POV Hermione Granger

Acabei caindo no sono com a luz acesa e o livro em minhas mãos.

Olhei em meu relógio de cabeceira e eram três da manhã.

Estava morrendo de sede, então levantei para ir até lá em baixo.

Quando estava chegando perto da porta ouvi alguns murmúrios.

– Ah, que ótimo! Eles ainda estão ai! – sussurrei para mim mesma num tom irônico.

Abri a porta sem sequer fazer barulho nenhum e fui até a beirada da escada.

De lá pude ver os quatro Sonserinos discutindo algo. Por sorte eles estavam muito entretidos com o assunto. Quando iria colocar meus pés na escada ouvi um assunto sobre ‘’apostas’’, e algo me fez voltar para aonde estava, para ouvir a conversa.

– Apostar o que exatamente? – Malfoy perguntou à Crabe

– Não sei, talvez... Meninas. – ele respondeu.

– Não, meninas não. Elas não são pra se apostar cara. – Zabine disse e eu me surpreendi. Um dos maiores pegadores de Hogwarts dizendo isso?!

– Eu concordo! – Logan se manifestou – Poderia ser sobre Quadribol, sei lá, menos meninas.

– Ah, qual é gente! – Crabbe disse – Draco, eu aposto que você não consegue pegar a Granger.

EU? ME ‘’PEGAR’’? POR MERLIN!

A doninha engasgou com o whisky de fogo e acabou cuspindo tudo na mesa.

– Eu e a Granger? – Malfoy perguntou.

– É, eu aposto 300 galeões por isso. – Crabbe respondeu brincando com as cartas do baralho – Se você conseguir pegar a Granger eu te dou 300 galeões, caso ao contrário é você que deverá me pagar essa quantia.

COMO ASSIM? EU NÃO SOU MULHER DE APOSTAS. EU MATO O MALFOY, NÃO SÓ ELE, MAS O CRABBE TAMBÉM. AONDE JÁ SE VIU ME APOSTAR? E EU LÁ SOU MULHER DE APOSTAS?!

– Ok, e eu tenho até que dia pra fazer isso? – Malfoy perguntou.

ELE ACEITOU A APOSTA? COMO ASSIM? MERLIN ME DIGA QUE ISSO É APENAS UM SONHO, OU MELHOR, UM PESADELO, E QUE EU VOU ACORDAR E ESTAR NA MINHA CAMA, E ESSES SONSERINOS NAS DELES, E NADA DISSO TERÁ ACONTECIDO.

– Um mês.

– Draco, você vai mesmo fazer isso? – Zabini perguntou incrédulo.

– É cara, não é uma boa. – Logan disse.

– Vou fazer sim. Não tenho nada a perder com isso. Conquistarei a Granger e ela será mais um dos meus troféus, e com o dinheiro ainda posso comprar uma vassoura nova. Mas agora acho melhor vocês irem embora, – Malfoy olhou para seu relógio de pulso – está ficando tarde.

– Então é isso, você vai apostar? – Crabbe se levantou da cadeira.

– Vou, é claro. – o loiro disse com o seu melhor sorriso cafajeste.

E com um aperto de mão eles selaram aquela aposta.

E eu? Eu estava parada naquele mesmo lugar, pasma com o que acabara de ver e ouvir, só que agora escondida atrás de uma espécie de coluna que havia ali.

‘’Apostar a Granger’’.

As palavras de Crabbe vinham em tona em minha cabeça.

Maldito Sonserino, maldito...

Se o Malfoy pensa que vai conseguir ganhar esta aposta ele esta MUITO enganado.

E é melhor Rony não ficar sabendo disso, senão ele iria para Azkaban mais cedo por matar a doninha.

Ó MERLIM, O QUE EU TE FIZ? RESPONDA-ME! EU LHE IMPLORO PERDÃO!

Fui para a cama atordoada com isso, mas consegui dormir rapidamente. Por sorte.

No dia seguinte acordei quinze minutos atrasada.

Levantei-me com um pulo e fui para o banheiro que, por sorte, estava vazio.

Tomei um rápido banho, me troquei e penteei meus cabelos em um rabo de cavalo bagunçado.

Calcei meu all star surrado e passei uma colônia.

Nisso uma coruja extremamente negra dos olhos verdes pousa na janela do meu quarto com um bilhete nas mãos.

‘’Você está sendo traída. Quer ter certeza disso Hermione? Vá para o sétimo andar perto do retrato de Barnabás hoje antes do café. Mas corra. Só estou querendo lhe ajudar. ’’

Eu conheço aquela letra, me parecia à letra da Parvati.

Eu tinha plena confiança no Rony. Ele não faria isso comigo.

Mas aquele bilhete me deixou perplexa.

Ir ou não ir até o sétimo andar?

Ah, eu vou. Por via das dúvidas.

Joguei o bilhete em cima da cama, abri a porta do meu quarto e sai correndo. Pude ouvir Malfoy falar algo para mim do seu quarto, mas não me importei. Tudo que quero é ter certeza de que é só um mal entendido.

Cheguei ao sétimo andar ofegante e tremendo.

Fui me aproximando ao quadro de Barnabás e pude ver uma loira que julguei ser da Corvinal pela cor de suas vestes beijando alguém.

Meu coração batia mais forte naquele momento. Minhas pernas estavam bambas. Foi como um baque quando vi uma cabeleira ruiva aos beijos com a loira.

Não, não, não. Isso não está acontecendo comigo. Não, não Merlin. Por favor, não.

Não pode ser ele. Não pode ser o Rony, o meu Rony não faria isso.

Ao me aproximar vi tudo que mais temia.

Ronald, o garoto que eu sempre amei, sempre confiei, me traindo aos beijos intensos com outra.

Eu fiquei observando aquela cena até os dois tomarem folego.

– Mi-Mione? – Ronald gaguejou ao ver-me parada ao lado dos dois.

– C-como você pode? – disse tremendo, tentando conter o choro.

– Ah, então essa é a sua namoradinha? – a loira disse com desdém – Agora eu sei porque trai ela ruivinho, ela é tão sem graça.

– Hermione eu posso explicar. – Ronald se soltou da loira e veio ao meu encontro.

– EXPLICAR O QUE RONALD? QUE VOCÊ ESTAVA AOS BEIJOS COM ELA? ISSO EU JÁ VI. – gritei raivosa.

– Mio...

– MIONE O CARAMBA. VÁ SE DANAR RONALD. NÃO ME PROCURE NUNCA MAIS. ME ESQUEÇA! ME ESQUEÇA!

Sai correndo tentando segurar o choro. Minhas pernas bambeavam mais do que nunca agora, mas mesmo assim não parei.

Iria para o meu quarto e nunca mais sairia de lá.

Corri e corri até esbarrar em alguém.

– Mione?

– Ah, oi Isa.

– Você está bem? – a castanha perguntou.

– Estou, claro! – forcei um sorriso.

– Com essa cara de choro? – ela fez sua cara típica de ‘’não me engane’’.

– Não sei se devo te contar. Pelo menos não aqui. – olhei para os lados para ver se alguém estava prestando atenção em nossa conversa – E já está perto do horário das aulas começarem.

– Não me importo. – ela respondeu carinhosamente – Pode falar.

Sabe quando você precisa desabafar? Precisa botar tudo para fora? Precisa desfazer o nó de sua garganta? Então... E Isa era de confiança. Sempre pude contar com ela e Gina.

– Ok, mas você se importa de perder uma aula? – perguntei.

– Se for para ajudar um amigo, não.

– Então me siga.

Levei a Isa até o apartamento.

Eu não queria fazê-la perder aula, mas eu necessitava de alguém de confiança agora.

– Uau, isso aqui é bem bonito. – ela disse com os olhinhos castanhos brilhando assim que entramos no apartamento – Parece com o meu, mas o vermelho combinou perfeitamente com o verde!

Subimos até meu quarto, Isa sentou na cama, eu encostei a porta e sentei-me ao seu lado.

– Então dona Granger, pare de mistério e me conte o porquê desses olhinhos tristes.

Eu tentava falar, só que as palavras não saíam. Então comecei a chorar. E não conseguia parar.

– Vem cá. – Isa me puxou para um abraço de urso que cheguei a me perguntar se ela era uma Weasley.

Ah não, ‘’Weasley’’.

‘’Ronald’’. Pensei eu e me pus a chorar ainda mais.

– Me-me descul-pa-pa Isa. – falei entre os soluços.

– Não tem o que se desculpar.

Depois de mais alguns soluços consegui me recuperar por um breve momento.

– Foi ele, Isa. Foi o Ronald.

– O Ronald? O que tem ele? – ela fez uma cara confusa, como se ele fosse o garoto mais perfeito desse mundo e nunca fosse sair da linha.

O que eu também achava há alguns minutos atrás.

– Ele me traiu. – falar aquilo me doeu até a alma. Corri os olhos pela cama e encontrei o que estava procurando. Entreguei para Isa ler.

A cada corrida de olhos que dava no bilhete, a Sonserina ficava perplexa.

– E você foi lá? E viu ele te traindo?

Assenti com a cabeça.

– Acredite, a dor que estou sentindo é bem pior que levar um Crucio. – disse lembrando que Isa também tinha uma cicatriz quase igual a minha; mesmo lugar, feita pela mesma pessoa, porém as palavras em seu pulso eram ‘’traidora de sangue’’.

– Eu não vou vir com esse papo de ‘’ah, nenhum homem presta’’, porque existem os que prestam. O Ronald talvez tenha sido esse que não preste, porque na sua vida virá outro que preste, entende? Ele é o seu primeiro amor, não é? – assenti com a cabeça – Então, nem sempre é como todos dizem que ‘’o primeiro amor é inesquecível’’. O único amor que é inesquecível é o verdadeiro, o que você leva para vida inteira, não importa se é o primeiro, ou o último. Por mais que isso doa em você, seja forte. Hoje pode doer, mas amanhã você estará linda e bela como sempre e ele perceberá a pessoa que perdeu. Por isso, coloque um sorriso nesse rosto e nunca desça do salto por homem nenhum, tá?

Essa Sonserina tem um dom para conselhos que só por Merlin.

– Ah Isa, vem cá.

Dei outro abraço na castanha.

– Obrigada. – respondi sentindo lágrimas escorrerem sobre a minha face.

– Estou sempre aqui Grifinória. – respondeu.

– Ah, e tem outra coisa – falei.

– O que?

– O Malfoy me apostou ontem com o Crabbe.

Ela fez uma cara incrédula melhor que a anterior que não me contive e soltei uma risadinha.

– É, eu estou valendo 300 galeões. Se o Malfoy me conquistar ele ganha, caso ao contrário terá que tirar os 300 do seu bolso. Terá um mês para fazer isso. – falei me lembrando das palavras de Crabbe.

– Eu mato aquele garoto!

– Não precisa falar nada Isa, vai ser divertido ‘’brincar’’com isso.

Isa me olhou pervertida e nós rimos.

Era bom ter alguém para nos arrancar risadas nesses momentos.

POV Draco Malfoy

Isa não tinha aparecido na aula de DCAT. Estranho isso. Fiquei bem preocupado.

– Relaxa gente, ela pode ter apenas se atrasado e resolveu ir só à segunda aula. – Logan disse assim que deixávamos a sala do professor Armando.

– Ela nos avisaria, sei lá. Não é da Isa faltar as aulas. E ela estava bem hoje de manhã.

– É, ela me disse que iria voltar porque havia esquecido seu livro e depois nos encontraria na aula. – Blás disse.

– Olha ela ali. – apontei para a Sonserina que conversava com a Weasley fêmea, e essa estava com uma cara extremamente surpresa.

POV Gina Weasley

– Você tem certeza disso Isa? – perguntei.

– É claro! Mione me contou tudo!

– E como ela está? – perguntei preocupada.

– Arrasada. Disse que não virá a nenhuma aula hoje. – a Sonserina disse.

– Minha terceira aula é livre, irei vê-la. Pode me explicar o caminho? – perguntei.

Quando eu encontrar o Rony ele ficará mais vermelho que seus cabelos de tanta pancada. Aonde já se viu fazer isso? Ainda mais com uma amiga minha? Ah, ele vai se ver comigo! Ah se vai!

POV Isabelle Diniz

Depois que expliquei o caminho do apartamento para Gina encontrei um Draco e um Blásio me olhando com caras extremamente feias.

– Onde a senhorita estava? – Draco perguntou.

– Ajudando uma amiga. – respondi com simplicidade.

– Esses dois quase não prestaram atenção na aula de tanta preocupação com você. – Lewiss se manifestou.

– Você poderia ter sido raptada pelo Monstro do Lago Negro. – Blás disse fingindo extrema preocupação e arrancando risos de todos ali.

– Gente, não é para tanto também. E me passem a matéria depois, por favor. Agora vamos, antes que a aula de Transfiguração comece. – eu disse.

– Ahhhhh, não quero aula com aquela velha chata. – Lewiss resmungou.

– Mas você também a acha chata? – perguntei.

– A única pessoa que não acha ela chata é você Isa. – Blás disse.

– Não sou só eu Blásio. A Hermione não a acha chata.

Na hora que eu falei ‘’Hermione’’ Lewiss e Blásio olharam para Draco, este fez uma cara estranha.

– O que foi? – perguntei me fazendo de desentendida, pois sabia muito bem o motivo daquelas caras.

– Eu te conto depois. – Draco disse. – Agora vamos pra aula.

Chegamos em cima da hora à aula de Minerva, só que ela ainda não havia chegado.

– Minerva deve estar cuidando de algumas coisas da diretoria. Não deve ser fácil dar aulas e ser diretora. – eu disse.

– Ufa, que sorte que a velha chata ainda não chegou!

– Quem é a velha chata Sr. Zabini? – Minerva apareceu atrás dele na porta.

Draco, Lewiss e eu nos seguramos para não rir.

– Nin-ninguém pr-professora. – ele disse gaguejando – Ninguém.

– Espero mesmo que não seja ninguém. Agora vá se sentar antes que eu desconte 50 pontos da Sonserina. – e passou na nossa frente entrando na sala. –Bom dia classe!

O moreno resmungou algo e se sentou numa mesa aos fundos, onde me sentei ao seu lado.

Minerva poderia não ser tão chata, mas as suas aulas eram. Ela estava nos fazendo copiar um texto enorme do livro Guia Para Transfiguração Avançada.

Eu estava na parte final do texto quando alguém jogou um papelzinho em minha mesa. O peguei e abri.

‘’Ouvi um papo no corredor de que a Granger não foi vista na primeira aula. Já a pegou ontem que ela teve que faltar hoje para se recuperar? ’’

Que escroto.

– Ei Isabelle, ei! – Crabbe estava sussurrando numa mesa ao lado da minha. – Passe isso para o Draco.

– Peça né! – falei me fingindo de ofendida com a certa ‘’ordem’’ que o garoto me dera.

– Por favor! – ele disse entediado.

Passei o bilhete para Draco que estava sentado atrás de mim.

– Vocês garotos às vezes são meio escrotos. Por Merlin! – disse sussurrando para ele.

Draco apenas riu e leu o bilhete.

– É, realmente o Crabbe é bem escroto! – ele falou divertido e nós demos uma risadinha.

Pelo que consegui ler Draco deu uma resposta bem mal educada à Crabbe e depois jogou o papelzinho de volta na mesa do Sonserino, que fez uma cara feia quando leu.

O resto da aula passou normalmente. Normalmente chata...

POV Gina Weasley

‘’Eu. Ronald. Socos’’ Era o que passava na minha cabeça durante a aula de poções.

– Amor, você está mesmo bem? – Harry perguntou.

Eu não falaria para ele aquilo sobre a Mione antes de vê-la e saber direitinho dessa história.

– Claro amor, estou ótima! – respondi mentindo, pois eu estava extremamente nervosa a ponto de socar quem esbarrasse em mim.

O sinal logo tocou e era a hora em que eu iria falar com Mione. Arrumei meu material rapidamente e sai da sala com pressa.

– Gina, preciso falar com você. – Ronald veio atrás de mim.

– Eu não quero falar com você Ronald, pelo menos não agora. – respondi nervosa e sai marchando corredor à fora.

POV Ronald Weasley

– O que está acontecendo? Você sabe por que a Mione não apareceu na aula hoje? Gina disse que não sabia. – Harry me perguntou.

– Cara, é uma longa história.

– Não tem problema, me conte.

E expliquei toda a história pra ele que, agora, me olhava perplexo.

– Como você pôde fazer isso? – Harry perguntou.

– Não sei cara, mas fiz. – respondi com simplicidade. – Ela era gostosa.

– Mas isso não tem nada a ver Ron.

– Tem sim.

– Você amava mesmo a Hermione?

– Bem, nem tanto como imaginava.

– É, porque quando a gente ama, a única menina ‘’gostosa’’ é quem estamos amando. Não enxergamos mais nenhuma além dela. Por que não conversou e terminou ao invés de trair?

– A carne foi fraca. – respondi.

– A Gina está furiosa, pode esperar que ela irá te xingar. – Harry disse enquanto caminhávamos para o Salão Principal. – E Hermione deve estar péssima. – fez uma cara de tristeza e desapontamento.

– É, eu sei. – disse cabisbaixo. – Acha que ela vai me perdoar?

– Para ser sincero, acho que não.

Preferi não responder.

Eu sabia que estava errado e que Hermione nunca mais me perdoaria por isso.

E eu sentia um vazio dentro de mim. Mas não por falta do amor dela, mas sim da amizade.

Eu fui um idiota por perder uma grande amiga.

Merlin me dê uma ajudinha ai para voltar no tempo, por favor?