Já era tarde, estava assistindo TV, ela gosta do canal de clipes né? Toda vez que venho aqui e ligo a TV esta neste canal. Me deitei na cama da Manu e o cheiro dela estava ali, apenas imaginava ela do meu lado.  Deitei de barriga pra baixo e estiquei minhas mãos por baixo do travesseiro.

Quando coloquei minhas mãos embaixo do travesseiro eu senti algo duro atrás do colchão, entre o colchão e a cabeceira da cama, quando puxei pude ver que era o diário da Manu... muita sacanagem ler?Prometi pra mim mesmo que eu ia ler apenas sobre um dia. Abri em uma página aleatória e me deparei com uma pagina inteira escrita, mas sem data. Apenas comecei a ler, vai que eu sei que dia que é.

“Estou me sentindo péssima, Justin não acredita em mim. Ele me viu beijando Lucas aquele dia, mas será que ele não entende que foi o Lucas que me beijou? Lucas é lindo, é fofo, mas não se compara ao Justin. O sorriso, os olhos, a voz rouca e a risada... essas pequenas coisas em Justin me encantam tanto. As vezes ele conversava comigo e eu posso jurar que não estava prestando a mínima atenção, pois eu me perdia nos olhos dele. E agora... ele não quer nem mais ouvir a minha voz, nem me ver. Ele não vai acreditar nunca em mim, além do mais, ele deve estar muito feliz com a Caitlin, afinal, foi escolha dele voltar pra Atlanta atrás dela. Vou dar uma chance a Chris, tenho certeza que ele não vai me decepcionar, que vai acreditar em mim sempre... o meu medo é que EU magoe o Chris, não me perdoaria nunca!”

Todo o peso que eu sentia na época em que descobri o que aconteceu de verdade aquele dia no hotel voltou por um momento. Eu fui um idiota, não acreditando na Manu. Lucas estava certo, ela vivia falando de mim...e eu lá, me preocupando comigo mesmo e enganando Caitlin.

Abri em outra página, mais pro começo do diário, não resisti, precisava ler mais. Li do meio do diário, então agora preciso ler o começo e o fim... não acham? Minha curiosidade esta enorme. Abri em uma pagina sem data novamente... eu acho que ela não poe data mesmo, é como se fosse um caderno de lembranças, não precisa de data.

“Vai fazer um ano que não vejo ninguém de Stratford. E daqui a pouco estou me mudando de novo, agora minha mãe vai para Atlanta. Sinto falta da Mari, Gi, Chaz, Ryan e principalmente Justin. Queria poder ter ficado mais tempo ao lado dele, acabar o nosso namoro a distancia foi horrível pra mim, eu me lembro de que chorava a noite quando me lembrava da despedida, isso não acontece mais, mas ainda sinto a falta dele. Ele já deve ter achado outra menina e deve estar feliz, ninguém deve mais se lembrar de mim. Ainda sonho com Justin as vezes, dizem que quando sonhamos com uma pessoa ela também esta pensado na gente, será que ele ainda pensa em mim? Sinto falta dele, não achei ninguém ainda para “tampar” o buraco que ele deixou, Steven é apenas um amigo, nada demais.”

Quem é Steven? Ok, vou ter que me contentar com apena um nome, porque eu não posso chegar perguntando pra Manu quem é porque ela vai saber que eu mexi no diário dela e ai ferra pro meu lado.

Abri na ultima pagina escrita que tinha, enquanto eu mudava as folhas pra acha-la eu vi fotos nossa, dela com o Chris, com os amigos de NY, desenhos... como as outras paginas, essa também não tinha data, mas o engraçado é que estava escrito apenas:

“Justin- Sonho com você todas as noites, não queria te deixar de novo, mas meu destino me leva ao Brasil. Eu te amo e espero que você me entenda, entenda a minha escolha.”

Sinceramente, não sabia o que pensar depois disso. Procurei uma caneta em cima da mesa dela e escrevi: “Como você disse, são suas escolhas! E eu sempre as respeitarei. Você não ira me deixar, apenas ira viajar e quando voltar eu estarei aqui te esperando. Eu te amo mais que tudo Manuela, você é minha vida! Beijos, saudades, Justin”.

Acabei de escrever e guardei o diário atrás do colchão de novo. Me deitei novamente e dormi rapidamente, meu corpo estava cansado mais que tudo. Sonhei com a Manu, estávamos correndo no quintal de uma casa, que eu não sei qual é, ela sorria alegre, mas não estávamos sozinhos. Tinha uma menina, criança ainda, correndo a nossa volta, não era a Jazzy.

Acordei com o Sol no meu rosto, ótimo jeito de se acordar, ótimo lugar em que esta a sua cama em Manuela. Me levantei e me arrumei, peguei minhas coisas, desci as escadas e os pais de Manu já estavam acordados.

-Bom dia! – eu disse entrando na cozinha e parando na porta.

-Bom dia Justin, parece bem melhor! – disse a mãe de Manu sorrindo.

-Sim, estou bem melhor! Bom, me desculpem, mas tenho que ir pra casa do Chris! – eu disse.

-Não vai nem tomar um café? Senta com calma, come alguma coisa e então te levamos até lá! – disse o pai da Manu.

-Não obrigado, qualquer coisa como na casa do Chris, bom, vou andando! Obrigado por tudo.

-De nada Justin, sempre que precisar estaremos aqui! Vem, te acompanho até a porta!  - disse a mãe da Manu.

Ela me acompanhou até a porta e eu me despedi. Andei até a casa de Chris, eu me perdi no caminho, mas ai depois de um tempo eu achei, sem muitos problemas. Entrei na casa e Caitlin estava com Cameron na sala, cumprimentei os dois enquanto eu subia as escadas.

Cheguei no quarto onde eu ficava e deixei minhas coisas, depois fui até o quarto onde o Ryan fica e bati na porta, mas ninguém respondeu, bati mais algumas vezes e ninguém me respondeu ainda, então abri a porta. Ryan não estava lá, a cama estava arrumada até, como se ele não tivesse dormido ali. Peguei meu celular e ligue pra Chris, mas ouvi o celular tocando no quarto dele e fui até lá.

-Hey, Chris, acorda ai cara! – eu o cutuquei e ele virou pra mim bravo.

-Porra, ta cedo ainda! O que quer?

-O Ryan, você sabe dele?  - perguntei e ele pensou.

-Não o vejo desde ontem a noite, ele veio pra casa, tomou um banho, Mari até pediu pra ir sei lá onde com ele, mas ele disse que não precisava!

-Tudo bem, vou falar com ela! Obrigado Chris! – eu disse saindo do quarto enquanto ele deitava de novo.

-Mari? – eu disse batendo na porta do quarto onde as meninas ficavam.

-Quem é? – escutei a voz de Gi.

-Gi, sou eu Justin, posso entrar?

-A porta ta aberta! – ela disse e eu abri entrando.

-Bom dia meninas, alguém sabe do Ryan? – perguntei e Mari sentou na cama.

-Como assim? Ele não esta no quarto? – perguntou Mari.

-Não! Chris falou que ele saiu ontem e não quis a sua companhia... onde ele foi?

-Ele disse que ia sair só, que ia pensar, mas não disse pra onde! – ela disse meio que pensando – onde será que ele foi? – ela se levantou da cama e começou a andar pelo quarto.

-Hey, relaxa... se conseguir, eu vou atrás dele ok? – eu disse e ela assentiu.

Sai da casa e avisei a Caitlin que qualquer coisa era só ligar no celular. Onde será que o Ryan se meteu? Ele não conhece muitos lugares aqui em Atlanta, mas ele pode ter ido pra qualquer lugar.

Andei até o parque que sempre íamos, eu e Manu sempre estávamos aqui, conversado, rindo, namorando. Ryan gostava muito de vir aqui também, pelo menos ele me disse isso uma vez. Andei até o lago e nada do Ryan.

Andei mais um pouco olhando pro lago e para as pessoas que estavam sentadas em volta dele e nada do Ryan, estou ficando cada vez mais preocupado. Me sentei em um banco e comecei a pensar aonde o Ryan podia ter ido.

Liguei pra ele mais de 5 vezes, mas ele ainda não tinha me atendido. Comecei a andar de novo pelo parque, não me vinha muitos lugares na cabeça aonde Ryan podia estar. Enquanto eu andava mais um pouco, vi um menino deitado no chão.

Na hora eu sai correndo, achei que podia ser Ryan e eu estava certo. Achei que ele tava morto, mas eu vi que tinha uma ou duas garrafas de bebida do lado dele. Cheguei do lado dele e o chamei, mas nada. Todos envolta me olhavam assustados por conta do meu desespero. Peguei água do lago e taquei na cara do Ryan e o filho da puta acordou.

-Porra Ryan, o que você tem na sua cabeça?

-Eu devo ter um célebro! – ele disse e só veio aquele cheiro forte de álcool no meu nariz.

-Célebro? A cala a tua boca cara, é cérebro! Vai, levanta! – eu disse tentando o levantar.

-Cara, me deixa, eu quero dormir de novo! – ele dizia com a voz estranha.

-Vai se foder Ryan, levanta logo e vamos, a Mari ta preocupada com você! – eu disse e consegui levanta-lo e apoia-lo no meu ombro.

-Eu não quero ver a Mari, eu quero ver a Manu, eu quero a ver andando!

-Certeza? Porque do jeito que esta não a verá tão cedo! Você não pode fazer essas coisas, ela precisa de você vivo e sóbrio.

-Cara, eu não quero a Manu paraplégica, eu não quero minha irmã paraplégica! – ele disse e me abraçou.

-Porra Ryan, me larga, se ta fedendo álcool e me abraçando na frente de todo mundo! – eu disse irritado.

-Isso é gay! – ele disse rindo – da um beijinho Justinzinho! – ele disse fazendo bico.

-Cala a boca, já mandei, anda, vamos pegar um taxi! – eu disse fazendo um sinal e o taxi parou.

-Uuuu pegar um taxi! – ele disse rindo, se ele não estivesse bêbado já tinha batido nele.

No caminho inteiro ele foi falando merda, o cara do taxi, por sorte, se divertia bastante com o que ele falava. Chegamos na casa do Chris e eu chamei por Cameron, logo ele abriu a porta e viu o estado do Ryan, que agora não falava mais nada. Caitlin pagou o taxi enquanto eu e Cameron entravamos na casa dos Beadles com esse filho da puta bêbado.