Spirit Bound Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 21
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Gente, segue mais um cap que foi quase todo criação minha...
Eu sei que tem gente que não gosta, mas fica difícil escrever uma história sem seguir a sequencia dos acontecimentos. Bem, pelo menos serve com uma "ponte" para o que realmente tem no livro. De ante mão aviso que terão outros deste, então... :-)
abs!



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O tempo pareceu passar mais lentamente depois que Rose saiu. Foi como se o buraco negro que estava em minha alma tivesse aumentado ainda mais. Eu estava certo sobre ver Rose. A culpa se tornou maior, a dor insuportável. Foi uma longa noite em claro.

Na manhã seguinte, milagrosamente, um dos guardiões que fazia a guarda da minha cela falou comigo. Geralmente, todos eles me ignoravam. Ou bem, me ignoravam como Dimitri e me tratavam como se eu fosse o pior dos inimigos.

“Olá, Belikov.” Yuri falou, bem próximo às grades da cela. Eu estava sentado na cama, abraçando minhas pernas, com a cabeça entre os joelhos. Ergui meu rosto, cauteloso. Eu ainda estava me recuperando da visita de Rose e ainda temia que ela tivesse retornado. Rose era insistente e nada impedia que ela tentasse me ver novamente. A imagem dela olhando para mim e dizendo que ainda me amava me atormentava. Ela não podia amar alguém como eu. Não era certo, não era normal, não depois de tantas coisas que cometi contra ela. O natural seria que ela me odiasse.

“Belikov? Você lembra de mim?” Yuri era um guardião muito amigo meu, e sempre que eu vinha à Corte tínhamos muitas horas de boa conversa juntos. Eu o olhei e assenti, sentindo um pouco de vergonha passar por mim. Várias e várias vezes ele havia elogiado meu trabalho e dito que eu era um exemplo para a carreira dele.

“Eu estou na sua guarda hoje.” Ele continuou. “Vou fazer sua escolta para o depoimento também, você será levado logo mais.”

“Depoimento?” perguntei, sem soar interessado.

“Sim, bem, na verdade está mais para um interrogatório. Será na praça, ao lado da igreja.”

“Eu vou depor em praça pública?” Senti uma onda de repulsa passar por mim. “O que eles pretendem com isso? Me humilhar ainda mais?”

“Não veja assim, Belikov. Olhe por outro ângulo. Este interrogatório foi solicitado pelos Morois ao Conselho dos Guardiões. O Morois querem a sua execução, eles acreditam que você é uma ameaça e que não deve permanecer vivo.”

Eu me sentia péssimo, deprimido e indigno, mas definitivamente não queria morrer. Apesar de ser um caminho natural para um assassino como eu, a execução sumária não era nada bem vinda na minha perspectiva de futuro. Um grande incômodo foi tomando conta de mim.

“No entanto,” ele continuou, “muitos guardiões acreditam em você, na sua regeneração. Você foi um grande guardião, Belikov. Não existem muitos como você. Foi por isso que escolheram este local para seu depoimento. Os que acreditam em você querem que todos vejam que você não é um risco, que não oferece perigo algum. Por isso em um local aberto, à luz do dia. Para que todos vejam que não há nada de Strigoi em você.”

Como um passe de mágica, senti um vislumbre de esperança em mim. Eu realmente não acreditava que podia ser um guardião novamente, mas podia ser um homem livre pelo menos para servir a Lissa, como eu havia prometido. Ao menos esse compromisso eu podia ter esperança de honrar.

Já passava das dez da manhã, no horário humano e sol brilhava forte no céu, quando deixei o prédio dos guardiões em direção ao pátio gramado ao lado da igreja, onde seria meu interrogatório. Senti a claridade doer em meus olhos, mas nada como aconteceria quando eu era um Strigoi. Eu apenas havia ficado muito tempo em uma cela com iluminação artificial.  Mesmo assim, minha visão acostumou rápido com a luz do dia, e senti, agradecido, o sol bater quente em minha pele, enquanto eu caminhava. Alguns guardiões faziam minha escolta, mas não havia correntes ou algemas, embora eles estivessem atentos aos meus movimentos. À medida que eu andava, despertava a atenção das pessoas que passavam pela rua, começando a juntar curiosos. Quando chegamos, havia uma cadeira no centro do gramado, que eu deduzi que seria para mim.

Antes que eu pudesse chegar até lá, Lissa me encontrou, dando ordens para que a escolta de guardiões parasse. Imediatamente, Hans se colocou no caminho dela, praticamente surgindo do nada.

“Mantenha distância, Princesa.” Ele disse educadamente, colocando o braço, de forma protetora, na frente dela.

“Deixe-me ir até ele. Preciso ver se ele está bem.” Ela ordenou firmemente. Sem ter como desobedecer, Hans afastou o braço. Eu me perguntava quanto de compulsão ela tinha usado, ou se era apenas parte da autoridade que ela tinha. Percebi que os meus guardas se tornaram tensos com a aproximação dela.

“Dimitri. Como você está?” Ela falou docemente, soando como um anjo. Olhar para ela era algo realmente tranquilizante.

“Não se preocupe, estou bem.” Respondi baixo. “Você não precisava se expor vindo até aqui.”

“De jeito nenhum eu deixaria que você passasse por isso sozinho.” Ela ainda olhou para mim, me avaliando por uns segundos e acrescentou, voltando-se para Hans. “Coloque uma cadeira para mim também. Bem ao lado dele.”

“Você não está intimada a depor, Princesa.”

“Mas eu vou estar com ele. Bem ao lado dele.” Ela disse, enfatizando a frase ‘Bem ao lado dele’. Aquilo soou mais do que uma ordem e ele não ousou discutir mais.

Rapidamente, uma grande multidão se formou em círculo em torno de nós. Lissa estava senda ao meu lado, como determinara. Um Moroi da realeza andava na nossa frente, de um lado para o outro segurando uma prancheta, com se fizesse parte de um filme investigativo. Ele se chamava Reece Tarus, eu o conhecia de vista. Hans estava logo atrás dele e alguns outros do Conselho dos Guardiões. A nossa volta, vários guardiões se alinhavam como uma linha protetora. Firmes e atentos a qualquer movimento que eu fizesse. Eu me mantive imparcial e sereno. Minha expressão neutra, como costumava ser, antes de me tornar um Strigoi.

“Vejo que você consegue sair à luz do dia.” Ele disse, olhando para a prancheta. Eu não conseguia dizer se ele estava afirmando algo ou perguntando. Pela primeira vez olhei em volta da multidão. Muitos rostos conhecidos, Morois e dhampirs. Respirei aliviado por constatar que Rose não estava por lá. Assim eu poderia me concentrar naquele interrogatório.

“O sol machuca os seus olhos?” Ele perguntou.

“Não.” Respondi calmamente.

“E se você encarar o sol?”

Eu realmente não acreditava que ele tinha perguntado uma coisa estúpida daquelas, ninguém podia encarar o sol por muito tempo sem ficar cego. Por um instante tive vontade de rir. Lutando para me manter minha expressão séria, hesitei por alguns segundos, sem tirar os olhos dele.

“Qualquer um ficaria cego se encarasse o sol por tempo demais, comigo aconteceria o mesmo que a todo mundo.”

O rosto de Reece se contorceu em desgosto. Obviamente ele não havia gostado da minha resposta, mas não tinha como contestar o que eu tinha dito.

“Ele escalda sua pele?”

Outra pergunta estúpida. Eu havia caminhado até ali, todos tinham visto isto. Mesmo assim, me contive em apenas responder honestamente o que era perguntado.

“No momento não.”

Assim que respondi isso, percebi pelo canto dos meus olhos um leve movimento de Lissa, que olhou para o lado esquerdo da multidão que nos cercava. Uma luz alerta acendeu dentro de mim. Somente uma pessoa entre tantas podia chamar tanto a atenção dela daquele jeito. Senti meu coração disparar, mas mesmo assim, acompanhei a linha do olhar dela até ver Rose que estava observando a tudo.


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