Entre Pontas De Faca E Velhas Histórias escrita por Ana Barbieri


Capítulo 2
Capítulo 2




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Capítulo 2

            Holmes e eu sempre levantamos tarde quando não estamos resolvendo um caso. O fato de um desconhecido estar espionando minha sala de estar, no entanto, tornou isso impossível para mim. Meu marido conseguiu permanecer tranquilo diante da situação, mas eu não tive essa força. Acordei algumas horas após me deitar, exatamente às sete da manhã. Isso pareceu reconfortar minha senhoria, que ainda ficava agradecida com a minha ajuda. Todavia, pude ajudá-la muito pouco, pois não conseguia retirar meus olhos da janela. O estranho não estava mais lá... E por que deveria? Seria muito imprudente espionar em plena luz do dia, em uma rua movimentada.

            Por fim, acabei me sentando na minha poltrona, enquanto tentava acalmar minha mente com uma boa dose de Edgar Alan Poe. A correspondência ainda não chegara, então, ainda tinha algumas horas livres até que o dever voltasse a chamar. Previsivelmente, Holmes levantou algum tempo depois. Provavelmente ao sentir que eu não estava mais ao seu lado na cama, o que me fez soltar um riso abafado ao vê-lo.

            _ Bom dia Sherlock. – cumprimentei, mas sem retirar minha atenção das palavras de Poe.

            _ Bom dia querida. Poe. Como sempre nos presenteia com sua presença durante o café da manhã. – eu nunca entendi porque ele sentia ciúmes do autor de um livro. Mas eu nunca disse que não gostava. Continuei a prestar atenção à leitura.

            _ Anne... você poderia...

            _ Já tomei meu café. Na verdade, eu mesma cuidei dele. Lamento mas vai tomar seu desjejum sozinho hoje meu caro. – ouvi-o resmungar alguma coisa, com a qual não me importo e permaneci lendo.

            De repente, fui interrompida com uma batida na porta. A senhora Hudson correu para atender quem se revelou ser o carteiro. As cartas foram entregues a mim, como de costume e o fato de eu não estar sentada a mesa para lê-las próxima a Holmes, deixou-o, de fato, decepcionado. Não havia nenhum requerimento para resolução de um caso, mas, havia uma carta de meu “querido” cunhado, Mycroft Holmes.

            _ Querido, seu irmãozinho lhe mandou uma carta. – eu disse levando-a até ele. – O nosso amado Mycroft. – Holmes sorriu e tomou a carta de minhas mãos para ler.

            Não que eu não gostasse do irmão dele, mas quando nos conhecemos, a primeira fala que ele dirigiu a mim foi “Por favor, não me machuque.” É claro que Sherlock deve ter falado com ele sobre o meu divertimento com assuntos que não seriam normais para moças, contudo, ainda assim eu nunca machuquei o irmão dele... pelo menos não literalmente... para ele pensar que eu seria capaz de fazer alguma coisa.

            _ Ainda chateada com o pedido dele para que não o machucasse? – indagou Holmes, com sugestivo tom provocativo.

            _ Nossa, como adivinhou?! – desdenhei. – Por acaso você me toma por algum tipo de monstra para ele pensar... bem, pensar o que pensa sobre mim?

            _ Ora, mas é claro que não meu amor. Eu apenas a descrevi, de acordo com minhas deduções e com nossas disputas ao longo dos anos, da maneira mais delicada possível. Agora ele pensar que nossa relação seja algo... sádico. Não tive nada haver com isso.

            _ Só porque cogito a ideia de lançá-lo pelo Tâmisa ou de cima do Big Ban e você querer me esfaquear em sete, não significa que não nos amemos fervorosamente. – retruquei, refletindo sobre minhas palavras em seguida, o que me fez rir. – É. Talvez seja um pouco... diferente a maneira como nos tratamos, mas... ainda assim...

            _ Minha cara senhora Holmes, meu irmão já passou por situações muito piores durante seus anos de trabalho para o Governo Britânico e não estou errado ao afirmar que ele vê o casamento como algo extremamente tedioso.

            _ Devo entender que nosso casamento para ele é algo... intrigante?

            _ Na falta de uma palavra melhor. – confirmou Holmes, sorrindo. – Normalidade, não nos define em nenhum aspecto.

            _ É... eu gosto de anormalidade. – brinquei, voltando para meu lugar na sala. – E também gosto de me manter informada... o que diz a carta?

            _ Parece que um dos lords do Parlamento foi assassinado. O corpo foi encontrado em uma casa abandonada na Oxford Street. Pediram para que Mycroft descobrisse se foi alguém do próprio Parlamento e ele quer a nossa ajuda.

            _ Ele não tem medo de que eu o machuque enquanto isso? – brinquei com meu tom mordaz.

            _ Ele diz aqui que caso você pense nisso como um pretexto para me convencer a não aceitar, gostaria de transparecer as suas mais sinceras desculpas. – respondeu Holmes, achando graça da esperteza do irmão.

            _ Ótimo! Então não me resta escolha... vamos ter que concordar em fazer esse favor para ele. – coloquei meu livro de lado e retirei o avental da cintura. Caso aberto. – A carta da mais alguma instrução?

            _ Meu irmão disse que iria nos encontrar em meia hora, contudo, acredito que seja mais prudente irmos imediatamente para Oxford Street. Os abutres já devem estar à espreita da carniça.

            _ Que maneira gentil de tratar Lestrade e seus homens. – comentei.

            Corri para o andar de cima a fim de me trocar. Estávamos prestes a colher dados, interrogar testemunhas e espionar suspeitos, até identificarmos um culpado. E eu não conseguiria fazer isso usando um vestido longo com metros e metros de tecido aveludado. Minhas gavetas antes eram abarrotadas com corpetes e anáguas rendadas, hoje, ficam recheadas de sobretudos, calças, camisas, coletes e meias masculinas, transformadas por mim para que me servissem perfeitamente.

            _ Não acho que seja necessário se trocar agora Bergerac. Não queremos que possíveis testemunhas se sintam intimidadas. – observou Holmes, enquanto eu me preparava para retirar o vestido.

            _ O que quer dizer? Eu não...

            _ Toda Londres nos conhece. Me conhecem há mais tempo e passaram a conhecer você devido a sua maneira bastante peculiar de se vestir, que também remete a sua força estrondosa. Por favor, Bergerac, vista-se apropriadamente pelo menos enquanto estamos coletando dados. – eu soltei os botões do meu vestido e o mirei com as sobrancelhas arqueadas, confusa.

            _ A maneira que me visto, nunca pareceu incomodá-lo...

            _ E não incomoda minha querida, mas... a sua reputação quando está com elas a precede. – retrucou ele com impaciência.

            _ Está bem... nesse caso, vamos logo. – disse com impaciência, saindo para a porta da frente.

‡‡‡‡

            Pegamos o cabriolé e saímos em direção a Oxford Street. Estava sendo uma terça-feira bastante movimentada, não somente para mim, mas para grande parte da população londrina. Havia várias pessoas na rua e todos pareciam estar agitados, como se algo fosse acontecer e em Londres sempre pensamos que algo está para acontecer. Por um momento, passamos pela porta da casa de John e Mary.

            _ Será que não devemos chamar Watson? – perguntei, me lembrando de que ele sempre gostou de observar enquanto Holmes resolvia seus casos.

            _ Acredito que a senhora Watson não ceda a sua companhia há esta hora. – interpôs Sherlock, mirando a casa do casal. – Além disso, não irá demorar até que Watson apareça em nossa porta, interessado em saber as novidades. – acrescentou ele sorrindo.

            Continuamos a observar o percurso. Holmes e eu. Cada um olhando por uma janela e tirando suas próprias conclusões sobre as pessoas que passavam. Entre um momento e outro, nossas mãos se encontravam sem que os olhos fizessem o mesmo. Eu sorria e mantinha meus olhos presos a rua. Se John estivesse ali, estaria achando graça da situação. Sem pronunciar-se em voz alta, é claro.

            _ Como acha que Lestrade irá nos receber? – perguntei tentando quebrar aquele estranho silêncio que crescia entre nós.

            _ Com o mesmo desdém e descaso de sempre, eu suponho. – respondeu ele, voltando sua atenção para mim. – Ele jamais gostou de minha intromissão nos casos da Yard.

            _ E também jamais demonstraria frieza com a filha de um antigo amigo. – comentei. – Por mais que tenha razão Holmes, ele terá que nos engolir por algum tempo.

            _ Nem que ainda fosse apenas minha amiga e não minha mulher Anne, ele teria que nos aguentar por um bom tempo. – ponderou ele, beijando minha testa.

            O cabriolé parou. Havíamos chegado a Oxford Street. Sherlock me ajudou a descer e pagou o cocheiro. Identifiquei um pequeno aglomerado de pessoas ao fim da rua... Só poderia ser o local do assassinato. Nos dirigimos para lá o mais rápido possível, já tentando absorver algum detalhe ou suspeito. Lestrade estava conversando com um de seus homens, enquanto um casal observava o corpo.

            _ Bom dia senhor Lestrade.  – cumprimentou Sherlock, com exagerada polidez.

            _ Oh... senhor Holmes, senhora Holmes. – cumprimentou Lestrade, com uma mesura para mim. Seu humor mudara de repente, percebi. – Uma surpresa bastante inesperada.

            _ Inesperada, nem tanto... Pensei que suspeitasse que mais cedo ou mais tarde apareceríamos para acompanhar as investigações. – disse apertando minha mão contra o braço de meu marido, o que significa que estou tentando manter minha calma.

            _ Bem, fiquem à vontade. Já terminamos. – retrucou ele com forçada educação, saindo.

            Holmes parecia querer extrair algumas informações de Lestrade antes de começar a refletir por si. Fez um sinal para que eu o seguisse, mas eu não consegui retirar minha atenção do casal que observava o morto. Um homem e uma mulher que me pareciam extremamente familiares. Ele tentava consolá-la, pois me parecia que ela estava em pranto profundo. Procurei meu marido pelos lados e o avistei conversando, quase discutindo, com o inspetor, então me dirigi prontamente para perto do casal.

            _ Com licença. – disse ao me aproximar, recebendo a atenção deles. – Eu...

            _ Já respondemos a todas as perguntas que podíamos ao inspetor. – retrucou o homem com impaciência.

            _ Ah, não... Não estou aqui pela polícia. Sou Anne Holmes. – me apresentei com uma mesura de cabeça.

            _ Senhora Anne Holmes... é um prazer conhecê-la. Já ouvi falar sobre o trabalho do senhor Holmes. – disse ele, apertando minha mão. – Estão aqui para investigar o caso?

            _ Não... apenas nos interessamos pela história, embora saibamos muito pouco. O senhor e sua mulher eram parentes da vítima? – perguntei interessada.

            _ Eu era advogado de Lord Richard Longborn. Nos tornamos amigos com o passar dos anos. E esta, minha senhora, é minha irmã. Letícia Norton. – a jovem apertou minha mão, enquanto ainda secava um dos olhos com um lenço de linho azulado. Norton... esse nome me parece familiar.

            _ E o senhor seria? – perguntei.

            _ Godfrey Norton, minha senhora. – respondeu com um sorriso encantador. Mirei-o por alguns minutos. Não consigo acreditar... Norton!

            De repente, senti minhas pernas bambearem um pouco e Sherlock postar-se ao meu lado. Parecia satisfeito e perceber minha expressão contida de espanto. Contendo a sua própria ao reconhecer o cavalheiro.

            _ Como vai a senhora Norton? – perguntei sem esconder a minha frieza. Me virei com violência e sai dali a passos largos, sem esperar resposta.

            Eu queria gritar, possivelmente matar alguém. Mas não poderia fazer aquilo com alguém que não tinha culpa do meu ódio. É impossível! Ela está de volta a cidade... aquela que ameaça a minha estabilidade mental e uma vez me cegou quanto a admitir que Sherlock me amava. Simplesmente não posso acreditar!

            _ Anne! – Holmes me chamava pela rua, mas eu não respondia. Caminhava entre as pessoas a caminho de Baker Street sem sequer olhar para trás.

Chegando a Baker Street, me deparei com Mycroft Holmes parado em frente a lareira, observando algumas fotos que estavam postas sobre ela. Ao me ver, sorriu e apressou-se em me cumprimentar. Ainda estou um pouco perturbada com a descoberta de que Adler estava de volta a Londres, mas mantive minha compostura. Nos cumprimentamos educadamente, sem qualquer menção a ideia de eu machucá-lo e nos sentamos para esperar Sherlock, que apareceu segundos depois.

_ Eu gostaria que me explicasse o que aconteceu lá atrás. – disse ele, vindo até mim com ameaça em seus olhos. O que não me intimidou nem um pouco, devo admitir.

_ Não há nada o que explicar... – eu realmente não quero falar sobre o assunto. – Querido, não percebeu que seu irmão está aqui? – indaguei mudando de assunto rapidamente. Ele percebeu e eu soube pelo olhar que ele me lançou, antes de se voltar para o irmão, que aquele assunto ainda não estava encerrado.

_ Como está meu caro? – perguntou ao irmão, enquanto apertavam as mãos.

_ Muito bem, muito bem. – respondeu. Parecia estranhamente nervoso com a situação que presenciara. – Está tudo bem? Quero dizer...

_ Sim! – respondi apressadamente. – Está tudo muitíssimo bem. Por que não se senta Mycroft, e nos dá mais detalhes sobre o caso?

‡‡‡‡

Mycroft levou exatamente uma hora para nos contar todos os pormenores do que precisaríamos saber sobre o caso e Richard Longborn. Especialmente sobre Richard Longborn. Como pude perceber, Mycroft não era um grande fã do homem. Falava com certa displicência e precisávamos obter respostas a contra gosto. Aparentemente, ele fazia parte da Câmara dos Lordes, tomando parte assim de grandes conselhos jurídicos, o que me deixou preocupada de acordo com o tom de meu cunhado. Dizia que não era o detentor do melhor caráter, mas que mesmo assim cumpria com seu dever.

No entanto, não havia nenhum registro de ficha policial ou algo que o relacionasse com provas de seu mau caráter. O que nos deixava no escuro quanto a isso. Richard parecia ser um homem bastante popular entre seus colegas e Mycroft duvidava muito que alguém do parlamento fosse culpado de seu assassinato. O corpo havia sido encontrado às quatro da manhã daquele mesmo dia, ou seja, uma hora depois que Holmes e eu saímos para cuidarmos de nossos assuntos pendentes. O homem que o encontrou foi identificado como um médico. Lars Hollyborn. Residente em Hollborn e nossa primeira vítima para interrogatório.

_ Está tudo pronto para o almoço senhora Holmes. – avisou a Senhora Hudson.

_ Obrigada Senhora Hudson. – agradeci me levantando. – Bem Mycroft, tenho certeza de que nos acompanhará. – disse sorrindo para meu cunhado.

_ Adoraria Anne, mas receio ter que ir até a sede do Parlamento, coletar algumas informações.

_ É claro. Bem, o deixarei ir desta vez. Mas espero que nos compense com tais elementos extras. – disse com ar de falsa ameaça, que o fez rir um pouco.

_ Muito bem. Com licença minha cara. Sherlock. – despediu-se ele. A porta bateu e eu estava sozinha com Holmes. De repente, senti que o assunto a pouco esquecido, seria lembrado mais uma vez.

Sherlock permaneceu sentado em sua poltrona, aparentemente refletindo sobre o que acabara de ouvir. Contudo, eu tenho a mais absoluta certeza de que procurava a maneira mais perspicaz de abordar o assunto Norton. Irene Norton.

_ Se não nos apressarmos, a comida irá esfriar. – retruquei fazendo sinal para que ele se dirigisse a sala de jantar. Para minha surpresa, ele se levantou.

_ Agora que sua mente já se deliciou com a narrativa de meu irmão querida, por que não me explica o que aconteceu em Oxford Street? – perguntou ele, lançando-me um olhar inquisidor.

_ Já disse que não há nada o que explicar... querido. – retruquei com indiferença, saindo para a outra sala, sendo segurada por uma das mãos.

_ Não gostei do seu tom... Bergerac. – comentou com tom de zombaria.

_ Pensei que esse tom fosse a causa deste casamento... Holmes. – contrapus com um sorriso amarelo.

_ Anne... – o tom ameaçador que ele assumira mais cedo voltara para sua voz, seus olhos e a força com a qual segurava minha mão.

_ Estamos casados há dois anos. Sabe muito bem o que aconteceu. Eu não preciso lhe explicar nada. Agora se não se importa eu gostaria que soltasse minha mão. – pedi com impaciência. Ele assim o fez, me seguindo até a mesa.

Ficamos em silêncio por longos minutos. Até que, como de costume após uma discussão, ele começou a falar.

_ Então, devo presumir que... Irene Adler ainda causa certo sentimento assassino em você? – brincou.

_ Não me provoque. – adverti, mordendo uma cenoura cozida.

_ Como disse, estamos casados há dois anos... e ainda não perdi o gosto de provocá-la. – desdenhou ele. Eu segurei a faca com força e estreitei os olhos.

_ Pois muito bem, sim! A senhora Norton ainda me inspira o sentimento assassino de anos atrás. Sabe bem que nunca gostei dela. – disse, voltando a comer.

_ Ciúme Bergerac?

_ Sentindo seu ego aliciado Holmes?

_ Pensei que tivesse superado. Vivia dizendo que Irene e eu tínhamos alguma coisa. Realmente acreditei que a havia feito mudar de ideia quando nos casamos.

_ Então foi por isso que se casou comigo? – indaguei contendo um pouco da raiva que sentia. – Para que eu pudesse ser sua amante, sem que você sentisse nenhuma culpa?

_ Não... eu me casei com você porque não aguentaria a ideia de vê-la nos braços de nenhum outro homem. Por que eu a amo. – retrucou ele, agora com impaciência, ou seja, eu tocara em um ponto sensível. De repente, me senti corar.

_ Sherlock eu... – fui interrompida pelo som de alguém batendo na porta. Mirei Holmes por alguns segundos e corri para atendê-la. Abri a porta com agilidade, me deparando com a última pessoa que esperava ver. Tendo que engolir algumas palavras.

Irene Adler estava parada na minha porta, sorrindo para mim. Os olhos eram brilhantes como se qualquer objeto visto por eles fosse algo precioso.

_ Ah, eu posso entrar? – perguntou com educação. Sem uma palavra, fiz sinal para que ela entrasse. Holmes veio até o nosso encontro, ficando tão surpreso quanto eu ao vê-la. – Há quanto tempo não nos vemos senhor Holmes. – disse ela indo cumprimentá-lo.

_ Realmente muito tempo senhora Norton. – concordou ele, apertando sua mão. O protocolo correto era beijar-lhe a mão, mas ele não ousaria fazê-lo na minha frente. – Gostaria de apresentar-lhe minha esposa, Anne Holmes.

_ Ouvi falar em seu casamento. – comentou ela, ao me cumprimentar.

_ Seu nome também não é novo para mim. – retruquei simplesmente.

_ Por favor, sente-se senhora Norton. – pediu Holmes, gentilmente. – A que devemos a visita?

_ Bom, o senhor me conhece, senhor Holmes e sabe que sempre gosto de ir direto ao ponto. – disse ela, com um suspiro. – Sabemos que a Scotland Yard nunca foi efetivamente competente ao resolver um caso. E Godfrey era um grande amigo de Richard Longborn. É por isso que estamos pedindo seus serviços, para que descubra quem o matou.

Senti meu sangue fervendo pelo meu corpo, como se estivesse prestes a explodir a qualquer momento. Durante quase uma vida, eu detestei aquela mulher e agora, iria trabalhar para ela. Olhei discretamente para Holmes de soslaio, esperando para que ele dissesse não e assim eu mandaria aquela mulher para longe da minha casa.

_ Vamos pegar o caso senhora Norton. – disse ele por fim.

_ Oh! Obrigada senhor Holmes, senhora Holmes. – agradeceu sorrindo para mim, eu apenas dei de ombros, retribuindo com um falso sorriso. – Caso precisem de algo, alguma informação, Godfrey era o advogado pessoal de Richard e pode ajudar. Oh, muito obrigada. – voltou a agradecer, sorrindo exageradamente para Holmes.

Minutos depois ela saiu. Permaneci sentada em nossa sala, com uma expressão raivosa no rosto. Sherlock veio falar comigo, tentando por certo acalmar a minha raiva. Contudo, eu o afastei, pondo-me a caminhar para o quarto a passos largos.

_ Anne! – ele chamou do andar de baixo. Não respondi. Tranquei a porta e busquei um dos livros de Poe que ficavam sobre a minha cômoda. E pretendia permanecer assim, até o fim da tarde e se tivesse sorte... até não precisar mais trabalhar para Irene Norton Adler.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Devo parar aqui? Não levo mais jeito? Só há uma maneira de me contar... REVIEWS LINDAS!!!!!!!! Até breve!



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