_ Eu não aguento mais isso. – Lily bateu na mesa durante o almoço de domingo – Eu não aguento mais eles. – ela encarou os primos, depois buscou Rose e Scorpius com o olhar – Eles continuam se encarando e fazendo ofensas um ao outro.

_ Eu também não aguento. – Alvo olhou a irmã – Serio, eles estão tão chatos.

_  Não somos só nós. – Nick interferiu na conversa – Que é, eu converso com um amigo do Scorpius.

_ Eu não sabia que vocês falavam. – Hugo disse sorrindo – O que eu vejo, é vocês se beijando o tempo todo.

_ Essa não é a questão. – Nick disse corada – Acredito que os dois estão agindo feito idiotas para fazer o outro ir atrás. – ela revirou os olhos – Só precisamos de uma solução.

_ E eu acho que já tenho uma. – Lily deu o mesmo sorriso que sua mãe costumava dar quando tinha um ótimo plano em mente –

_ E ai vem a Lily confusão. – Alvo riu –

_ Não enche – Lily resmungou – Mas você vai precisar falar com Matt, entendeu Nick, F-A-L-A-R.

[...]

Hugo chegou desesperado até sua irmã que estava cortando mais uma saia para ficar perfeita para sua nova personalidade. Ele praticamente chorava, e ela se precipitou para se aproximar dele.

_ Que foi, mano?

_ Mana, a Lily brigou comigo, e ela se trancou numa sala do segundo andar. – Ele estava desesperado – Nick está tentando de tudo, mas Lily disse que só abriria a porta quando você chegasse.

_ E por que não me falou logo? – Rose largou tudo ali e saiu correndo para fora do quarto, levando consigo apenas alguns pedaços de tecidos, tule, e alfinetes. – Vamos logo.

Hugo correu atrás dela, mas antes precisava pega algo.

[...]

_ Nick, como ela está? – Rose perguntou ao chegar ao pé da porta de uma sala qualquer –

_ Ela não me responde. – Nick respondeu –

_ Lils, aqui é a Rose, abre para mim? – Rose gritou e a porta se abriu lentamente, Rose entrou procurando a prima, mas não a encontrava –

_ Você vai nos agradecer. – ela ouviu a voz de Lily, e então o barulho da porta se fechando –

Ela correu até a porta e tentou de todo modo abrir, mas estava trancada.

_ Quando eu sair daqui vou quebrar vocês. – ela gritou, e começou a procurar por sua varinha, olhou na sua bota, e até dentro do seu sutiã, mas acabou deixando a varinha no quarto –

[...]

Matt entrou no quarto de Scorpius rindo muito. Scorpius largou o pomo de ouro que segurava e encarou o amigo.

_ Do que você ri tanto? Deu mais uns pegas na Dominique, nique, nique? – ele perguntou olhando o amigo corar –

_ Não, mas você tem que ver o que fizeram com uma sala lá do segundo andar. – Matt disse animado – Fizeram uma decoração para o dia dos namorados, zoando todo mundo.

Os dois saíram em direção a sala do segundo andar, e pararam em frente a uma porta. Matt olhou primeiro a porta e procurou onde Scorpius havia deixado a sua varinha. Ele a viu no bolso da calça. Abriu a porta lentamente e lentamente também, tirou a varinha do amigo do bolso.

_ Entre ai, veja. – ele empurrou Scorpius para dentro –

_ Matt, tá de sacanagem? – Scorpius se virou – Não tem nada aqui. – ele gritou e correu para sair, mas o amigo fechou a porta rapidamente, vedando a. –

_ Você vai me agradecer por isso, vocês vão nos agradecer, serio. – Matt gritou –

_ Vocês? – Scorpius indagou –

_ Não Malfoy, tem algo nessa sala, ou melhor alguém, abandonada pelos primos. – Rose falou levantando lentamente da cadeira onde se sentou no fundo –

_ Ah droga. – Scorpius apalpou seu corpo a procura da varinha – Cadê minha varinha quando eu preciso?

_ É exatamente isso que eu pensei. – ela exclamou –

Ele correu pela sala, e procurou uma saída.

_ Não vai adiantar. – ela o olhou pela primeira vez – Eu já tentei isso, vinte minutos atrás.

_ Então por que não fugiu quando Matt abriu a porta? – ele gritou desesperado –

_ Ia adiantar? – ela disse sem emoção – Fui enganada pelo meu próprio irmão e pelas minhas primas, se eu saísse ia matar eles mesmo sem a varinha – ele a olhou – Vai ficar de pé ai?

_ E o que você sugere? – ele perguntou –

_ Ah, ia sugerir que você se matasse. Mas não vem ao casa, sugiro que sente, pode sentar aqui. – ela olhou a cadeira ao seu lado – Eu não mordo.

_ Conta outra. – Malfoy sorriu e se sentou a duas cadeiras de distancia dela –

[...]

Estavam ali na mesma posição, sem trocar uma palavra fazia mais de meia hora. Antes de Scorpius a olhar e tomar coragem para perguntar.

_ Por que você começou a se vestir assim?

Ela se assustou com o tom de voz dele, e então o encarrou, demorando alguns segundos para responder, apenas sustentou o olhar dele contra o seu. Abriu a boca, mas nada saiu, engoliu em seco antes de conseguir falar.

_ Porque queria mostrar ao mundo como sou bonita. – foi o que saiu e ele sorriu –

_ Você é linda. – ele disse sorrindo galante –

_ Pena que você só percebeu isso depois que minhas roupas ficaram menores que seu cérebro. – ela sorriu –

_ Não, Rose, eu acho que você não precisa mostrar seu corpo para ser considerada bonita, você só passou a se arrumar mais. – ele sorriu –

_ Vamos parar com esse papo moralista? – ela sorriu – É tão politicamente correto falar isso. Eu sei que metade da escola só me notou por causa da minha saia ser menor que a dignidade deles. – ela se levantou e puxou a saia para baixo, cobrindo um pouco mais do que antes –

_ Por que você faz isso consigo mesma? – ele se levantou e foi até ela – Por que diz que é feia, e que ninguém te notava?

Ela estava assustada com a proximidade dos dois, ela o encarrou e respirou fundo, os olhos dele tinham um brilho diferente e a respiração dele estava densa.

_ Depois de muito ouvir isso, você começa a acreditar. – ela disse afastando ele dela –

Rose voltou a se sentar em uma mesa afastada no fundo da sala, ergueu suas pernas sobre a carteira, e fechou os olhos. Se era para ficar lá, pelo menos que pudesse descansar. Scorpius seguiu pela sala, encarando todos os cantos, procurando uma saída daquela sala. Depois de dez minutos, cansou e se sentou na carteira onde a ruiva colocou seus pés. Ela abriu seus olhos calmamente e o encarou alguns segundos.

_ Malfoy, por que justamente você está aqui? – ela reclamou –

_ Não sei, Matt só me chamou, agora não tenho o que fazer. – Scorpius sorriu e ela amarrou sua cara –

_ Você é burro, sua doninha albina. – ela rosnou e voltou a fechar os olhos –

_ Você é mais burra, ruivinha, você deveria ter fugido, por que não o fez? – ele sorriu vitorioso ao ver a cara irritada dela –

_ Você me chamou do que? – ela perguntou tirando as pernas da cadeira e ameaçando se levantar –

_ De burrinha. – ele se levantou e se inclinou sobre ela, seus rostos ficaram a centímetros um do outro – Posso dizer, ruivinha linda, pequena, frágil, e orgulhosa.

_ Deveria me sentir ofendida? – ela perguntou ironicamente – Frágil é isso que você chama de traseiro, doninha.

_ Anda reparando muito ali atrás? – ele apontou para as próprias costas –

_ Claro que não. – Rose se apressou em responder, ela mentia é claro, encarava aquela parte dele, como também encarava o brilho dos olhos dele com frequência, ou o formato forte da boca dele, ou então como o cabelo dele aparentava ser ainda mais claro quando ele estava no sol – Você deseja isso, mas nunca será assim.

_ Qual é, Rosinha. – ele falou em tom de provocação – Você me deseja, basta admitir.

_ Só nos seus sonhos. – ela respondeu piscando – Eu desejo paz, mas eu acho que não ter ela enquanto você estiver por perto.

Eles voltaram a ficar em silencio, ela ergueu novamente as pernas e se encostou na cadeira, mas dessa vez não fechou os olhos, encarrou um ponto fixo na parede. Ele voltou a sentar na carteira onde ela colocava suas pernas e continuou a encara-la. Ele sorriu ao ver o modo como ela mordia os lábios, ou como mexia no cabelo.

_ Weasley. – ele a chamou e ela desviou o olhar lentamente para ele – Vamos propor uma trégua por hoje?

_ Por que? – ela estava indignada – Já te dei uma trégua enquanto tínhamos aulas, você não aproveitou.

_ Olha, é simples. – ele se sentou ao lado dela – Acredito que não sairemos daqui tão cedo, não se depender de nossos amigos, então não podemos nos matar, sabe?

_ Que triste seria ficar com você a noite toda aqui. – Rose comentou –

_ Para mim também não é lá essas coisas. – ele sorriu frio – Trégua? – ele estendeu a mão para ela –

_ Trégua. – ela disse apertando sua mão – Por hoje, só enquanto estivermos aqui.

_ Certo. – ele sorriu, e a olhou firmemente –

_ Por que você está me ignorando ultimamente? – ela perguntou sem conseguir se segurar, fechou os olhos se reprimindo por não pensar antes de falar, droga de impulsividade –

_ Não estou te ignorando. – Scorpius respondeu –

_ Mentiroso. – ouviram a voz de Matt, e as risadas de Nick vindo do outro lado da porta – Só saem dai se se acertarem.

_ Eu irei matar você. – Scorpius gritou –

_ Eu irei matar todos vocês. – Rose gritou sorrindo – Mas então está me ignorando. – Rose olhou para suas mãos, mostrando desinteresse –

_ Eu só acho que você sempre me tratou mal, então eu resolvi... – ele sorriu friamente –

_ Bla Bla. – ela sorriu –

[...]

Já passara da meia noite quando Rose pegou no solo, encostou sua cabeça na parede fria da sala e fechou os olhos, adormeceu segundos depois. Scorpius a olhou assim que isso aconteceu. Faziam mais de oito horas que estavam naquela, quando ela dormiu ele a ajeitou, colocou sua capa dobrada sobre o ombro e ajeitou a cabeça dela sobre a capa. Viu que ela não ofereceu resistência então logo fechou os olhos, dormindo em seguida.

[...]

Rose acordou desesperada. Olhou ao redor e o que viu, foi seu corpo praticamente todo sobre o de Scorpius que estava deitado meio sem jeito sobre a cadeira e encostado na mesa, e ela estava em seu peito. Ela achou aquela sensação maravilhosa, mas e se ele acordasse e visse que ela estava confortável com aquilo.

Levantou correndo e ajeitou o cabelo e a roupa. Olhou Scorpius que dormia, e o acordou com pequenos cutucões, até que este se mexeu e acordou, reclamando cedo de dor nas costas.

_ Que foi? – ele perguntou bocejando –

_ Você está horrível. – ela comentou rindo – Mas já amanheceu e eles ainda não abriram a porta, eles estão loucos.

_ Eu estou horrível né? Mas pelo menos você dormiu bem, e ainda ficava falando enquanto dormia. – ele riu vendo a cara de medo dela –

_ Eu não falo enquanto durmo.

_ Já dormiu consigo mesma? – ele riu –

_ Olha – ela se aproximou pegando ele pelo colarinho da camisa amassada – O que você ouviu?

_ Nada. – ele sorriu e olhou para o chão – Nada de mais.

_ Scorpius, essa noite foi horrível. – ela comentou –

_ Ah foi? – ele sorriu e aproximou mais o rosto – Porque você gostou muito de se aconchegar no meu peito.

_ Eu achei que fosse um travesseiro. – ela mentiu sorrindo, estava desconcertada com a proximidade dos rostos –

_ Mas eu gostei. – ele piscou e a puxou pela cintura, colando os corpos –

_ O que você? – ela não pode terminar, ele conseguiu o que estava sentindo tanta falta, ele a beijou, sentiu novamente o gosto dos lábios dela, ela deslizou a mão do colarinho para a nuca, aproveitando aquilo. –

_ Eu espero que eles tenham se acertado – eles ouviram a voz de Nick e se separaram, ofegantes, indo cada um para um lado, a porta se abriu – Ah vocês não se mataram.

_ Nossa trégua acabou, doninha. – Rose disse – E vocês. – olhou para seus primos e seu irmão – Nós vamos conversar, daqui a pouco.

_ Até mais, Wesebby. – Scorpius gritou – Que ideia foi essa, Matt? – ele saiu da sala gritando e apertando os lábios para disfarçar a vermelhidão deles –

Aquela noite ia ficar na memoria dos dois, e na dos amigos, e todos sabiam disso.