Imprinting escrita por Mila


Capítulo 25
Dezembro está só começando...


Notas iniciais do capítulo

Ah, título horrível. Nenhuma inspiração para ele, mas sintam-se feliz.... voltei mais cedo dessa vez!



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MADSON

A vã chacoalha a medida que passa por buracos no solo.

—Eu ainda não acredito que deixei a chave na centrífuga! - Spencer exclama inconformado, sentado no banco do carona.

Tudo bem, não foi a minha melhor ideia esconder a chave da vã na centrifuga, já que ela foi achada por Nellie, minha colega de trabalho, em poucos minutos.

Eu, como bióloga, adoro a ideia de ir para a floresta e investigar as plantas e os animais, mas eu já tive experiências péssimas em outras vezes. Como ser atacada por um dos Lobos enquanto eles me defendiam dos vampiros. Tenho uma cicatriz enorme no antebraço esquerdo. Não é legal. Não queria, sei lá... de repente, perder a vida.

—Fique calma, Madson. - Nellie fala, atrás do volante. - Nessa área da floresta os lobos não costumam aparecer.

Rio um pouco, mas não deixo de ficar nervosa.

Sei muito mais do que ela e ficar em silêncio consegue aumentar ainda mais a minha inquietude.

Luke e os outros podem estar pela floresta, em forma de Lobo. Não quero que ninguém os vejam e sei que eles também não querem isso. Não existe lobisomens na infinita lista de animais estudados na faculdade de biologia. Eu mesma ainda não sei como encarei tudo isso tão facilmente.

Então a vã para entre duas árvores grandes. Spencer pulo do veículo e estende a mão para ajudar a grávida aqui a descer. Aceito-a, agradecida.

Spencer é um garoto magricelo em torno dos 30 anos. Ele é tão esquisitinho: quase nunca fala e quando fala só sai merda; eu fico me perguntando quando ele irá arrumar uma namorada. Acho que é mais correto dizer SE do que QUANDO.

Sabe... até que faz sentido ele ter esquecido a chave na centrifuga.

Hm... Ele parecia um esquilo espichado.

—O.K. - diz Nellie, lendo uma listinha. - Precisamos recolher amostras do terra, de pelo e das fezes dos animais. Madson, você fica com a terra. É a tarefa mais fácil. Spencer recolhe as fezes e eu vou atrás de nossos animais e pego uma amostra de seu pelo.

—Por que eu tenho que pegar o coco?

Nellie tira os olhos da listinha e ergue-os até Spencer.

—Porque eu sou a mais velha e porque eu trabalho para o doutor Hapborn há mais tempo que qualquer um.

—Uh! - faço brincalhona depois da tirada.

Ambos olham para mim, sem entender se eu sou mesma uma pessoa que passou na faculdade.

—Certo. Vou... pegar... a terra.

Agacho no chão, mas não aguentando o peso do corpo por muito tempo, caio de bunda no chão úmido. Ah, deixa para lá.

Calço as luvas enquanto Nellie vai para um canto e Spencer para outro.

Enfio as mãos na terra e coloco punhados dela no saquinho.

***

Vou embora para casa a pé com uma enorme mancha marrom na bumbum. Minha médica disse que eu deveria me exercitar e fazer uma caminhada era uma boa ideia... Além do mais, eu não tenha um carro.

Estou cansada, morrendo de vontade de fazer xixi e com muita dor nas costas por estar grávida e ter ficado sentada por quatro horas no solo irregular da floresta, enfiando terra num saquinho.

Como eu esperava, um dos Lobos apareceram, acho que era Kaio. Pedi para ele sair daquela região e avisar os outros Lobos para fazerem o mesmo. Nada grave aconteceu. Na verdade, essa pequena aparição de Kaio foi a coisa mais empolgante do meu dia.

Percebo que minha respiração está irregular e decido parar um pouco.

Apoio-me em um poste e respiro fundo. Olho para cima, buscando por mais ar. Minha médica também me disse que mulheres grávidas possuem batimentos cardíacos mais acelerados do que quando não estão grávidas, e é por isso que eu devo descansar e me exercitar. Não entendi ainda como ela quer que eu concilie as duas coisas.

Aguardo um momento, tremendo de frio por hoje ser o primeiro dia de dezembro e faltar muito pouco para nosso previsto inverno rigoroso. Minha calça, na região do bumbum, está meio úmida por ficar sentada na terra fria. Isso me deixa arrepiada. Puxo o capuz do agasalho para cobrir a cabeça.

Então meus olhos se deparam com um panfletinho grudado no poste que me apoio: Ashley Allen. Desaparecida desde junho. Caso encontrar, favor informar a delegacia ou ligar para...

Dois números seguiam abaixo da foto de uma garota da minha idade, loira, sorridente.

Sinto meus dedos agarrarem o papel o puxarem do poste, sem eu ter muita noção do que fazia.

Observo a foto mais de perto.

—Ashley. - murmuro, entorpecida.

***

LUKE

Quando Madson chegou em casa não parecia muito bem. Ela não parecia com vontade de me contar o que aconteceu, apenas disse que estávamos muito parados, que já era dezembro, que seus pais chegariam no final de semana, ou seja, precisávamos arrumar o quarto do bebê.

—Consegui essas duas tintas. - digo colocando as duas latas no chão. Madson prendeu o cabelo num coque mal feito, veste uma leggin preta e uma blusa vermelha minha. Mesmo barriguda, ela parece ainda menor usando roupas grandes... roupas minhas.

Ela se achega e observa as cores.

—Verde? Eu não disse que queria pintar o quarto do bebê de verde.

—Hm, mas então que cor você quer pintar?

—Azul.

Eu não iria voltar na loja e trocar as tintas, porque... Eu não a comprei. Eu ganhei de um colega meu de trabalho.

—Verde é mais bonito. - respondo.

—Quando você era criança, você gostava mais de verde ou azul? - ela pergunta, sabiamente.

—Se eu tivesse um quarto verde eu iria gostar de verde.

—Mas... Se ele tivesse um quarto azul, iria gostar de azul!

—Quarto azul é coisa de filho de Mia - digo sem pensar.

Ela para, um tanto assustada. Então decide-se:

—Vamos pintar o quarto de verde!

Ela pega um pincel e o afunda na tinta. Puxa uma escadinha para perto e, segurando-se nela com apenas uma mão, começa a subí-la.

Algo em mim me avisa de que isso não vai dar certo.

Seguro-a por trás e levanto-a. Ela grita, protestando. Coloco-a no chão.

—O que? O que foi?

Você não vai pintar.

—Por que não?

—Porque você está grávida.

Ela fecha a cara para mim.

—E daí?

—Você não pode se machucar.

—Ah, é isso. - ela ri. - Não se preocupe, eu não vou me machucar.

Ela se vira e volta a subir a escada.

Novamente ergo-a e coloco-a no chão.

—Qual é, Luke!

—Madson. - olho bem nos olhos dela. - Você. Não. Vai. Pintar.

—POR QUE? - ela faz um gesto exagerado com as mãos, que faz com que o pincel que segura espirre gotinhas de tinta que cai no jornal que cobre o chão.

—Porque eu estou dizendo que você não vai pintar. - digo, seguro.

—Sabe o que eu acho? - ela fala, zangada. - Eu acho que você tem um sério problema. Acho que você acha que só os homens sabem fazer tudo. Acha que só os homens podem pintar paredes. Eu acho que o fato de eu estar grávida é só uma desculpa.

Eu a agarro pelos ombros e a chacoalho.

—Madson! Eu tive um imprinting por você! Se algo acontecer com você...

—É UMA PAREDE! É o quarto do meu filho eu vou pintá-lo... e vou pintar melhor que você.

Seguro seus braços, imobilizando-os.

—Você não vai.

—Está com medo que eu pinte melhor que você? - ela ri. O que deu nela?— Então é bom estar com medo mesmo!

Ela faz um pouco de força, ergue um pouco o braço e passa o pincel de tinta na minha cara.

—Olha como você ficou bonitinho! Sou uma artista! Madson da Vinci!

—Madson...

Ela tenta se esquivar novamente. Ela se mexe tanto que agora estou segurando-a pelas costas. Estica a mão novamente e a enfia no pote de tinta. Como não consegue alcançar meu rosto, ela gruda a mão na minha coxa, manchando meu velho jeans.

—Ei!

Quando ela vai fazer a mesma coisa novamente, sou mais rápido. Solto-a e chego primeiro ao ponte de tinta. Enfio minha mão nele. Quando volto a me aproximar dela, ela grita e sai correndo pelo pequeno quarto.

Vou me aproximando devagar. Madson se encolhe num canto, rindo muito.

Quando alcanço ela, ergo meu indicador e traço com ele uma linha de tinta verde que sai da sua testa até o topo de seu nariz.

—Não... Eu pinto melhor.

Ela ri e me agarra. Não entende seu gesto até sentir que ela está esfregando a cara suja de tinta no meu pescoço. Empurro-a para trás, sem machucá-la - claro! - com minha mão suja de tinta. Quando ela recua, ela se abaixa e passa pelo meio das minhas pernas e engatinha rapidamente até o pote de tinta.

Com a mão cheia de tinta ela solta um grito de guerra e corre em minha direção.

Já estou preparado para seu ataque. Quando ela está perto de mim, agacho-me e pego suas pernas. Madson grita. Ergo-a e jogo-a por cima de meu ombro.

—Não! - ela grita de novo, e rindo muito, esfrega sua mão de tinta pelas minhas costas.

Agacho-me, com ela ainda em meu ombro - Cara, ela não pesa nada! - e pego o pincel do chão. Mergulho-o no pote de tinta e passo-o pela parte de trás das pernas dela.

Madson bate as pernas no ar, gritando em protesto.

Caminho com ela pelo quarto, enquanto nós rimos.

—Que porra é essa? - ouço uma voz.

Sinto Madson apoiar suas mãos na base da minha coluna para erguer a cabeça e ver quem está parado no batente da porta. Viro meu pescoço e vejo Tyler olhando para nós dois como se fossemos retardados.

—Luke estava fazendo meu sangue voltar para a cabeça. - Madson brinca. - Vamos, Luke. Obrigada. Já pode me colocar no chão.

Coloco-a no chão e vejo-a se aproximando de Tyler com os braços cobertos de tinta abertos.

—Meu irmãozinho!

—Oh! Não! Sai daqui!

—Me dá um abraço!

Ele se abaixa a procura de alguma coisa que possa usar em sua defesa, mas para, deixando de se preocupar se Madson vai sujá-lo de tinta verde.

—Que outra porra é essa? - ele ergue do chão dois aneis. Minha aliança e a da Madson. Tiramos ela do dedo para não sujar de tinta. Tyler lê o que está escrito dentro. - Uou! Vocês casaram!


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Notas finais do capítulo

Comentários!!!!



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