Caleidoscópio escrita por lljj


Capítulo 28
Tomodachi


Notas iniciais do capítulo

Oioi!!
Bem, bem eu tive problemas e não pude postar na quarta feira (infelizmente...), mas estou aqui hoje e vim rapidinho postar esse capitulo.
Que ai sentiu saudade do Gin pode bater aqui o/
Melhor não estragar a brincadeira, não?
Então:
Boa Leitura!!



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O vento frio batia pela janela.

Na noite escura nada poderia ser ouvido.

Na televisão a imagem congelada do homem que mudou sua vida... E que estava fazendo o mesmo nesse momento.

Escorou-se no sofá e abraçou as pernas, seus olhos estavam fixos na imagem de Keith. E em sua mente as palavras que ele acabou de proferir. Era como se as imagens de tudo o que ele disse houvessem invadido sua mente.

— Naquela noite... Como você pode fazer isso comigo? — Ela falou para sua imagem. — Não pode ser verdade... Você não iria mentir para mim desse jeito. Deus mais você fez, não é?

Mais, e mais lagrimas desciam pelos seus olhos.

Em um impulso pegou o controle na mão e voltou o vídeo.

  Play.

  — Isso é muito delicado, eu sei... Sinto muito ter mentido e guardado esse segredo por todo esse tempo, mas entenda... Ele é um homem mal, que não tem escrúpulos... Naquela noite vi bem isso nele... Dia 27 de outubro, você se lembra bem não é? Aquela noite foi realmente marcante para todos nós...

Ele respirou fundo.

  — Eu estava indo de carro para a antiga creche da Kisa para busca-la... Como sempre fazia, pegava a Avenida central e vinha direto até entrar na estrada do bosque onde cortava caminho para chegar mais rápido... Você sabe, a estrada era pouco utilizada por conta das inúmeras obras que estavam sendo feitas no parque... No dia estava eu e mais uns três carros na minha frente. Estava um pouco além 60 por hora e parava o tempo todo para algum caminhão ou pedreiro passar. Fui ficando cada vez mais para trás dos outros carros, mas não me importei muito já que passava ali todos os dias e todos os trabalhadores já conheciam meu carro... Virei a primeira esquina para poder voltar a rua asfaltada quando ouvi um barulho de carro vindo, olhei para o lado do vidro e vi um Mustang preto vir em a em minha direção. Na hora dei uma acelerada para dar espaço para o carro, mas o motorista acelerou mais que eu... Não tinha como impedir a colisão, o choque acabou com um lado do meu carro e arrancou parte da pintura. Fiquei revoltado com aquilo, desci do carro assim que consegui me soltar do cinto de segurança e fui direto para o motorista. A poeira da areia seca subiu com a batida e pouco dava para se ver... Só quando a poeira abaixou que vi a silhueta de um homem alto escorado bem na frente do Mustang... Lembro que sua voz era suave, mas tinha uma veracidade que até hoje ao recordar me arrepia...

/// Flash Back ///

  — Olá senhor Kikuchi Keith... É realmente um prazer conhece-lo. — Ele falou com os braços cruzados.

  — Quem é você? — Senti uma pontada subida no peito.

Ele deu alguns passos para frente se aproximando de mim. Estava todo de preto, luvas e bota. Andava lentamente como com os olhos fixos em mim.

  — Você tem noção do que fez? — Perguntei sem temer. — Olha o estado do meu carro! Você por acaso é algum lunático?

O homem deu uma leve risada.

  — Seu carro não é seu principal problema senhor Kikuchi. — Ele então levantou a mão direita, onde empunhava uma arma. — Se é que me entende?

Não fiz nada a não ser o vê-lo se aproximando cada vez mais. Quando terminou de fechar a distancia entre nós começou a me revistar.

  — Quem é você? O que quer comigo? — Falei sem muito o encarar. Já conheço esse tipo de gente.

  — Vamos... Não tenha medo pode olhar. — Sua voz era mansa, mas carregada de malicia.

Ao olhar em seu rosto me pareceu conhecido, como se já o houvesse visto em algum lugar, mas não me lembrava de onde.

  — Acabou seu tempo. — Ele falou me puxando com um dos meus braços preso nas costas.

  — Para onde está me levando?

  — Nenhum lugar especial. Só iremos dar um pequeno passeio. — Ele me empurrou para dentro do carro.

Sentei no banco do passageiro e ele fechou a porta. A todo o momento empunhava a arma em minha direção.

Começou a dirigir com um sorriso sinistro nos lábios o qual assustaria a qualquer um que visse, mas minha real preocupação naquela hora era Kisa que estava na creche.

  — Posso fazer um pedido? — Perguntei acuado.

  — Você não está em condições de fazer pedidos. — Ele disse olhando para a estrada deserta em que estávamos.

  — Você tem que me entender... Por favor, minha filha está sozinha na creche e não tem ninguém para pega-la.

  — Estando na creche ela está segura não? — Ele me olhou irônico.

  — A creche fecha depois das seis e não tem ninguém em casa... Só peço que me deixe ligar para uma amiga para busca-la.

Ele não disse nada apenas bufou.

  — Ai, ai... Você tem sorte garoto, me pegou em um bom dia.

Ele encostou o carro e me passou seu telefone.

  — Mas se você tentar qualquer coisa... — Ele mirou a arma bem no meio de minha testa. — A menina acabara sem pai.

  — Não se preocupe...

/// Fim do Flash Back ///

  — Foi nesse momento que te liguei, mas juro Rangiku, em nenhum momento antes menti para você e se inventei tudo aquilo foi porque realmente era necessário.

Sua mente continuava a não acreditar naquilo tudo. Era como uma grande brincadeira sem graça que Keith fez para que sua morte não fosse tão dura para ela... Mas por que tudo parecia tão real?

Ele parou de falar para beber água em sua garrafa que estava ao lado da mesa, então prosseguiu.

  — Depois do telefonema continuamos a andar por mais meia hora. No meio do caminho o telefone do homem tocou. Ele falou coisas como: “Já estou indo” e “Você deve se acalmar”... Pensei que poderia ser algum tipo de vingança de algum inimigo antigo ou até mesmo um sequestro, mas tudo estava indicando para outro caminho. Do nada uma imagem veio em minha mente. Andando pela rua da minha empresa... Um homem de preto... Olhando para mim... Urahara Kisuke

/// Flash Back ///

  — Então você se lembrou!! — Ele sorriu para mim. — Realmente nunca imaginei ser uma pessoa tão difícil de ser notada... — Fingiu estar ferido.

  — Você é o fornecedor daqui, não é? O que quer comigo?

  — Eu? Hupf vai por mim garoto, não quero nada com você... — Ele olhou pela janela.

  — Então por que tudo isso?

  — Um grande homem me falou que não é certo cobiçar a mulher alheia... — Ele me olhou por entre os fios de seu cabelo loiro.

Naquele momento entendi tudo e se antes tinha medo de não pegar minha filha na creche, agora eu temia nunca mais a poder ver...

Ficamos na estrada por mais uns dez minutos até que ele falou:

  — Chegamos. — Não estava sorrindo nessa hora.

Olhei em volta e a única coisa que vi foi um barraquinho no meio de um monte de árvores. Realmente nunca havia ido a está parte da cidade.

Desci do carro sem dizer uma palavra e fui até o barraco com Urahara apenas segurando meu braço. Quando chegamos uma mulher morena e alta abriu a porta.

  — Está atrasado. — Ela disse abrindo passagem.

  — Há muitos obstáculos na estrada e você sabe disso... — Ele me empurrou na frente.

  — Eu sim, mas tente explicar isso para ele... — Ela fechou a porta atrás de si e todo o lugar ficou escuro.

Começamos a andar, o barraco que era tão pequeno do lado de fora mais pareceu para mim um castelo do lado de dentro. Descemos escadas e passamos por corredores, tudo no escuro. Imaginei que a casinha era apenas a porta de entrada para uma espécie de subsolo e que eles já estavam ali tempo suficiente para andar sem precisar de luz alguma.

De repente um barulho veio mais a nossa frente e uma luz de vela apareceu.

  — Ele está na sala outra sala. — Ouvi apenas a voz da mulher.

  — Ok. Vamos Kisuke. — A mulher que nós acompanhava falou.

  — Bem Kikuchi-san é aqui que nos separamos. — Urahara disse.

Uma porta se abriu e de dentro surgiu uma luz muito forte que me fez abaixar a cabeça.

Fui empurrado para dentro da sala e ouvi Urahara dizer antes da porta ser fechada:

  — Boa sorte.

/// Fim do Flash Back ///

Rangiku se aproximou da televisão, essa era a parte que precisava ouvir novamente para entender... Talvez não houvesse ouvido direito, ou sua mente brincava de por as palavras na boca do homem na tela, mas cada vez mais sentia que tudo era verdade.

  — A sala era muito diferente do que parecia ser o resto do lugar. Dentro havia moveis e era bem iluminado. Tinha uma mesa do outro lado da sala com uma cadeira virada de costas para mim. — Ele voltou a falar. — Olhei em volta, estava completamente desordenado, até que uma voz masculina me chamou...

/// Flash Back ///

  — Ora, ora, ora... Se não é o senhor Kikuchi Keith. — Lentamente a cadeira se virou para.

Meus olhos se arregalaram ao ver. Sua pele era muito mais clara do que você havia me descrito, seus olhos fechados como duas fendas e um sorriso louco nos lábios...

  — Você... — Não sei porque me surpreendi tanto... Já imaginava que era ele.

  — Ah... Não seja tímido Kikuchi. Aproxime-se, vamos ter uma boa e proveitosa conversa. — Ele se levantou e pegou um copo em cima de uma escrivaninha. — Conhaque? — Ele balançou o copo para mim.

  — Dispenso. — Me aproximei e me sentei na frente dele. — O que você quer Ichimaru?

Ele não me olhou, apenas bebericou um pouco de seu copo.

  — Realmente de todas as bebidas que já provei essa é a que mais me agrada... Você também gosta? — Me olhou com seus fundos olhos.

  — Não prefiro um bom vinho. — Falei cruzando as pernas.

Estava nervoso, mas me lembrava muito bem como esses caras pensavam... Claro, eu já fui um deles. Era só agir como se esses tempos houvessem voltado, apenas isso... E talvez tivesse chances de sair intacto.

  — É um homem de bom gosto Kikuchi. Qual é o seu prefirido?

  — Gosto de Castellamare, em especial o Gran Reserva.

  — Oh sim realmente é muito bom... Mas infelizmente não temos esse em nosso estoque. — Ele balançou a cabeça em decepção.

  — Realmente uma pena.

  — Sim, sim... Um homem como você mereceria algo assim. Ilustre Kikuchi. — Ele começou a voltar ao seu lugar bem lentamente. — Você, cuja família praticamente instalou a máfia em nosso país, você que se sentou com os mais célebres traficantes de todo mundo, você que tem um nome tão temido e conhecido quanto de Aizen... Sim, você realmente merecia um bom vinho. — Suas palavras saiam carregadas de puro veneno aquilo me fazia tremer inteiro por dentro. E por um momento imaginei... Como você podia ama-lo?

/// Fim do Flash Back ///

Suas lagrimas começaram a descer cada vez mais grossas.

  — Ele está vivo!! — Ela falou em meio aos soluços. — Vivo?

  — Ichimaru entre uma e outra alfinetada me falou algumas coisas sobre o que soube de mim e se dizia impressionado com a forma como escondia bem o meu passado... Em pouco tempo descobri o real motivo de tudo aquilo... E era você. Com todas suas acusações de minhas omissões a você, deixou bem claro que seu real interesse era a sua segurança. Isso sim me surpreendeu, me pareceu que alguma coisa dentro daquele cara ainda o lembrava de que era humano e vi que essa coisa era você.

/// Flash Back ///

Sentia o sangue quente descer pelo meu rosto. Realmente foi um corte certeiro, acabei caindo para trás. A curta faca estava em sua mão com uma fina linha de sangue, me olhava de cima com aquele sorriso psicopático.

  — Ela não precisa de um homem como você para a por em problemas. — Ele disse entre dentes.

  — Claro... Para isso ela tem você. — Não podia ficar por baixo. — Para falar a verdade ela está muito bem agora... Que está longe de sequer pensar em você.

Vi seu sorriso descer por um milésimo de segundo, mas como se nada houvesse acontecido voltou para seu lugar.

  — Está enganado... Eu sou tudo na vida dela. — Ele sorriu mais.

Não deixei de rir com o nível de sua falta de informação, já que, na época você estava como nós mesmos chamamos... Curtindo a vida nova!

  — O único enganado aqui é você Ichimaru, que realmente achou que uma mulher como Rangiku ia passar a vida inteira se lamentando por você. Você é um egoísta que só pensa em si próprio, que nem ao menos respeita a mulher que tanto te amou e muito menos merece esse amor. Se você quer saber Rangiku está SIM, muito feliz. Estuda, trabalha e luta pelos sonhos que há muito tempo perdeu por sua causa.

Naquele momento soube que toquei em seu ponto fraco, seu sorriso sumiu completamente do rosto e uma áurea de inquietação se instalou sobre ele.

Lentamente ele voltou para sua cadeira. Acompanhando seu ritmo me levantei do chão e tentei limpar o sangue que já cobria parte de meu rosto.

  — Seja sincero consigo mesmo Ichimaru. — Larguei meu tom agressivo, queria que ele visse o que estava estampado para todos enxergarem. — Ela está feliz sem você, finalmente conseguiu a vida que tanto procurou.

Ele não me olhou, não podia ver para onde olhava, mas senti que seus olhos estavam bem longe de mim... Talvez estivessem em você.

  — Você pode ir... — Ele falou suspirando.

  — O quê? — Perguntei confuso.

  — Você pode ir... — Ele me olhou, ou foi o que pareceu. — Eu vou precisar desaparecer por um tempo... Se é que me entende.

Entendia, sim entendia muito bem esse tipo de coisas.

  — O que vai fazer?

  — Não te interessa... Apenas quero que... Cuide dela para mim. — Sua voz era suave, parecia totalmente diferente da pessoa que eu encontrei na sala. — Ela vai precisar de alguém... Sempre precisou.

  — Pode deixar. — Não sabia bem o que devia dizer.

  — Mas olhe bem, se souber que aconteceu algo entre você e ela eu juro que...

  — Não se preocupe, eu e ela somos apenas amigos. — O interrompi.

  — Melhor que sejam. — Ele disse voltando a soar ameaçadoramente.

Ficamos alguns minutos em silêncio apenas nos olhando até que ele gritou.

  — Tirem ele daqui! — Então se virou e ficou de costas para mim.

Urahara então entrou e me pegou pelo braço. Estávamos saindo quando Ichimaru falou:

  — Volte rápido Urahara, quero falar com você.

/// Fim do Flash Back ///

  — Urahara me deixou onde batemos o carro, liguei para você depois de um tempo e disse que estava na delegacia... Sinto muito, mas não podia falar o ocorrido, ainda mais sabendo que Ichimaru havia deixado algo oculto em nossa conversa. Fui ao hospital para fechar o corte na testa e voltei para casa pensando em como falar com você depois de tantas mentiras... O resto você sabe... Eu realmente me surpreendi com o fato dele ter dito que estava morto... Enfim entendi o seu grande problema em o entender, se é que isso é possível... Mas depois de muito pensar, acho que ele não era uma pessoa tão ruim como me pareceu... Vi nele algo que você deve ter enxergado, algo que nem ele mesmo viu. Uma coisa tão forte que te prendeu a ele... No fim, o que ele realmente quis foi te libertar... — Essas foram suas ultimas palavras, depois de alguns segundos ele se levanta e desliga a câmera.

Era o fim do vídeo e o inicio de outro drama.

  — Ele está vivo. — Ela sussurra. — Está vivo...

Lagrimas caiam de seus olhos e escorriam pelo seu pescoço, batendo na única lembrança que tinha dele.

  — Gin está vivo! — Ela disse com força.

Olhou para a imagem de Keith que estava parada na televisão.

  — Você mentiu para mim... — Ela disse acusadoramente.

Em sua mente ouvia sua voz dizer que era preciso.

  — Mesmo assim mentiu... E agora? — Ela perguntou. — O que eu faço? Não tenho você... E nem o Gin... Mas Deus! Ele está vivo! — Ela repetiu. — Mas onde? Onde está?

Deu um forte suspiro. Sentia o corpo cansado, tudo isso acabou por sugar as poucas forças que lhe restaram.

Puxou uma das almofadas do sofá e pôs no chão. Deitou devagar e fitou o rosto de Keith na televisão.

Respirou fundo.

  — Eu vou cumprir nossa promessa amigo... Até a morte. — Fechou os olhos e deixou as lembranças virem até pegar no sono.

  — Quero lhe pedir uma coisa Ran.

  — Não se esforce Keith... Precisa repousar.

  — Eu estou cansado... Muito cansado, realmente eu... Quero parar.

  — Não diga essas coisas.

  — Mas eu quero que você me prometa, quero que me prometa duas coisas.

  — Diga...

  — Que vai cuidar de Kisa até que possa se virar sozinha...

  — Isso você já sabe que não precisa pedir... É claro que prometo.

  — Ótimo... A outra é que nunca, nunca deixará de ser minha amiga?

  — Está delirando? É claro que sempre serei sua amiga.

  — Mesmo depois da morte?

  — ...

  — Ran... Prometa que nossa amizade ira muito além dos véus da morte, me prometa.

  — Ah Keith... Eu nunca, nunca, nunca deixarei de ser sua amiga... Até a morte.


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Notas finais do capítulo

Pra quem quer saber tomodachi significa (eu acho!!) "Amigos"
Quem gostou pode se sentir livre para dizer, quem não gostou também e se vocês querem saber...
Eu não gostei... Queria que o Gin tivesse soado mais aterrorizante e assustador, mas fazer o que, melhor deixar isso pro Tite mesmo ¬¬