POV Percy

Os seis dias que antecederam a minha mudança passaram muito rápidos, eu acertei várias coisas com a empresa, com a companhia que tomaria conta dos meus móveis, claro a maioria eu iria comprar novo, mas tinha algumas coisas que pretendia levar.  Combinei de sair com meus amigos no sábado à noite, já que no dia seguinte embarcava para a Califórnia. Precisei arranjar malas para todas as minhas roupas e espaço nelas para levar meu videogame, e alguns dos meus livros, esses em número muito menos do que a quantidade de jogos para o console.

Sábado chegou, e eu tomava um banho quente para sair com meus amigos, mas uma coisa me incomodava, para ser preciso algumas: Annabeth, ela não saía da minha cabeça e quando tinha um tempo para pensar perguntas cutucavam minha mente, me deixando com dor de cabeça; será que ela ia ser legal, íamos nos dar bem, e se ela fosse realmente muito chata, ou pior, se ela fosse muito legal e bonita? Meus hormônios não se controlam muito bem, e daria muito errado se algo acontecesse com a gente. Balancei a cabeça para expulsar o pensamento da cabeça e comecei a lembrar de coisas que eu ia sentir muita falta, meus velhos amigos, minha família, a comida da minha mãe... Mas eu tinha a vida inteira pela frente, muita coisa ainda para acontecer.

Desliguei a água do chuveiro, me barbeei, coloquei uma boxer, uma jeans azul escura, um tênis Nike branco e uma camiseta preta, com uma jaqueta também preta de couro; apesar do frio a noite prometia esquentar. Despedi-me de meu velho, minha mãe ainda trabalhava, eram umas 07h30min, peguei a chave do carro, a carteira, o celular e sai com meu Honda. Uma chuva fina começou a cair, e uma música no rádio começou a tocar. (http://www.youtube.com/watch?v=V0UcQDUR-fU)

O farol abriu, e eu segui até o restaurante/bar que havíamos combinado de nos encontrar. Grover, Chris, Selena, Beckendorf e mais uns amigos da escola e da faculdade estavam lá. Pedimos pastéis, petiscos para comer, e cervejas. Conversamos vários assuntos, demos risada, tomamos a segunda garrafa de cerveja, e eu já me sentia alegre, decidi parar e tomar uma coca, afinal estava dirigindo.

-Então Percy, você conseguiu arranjar um companheiro de quarto para morar com você?

-Na verdade, a pessoa já havia alugado o apê, e como eu liguei depois para fechar negócio, era pegar ou largar.

-Ele é de lá?

-Annabeth é de lá mesmo, ele até me passou o email dela, mas eu vou esperar conhecer ela pessoalmente.

O pessoal deu risada e Selena falou:

-Espera um pouco... Isso é loucura Percy, você não pode morar com uma menina, é muito esquisito...

-Ei! Eu moro com você!- Disse Beckendorf, fingindo estar magoado.

-Mas é diferente, a gente se conhece e estamos namorando, ele nem conhece essa daí...

-Ui ficou com ciúmes é?

-Eu não, eu sei que você é meu amigo, e eu já tenho um Chu-chu só para mim, né? – Disse ela apertando as bochechas de Beckendorf, fazendo com que a boca dele formasse um biquinho, todos demos risada e ela o beijou de leve, e ele pousou a mão no ombro da namorada.

Ficamos conversando até o dono do lugar expulsar a gente, saímos andando um pouco até chegar no meu carro, cumprimentei cada um dos meus amigos com um aperto de mão e um abraço, eles falavam coisas como “se cuida cara” “ a gente se vê” e abracei Selena apertado, e ela ainda me fez prometer que ia ligar todo mês e que ia vir visitar ela, mas sabemos que eu não vou lembrar de ligar todo mês. Dei a partida no carro e voltei para casa, me despedindo da noite fria e aconchegante de Nova York.

POV Annabeth

Domingo, às oito horas da manhã eu levantei extremamente disposta, hoje eu me mudava e ia conhecer o cara, Percy, que ia morar comigo. Fiz minha higiene matinal, coloquei um short marrom balonê, uma regata azul marinho e uma sapatilha preta muito confortável. Verifiquei as caixas onde levava as minhas roupas, livros e mais uma vez quase me perdi vendo várias fotos de família, eu havia crescido naquela casa, e deixar suas raízes é muito dolorido, tantas coisas que se deixa para trás, memórias... Mas eu estava determinada em seguir com a minha vida, eu queria aquilo para mim, de verdade e muito. Minha mãe entrou no quarto de repente:

-Ah! Annabeth eu já ia te acordar, os homens da mudança já chegaram...

-JÁ!? Mas era para eles chegarem às nove!

-Eu sei, mas eles vieram mais cedo, porque eu disse o quanto de coisa você tinha para levar. – Olhei indignada para minha progenitora e ela me olhou com carinho depois olhou em volta, as paredes vazias, o colchão da cama apoiado na parede, os armários vazios... - Impressionante como esse quarto fica pequeno sem você aqui. – Ela ameaçava chorar e eu a confortei.

-Mãe eu vou estar à meia hora daqui, não se preocupe, ligo para vocês direto, agora deixa tomar meu último café da manhã preparado por você.

-Eu posso deixar os homens da mudança subirem, fecharem suas coisas e carregarem o caminhão? – Eu apenas afirmei meneando a cabeça para baixo.

Desci as escadas tomei o enorme café da manhã que minha mãe havia feito para mim, decidi que já podia ir. Despedi-me dos meus pais, e eles ficaram me dando recomendações como uma criança:

-E Annabeth, tome cuidado, por favor – Disse meu pai sério – Não vai se queimar, nem falar com pessoas que você não conhece e...

-PAI! Eu já tenho 23 anos, não preciso ficar escutando esse tipo de coisa, eu já sei me cuidar. Não se preocupe eu vou ficar bem. – Abracei os dois uma ultima vez.

Olhei uma última vez para a minha casa e peguei minha bolsa, as chaves do carro, e desci até a garagem do prédio, dei partida no meu March vermelho, já eram quase nove e meia, e fui em direção ao meu novo apartamento. Eu dirigia calmamente, eu não tinha pressa, apesar de estar receosa e animada, eu curtia o dia de sol quente, as pessoas andando pela rua, as crianças brincando, os pássaros cantando... Realmente o verão da Califórnia é uma obra de arte para se apreciar. Em menos de uma hora eu chegava ao prédio, era uma construção bonita, as sacadas tinham guardas de vidro, grandes janelas, uma garagem espaçosa. Desliguei o carro e subi no elevador. O meu apartamento era no sétimo andar de dez, então eu teria uma boa vista do centro. Cheguei no meu andar e Luke, o dono do apartamento me esperava sentado na porta. Ele tinha os cabelos cor de areia, e olhos azuis profundos, que me encararam com... desejo? Ele rapidamente se levantou e me cumprimentou:

-Annabeth, muito prazer em conhecê-la pessoalmente. Bom aqui está sua chave e seu companheiro de quarto acabou de me ligar ele está vindo para cá, acabou de desembarcar no aeroporto. – Ele me estendeu uma chave dourada, que tinha apenas o número do apartamento 75.

-Muito obrigada, tem mais alguma coisa que eu deveria saber sobre o apartamento?

-Não, e o pessoal da mudança já chegou e vão começar a descarregar o caminhão.

-Muito obrigada – Apertei a mão dele mais uma vez.

-Não esquece, eu tenho seu número... – Ele entrou no elevador e desapareceu atrás da porta de metal. Aquilo tinha sido uma cantada? Eu espero que sim... Ainda com Luke na cabeça coloquei a chave na porta e girei a fechadura. Quando adentrei a sala não tinha absolutamente nada, a não ser uma parede marrom chocolate que combinava com as cortinas beges que adornavam imensas janelas que davam para a piscina do prédio. Continuei andando e havia uma parede que dividia a cozinha da sala de jantar, e nessa parede havia um quadrado recortado, com uma bancada atravessando o quadrado. Depois da cozinha havia um corredor do lado direito da sala que levava aos quartos e aos banheiros, duas suítes. E no lado esquerdo da sala via uma porta, que levava ao escritório. Chequei este primeiro: era um escritório enorme, que continha prateleiras em todos os cantos, fora isso estava vazio. Ele tinha um par de janelas e cortinas verde claro. Então fui ver os quartos e o da direita era um pouco maior do que o da esquerda, decidi deixar minha bolsa lá como que marcando o território.

-Ah... – Suspirei de contentamento, minha janela dava para um parque que tinha atrás do prédio. Liguei na portaria pelo interfone que havia na parede e pedi que os caras da mudança começassem a trazer as coisas para cima. Na cozinha havia alguns armários, uma bancada com pia e uma geladeira muito antiga, mas que seria útil nos primeiros meses que morasse ali.Estava tão distraída olhando a paisagem que nem reparei que o outro morador do apartamento havia chegado.

-Você deve ser a Annabeth – Ele disse tirando os óculos Ray-ban, revelando os olhos verde-mar mais lindo que eu já havia visto. Ele usava uma jaqueta de couro, totalmente desnecessária, e uma calça jeans, os cabelos pretos indisciplinados no rosto completavam a obra de arte.

-E você é Percy. – Nos cumprimentamos com um aperto de mão – Muito prazer. – Trocamos olhares e pude perceber o jeito como ele me olhava, e não era um simples olhar. Decidi tirar aquele pensamento da cabeça. – Bom eu já chamei o pessoal da mudança para trazer minhas coisas para cima, se quiser dar uma olhada pelo apartamento eu consigo me virar sozinha.

Ele apenas assentiu. Fui arrumar minhas coisas no meu quarto e no meu banheiro. Depois que as coisas dele chegassem dividiríamos os espaços da cozinha, sala e escritório entre as nossas coisas e eu iria fazer as compras, tudo estava bem, tirando o fato de eu ter um companheiro de quarto que extrapolava os limites de beleza com os quais eu estava acostumada.

O que eu faria agora?