Se passou mais um tempo. Eu encarava aquele retrato, minha vista estava embaçada por causa de minhas lágrimas, mas eu tentava ser forte, acho que eu só tentava, pois eu não conseguia. Me levantei do chão e fui em direção a minha cama, me sentei e fiquei encarando o chão. Limpei minhas lágrimas que não paravam de cair. Tirei minha jaqueta preta e a joguei perto meu armario. Coloquei o cigarro no cinzeiro e fui para o banheiro. Liguei a torneira da banheira, e me olhei no espelho. Meu olhos estavam vermelhos de tanto chorar, meu cabelo estava bagunçado, minhas órbitas azuis estavam diferentes, e minha pele estava pálida demais.

Depois de alguns minutos a banheira já estava cheia. Eu estava decido, iria me juntar a ela. Eu apenas tirei meus sapatos e entrei na banheira de roupa e tudo. Meu corpo já estava completamente sumerço na banheira, fui afundando devagar até meu rosto seu coberto pela água. Senti o ar de meu corpo sair pro completo de mim. Tiquei alguns segundos de baixo da água, mas algo me impediu. Senti que algo me puxava para cima. Eu tirei minhas mãos de baixo da água e me segurei na borda da banheira, me segurei para não sair de baixo da água. Mas eu não consegui, me levantei rapidamente debaixo da água e começei a respirar. Olhei para todos os lados, não sei o que eu estava procurando, mas eu estava. Sai da banheira molhando o banheiro quase que completamente e fui até uma gaveta perto da pia, procurei lâmina que eu usava para cortar algumas de minhas roupas antigas. Quando a achei voltei para a banheira, e começei a fazer o que se parecia óbvio. Começei a cortar meus pulsos, do jeito mais lento e doloroso. Eu senti uma dor imensa em meus braços, como se eu estivesse a arrancar meus próprios membros. O meu sangue escorria pelo meu braço, e com um pouco da água que já estava no meu braço elas foram caindo sobre a água da banheira. Eu respirava fundo e parava por alguns segundos. Fui quando eu vi que havia feita uma besteira, por que quando eu vi meu sangue sair, vi que algo mais avermelhado apareceu. Eu quase atingi minha veia. Acho que não seria tão ruim assim.

Afundei meus braços e a água da banhira foi ganhando a cor vermelha do meu sangue, eu não me importava de perder aquele sangue. Para mim, estava sendo até ótimo, pois eu estava tirando um peso de minha consiência. Fui começando a ficar um pouco tonto, acho que era pela perda do meu sangue. Eu gostei daquela sensação desconfortavél. Minha visão foi escurecendo, senti que minha alma estava meu deixando. Eu conseguiria me encontrar com ela. Senti que meu corpo estava se afundando naquela água vermelha. Fui perdendo minha consiência e quando dei por mim, já estava no fundo daquela banheira.

...

Fui acordando aos poucos, minha visão estava torta, parecia que algo havia embaraçado-a. Olhei em volta, Ashley e Jake estavam do meu lado. Pareciam assustados. Logo me dei conta de que eu estava em uma cama de hospital. Olhei meu pulsos rapidamente e eles estavam enfaixados. Olhei para Ashley e disse:

– O que aconteceu? Por que eu estou aqui?- Meus olhos estavam focados em lugar algum. Eu estava pálido, e não sentia meus braços.

– Você não se lembra Andy? Você tentou se matar.- Ele respondeu olhando serio para mim e logo desviou o olhar para meus pulsos.

Eu fiquei em silencio, e logo olhei para Jake que folhava alguma coisa, depois olhei para Ashley que continuava a olhar meus pulsos.

– Foi por causa dela, Andy?- Jake perguntou sem olhar para mim e com a voz rouca.

– Foi.- Eu respondi rapidamente e logo abaixei meu olhar para o nada.

– Andy...- Ashley começou mais eu o interrompi.

– Sei o que você vai dizer, que já se passaram meses e que eu já deveria ter superado. Mas eu não consigo. É impossivel me esquecer dela.- Eu disse olhando para Ashley e ficou com a boca entreaberta.

– Sei que é impossivel. Mas não custa tentar. Por que depois... Talvez nós não estaremos lá para te salvar como fizemos hoje.- Ele disse serio, e logo ele e Jake sairam.

Eu mordi os lábios e encarei a imensa janela do lado da minha cama. Eu realmente cheguei perto de te-lá novamente. Mas fracassei por ajuda de Ashley e Jake. Não vou culpa-los, mas eles estavam errados em me ajudar.

Olhei para meus pulsos e vi que algumas manchas vermelhas estavam aparecendo. Olhei para os lados e não vi ninguém, pensei em tirar aquelas faixas e ver como estavam meus cortes. Fui calteloso, cada movimento que eu fazia doía muito. Parecia facadas em meus braços. Logo consegui tirar a primeira faixa. E eu vi uma das piores cenas da minha vida.

Meu pulso estava aberto, profundamente aberto, sangrava um pouco, eu conseguia ver minhas veias, e as costuras do meu pulso estava se abrindo. O corte era grande, deveria ter mais ou menos uns 9 centimetros. Eu fiquei paralisado olhando aquela cena. Resolvi abrir a outra faixa. Cada movimento que eu fazia com aquele braço, fazia meu pulso sangrar. Meu sangue escorria pelo meu braço. Quando eu abri me deparei com a mesma cena. Mas um pouco pior. Eu quase conseguia ver o meu osso. Ou esra apenas uma cartilagem, não consegui indentificar. Eu fiquei a olhar aquelas terriveis marcas e pensei nela. Que eu havia feito aquilo por ela. E se possivel, eu faria novamente. Por ela, por nós. Por amor.

Posso estar me matando por fora, mas sinto que a cada momento que eu faço isso, minha alma fica em paz. Quando eu sinto dor, eu sinto que estou mais perto dela. E esse é o meu maior desejo. Te-la novamente perto de meus braços, perto dos meus lábios. Perto de minha alma. É isso o que eu mais quero. Para mim não interessa o quanto eu sofra, o quanto doe ou até pior do que isso, eu apenas quero ter o sentido da minha existência de volta.