Quando cheguei lá embaixo, encontrei meus pais conversando com Derek, e quando me viram, pararam de falar. Ultimamente, minha paciência não anda das melhores, o que tem afastado as pessoas de mim.

- O que foi hein? Podem falar na minha frente, afinal, é sobre mim.

- Não é nada filhinha, é só sobre sua ida pra escola amanhã.

Aham,sei. Acrescentei mentalmente. Meu pai provavelmente sabia disso, mas não fez oposição, e não me importei em continuar aquela conversa. Subi para meu quarto novamente, e arrumei minhas coisas para a escola. Escolhi uma roupa completamente preta, o que andava me expressando ultimamente. Meu humor negro, e minha alma totalmente sombria. E eu simplesmente não queria ser notada.

Fiquei em meu quarto até que chegasse a hora de ir dormir. Apenas gritei um “boa noite” para meus pais e Derek, e fui dormir. Tentar dormir, na verdade. Fiquei um certo tempo tentando imaginar como seria meu dia. Será que minha vida mudaria tanto, a ponto de me fazer gostar de estar bem longe de Forks, de minha família e de meus amigos? Será que encontraria pessoas novas, amigos novos, e um novo amor? Ah, nem precisa de um novo amor. Vou viver minha eternidade sozinha, e quando estiver cansada de tanta monotonia, vou até os Volturi e peço que me matem, o que eles vão adorar fazer.  

Mas a palavra amor me fez lembrar outra coisa; ou melhor, outra pessoa. Jacob Black. O nome cujo dono assombra meus sonhos e meus pensamentos mais doces. E não estou com uma aura de doçura. O que torna o doce, o mais enjoativo dos gostos. Sim, me tornei fria e amarga. Tudo por causa de Jacob Black e sua namoradinha, Pandora Harpers.

Alyssa me manda muitos emails, mas não os respondo. Tem me contado o que anda acontecendo em Forks, o que me deixa mais informada. Pelo que parece, meus pais correspondem-se com minha família por email, mas não dizem onde estamos, por pedido meu.

Pelo que sei, todos estão um pouco chateados comigo. Pela decisão de ir embora, e não me despedir de ninguém, mas eu pretendia voltar, até saber que Pandora Harpers estava almoçando na casa deles esses dias, porque agora que fui embora, ela e Alyssa “se tornaram grandes amigas, e ela é uma boa garota”. E pelo que aprece, a família inteira a acolheu de braços abertos, o que me deixou completamente irritada. Pandora é a pior quileute que já conheci, e depois dela vem o senhor “eu-beijei-uma-garota-e-não-estou-nem-aí-pro-meu-imprinting-que-foi-embora”. Uma parte de mim não quer vê-lo nunca mais, mas a outra parte vai todos os dias na caixa de entrada dos emails, pra ver se não tem o nome dele na lista de remetentes.

Começo a chorar baixinho, esperando que ninguém escute, por mais que esteja numa casa onde só há vampiros. Respiro fundo, tentando me acalmar, mas a traição da maioria das pessoas que eu amava, é demais para uma ex-garotinha mimada encarar. Não sei quando as coisas vão melhorar, apenas sei que preciso aprender a viver, e preciso crescer.

Enquanto isso, no andar debaixo...

- Então está combinado. Vamos deixar Nessie um tanto mais livre, deixar que ela curta a adolescência ser que a superprotejamos. Vai ser bom pra ela, e vai se tornar madura, adulta e auto-suficiente. E logo, quando ela estiver pronta, vai desejar voltar para Forks. Quando se julgar pronta pra suportar tudo que virá. – Explicou Edward para sua esposa e seu filho.

- Mas Derek, você vai precisar estar do lado dela. Nós iremos apenas deixar que ela faça as coisas, mas você precisa direcioná-la. Faça com que experimente coisas novas, coisas que nunca pensou em fazer. Enquanto nós vamos nos tornar um tanto...”descuidados”. – Disse Bella. O plano podia parecer egoísta e confuso, mas era o melhor para Renesmee.

- Está bem, tudo combinado e entendido. Mas não importa o que aconteça, ela não pode saber de nada.

- Sim, isso mesmo Derek.

- Querido, ela está chorando, ouça! – Bella exclamava, exasperada. Como podia deixar sua pequenina chorar? Seu bebê indefeso, sem proteção alguma. Mas agora, ela precisava suportar...

- Não suba Bella, meu amor. Ela vai ter que passar por isso.

Nessie:

Quando me acalmei, consegui finalmente dormir. Uma noite tranqüila e sem sonhos. O que pra mim, era perfeito. Nada mais podia me deixar mais feliz, do que não sonhar. Porque meus sonhos eram seguidos de familiares, quileutes, Jacob... Era melhor assim, pelo menos por enquanto.