Predestinadas escrita por RubyColt, Aella, Evelyn_s2


Capítulo 29
Bruna




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Assim que a Deusa nos deu sinal verde para meter porrada, eu tive que, primeiramente, me apreciar. Com licença, né. Minhas roupas novas, pretas com azul e brilhantes. Me senti melhor do que uma debutante. E minhas asas, o par de asas mais lindo do universo. Branquinhas que só, impecáveis, com azul e dourado decorando-as. A Deusa realmente entendia de glamour.

Me recuperei e me concentrei. Estávamos aqui por um motivo, e fomos abençoadas com essas coisas pelo mesmo. Olhei em volta.

Horrível… Todo mundo lutando, sangrando, e chorando… Tudo por cause desses corvos, urubus, como queira. Esses vermes que logo iam voltar para a tumba. Evelyn tava dando uma surra na Allyson, bem feito vadia. E a Cibele tava castigando a Neferet até dizer chega. As outras também estavam fazendo a parte delas, e a mais empolgada, claro, era a Marie. Estava orgulhosa de minhas amigas, já irmãs.

Senti uma sombra pairar sobre mim. Alto, moreno, musculoso... Velho e fedendo a cadáver.

- Kalona... – falei com ódio. Ele sim era a raiz de tudo isso. Por cause dele nós nunca tínhamos paz. Ele ia se ver comigo...

- Bruna... – Ele me imita e ri. Aquele olhos dourados me debochando. – Quer se render já e me poupar o tempo?

Ódio... ódio... crescendo dentro de mim...

- Você fala demais e faz de menos. – murmurei, mas sei que ele ouviu. Ficamos mais algum tempo assim, até que dei um soco nele. Sim, um soco, estávamos perto afinal.

Não pensem que fiz isso de burra, pelo contrário, ele não estava esperando isso, então aproveitei e invoquei a água.

Como minha raiva no momento era tanta, mais que em qualquer situação que já vivi, consegui controlar litros, e litros, e litros de água! E, é claro, mandei tudo com muita força em cima do desgraçado. Esmaguei-o contra uma parede, e a água vinha e vinha. Comecei a rir, e esse foi meu erro. Com isso perdi toda a minha concentração. Em resumo: me fudi legal.

Kalona era rápido, como era de se esperar, e veio correndo na minha direção. Chutou meu estômago, me fazendo cair, e meteu vários chutes em mim, vários no rosto. Acho que ele queria descontar sua própria raiva fisicamente primeiro, pra se sentir melhor.

Claro que era covardia, mas também é claro que filhos da puta não levam isso em conta. Eu tava apanhando, e nem tinha chegado a parte pior ainda. Ele controlou ondas escuras, como lâminas, e, sem dó, direcionou-as para mim. Meu rosto já estava todo sangrando. Meu lábio tava cortado e meu nariz quebrado. Com tanta dor, ele podia até ter deslocado minha mandíbula que eu não ia perceber. Essas lâminas vieram e me cortaram toda. Sei que ele podia ter arrancado meus membros com aquilo, mas ele devia querer apreciar minha morte, pra depois apreciar a morte de quem eu amava.

Eu lutava para ficar consciente, e foi quando vi um humano correndo no meio de tudo aquilo. Um humano. Humano. Só tinha um que podia ser...

Com todas as minhas forças, usei uma onda para derrubar Kalona pelos pés. Fiz uma barreira improvisada de água, que usei para mantê-lo preso ao chão, mas eu não ia agüentar segurá-lo assim por muito tempo.

- JESSEEEEEEEE! – Gritei o mais alto que pude, tentando o máximo pegar mais ar. Eu tava toda arrebentada, não tava fácil.

Meu humano, meu, veio correndo quando me viu. Eu estava agradecida, pois uma idéia já se formava em minha mente, mas tava PUTA, ele SAIU DO AVIÃO... Ele... frágil... vulnerável... SAIU!

O garoto se ajoelha ao meu lado, pegando meu rosto entre suas mãos.

- Meu Jesus... Bruna... Minha linda... Você ta toda... toda... – Ele não consegue terminar. Segura as lágrimas. Só de me ver assim ele já está sofrendo tanto...

- Jesse... – tento dizer, com falta de ar. Sinto Kalona forçar minha barreira de água, então uso todas as minhas forças para mantê-la firme. – Jesse... como diabos... e por que... – começo a tossir sangue e ele estremece, limpando com a manga – como você saiu...?

- Ah Bru, como se eu fosse realmente ficar lá. – Ele passa as mãos pelo meu cabelo, todo cheio de sangue. – Aproveitei que aquele piloto fortão vampiro tava cochilando e dei com a garrafa de champanhe na cabeça. Saí correndo e não olhei pra trás.

- Mas Jesse... você, aqui... vai morrer. – Dou uma pausa, para respirar de volta. – Olhe só eu como estou...

Ele acena com a cabeça. – Eu sei. Mas eu acredito em você e em suas amigas e aliados. Esses caras têm que morrer, para nós dois podermos sermos felizes. – Jesse sorri e me beija. Parecia que ele era o vampiro, de tanto sangue que ficou em seu rosto depois.

- Eu preciso... de um favor. – Lhe digo, agora não era hora de se controlar. Queria poder fazer isso não sendo numa situação dessas, mas fazer o quê? – Jesse... preciso beber... para ter poder para... – mais sangue meu, encharcando mais ainda minhas roupas novas. – matá-lo...

Ele concorda com a cabeça e me beija mais profundamente que antes. Demoramos a nos soltar, e quase solto minha barreira.

- Eu vou te amar pra sempre Bruna. Acho que, pelo que passamos, já posso dizer que te conheço melhor que ninguém. – Um sorriso, torto e sujo e nojento, brota em meus lábios. – E eu amo tudo em você. Tudo, porque são essas as coisas te fazem quem você é, essa mulher forte, corajosa, confiável, maluca e roqueira, por quem eu me apaixonei sem volta. Bruna, eu te amo, e arrisco tudo por você. Já fiz isso mais de uma vez. – ele ri, e eu também, mas acabo me engasgando.

- Eu também... Jesse... Amo você... – Abraço ele forte, e antes de morder aquele pescoço maravilhoso, beijo ele. Beijo como se eu não soubesse se ia sobreviver até o fim dessa luta com o Kalona, e era verdade. Eu não sabia. Afasto-me e dou um último sorriso.

Mordo. Agridoce... fluindo para dentro de mim. Não existe sensação melhor. Meu poder, minhas forças, minha energia e disposição pra lutar fluíam junto com seu sangue.

Bebi, e bebi. Fiquei com medo de matá-lo, mas ele me abraçou, sentindo minha relutância.

- Pegue mais. – sussurrou.

‘Seu desejo é uma ordem.’ Pensei. Eu podia morrer ali, assim, que tava mais que bom. E foi aí que quase aconteceu. Kalona tinhas e soltado da barreira, e eu nem tinha percebido. Ele de novo lançou suas lâminas das sombras, que agora não acertaram só a mim, mas o Jesse também.

Ele gemeu de dor, mas meu corpo cobriu a maior parte do seu, então não ficou tão ferido assim. E eu estava renovada. Kalona podia manter qualquer coisa pra cima de mim que agora eu ia agüentar, e devolver em dose dupla.

Deixei ele ali, mas ele sabia que precisava ficar perto de mim. Não para me fornecer mais sangue, mas pra me fornecer coragem e esperança. Com ele ali, eu sabia que valia a pena lutar, não importava o que custasse.

- Quer que eu mate esse humano? Ou você? – Perguntou o urubu rei. – Vou com você mesmo, pra ver esse saquinho de sangue chorar mais. Gosto tanto disso... – Sorriu para mim, e correu em minha direção com mais poderes das sombras. Eram tantos que eu nem conseguia descrevê-los.

Desviei, com o sangue de Jesse, consegui ficar tão ágil quanto ele. Agora sim a luta estava justa.

A minha tática era cansá-lo ao máximo primeiro, então eu desviava, corria em ziguezague e de vez em quando dava uns golpes nele. Percebi que Kalona ficava cada vez mais irritado, ele não achava que eu fosse ficar tão forte ou rápida que nem ele. E muito menos que eu fosse ficar fugindo dele. Ele queria um combate frente a frente, e não que eu ficasse correndo.

Mas, é claro, chegou uma hora que ele cansou. Não fisicamente, mas mentalmente. Ele decidiu então atacar o Jesse, que permanecia em seu lugar. Sorriu maleficamente pra mim antes de mandar um ataque que ia destruir meu namorado.

Jesse se levantou e correu, mas o golpe era dez vezes mais veloz que ele, um mero humano. Mas não era mais veloz que eu. Usei minhas asas para voar até lá, e, assim que pus os pés no chão novamente, ergui uma barreira que englobava nós dois. Os raios escuros de Kalona vinham aos milhares, mas batiam sem poder algum e sumiam em minha barreira. De algum modo, eu absorvia o poder dos ataques dele, contanto que tocassem na barreira. Acumulei um monte, até que a desfiz.

- Seu fim chegou Kalona. Volte para a cova, e queime incessantemente no inferno. – Falei friamente, e, com um golpe só, soltei tudo. Tudo. Era como se uma represa tivesse rompido, e ela seguia meu caminho. Kalona foi atingido de imediato, e a água continuava vindo. Minha fonte não ia acabar nunca. Me concentrei ao máximo e fiz algumas lanças de gelo, para perfurar várias e várias vezes seu corpo.

Não sei quanto tempo fiquei assim, mas sei que meu sorriso não deixou meu rosto nem por um minuto.


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