- Não suporto pensar que ele está com ela. Pior: Ele provavelmente deve estar com ela agora. Fazendo coisas nojentas. Para as quais só ela se sujeita. – eu pausava a cada novo fato.

   - Rosie. Não é tão ruim assim. Você não pode ficar pensando mal dela. Edward ficaria magoado. E quem precisa aturar ela é ele, não você. Porque se importa tanto?

   - Ah, não sei. Realmente não sei Alice. Talvez, só talvez, pelo fato de que ela é uma interesseira e está dormindo com meu irmão. – eu estava com tanta raiva que a ênfase no “dormindo” foi inevitável.

   Alice montava sanduíches no balcão da cozinha e eu estava estirada no sofá lendo revistas de moda. Minha raiva era tanta que eu já tinha arrancado três páginas da revista, tamanha a força com que eu as passava. Sem falar que se eu não parasse de passar metade de minha semana com Alice, eu iria me transformar em uma estilista fútil e profissional. Mais obviamente eu não podia pensar nisso agora por que eu estava ocupada pensando em novos xingamentos e defeitos para a nova namorada do meu irmão, Tanya Vadia Denali.

   - E o que você vai fazer? Se vingar?

   Olhei para ela com ar pensativo.

   - Não sei bem qual será a vingança, ainda estou trabalhando nela.

   - Por favor, Rosie. O que aconteceu com você e Tanya foram águas passadas. Não pode esquecer tudo e trancafiar no passado?

   - Não. Seria fácil demais. Principalmente porque ela também não esqueceu.

   - Não? Tem certeza? Acho que está na hora de apaziguar.

   - Claro! Concordo plenamente! – fingi uma falso entusiasmo. Acho que devia procurar emprego como atriz, ficou realmente convincente. Até Alice me olhou com uma cara de “sério? Eu realmente convenci você?” - Por favor Alice, não se faça de burra. Você sabe que ela não esqueceu. Não vê como toda vez que nos encontramos ela ela dá um jeito de me irritar ou nem olhar na minha cara quando eu estou a 3 metros dela?

   - Você jogou bolo na cara dela.

   - O que ela fez para desencadear isso foi pior.

   - Vocês foram ao chão enquanto se brigavam.

   - Novamente: O que ela fez para desencadear isso foi pior.

   - Foi mesmo Rose? Você ao menos se lembra?

   - Sim. Não faz tanto tempo assim.

   - Não faz tanto tempo assim? Vocês se odeiam desde que tinham 13 anos. Se duvidar quando ainda eram mais novas.

   - Sim. Uma rixa foi criada e evoluiu. Rivais existem. Aceite Alice. Piora a cada ano. E você sabe disso. Sabe quando passou de uma simples briga de rivais de colegial.

   - Tudo isso só porque...

   - Sim! Ela estava fingindo ser minha amiga e depois deu o golpe. Pronto a faca estava nas costas. E todas aquelas provocações, hein? Vou esquecer aquilo tudo de repente? Não. Vou esquecer todos os xingamentos? Não. Uma rixa desse tamanho não acaba assim, de uma hora para a outra. E se você não lembra do que ela fazia, eu te lembro: O mínimo era me xingar. Não passava um maldito dia sem me xingar.

   - Olha Rosalie, eu sei mas...

   - Shhh! – pedi a ela que se calasse – Sabe o mínimo que ela falava Alice? “Porca gorda, pintou o cabelo com tinta de farmácia. Tão burra que errou a cor, tanto odor que ainda sinto o fedor”.

   Ela segurava o riso. Sim, era uma música, Tanya a inventou, e eu fiz questão de cantar no ritmo todas as palavras apenas para lembrar Alice de como Tanya era uma vadia gorda e interesseira.

   Certo. Talvez ela não fosse gorda. Mas o interesse era. Obeso mórbido, na verdade. E a cara-de-pau também.

   - E ela cantava na frente da sala inteira. E todos riam de mim. – continuei. – Eles decoraram a música e infernizavam a minha vida.

   Alice agora andava em minha direção, segurando um prato com sanduíche em cada mão. Sentou-se ao meu lado e suspirou longamente.

   - Certo, você tem seus motivos. Mas precisa mesmo de vingança?

   - Não. Só preciso que ela termine com ele. – eu sabia que ela estava considerando a hipótese de me ajudar, por isso acrescentei: - E pretendo fazer isso da forma mais indolor e menos humilhante possível. Por quê?

   O porquê foi uma jogada de mestre meu amigo. Ela estava em minhas mãos.

   - Sei de alguém que pode ajudar você. Uma pessoa que provavelmente, se meus cálculos não estão errados odeia Tanya também. Não tanto como você, mas ela não vai com a cara de Tanya.

   - Quem?

   - O nome dela é Bella Swan. Ela era uma namorada de Edward, mas parece que eles terminaram por causa da Tanya. Ela gostava dele, acho que vai querer ajudar.

    - Interessante... Você não teria o número dela aí, teria?

   - Não, mas acho que posso conseguir.

   - E foi assim que descobri que eu tinha que te achar.

   Eu estava sentada em um café com Bella de frente para mim. Eu estava lhe contando como descobri que ela era perfeita para meu plano. E contei também de onde vinha boa parte do meu ódio por Tanya.

   Bella bebericou seu cappuccino. Mulheres sem sal bebem café, mulheres poderosas bebem cappuccino. Isso foi minha primeira lição destinada à Bella. Mulheres poderosas também não sentam em cafés fajutos, mas deixarei isso para depois.

   - E é para isso que precisa de mim? Fazer Edward terminar com Tanya?

   - Digamos que essa é uma parte. Na verdade essa é a conseqüência.

   - Três coisas: - ela levantou três dedos. – Primeira, não vejo como posso ajudar.

   - Ah, você pode me ajudar. Nossa, e como pode. – ela ia falar a segunda coisa, mas eu fui mais rápida e a interrompi.

   - Segunda, é errado.

   - Não é não.

   - É sim. É errado estragar a felicidade dos outros.

   - Ele não está feliz com ela, Isabella. Você ainda não percebeu? Além disso ela só está com ele por duas coisas: dinheiro e minha irritação.

   - Se ele não está feliz com ela, então porque afinla ele está com ela.

   Ela me pegou nessa parte.

   - Okay Bels, você venceu. Ele pode estar feliz, mas ela não está feliz. – Não evitei a ênfase no “ele” e “ela”. - Ela já superou ele e esta fazendo isso por causa da briga que mais parece novela que nós duas temos... Por favor Bels, você tem que me ajudar.

   -Continuando com os fatos, terceira e ultima coisa: - ela ignorou meu comentário e continuou – Qual a outra parte, e Edward terminar com Tanya será a conseqüência de que, exatamente?

   - Minha cara Bella, nós vamos acabar com a vadia. A conseqüência disso, será o termino.

   - Da forma mais indolor e menos humilhante possível? – ela fez uma careta enquanto fazia a pergunta.

   - Não. Da forma mais dolorosa e humilhante possível.

   - Grande parte de mim já sabia que você não estava falando sério quando disse isso à Alice.

    - Olha só, palmas para ela, além de gostosa é inteligente. Muito bem amor, já esta aprendendo.

   - E a próxima coisa que eu teria que aprender seria...

   - Ser má.

   - Como você?

   - Exatamente.

   - Acho que estou começando a ficar com medo.

   - Não fique. Sou um doce de pessoa... Menos quando se trata de Tanya... Nesse caso, olha meu amor... Vamos dizer apenas que você não gostaria de me ter como inimiga. Então não mexa comigo.

   - Entendido. – Ela levou uma das mãos á cabeça, como se eu fosse o general e ela o soldado.

   - E então, o que me diz?

   - Não sei. Parece errado. E parece coisa daquelas garotas encrenqueiras que fazem de tudo por um cara.

   - Você gosta de Jimmy Choo’s?

   - São lindos. Estou economizando para comprar um.

   - Me ajude e ganhe o seu. De graça. Na hora. Você escolhe o modelo. Qualquer modelo. E de brinde ainda vem o meu irmão. Pelo que Alice me falou, você sente falta dele. O que me diz agora?

   - Tudo por um par de Jimmy Choo’s. E pelo seu irmão. Claro.

   - Era pra dizer vamos pegar a vadia.

   - Vamos pegar a vadia.

   - É, sobre isso, não acho que vai ter o mesmo efeito. Eu queria que ficasse como naqueles filmes sobre vingança sabe?

   - Aham.

   - E então, como vamos agir, general? – Ela deu mais um gole no cappuccino.

   - Soldado, vamos fazer Tanya passar por todas as fases de humilhação que existem. E enquanto bolamos os planos e tudo isso, você vai ter umas aulinhas.

   - Realmente estou com medo agora. Já temos alguma carta na manga?

   - Obvio. Sei todos os pontos fracos de Tanya. Para nosso primeiro ato, vamos lembrar o Ed de como Tanya é quando bebe. O pior pesadelo de qualquer pessoa discreta.

   - Ótimo. Gostei. Como vamos fazer isso?

   - Pois é, vai ter esse jantar da empresa dela e tudo o mais e pensei comigo “hey, oportunidades são feitas para serem aproveitadas, certo?”

   - Ok. E nós iremos embebedar a vadia?

   - Sim, vou tirar o barman da jogada e você vai ser a substituta dele. O que quer que ela peça, você vai encontrar bebida mais forte. Ela vai estar tão ocupada que nem vai notar a diferença.

   - Maléfico. – Bella comentou enquanto parecia estudar as etapas.

   - Obrigada. Só precisamos deixar você longe da vista de Edward, ou ele vai sacar na hora que tem coelho rico, loiro, poderoso e fino no mato de diamantes.

   - Não acho que seja uma tarefa difícil. Um daqueles chapéus pequenos de damas deve servir. Se arranjar um figurino que combino todos cairão.

   - Olha só para você, me impressionando mais a cada minuto. – Balancei minha cabeça para os lados e fingi fungar como se estivesse emocionada. – Que orgulho.

   - Quando é o jantar?

   - Daqui a dois dias. Vai ser formal, mais é da rotina de Tanya comemorar em boates. Relaxa, tudo vai dar certo.

   - E agora?

   - Agora cuidamos do figurino e de dos outros detalhes como, por exemplo, estudar as bebidas mais fortes do mercado. E depois podemos, sei lá, fazer compras, passar um tempo juntas sabe? Só para nos conhecermos melhor. Meu instinto me diz que você será minha nova melhor amiga.