Spirit Bound Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Nossa, Dimitri é mesmo muito cabeça dura. Na minha opinião, vejam bem, é só uma opinão, ele foi mais cruel desprezando Rose do que quando agia como um Strigoi (por pior que ele tenha sido). Agora ele age conscientemente, ele tem a opção de não agir assim. Quando era um Strigoi não. Ele não podia ser de outra maneira. Era a natureza dele... Eu acho que ele foi até bonzinho com ela...
Bem...
Para todas que estão com saudade daquele Dimitri dos tempos da Academia, sugiro que leiam essa Fic minha:
https://www.fanfiction.com.br/historia/239170/One_Shot_-_Anjo_De_Neve
Espero que gostem!
bjs



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Aquilo não estava sendo fácil, com sempre. As coisas com Rose não nuca eram. Mesmo quando eram boas, antes tinham que ser difíceis. E agora estava sendo muito. Eu tinha em mim uma avalanche de sentimentos que eu lutava para manter  controlado. Eu tentava ser racional, tentava guardar tudo em mim, para que ela não percebesse que tudo aquilo era doía mais em mim do que nela. Eu nunca tive a natureza de um assassino, de um psicopata. E, no entanto, eu agi como um. Ela dizia que não era eu, mas era eu sim. Eu tinha feito tudo, eu sentia como se tivesse acabado de fazer tudo. Eu tinha consciência de que era eu mesmo agindo. Não outra pessoa.

“Quantos?” Eu exclamei. “Quantos guardiões morreram na noite passada por causa do que eu fiz?”

 “E... eu acho que seis ou sete.” Ela respondeu diretamente.

 “Seis ou sete.” Eu constatei. Quantas pessoas mortas. “Mortos em uma noite. Por minha culpa.”

 “Você não agiu sozinho! E eu já disse, não era você. Você não podia se controlar. Não importa para mim –” Rose parecia muito angustiada, mas não estava me ajudando. Era como se eu pudesse ver o sangue de todos os inocentes que matei em minhas mãos. Eu me sentia terrível.

“Importa para mim!” eu gritei, quase perdendo todo controle que eu tinha. Eu sentia meu corpo tremer. Eu sabia que ela não tinha culpa de nada, mas eu sentia que podia de alguma maneira me abrir para ela, senti minha voz sair baixo. “Importa para mim. É isso que você não entende. Não pode entender como é ter consciência do que eu fiz. Tudo isso de ser um Strigoi... é como um sonho agora, mas um do qual lembro claramente. Não existe perdão para mim. E o que aconteceu com você? Eu lembro mais que tudo. Tudo o que fiz. Tudo o que queria fazer.”

Isso era mesmo o mais terrível. Olhar para ela agora trazia de volta os sentimentos que eu tinha enquanto era um Strigoi. Não um sentimento verdadeiro, que ainda estivesse lá, mas a memória de ter sentido. Como eu pude desejar tanto mal a ela? Onde estava esse amor que eu sinto tão fortemente que não me impedia de buscar com tanta obstinação a sua morte? Que não me impedia de agir pensando somente em me satisfazer? Era justamente esse amor que me acusava agora.

“Você não vai fazer agora,” ela implorou. “Então deixe tudo para trás. Antes – antes de tudo acontecer, você disse que podíamos ficar juntos. Que teríamos trabalhos próximos um do outro e –”

“Roza” Eu a interrompi. Era fascinante essa força de vontade dela em acreditar que tudo tem capacidade de ser resolvido. Isso me encantou tanto de outras vezes e hoje me entristecia mais ainda. Era com se o impossível não existisse para ela. Eu dei um sorriso amargo. Não havia diversão em mim, apenas uma constatação de um futuro que jamais aconteceria. “Você realmente acha que eles vão permitir que eu seja um guardião novamente? Será um milagre se me deixarem viver!”

“Não é verdade. Assim que perceberem que você mudou e é você mesmo de novo... tudo vai voltar a ser como era antes.”

 Eu me senti ainda mais triste. Ela realmente acreditava no que falava, mesmo vendo que os fatos diziam o contrário. Eu balancei minha cabeça, desconsolado.

 “Seu otimismo... sua crença de que pode fazer qualquer coisa acontecer. Ah, Rose. É uma das coisas incríveis em você. Também uma das mais enfurecedoras.”

 “Eu acreditava que podia fazê-lo deixar de ser um Strigoi,” ela argumentou. “Talvez minha crença no impossível não seja tão louca, no final das contas.”

Novamente, ela veio com a história de que tudo tinha partido dela. Eu sabia que sim. Lissa pode ter tido o poder de me restaurar, mas não era de se estranhar que todo o plano maluco tivesse sido arquitetado por Rose. Mas isso a fazia ainda mais bela e incrível. Eu preferia me focar na parte final do plano onde Lissa fez o trabalho de fincar a estaca, a ter mais um motivo para me remoer de remorso. Eu não queria saber o que Rose tinha feito, preferia não pensar nisso. Não por ingratidão, mas porque sabia que seria pior para mim. Tornaria tudo sem dimensão. Um amor sem dimensão, capaz de agir cegamente, ignorando as piores atrocidades contra ele mesmo. Era o que Rose sentia por mim. Era isso que eu deveria sentir por ela e sentia. Mas não antes. Agora tudo se conflitava dentro de mim.

De qualquer forma, aquela era uma conversa que não podia mais continuar. Não importava o que tinha sido feito, não importava o que seria dito. Aquela dor que eu sentia ao olhar para Rose era mais real do que qualquer coisa. Eu lutei para endireitar minha postura e colocar força na minha voz. Quando falei, senti que meu tom saiu formal, como eu queria.

“Estou grato pelo que fez. De fato, eu lhe devo uma. E é uma dívida que não posso pagar. Como eu disse, o melhor que posso fazer é ficar fora da sua vida.”

 “Se você for parte da vida de Lissa, então não poderá me evitar.”

“As pessoas podem conviver umas com as outras sem... sem ser nada além disso.” Falei duramente, com frieza na voz. Aquilo despertou em Rose uma fúria quase descontrolada. Ela se arremessou contras as grades. Eu esperava que ela fosse gritar e esbravejar contra mim, mas o que veio dela foi algo que me apunhalou quase que mortalmente.

“Mas eu amo você!” Ela disse tentando manter sua voz baixa, contrastando com sua respiração extremamente ofegante. “E eu sei que você me ama também. Você realmente acha que pode passar o resto da vida ignorando isso, quando estiver perto de mim?”

Esse era realmente o maior problema de todos. Eu nunca conseguiria ignorar Rose, por isso não queria vê-la. Por mais que eu tenha lutado contra tudo isso no passado, antes do ataque a Academia eu havia sucumbido ao que senti apor ela esse era um caminho sem volta. Se eu não tivesse sido transformado em um Strigoi, eu teria feito qualquer coisa para ficar com ela. Era uma decisão tomada. Uma decisão que agora parecia querer resistir dentro de mim. Mas eu não podia me dar esse direito. Como eu fiz tantas e tantas vezes, busquei pensamentos racionais, enquanto Rose ainda dizia as melhores e piores palavras que eu podia ouvir.

“Você me ama,” ela repetiu, enquanto esticava os braços pela grade, em uma tentativa inútil de me alcançar. “Eu sei que ama.”

Eu lutava para não dar ouvidos aquilo. Se eu ouvisse, não resistia e certamente me renderia a ela. E isso era uma coisa que eu não podia fazer. Não podia fazer isso com ela. Não podia prendê-la em alguém não iria oferecer o que ela merecia. Foi quando a imagem de Adrian Ivashkov veio na minha mente. Eu tinha visto Rose com ele naquele hotel em Las Vegas. Era óbvio que ele a queria e que tinha tentado algo com ela, principalmente com a decretação da minha “morte”. Doía em mim pensar isso, verdadeiramente não gostava de imaginar Rose qualquer pessoa, muito menos ele, mas era o mínimo. Era a vida dela e eu deveria deixá-la seguir sem mim.

“Não é verdade,” eu disse mansamente, “que você está envolvida com Adrian Ivashkov?”

  “O – onde você ouviu isso?”

 “As coisas se espalham.” Eu disse. A reação dela me dizia que tinha sido uma dedução certeira. Eu não tinha ouvido nada sobre isso, não poderia ouvir. Era apenas uma intuição. E eu estava certo.

 “Elas certamente se espalham.” Ela murmurou.

 “Então você está?” Eu insisti para que ela falasse. Assim eu poderia ter argumentos contra ela, apesar de não gostar nada dessa ideia.

“Sim, mas –“

 “Bom. Adrian é uma pessoa melhor do que pensam. Ele será bom para você.”

 “Mas –“

“É aí que está seu futuro, Rose. Você não sabe o que é passar pelo que eu passei – voltar de ser um Strigoi. Isso mudou tudo. Não é somente o  fato do que eu fiz com você ser imperdoável. Todos os meus sentimentos... minhas emoções por você... elas mudaram. Eu não me sinto da forma como era. Eu posso ser um dhampir de novo, mas depois do que eu passei... bem, isso me assusta. Já está na minha alma. Eu não posso amar ninguém agora. Eu não posso – eu não amo – você. Não tem mais nada entre você e eu.”

Havia mais argumentos lógicos nessas minhas palavras do que verdadeiros. Mais do que eu acreditava do que o que eu realmente sentia. Mas eu precisava convencê-la a ficar longe de mim.

“Não! Isso não é verdade! Eu lhe amo e você –“

“Guardas!” Eu gritei com força. Eu realmente não conseguiria ouvir mais declarações de amor vindas dela. Era doloroso e quase irresistível. “Tirem-na daqui. Tirem-na daqui!”

Rapidamente, da forma eficiente de sempre, vários guardiões surgiram em frente a cela. Um deles, segurou Rose pelo braço, mas ela ainda resistia.

“Não, espere –“ Ela suplicou, ainda me olhando com determinação.

 “Não lute,” murmurou o guardião. “Nosso tempo acabou, e você não poderia ter conseguido nada mais hoje, de qualquer forma.”

Ela me olhou pela última, antes de sair. Eu a encarei, usando todas as forças que eu tinha para manter meu rosto imparcial, que sempre usei. Assim que ela desapareceu, desabei de joelhos, sentindo as lágrimas saírem incontrolavelmente. Era uma dor tão grande que eu jamais sentira. Eu repetia mentalmente que eu queria o melhor para ela e que eu não era nem de longe isso. Eu não a merecia. Ela era jovem e tinha uma boa capacidade de recuperação. Ela iria superar tudo isso, iria superar a mim. Era só uma questão de tempo. Eu precisava deixá-la livre. Livre de mim.


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