar que a corretoria de imóveis pudesse ajudar na venda.

Então, por esse motivo, as vezes recebíamos alguém para o almoço. Meu pai só convidava para jantar se fosse um negócio grande, geralmente era a venda de um conjunto de apartamentos em algum condomínio recém-construído.

Peguei a lista da mão de minha mãe e fui me arrumar, eu odiava ter que ir até ao mercado, mas as vezes eu não tinha muita opção.

#Meia hora mais tarde.

Ok, admito, as vezes eu faço tempestades em copos de cachaça (ou copos da Barbie, como diz a Nina). Quero dizer, a ida ao mercado não causou a minha morte ou a morte de outra pessoa (aonde eu deveria estar estranhamente envolvida).

─ Você esqueceu o alho, Lexie! ─ esbravejou a minha mãe, me chamando pelo apelido que ela colocara em mim (quando eu era menor eu não conseguia pronunciar meu nome direito, e acabava falando “Lexie”) ─ Agora, vou ter que voltar ao mercado.

─ Eu posso fazer isso ─ murmurei, tentando me desculpar ─ volto rapidinho.

─ Não! Você vai para o seu quarto e vai colocar o vestido que eu separei para você.

Encarei minha mãe, um pouco incrédula.

─ Não vou descer para almoçar ─ resmunguei ─ aquele dia com o Sr. Grahame e a esposa dele foi o último! Sou adolescente mãe, tenho quinze anos, não posso mais ir ao seus almoços ou jantares socializadores.

Contrariar Julliet Antonelle era o mesmo que assinar sua sentença de morte dolorosa. É claro que a minha mãe deu um sonoro berro que me fez correr rapidinho para o meu quarto e me arrumar perfeitamente.

Ela sempre me convencia a comparecer nos almoços/jantares.

Deixei todas as compras em cima da mesa e subi para o meu quarto.

Minha mãe havia separado um de seus vestidos antigos (eu não tinha vestidos, odiava). Ele era curto, da cintura para cima era beje, com uma fita da mesma cor para amarrar na cintura e a cauda era azul claro. Ela tinha separado um par de sapatos de salto, mas eu os joguei para baixo da cama e calcei meus tênis azuis.

Deixei meu cabelo solto e desci para a sala, para fazer a minha melhor cara de simpatia.

Minha mãe e meu pai estavam na sala conversando com um casal. Ambos tinham cabelos louros e olhos azuis, pareciam irmãos e não casados.

─ Ah, William e Suzy, essa é minha filha, Aléxia ─ falou mamãe, se levantando e pegando a minha mão.

Suzy deu um sorriso em minha direção, enquanto William me avaliava.

─ Ela é linda, Julie, mas é cara do Marco ─ comentou Suzy.

Meu pai deu um sorriso confiante e lançou uma piscada discreta para mim. Significava que eu estava indo bem no meu papel de filha exemplar.

─ Sabe, temos um casal, gêmeos ─ murmurou William, olhando para mim com interesse ─ E o nosso garotão tem a mesma idade da Aléxia, não é Suzy?

E é óbvio, como era de praxe, eles tinham que pelo menos insinuar um casamento para mim.

─ Podemos unir nossas famílias, hein? ─ indagou meu pai, soltando uma gargalhada e sendo acompanhado por todos.

Não se engane, meu pai estavam mentindo na cara dura. Ele sempre dizia que iria me casar com um dos filhos dos visitantes para poder conseguir um vínculo de amizade que pudesse levá-los ao fechamento de acordo.

Era como seu sempre dizia, mais um casamento de ilusão.

─ Hey, querida ─ chamou minha mãe, voltando a se sentar no sofá ao lado do meu pai ─ O filho de William e Suzy está lá fora, que tal conhece-lo?

Dei de ombros, concordando. Não faria mal nenhum tentar ajudar os meus pais, e além disso, vai que o garoto era bonito? Nunca se sabe!

O jardim da minha casa não era muito grande, mas bem cuidado. Nós morávamos em uma daquelas ruas inclinadas de San Francisco, então era quase impossível se ter um vasto jardim.

Mas mamãe sabia o sinônimo de jardim arrumado. Era tudo muito verde, aparado, com flores coloridas e apenas uma árvore, onde tinha o meu velho balanço de pneu, sustentado apenas por uma corda.

E lá estava o tal filho de Suzy e William. Eu não conseguia vê-lo direito, já que estava de costas para mim observando o meu balanço.

─ Era meu, sabe, o balanço ─ murmurei, chegando um pouco mais perto do garoto ─ papai fez para mim quando a minha vizinha ganhou um de plástico, todo rosa colorido. Eu mesma roubei o pneu da oficina ali no final da rua e o arrastei até aqui.

Que péssimo! Eu havia contado uma coisa que não devia ter sido contada. Eu devia ter dito algo mais sofisticado como “Esse balanço era meu, vovó Judyde fez para mim”.

Ok, a minha vó não se chamava Judyde, ela se chamava Cecily e me odiava o bastante para não querer fazer um balanço para mim. Mas mesmo assim, eu não podia sair contando isso por ai.

Percebi que o garoto ficou tenso, pois ele deu um passo para frente.

─ Ah, desculpa, eu te assustei ou…?

Minha pergunta morreu no ar quando o garoto se virou para mim.

Não fiquei sem palavras porque ele era bonito de morrer, e tampouco porque ele era feio que dava vontade de morrer. Porque ele não era nada disso.

Ele era Ronald Stark.

O que você está fazendo aqui? ─ indagamos ao mesmo tempo.

Era a coisa mais surreal. Muitas perguntas começaram a surgir na minha cabeça, ao mesmo tempo. Por quê Rony estava na minha casa? Ele era filho do William e da Suzy? Ele tinha uma irmã gêmea? Ele sabia que ali era a minha casa?

─ Sério, Alex, o que você está fazendo aqui? ─ indagou ele, tentando de algum modo se tampar. Entendi o porque, ele estava todo engomadinho, com roupas formais.

Treinei todo o meu auto-controle para não soltar uma gargalhada na cara dele.

─ Eu moro aqui ─ respondi ─ você é o tal filho da Suzy e do William?

Ele assentiu, sem olhar na minha cara.

─ Não fique brava, ok? Se eu soubesse que o almoço seria na sua casa eu não teria vindo ─ murmurou, torcendo as mãos.

─ Não é como se eu fosse te chutar para fora da minha casa, Stark ─ falei, indignada ─ Estou tentando controlar a minha vontade de fazer isso, mas eu tenho que ajudar meus pais.

Ele levantou seu rosto e seus olhos azuis encontraram os meus. Havia uma leve compreensão ali, agora. Eu só não sabia se era boa, mas suspeitava que não era.

─ Então, está ajudando os seus pais a darem um golpe nos meus? ─ indagou cruzando os braços.

Filho de uma cobra. Desculpe, Suzy, ainda não acredito que ele seja seu filho.

─ Não, estou ajudando eles a venderem apartamentos ─ respondi, como se aquilo fosse óbvio até para uma toupeira. E era ─ meus pais não estão forçando os seus a venderem o corpo no mercado negro.

No exato momento em que ele abriu a boca para gritar comigo, a porta da frente foi aberta.

─ Ah, aí estão vocês ─ disse meu pai, sendo acompanhado por mamãe ─ Vejo que conhece a minha filha, Ronald.

─ Estudamos juntos ─ explicou ele, dando um sorriso ─ Sua filha é adorável.

Rony mentia com tanta convicção que eu quase acreditei no seu elogio. Mas, dã, ele era Ronald Stark, alguém que precisaria ser torturado para me fazer um elogio sincero.

Os olhos dos meus pais brilharam. Para eles, é como se tivessem achado o genro dos sonhos, aquele que daria uma vida digna a sua filha.

Eles eram toscos.

─ Por favor, vamos almoçar, eu estou morrendo de fome ─ reclamei, fechando a cara e entrando em casa.

Era incrível como a minha mãe só fazia comida boa em dia de visita. Tinha uma torta de frango e palmitos, macarrão ao molho pesto e de sobremesa um browning de chocolate com sorvete de creme.

E além da comida, não teve brigas ou olhares de raiva entre mim e Rony. Nós almoçamos normalmente, mas era como se tivéssemos tentando evitar a presença um do outro.

Então, quando todos os Starks estavam indo embora, meu pai quase que me obrigou e me despedir de Rony enquanto ele e mamãe conversavam com Suzy e William.

─ Vamos lá Alex, você faz melhor que esse sorriso falso na cara ─ debochou Rony, dando um sorriso torto.

A maioria das garotas da East High San Francisco School achava aquele sorriso a oitava maravilha do mundo. Muitas dariam o seu corpo em troca daquele sorriso.

Eu, por outro lado, preferia costurar a boca dele à ver aquele sorriso lindo novamente. Digo, aquele sorriso idiota. É.

─ Sorrir para mim é o bastante ─ expliquei, forçando tanto o sorriso que a minha carga dentária já estava pedindo socorro.

Rony revirou os olhos e se aproximou e mim. Minha reação natural foi erguer a mão direita para dar um tapa em seu braço, porém ele pegou minha mão e a forçou para baixo, enquanto aproximava o seu rosto do meu. Ele apenas deu um beijo leve na minha bochecha, mas foi um pouco demorado demais.

A boca dele estava no meu rosto! A boca dele estava no meu rosto! A boca dele era… macia.

Ele se afastou, porém não o bastante, e fixou seus olhos azuis nos meus. Ele estava tão perto, e por algum motivo não conhecido, eu não sabia o que fazer.

─ Você está me devendo uma, acabei de te ajudar com os seus pais ─ explicou, me analisando.

─ E-E-Eu deveria agrade-de-decer? ─ gaguejei. Como eu era inútil.

Ainda sem sorrir, mas também sem estar sério, ele sacudiu a cabeça. Deu uma piscada rápida em minha direção e saiu.

─ Tchau Ronald ─ falei, tentando controlar a minha gagueira repentina. Tinha dado certo!

─ Até a próxima, Aléxia ─ respondeu ele, sem se virar e continuando a andar.

Lancei um olhar aos meus pais, que ainda estavam se despedindo dos pais de Rony. Eles estavam satisfeitos com o que ele havia feito, porque ao que parece, havia ajudado muito.

─ Bem, telefonarei para você amanhã Marco ─ falou William ─ Mas não se preocupe, vou querer meus três apartamentos na sua imobiliária.

Dei um breve sorriso para os pais de Rony, e depois eles saíram. Quando o carro dos Stark sumiu lá em baixo na rua, meus pais se abraçaram, deram um beijo de novela e começaram a bater palmas.

─ Você se saiu muito bem, Lexie ─ aprovou meu pai, todo sorridente, enquanto minha mãe dava um beijo em meu rosto.

Então era isso, pela primeira vez na vida eu havia feito algo certo. Mesmo que esse “algo certo” tivesse tido um empurrãozinho nada bem vindo.

Pelo menos, tudo tinha dado certo. E era isso o que contava.

Aléxia.



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Notas finais do capítulo

Esse é o vestido da Alex: http://25.media.tumblr.com/tumblr_m6tiw7wfiW1qgfw79o1_500.png

Enfim, até a próxima e não se esqueçam das perguntas!