Ressurreição escrita por Jaque de Marco


Capítulo 6
Capítulo 5 - Ataque surpresa




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Acordei naquela manhã me sentindo mais cansada do que quando me deitei há apenas algumas horas antes. Já fazia quase dois dias desde que havia chegado a Lima junto com Emmett e Rosalie. Há dois dias, sem notícias de Edward. Percorremos três luxuosos hotéis antes de finalmente encontramos a suíte reservada em nome de Edward Cullen - o problema é que no mesmo dia em que ele dera entrada no hotel, ele saíra e não voltara mais desde então.

Levantei da cama com muito esforço. O quarto, ainda na penumbra, foi inundado pela luz forte do dia claro quando abri as grossas cortinas. Apesar de estar dividindo o quarto com meu suposto irmão e cunhada, agora estava sozinha – Emmett fora com Rosalie até o aeroporto. Ela teve a idéia de entrar em contato com a locadora de carros, no caso deles terem fornecido a Edward um veículo com GPS. Esta, no momento, era a nossa esperança mais vívida.

Peguei algumas roupas na mala e fui até o enorme banheiro. Liguei o chuveiro e entrei do jeito que estava debaixo da água quente. Pela primeira vez em dias estava completamente sozinha. Precisava botar a cabeça no lugar, pensar com coerência. Apesar de saber que todos, incluindo eu mesma, no fundo não acreditávamos que essa lenda pudesse ser verdadeira havia uma pontinha de esperança que já era o suficiente para fazer meu sangue gelar quando pensava onde Edward poderia estar agora.

Tinha a estranha sensação de estar muito perto dele. De poder tocá-lo, vê-lo, se assim eu quisesse. Não me sentia abandonada como na primeira vez que ele partira há anos atrás. Hoje eu sabia que ele estava logo ali, hipoteticamente falando. A minha única preocupação era com o estado que eu o encontraria. Imaginava o quanto tudo isso devia estar atormentando Edward. E se tudo realmente não passasse de uma lenda, como Edward ficaria após esta tentativa? Ele seria o mesmo? Ele agüentaria a sensação de impotência que isso criaria? Por outro lado, e se realmente isso desse certo e ele voltasse a ser humano, como ele seria? Ele ainda manteria os sentimentos que hoje, como vampiro, ele sente por mim? Ele teria o direito de querer aproveitar todos os prazeres e benefícios que a vida humana pode proporcionar com outra pessoa, que não eu.

Eu levantei a cabeça e deixei a água quente escorrer por todo o meu corpo. Desejava que ela levasse embora todos os meus medos e insegurança, mas não estava funcionando muito bem. Não fazia idéia de quanto tempo estava no chuveiro quando ouvi um barulho vindo do quarto. Emmett e Rosalie já deviam estar de volta.

Sequei meu cabelo e vesti minha calça jeans e camiseta pouco antes de entrar no quarto e encontrar os dois vampiros refazendo as malas enquanto conversavam em um tom de voz impossível de ser escutado por ouvidos humanos.

- E então? – tentei não colocar muita expectativa no meu tom de voz.

Os dois trocaram rápidos olhares antes que Emmett começasse a falar.

- Conseguimos localizar Edward pelo GPS do carro que ele alugou.

- O carro foi abandonado na cidade de Cusco ontem – Rosalie falava enquanto colocava suas roupas na mala – Pelo local onde o carro foi encontrado, ele provavelmente está seguindo para Machu Picchu.

Ainda estava absorvendo toda aquela informação. Não fazia idéia do que Edward poderia querer em um dos pontos históricos mais visitados do Peru. Então me ocorreu que precisava arrumar as minhas coisas também, colocar tudo novamente na mala.

- Eu só vou pegar minha escova de dente e já partiremos. É só um minuto.

Terminei de colocar uma camiseta na mala e virei meu rosto bem a tempo de ver os dois me encarando. Ambos pareciam desconfortáveis com algo.

- O que foi?

Emmett novamente foi o primeiro a falar.

- Bella, talvez não seja uma boa idéia você ir com a gente.

- Até entendo a sua vontade de ajudar – Rosalie falou antes que eu pudesse começar a reclamar – Mas você sabe que encontraremos muito mais rápido o Edward sem você na nossa cola.

As palavras de Rosalie me fizeram pensar por um segundo. Eles estavam tentando me dizer que eu seria muito mais útil, ou muito menos inútil, ficando longe deles. Eu sempre soube da minha inabilidade em me manter segura, da minha completa falta de senso de direção e o meu constante problema com equilíbrio, mas era deprimente pensar que isso poderia tardar meu reencontro com Edward.

- Vocês estão dizendo o quê? Que eu serei um estorvo? – perguntei ofendida.

Emmett deu um rápido passo à frente, me fazendo recuar um pouco inconscientemente.

- Não é isso, Bella. Eu sei que parece injusto, mas Rosalie tem razão. – ele deu um rápido olhar para a companheira antes de continuar – Você sabe, podemos correr, chegar mais rápido onde Edward está. Assim ele estará com você antes do que você imagina.

- Não estamos pedindo que volte para casa ou algo assim, só que espere alguns dias aqui no hotel...

Não estava ouvindo mais nada do que Rosalie falava. Eles não tinham o direito de me pedir para ficar. Não tinham direito de adiar o meu encontro com Edward. Virei-me e segui até o banheiro, peguei minha escova de dente e a coloquei na mala. Terminei de ajeitar a última peça de roupa que ainda estava sobre a cama sem olhar para os dois vampiros ao meu lado. Fechei o zíper da mala e me voltei para eles. Rosalie e Emmett assistiam quietos a minha tentativa de tirar a mala pesada de cima da cama.

- Não me interessa o que vocês pensam. Eu estou indo procurar Edward. – caminhei carregando a mala com dificuldade até a porta – E então, vocês vêm comigo ou não?

Rosalie não disfarçou uma leve careta de desgosto antes de pegar com uma facilidade desproporcional a sua grande mala cor vinho.

Antes de partir do hotel, Rosalie colheu informações sobre o melhor roteiro que deveríamos seguir até a cidade de Cusco. Emmett estava dirigindo o veículo alugado. Há cerca de meia hora eu estava deitada no banco traseiro do carro com os olhos fechados. Nos primeiros minutos eu tentei dormir, mas minha cabeça estava literalmente rodando em pensamentos então simplesmente desisti. Não havia nenhum som além do baixo zunido que saía do ar condicionado. Rosalie deixara claro desde que saímos do hotel que a minha presença não era agradável, ela não escondia a irritação pelo atraso que a minha presença estava gerando.

Por alguns momentos cheguei a me considerar egoísta por simplesmente não deixar que Rosalie e Emmett usassem as suas habilidades de vampiro para encontrar Edward rapidamente, mas não conseguia agüentar sequer pensar em atrasar meu reencontro com ele. A falta que sentia de Edward estava misturada a preocupação. Precisava vê-lo, saber se ele estava bem.

Ainda de olhos fechados, eu comecei a ouvir uma conversa muito baixa entre Emmett e Rosalie. Mal conseguia entender o que diziam até que Rosalie comentou que eu estava dormindo, aumentando um pouco a altura da voz.

- É um povoado turístico. Há muitos hotéis lá. – Rosalie comentava – Ela ficará bem.

- Bella não vai gostar disso...

- Emmett, é a melhor maneira. – Rosalie voltou a abaixar o tom de voz e eu me concentrei em manter um ritmo uniforme em minha respiração para não levantar suspeitas – Deixaremos Bella em segurança em Águas Calientes e seguimos até Machu Picchu ou onde quer que possamos encontrar Edward. Você sabe que o encontraremos muito mais rápido desta maneira.

- Como se ela não fosse atrás dele assim mesmo. E pior, sem a gente por perto. Ela é muito azarada, vai morrer.

Morrer? Sem querer, segurei a respiração após o comentário de Emmett. Ambos pararam de conversar como se esperassem que eu manifestasse alguma outra alteração que indicasse que eu estava acordada. Depois de alguns segundos mantendo a farsa, ouvi Rosali falar.

- Sempre existe alguém que a mantenha segura e bem quietinha por uma certa quantia em dinheiro.

E então o silêncio novamente. Não saberia dizer se eles voltaram a falar na altura que meus ouvidos humanos não pudessem ouvir ou se simplesmente pararam de conversar, como se ainda pensassem na idéia de me abandonar em um hotel qualquer.

Eu precisava encontrar uma maneira de fugir dos dois. Uma maneira de seguir sozinha, já que continuar junto a eles não era mais uma opção.

Fiquei fingindo estar dormindo por mais alguns minutos, até que realmente caí no sono. Tive um sonho sem nexo, com índios e grandes monumentos de pedra e acordei de sobressalto com a cabeça latejando. Emmett ainda dirigia com Rosalie ao seu lado.

- Onde estamos? – perguntei me sentando desajeitadamente no banco traseiro.

- Já estamos na cidade de Cusco – Rosalie respondeu sem olhar para trás.

Mesmo com os vidros fumê do carro, eu podia ver o céu limpo e sem nuvens do lugar. Passamos em frente a várias casas simples, com paredes altas e com cores fortes, que se contrapunham com diversos monumentos e construções em estilo colonial.

O carro agora seguia devagar pelas ruas de pedra do centro de Cusco. A via não era muito larga, então podíamos ver de perto os pedestres que dividiam espaço nas calçadas. A cidade estava muito cheia. Por ser um lugar turístico, eu já havia imaginado que de longe não seriamos os únicos por aqui, mas Cusco estava literalmente apinhada de gente. Eu via turistas de todos os tipos de etnia transitando na cidade conforme o carro seguia mais em direção ao que parecia ser o centro da cidade.

Depois de alguns minutos literalmente rodando a cidade, paramos em frente a um hotel simples perto de uma grande igreja católica toda feita de pedras. A primeira coisa que notei quando descemos do carro foi a garagem coberta. Definitivamente eu sabia que esse simples detalhe tinha sido crucial para Emmett e Rosalie na escolha de onde ficaríamos, afinal, cidades ensolaradas como essa não é exatamente o lugar preferido de vampiros. Pelo menos não se eles não quiserem sair brilhando na frente de humanos.

Este hotel não era em nada parecido com o luxuoso Resort em que estávamos hospedados em Lima. Tudo era muito simples, desde a recepção até os quartos, todos no térreo.

- Que lugar dos infernos. – Rosalie reclamou assim que entramos no dormitório – Não conseguimos nem quartos separados.

Eu sabia que se tinha a intenção de escapar de Emmett e Rosalie, eu precisava agir rápido. Logo eles encontrariam uma maneira de me deixar sozinha naquele lugar enquanto eles procurariam por Edward.

- A sorte de vocês vampiros é sempre estarem impecáveis. – falei formulando uma idéia na cabeça - Eu estou um caco.

- Verdade – Emmett comentou sarcástico.

- Acho que vou tomar banho.

Eu peguei a minha mala menor, com a desculpa de separar uma roupa para usar, e segui para o banheiro. Senti um aperto de hesitação no peito ao pensar em fugir deles, mas cheguei à conclusão que não deveria ser tão difícil. Já fugira de Jasper e Alice uma vez. Olhei para o espelho e realmente eu estava um caco com os cabelos despenteados e a blusa molhada de suor. Mas eu não tinha tempo para mais nada então corri para ligar o chuveiro separado por uma cortina de plástico no canto do banheiro. O barulho da água escorrendo com certeza os distrairia. Eu subi no cesto de lixo virado de cabeça para baixo perto da única janela do cômodo. A janela dava para uma rua sem saída nos fundos do hotel. Joguei a mala primeiro e depois pulei a janela com uma dificuldade comum para alguém com problemas de equilíbrio como eu.

Respirando com dificuldade, corri em disparada, sem sequer olhar para trás. Haviam nos informado que para chegar em Machu Picchu precisaríamos pegar um trem até o povoado de Águas Calientes. As minhas esperanças foram renovadas quando vi a quantidade de pessoas que estavam na estação de trem da cidade. Muitos turistas com máquinas fotográficas se aglomeravam na plataforma.

Não tive muita dificuldade de embarcar no primeiro trem que estava para sair. Com três horas de viagem, eu tive certeza que estava livre de Rosalie e Emmett. Estranhamente, assim que cheguei a Águas Calientes, eu tive a sensação de estar mais próxima de Edward. Era como se soubesse que estava no caminho certo. Como se todo o meu ser me impelia a ele. O meu único amor.

A estação de comboios de Machu Picchu, no povoado de Águas Caliente, dava a impressão de estar mais cheia do que a de Cusco, mas sabia que isso era a impressão que passava já que o espaço físico era duas vezes menor. A alguns metros de mim eu vi um grupo de pessoas que estavam sendo orientados em um inglês carregado de sotaque de uma mulher latina de meia idade com o uniforme de uma agencia de turismo.

- A viagem de trem permitiu que víssemos locais importantes para a região como a Cordilheira Montanhosa Vilcabamba, a estação Ollantaytambo e o local onde se inicia o nosso famoso Caminho Inca. – ela falava com todos quando me aproximei – Agora que já conferimos a lista de presença, por favor, sigam-me. Machu Picchu nos espera.

Eu não pensei muito nas minhas alternativas. Eu precisava ir à Machu Picchu e eles poderiam me levar. Então se embreei no meio do grupo de turistas torcendo para que ninguém percebesse que eu estava descabelada e desarrumada demais para ser uma simples visitante.

O sotaque carregado da guia me chamou novamente a atenção quando ela voltou a falar com uma mulher em frente à porta de um micro-ônibus branco e azul na saída da estação. A mulher era alta, com uma cor de pele num tom moreno azeite, mas muito, muito pálido.

- Dónde estás Selena?

- Ella está enferma. – ouvi a mulher pálida falar numa das vozes mais doces que já ouvi.

- Bueno. – a guia respondeu a ela antes de se voltar para nós novamente – Hola! Atenção, todos! Vamos pegar o micro-onibus e a partir de agora esta será a nossa guia. Esta é...

- Carmen, Carmen Viquez,

A beleza dela era estonteante. Era a clássica beleza latina com os cabelos negros descendo até a altura da cintura. Mas, apesar de tudo isso, o que mais me chamou a atenção foram os olhos em chamas dela. Eram os olhos mais vermelhos que jamais vira. Nem mesmo em James e Victoria eu vira nada parecido. Estávamos em frente a uma vampira de costumes alimentares tradicionais e, por incrível que parecesse, só eu demonstrava sinais de que tinha percebido.

Todos os turistas ao redor pareciam completamente cegos ao perigo. Era como se não vissem realmente os olhos dela ou não sentissem o arrepio que ela provocava. E então me lembrei de quando estive em Volterra com Edward. Os Volturis atraiam suas vítimas com uma isca, uma vampira bonita e que, muito provavelmente, exercia algum tipo de poder sobre os humanos. O que, como sempre, não funcionava comigo.

- Vamos, entrem. Não queremos nos atrasar.

Pensei sobre as minhas possibilidades. O que poderia fazer? Gritar para que todos não subissem no ônibus, pois aquela mulher era na verdade uma vampira? Não funcionaria, no mínimo me internariam em um hospício. Eu poderia sair daquele meio e seguir meu caminho sem me importar com o que aconteceria com aquelas pessoas? Sabia que jamais faria isso. Ou então, poderia acompanhá-los e tentar de algum jeito salvá-los... Na pior das possibilidades eu estaria mais perto da raça de Edward. Quem sabe isso não era um presságio de que eu o encontraria de alguma forma?

Subi no micro-ônibus ainda encarando a vampira. Ela pareceu notar meu olhar de desgosto, contrariando todos os outros maravilhados a minha volta, mas permaneceu calada.

O micro-ônibus embrenhou-se na montanha que nos levaria até Machu Picchu. Viajamos por uma estrada levemente estreita e de terra batida coberta de árvores que em certos momentos cobriam completamente a via, não deixando ver sequer o céu. A estrada que subíamos era em uma montanha muito íngreme que às vezes encontrava-se com outra com estradas que desciam em direção a Águas Calientes. Eu precisava pensar em uma saída para salvar a todos, mas a altitude não me deixava raciocinar direito. Sentia uma dificuldade de respirar muito grande.

Foi quando estávamos em um trecho mais plano da viajem, com casarão de pedra ao longe, que me ocorreu que talvez fosse o momento de fazer algo. Forcei ainda mais a minha respiração, fazendo parecer que estava com uma crise de falta de ar, e então me joguei no centro do corredor entre os bancos do veículo.

- Ela está passando mal! – ouvi alguém gritar.

- Ela não está conseguindo respirar.

Eu ouvi o grande reboliço por um momento em que fechei meus olhos. Manteria aquelas pessoas a maior distância possível dos aliados daquela vampira enquanto conseguisse. Eu sabia que, com certeza, depois do meu ataque nós voltaríamos ao povoado onde a vampira nada poderia fazer em frente a milhares de turistas.

- O que está sentido, querida?

- Não consigo respirar... – falei com uma dificuldade forçada, abrindo os meus olhos.

Todos estava me encarando com olhares preocupados. No meio da multidão que me circundava, eu procurei um olhar vermelho, o encontrando no banco ao lado do motorista, bem distante de mim. Eu sabia que ela era a única naquele veículo que sabia que eu estava fingindo.

- Precisamos voltar. – alguém gritou do fundo do ônibus.

- Precisamos sair dessa altitude. – a guia comentou para si mesma e então gritou para o motorista – Antonio, pare o ônibus.

Primeiro um solavanco e então o micro-ônibus parou abruptamente. Senti meu corpo ser jogado para frente em um baque forte. Várias vozes reclamaram ao meu redor e então eu senti um leve cheiro de ferrrugem e sal que fizeram minha cabeça girar por um segundo.

- Jesús, Antonio – a guia reclamou seguindo em direção à frente do ônibus – Até cortei meus lábios!

Tudo aconteceu tão rápido que só pude perceber o que realmente estava se passando um segundo depois da guia ser jogada ao chão pela vampira chamada Carmen. Com o grunido louco que ela soltou todos do ônibus entraram em desespero. Tentei alcançar o início do veículo, mas era impedida pela onda de pessoas que me empurrava em sentido oposto na tentativa de fugirem do perigo.

O cheiro de sangue era muito forte agora. A guia estava jogada no chão com os olhos arregalados, já quase sem vida, sob o que parecia ser um animal. A vampira tinha os cabelos sobre o rosto, me impedindo de ver seus olhos. Inconscientemente, bati o mais forte que pude nas costas dela com minha mala, mas não pareceu surtir o efeito que eu esperava. Fui jogada com facilidade pelo ar, caindo na traseira do ônibus em frente à porta.

Ergui-me com dificuldade a tempo de ver os olhos rubi da vampira em minha direção. Sabia que me restavam poucas chances, mas desci o degrau o mais rápido que pude e corri em direção ao casarão de pedra a alguns metros. Os demais passageiros do ônibus estavam a minha frente, correndo com o mesmo destino que eu. Senti uma pontada de um alivio irracional quando vi, ao longe, alguém sair do casarão. Primeiro um homem, depois mais um, até que uma dezena de homens estavam espalhados em frente à casa.

Como se eles tivessem simplesmente desaparecidos, eu os vi se moverem inumanamente rápidos em direção aos turistas. Era um ataque desleal. Todos foram pegos de surpresa, alguns paravam de súbito, tentando em vão retornar, mas rapidamente eram jogados ao chão. Eram vampiros. Dezenas deles!

Tentei parar a minha corrida, mas tropecei, caindo de frente no chão de terra batida. Segundos depois, senti o hálito frio na minha nuca que fez meu sangue congelar. Com um aperto forte no meu braço, o vampiro me vez virar de frente, ficando com o rosto colado ao meu.

O vampiro conseguia ter os olhos mais vermelhos do que a fêmea do ônibus. Sua pele, mesmo pálida, era amarronzada. Seu rosto tinha traços indígenas em conjunto com os cabelos negros escorridos na altura do ombro.

Pensei por um segundo em Edward. Nunca mais o veria. Nunca mais tocaria em sua pele de mármore, nunca mais beijaria seus lábios ou ouviria o som do seu sorriso. Senti uma pontada no coração com pensamento. Era o fim.

Foi então que ergui meus olhos novamente para encarar os do vampiro a minha frente. O que era aquilo? Surpresa? Reconhecimento? De alguma forma, aquele vampiro parecia saber quem eu era. Não que isso parecesse ser uma boa coisa, já que ainda sentia a tensão crescente entre nós, a ânsia que ele sentia por meu sangue, mas por algum motivo ao qual não saberia explicar ele se ergueu, puxando-se desajeitadamente junto a ele. Com uma força violenta ele jogou-me nos seus ombros e antes que eu pudesse gritar, ele apertou a lateral do meu pescoço com dois dedos. Foi então que eu desmaiei.


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