Desejos Inconsequentes escrita por Bruno Silfer


Capítulo 24
Capítulo 24: Desespero


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Venho aqui trazer o penúltimo capítulo regular de Desejos Inconsequentes. Eu digo "capítulo regular" porque depois do próximo capítulo, que será o último, ainda postarei três epílogos.

Desculpe a demora para postar, mas semana passada fiquei doente ao ponto de sentir dor de cabeça só de olhar para o computador, mas agora está tudo em ordem.

O capítulo não ficou tão longo quanto eu gostaria, mas creio que ficou bom.

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/195213/chapter/24

Ino terminou seu banho, mas não saiu do banheiro. Enquanto se enxugava ficava se olhando no espelho. Seu rosto estava vermelho e seus olhos estavam pesados. Não estava com ânimo algum para sair dali. A verdade lhe dava uma pontada na mente novamente. Esquecer Gaara... Esquecer... Não queria, mas estava de mãos atadas. O que poderia fazer? Devido a tensão do momento não lembrara de trazer roupas para o banheiro. Olhou em volta e a única roupa que havia lá era seu uniforme da escola. Aquele uniforme lhe trouxe um monte de lembranças. Era ele que ajudava a deixá-la tão desejável aos olhos dos homens na sua antiga vida, lembrava bem que o ruivo fora o único que não havia caído aos seus encantos mesmo com todas as provocações que ela fez. Um sorriso brotou em seus lábios. Tudo era tão diferente agora... Ela nem ligava mais para outros homens a assediando. O único homem que ela amava e que entregara sua alma e seu coração estava do outro lado da porta se sentindo tão inútil quanto ela. Vestiu o uniforme mesmo e saiu do banheiro. Ela teve o cuidado de encurtar um pouco mais a saia, mostrando ainda mais suas belas pernas, já que enquanto tomava banho vinha maquinando um plano desesperado para tê-lo junto de si para sempre. Sabia que poderia ser inútil, mas queria pelo menos tentar. Queria pelo menos lutar e, se fosse realmente inevitável, deixaria algo escrito para que não tentasse procurar o real dono do seu coração. Pensando nisso saiu do banheiro e surpreendentemente não o encontrou ali. Em cima da cama estava um bilhete dizendo que precisaria se ausentar e quando precisasse dele, usasse o caderno para chamá-lo. Ino agradeceu mentalmente ao semideus. Precisaria de tempo para pensar em paz.

XXXX

Gaara precisava conversar com alguém. Ele retornou àquela praça em que havia conversado com a semideusa de cabelos brancos e a chamou. Como esperado ela apareceu imediatamente, confirmando a suspeita dele, que ela estava os seguindo e observando o desfecho da situação entre ele e Ino.

– Sabia que estava nos seguindo.

– Você sabe não é? – ela sorriu – Não poderia perder o fim da história.

– Viu a reação dela?

– Vi. Eu estava atrás da parede que estava atrás de você.

– O que achou?

Ela virou para ele de corpo todo.

– Ela te ama de verdade. E você sente o mesmo por ela. Nunca imaginei que um dia veria um semideus amando uma humana e ela amando um semideus mesmo sabendo que não poderiam ficar juntos.

– Imagino que os outros também saibam do que eu sinto não é?

– Sabem, mas não se importam. Eles deixaram tudo com você.

– Entendo. Melhor assim.

– O que pretende fazer?

– Ela não quer fazer o terceiro pedido. Não quer me esquecer.

– Você disse que ela é obrigada a fazer esse pedido mais cedo ou mais tarde não é?

– Ela sabe disso. Ela falou aquilo por desespero.

– Como você, eu não sei o que se sente quando se está desesperado, mas como sabemos como é o amor não é difícil se colocar no lugar dela.

– Eu pensei que mesmo com tudo isso ela conseguiria superar quando precisasse me esquecer.

– Você a deixou forte Gaara. Ela realmente precisava da sua ajuda e a usou com maestria. Só que você é exatamente o tipo de homem que ela procurou a vida inteira. Vocês não têm culpa, apesar de tudo.

– Não sei o que fazer...

– Ela vai fazer o último pedido mais cedo ou mais tarde. O que fará depois que apagar a memória dela?

Ele olhou para o chão e depois para ela novamente.

– Eu seguirei com a Ino. Ela não lembrará de mim ou poderá me ver, mas eu a acompanharei até o último sopro de vida dela.

A semideusa se comoveu.

– Isso sim é amor Gaara. Você pode se considerar imperfeito, mas é o que mais entende os humanos e seus sentimentos. Você é o mais perfeito de nós.

Obviamente ele não acreditara nisso. Para ele, sempre seria alguém imperfeito criado por seres tão imperfeitos quanto ele. Não importava tanto agora.

– Lembra do que eu disse Gaara?

– O que?

– Sobre os sentimentos extremos.

– Lembro...

– Confie nela.

– Por que me diz isso?

Ela sorriu e pôs a mão em seu ombro esquerdo.

– Você sabe tão bem quanto eu que quando um humano nos conhece e descobre a extensão dos nossos poderes ficam deslumbrados. Eles querem que nós façamos tudo por eles, mas não entendem que são eles que têm o poder para mudar o destino. Se um humano entender esse poder que tem, poderá fazer coisas incríveis.

– Você está certa, mas ainda não achei alguém assim.

– Tem certeza?

Ela estava misteriosa demais. Gaara não gostava disso, mas não conseguia ficar com raiva ou chateado com aquela criatura de cabelos brancos. Dentre todos os semideuses ela era a única que realmente tinha seu respeito e ela o considerava mais que seus “irmãos” semideuses de puro sangue. Aquilo tinha um grande efeito em ambos. Criaram um laço de confiança mútua.

– O que está imaginando?

– Não sei, mas não consigo aceitar que vocês terminem assim.

– Já me surpreendi muito com a Ino, mas não sei se ela vai conseguir ver as coisas desse jeito diferente.

– Confie nela Gaara. Eu já disse.

Ela realmente havia gostado da Ino. Sinceramente, pensava ele, não teria como alguém não gostar dela. Tão bonita e, ao mesmo tempo, tão sorridente e sabia alegrar quem quer que convivesse com ela. Tão insegura em relação ao amor que ele teve que mostrar o caminho certo para que ela fosse feliz. Ironicamente foi isso que a fez se apaixonar por ele e foi isso que fez a situação estar como agora. Sua “irmã” disse que deveria confiar na sua garota e era isso que faria.

Nessa hora sua mente recebeu uma mensagem. Ino o estava chamando de volta usando o caderno. A semideusa entendeu o que a expressão do ruivo queria dizer e se despediu dele com um sorriso calmante. Ele voltou para a casa da loira onde ela o esperava sentada na cama.

XXXX

Ela estava nervosa. Havia tomado uma decisão. Era arriscado, sabia, mas a possibilidade de um dia ter que esquecê-lo à força a deu coragem para fazer o que pretendia. Se arrumou um pouco mais e o chamou com o caderno. Ele logo apareceu na sua frente e a olhou confuso.

Ele chegou e quando a olhou ficou confuso. Ela estava arrumada, não que não se arrumasse com frequência, mas apesar de tudo o que ela havia feito, estava com o uniforme da escola e com a saia mais curta, não pôde deixar de notar. Ela estava visivelmente nervosa e quando o viu levantou-se e caminhou em sua direção. Ela parou de frente para ele e o olhou nos olhos.

– O que está fazendo Ino? – a voz dele saiu calma, já que ele não podia sentir nervosismo ou algo parecido.

– Fiquei mais bonita para você. – ela respondeu um pouco tímida, algo que não era normal nela.

– Você já é linda. Mesmo quando acorda toda descabelada de manhã.

Aquilo a fez ficar vermelha e rir ao mesmo tempo. Ele sabia como agradá-la e fazê-la feliz somente com palavras. Como ele conseguia? Simples, essas palavras não eram simples sons, elas carregavam amor junto.

– Por que o uniforme?

– Eu sei que é a roupa que mais gosta que eu vista. Então a coloquei.

– A saia está mais curta de novo...

– Eu sei... Eu mesma fiz isso... Eu quero te recompensar depois...

Ela se afastou e foi para perto da janela. Enquanto andava seus quadris balançavam e com a saia curta causava um efeito terrível para qualquer homem. Se ele tivesse um corpo humano... Mas ainda não entendia o que ela pretendia. Nunca a havia visto tão frágil e nervosa como agora. E o que significava “recompensar”? Ele não fez nenhuma pergunta. Deixaria ela própria se pronunciar quando se sentisse pronta.

Ela se voltou para ele e o observou. Ele a olhava como se quisesse decifrá-la até o fundo da alma. Lembrava que nunca o deixara ler a sua mente, tudo para que ele não descobrisse que ela o amava, mas agora que ele já sabia e retribuía não havia lembrado de deixá-lo ver a sua mente. Não viu importância nisso. Ele sabia o que ela escondia no coração e isso nem os poderes semidivinos dele poderiam ver, mas ela mostrou espontaneamente. Deixou uma lágrima cair enquanto o mirava de longe. Reuniu forças para falar.

– Eu vou fazer o terceiro pedido.

Ele paralisou. Sabia que ela precisaria fazê-lo mais cedo ou mais tarde, mas não imaginou que ela o faria tão rápido. Ela queria se livrar logo da dor de perdê-lo e esquecê-lo? Ela estava tão desesperada assim? Queria abraçá-la e dizer que estava tudo bem, mas não poderia. Ino o surpreendia mais uma vez. Lembrou da semideusa que o pediu para confiar na loira e era isso que faria.

– O que irá pedir então?

Ela reuniu toda a força que tinha e também a que nem imaginava que tinha. No fundo estava morrendo de medo que desse tudo errado e o fizesse apagar a sua memória antes da hora. Ela sabia que teria que fazer o terceiro pedido cedo ou tarde, mas queria ficar o máximo possível com ele. No entanto sabia que não poderia adiar para sempre. Ele a ensinou a ser forte e seria forte por ele e para ele, mesmo que isso significasse esquecê-lo para sempre. Reuniu todo o ar de seus pulmões e exclamou:

– Eu quero que você vire humano! – As duas lágrimas que rolaram dos olhos da garota falaram mais que um milhão de palavras e o ruivo as entendeu perfeitamente. Antes que ele abrisse a boca para responder ela completou – E que fique comigo para sempre!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!