Estava cansada de ficar brigada com o Percy, eu também amava aquele cabeça de alga. Fui andando rápido para alcançá-lo.

- PERSEU! - chamei e ele se virou

- Voltou a falar comigo? - perguntou ele, chateado

- Percy... eu não gosto de ficar brigada com você - eu comecei - e... e eu acho que não fui justa com você, cabeça de alga, me desculpe

Aquilo foi difícil para mim, eu detestava pedir desculpas, mas eu precisava do cabeça de alga.

- Eu que tenho que me desculpar, Annabeth, eu não dei atenção ao que você estava falando. Me perdoa, sabidinha?

- Claro que eu te perdoo, Percy

Ele me deu um beijo, um beijo gostoso e doce. Era bom fazer as pazes, muito bom.

- Eu brigo com você porque te amo, sabe disso, não é?

- Claro que sei - ele riu - Eu também te amo.

Ele me beijou de novo, um beijo mais urgente, e eu correspondi. Minhas mãos se enroscaram em seu cabelo, o seu cheiro de mar me atingiu e me desarmou. Ele tinha uma mão na minha nuca e outra nas minhas costas, me puxando para ele. Uma corrente elétrica surgia onde nos tocávamos. O beijo foi ficando mais quente, como naquela noite no carro. Eu precisava do Percy, precisava do seu toque, do seu beijo, do seu cheiro, precisava dele. Eu o puxei e caimos deitados perto de uma árvore, passei as pernas por cima dele e continuamos nos beijando.

Ele parou e riu.

- Assim você me deixa louco, sabidinha. E se alguém tivesse visto?

Olhei para os lados, estávamos no caminho para os chalés, mas por sorte não tinha ninguém. Fiquei vermelha. Bem, perdi o controle, isso acontece quando se tem um namorado como o Percy.

- Vamos - ele disse ainda rindo.

Era bom estar de volta, na área dos chalés encontramos velhos amigos. O acampamento estava bem cheio, graças ao acordo que o Percy fez com os deuses, agora tínhamos uns duzentos campistas, e a área de chalés não era mais um U invertido, agora parecia um U O.

Me despedi do cabeça de alga e fui para o chalé 6 deixar minhas coisas.

- Malcolm! - eu disse abraçando meu irmão

- Annabeth!

- Onde estão os outros?

- Na aula de arco e flecha...

- Ah... é bom ver você

E nós ficamos conversando. Depois meus outros irmãos chegaram e nós nos cumprimentamos, estava com saudade deles.

- Nossa ja está quase na hora do jantar! Vamos, gente, em fila...

A comida estava excelente, jogamos, como sempre, parte para os deuses e fizemos nosso brinde "Aos deuses". Podia ver Percy na mesa de Poseidon, Tyson estava com ele, e o cabeça de alga parecia muito feliz.

Depois do jantar Quíron anunciou que teríamos um jogo de capture a bandeira em três dias, para a alegria de todos. Fomos para a fogueira, Percy e Tyson se sentaram ao meu lado, pelo que parecia Grover só iria chegar no dia seguinte.

- Annabeth, o que vai fazer amanhã? - perguntou Percy depois da cantoria dos filhos de Apolo.

- Hum, eu ia treinar com a faca e dar aula de grego e mitologia para os novatos..

- Cancele os seus programas... - ele falou de um jeito misterioso

- O que? Por que? - perguntei confusa

- Você vai saber...

- Tem algo a ver com aquele "segredo"?

Ele não me respondeu, só me deu um beijo.

- Boa noite - disse se afastando em direção a um grupo de filhas de Afrodite. Elas deram risinhos quando o viram.

O Perseu saiu conversando com aquelas garotas. E eu? É claro que não fiquei com ciumes! Claro que não! Lógico que não!

- A Annabeth está com raiva da grama? - perguntou Tyson

Eu olhei para baixo e vi que tinha arrancado tufos de grama do chão. Levantei e saí batendo o pé, gritei um "boa noite" para Tyson e fui para o meu chalé.

Deitei na minha cama. O que o Percy queria com aquelas garotas?

"Calma, Annabeth, o Percy te ama, você sabe disso" eu ficava repetindo em minha mente.

Dormi muito tempo depois e tive um sonho estranho.

Eu sonhei que eu estava em um navio em mar aberto, estava sozinha mas o navio se movimentava com perfeição. De repente não estava mais sozinha, um deus se materializara em minha frente, ele estava vestido como um pescador, tinha cabelos pretos e olhos verdes-mar. Poseidon, o pai de Percy. Eu o tinha visto poucas vezes, mas sempre me assustava com o quanto ele e Percy eram parecidos.

- Annabeth Chase, filha de Atena. - ele disse de um modo formal

- Senhor Posidon - eu respondi me curvando

- Preciso conversar com a senhorita - ele falou sentando-se, aparentemente confortável, em um degrau de madeira.

- Senhor? - esperei

- Annabeth, eu não desaprovo seu namoro com meu filho, ele está feliz com você.

- Ele disse isso ao senhor? - perguntei

- Não precisa... Mas, bem, eu vim aqui para conversar sobre amanhã. É provável que sua relação com meu filho fique mais séria amanhã, e eu quero que saiba que não tenho objeções.

- Como assim "fique mais séria amanhã"?

- Você verá. Eu disse a Percy que quero que ele seja feliz, e se você é aquela que o fará feliz eu aprovo a sua relação.

- Muito obrigada, senhor Poseidon.

Ele acentiu e o sonho mudou. Eu estava agora no Olimpo, podia ver os deuses assistindo à algo na TV Hefesto e, com espanto, percebi que era a mim e ao Percy que eles assistiam. Nossa reconciliação de hoje à tarde. Corei, se é que o 'eu' do sonho pode corar.

- Aposto cem dracmas que dessa vez vai. - disse Ares dando gargalhadas

- Não, Annabeth é responsável - disse a minha mãe

- Não me parece muito responsável - respondeu Hermes e minha mãe o fuzilou com os olhos.

- Não vai acontecer nada - afirmou Afrodite - Percy irá esperar até Annabeth estar realmente pronta.

- Acha que ele está pronto? Eles são tão jovens - disse Poseidon, que estava vestido da mesma maneira.

- São jovens - confirmou Afodite - mas se amam...

- Se amam, mas brigam que nem cão e gato - riu Hefesto

A imagem mostrou Percy parando. E Afrodite disse:

- Eu não falei? Ele vai esperar o momento certo

- É, Ares, nos deve cem dracmas - disse Hermes

- Nada disso deus mensageiro, eu disse que apostava, mas ninguém realmente apostou comigo. - Ares riu

O sonho se dissolveu, e pelo resto da noite tive um sono sem sonhos.