Desejos Inconsequentes escrita por Bruno Silfer


Capítulo 23
Capítulo 23: Desilusão


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Para iniciar a reta final da fanfic aqui está mais um capítulo. Esse é um dos mais tensos, senão o mais tenso, de todos. Para os que tentaram adivinhar o que o Gaara queria dizer acho que vão se decepcionar consigo mesmos, já que era meio óbvio.

Sem mais. Boa leitura!



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“Você sabe o que acontece quando um humano faz os três pedidos para um semideus?”

Ino assustou-se. Sabia que ele tinha algo que precisava ser dito quando ela fizesse o segundo pedido. Não pensava que seria algo grave, a primeira revelação dele foi dar-lhe um sonho, mas pelo semblante do semideus à sua frente estava claro que aquele clima de alegria não seria repetido.

– O que quer dizer? – perguntou a garota assustada – Existem mais custos a pagar?

– Não, fique tranquila quanto a isso.

– Então o que é?

– Existe uma regra geral entre todos nós semideuses. Toda vez que acompanhamos humanos temos que fazer algo depois que tudo acaba. – respirou fundo – Quando os humanos que acompanhamos fazem os três pedidos, nós apagamos a memória deles.

Apagar a memória? Como assim? Esquecer tudo? Esquecer Gaara? Não podia acreditar. Não queria acreditar. Sem querer seus olhos começaram a ficar marejados.

– Por que fazem isso?

– Seria perigoso se humanos que não são dignos descobrissem sobre a nossa existência. Sabe como eles são.

– E os pedidos? Como vão ficar?

– Você preservará o que pediu, só esquecerá que fui eu que te concedi.

– Então é assim? – uma lágrima desceu – Tudo vai acabar assim? Vai mesmo me fazer te esquecer?

Gaara ficou com o coração pesado. Por não ter fraquezas humanas estava conseguindo manter a compostura, mas só ele sabia como estava sendo difícil dizer aquelas palavras.

– Não pense que eu quero fazer isso Ino. Só que eu preciso seguir nossas regras.

– Dane-se as regras!! Eu te amo, droga! Isso não significa nada?

– Você acha que eu quero que você me esqueça, Ino?

– Então... Faz alguma coisa. Não quero que vá...

– O que posso fazer...?

– Se eu nunca fizer esse pedido você vai ficar para sempre?

– Teoricamente sim, mas o que adiantaria... Nós não podemos nos tocar...

Ino chegou perto do semideus e disse:

– Você acha que eu ligo? Quando eu me apaixonei sabia perfeitamente que não poderia te tocar ou te beijar. Não quero que vá, não quero esquecer você...

Gaara sentiu uma vontade enorme de abraçá-la. Naquela hora queria ter um corpo para que pudesse ao menos confortá-la. O que poderia ser feito? Não podia dizer...

– Ino, por favor...

– Você vai me esquecer também?

– Não. Eu sempre poderei acompanhá-la. Só que você não lembrará mais de mim nem poderá ver ou ouvir qualquer semideus.

– Não é justo... Justo agora que eu encontrei o que eu tanto queria tudo dá errado...

– Ino...

A garota agora chorava de verdade. Virou de costas e sentou na cama. Com os braços apoiados nos joelhos passou algum tempo digerindo tudo o que ouvira. Ter a memória apagada... Esquecer tudo...

– E a Sakura e a Hinata?

– Terei que apagar a memória delas também, já que elas me conheceram.

Não adiantava. Quanto mais pensava, mais difícil tudo parecia. Tudo o que lhe restava no momento era perguntar.

– O que vai acontecer comigo?

– Como assim?

– Você disse que poderia prever o meu futuro por uma única vez. Quero que faça isso agora. O que vai acontecer comigo no futuro sem você.

Ele não queria fazer aquilo. Tinha medo do que poderia ver, mas não poderia recusar o pedido dela. Ele estendeu a mão e fechou os olhos. Depois de um minuto voltou a abri-los.

– E então? – perguntou a garota ansiosa – O que viu?

Ele respirou fundo.

– Não é muito animador.

– Como assim?

– Quando eu apagar a sua memória, você esquecerá de mim, mas não esquecerá que me ama.

– Não entendi.

– O amor é algo que nem os meus poderes podem apagar. Você esquecerá de mim. Você lembrará que amou alguém com todas as forças e que aquela era a pessoa certa para você, mas não conseguirá lembrar quem é.

– O que eu vou fazer?

– Você irá procurar essa pessoa. Vai namorar muito tentando encontrá-lo, mas não conseguirá achar o mesmo conforto e a mesma sensação de que sua memória tem guardada. Irá se aventurar, seus namoros serão curtos e em dez anos, quando você desistir de me encontrar, você chegará a casar. Essa família a ajudará a preencher a lacuna que a sua dúvida proporcionará. Morrerá com oitenta e cinco anos e sua única dor será não ter conseguido lembrar do rosto daquele que a fizera tão feliz.

Ino ouviu tudo abismada. Era o seu futuro. Ela, como previu, jamais conseguiria esquecer o amor que sentia pelo ruivo, mas também jamais conseguiria lembrar dele novamente.

– Tem consciência que vai me fazer carregar pela vida toda uma dor que só de me imaginar a sentido dá vontade de morrer?

– Por isso eu não queria ter que fazer isso...

– Todos os humanos que você acompanhou passaram por isso?

– Todos sem exceção.

– Eles ficaram bem?

– Pelo que vi nos futuros deles sim.

– Então por que só comigo é diferente? Por que só eu preciso sofrer?

– Porque ocorreu algo inesperado.

Ela o olhou em dúvida. Ele esclareceu.

– Não era esperado que uma humana se apaixonasse por um semideus. Muito menos previsto era que ele retribuiria com todas as forças...

– Gaara...

Ela se levantou e ficou colado nele. Passou a mão pelo seu rosto como se pudesse senti-lo e voltou a chorar pesadamente. Não queria esquecê-lo. Queria ele ali ao seu lado para sempre mesmo que nunca pudesse tocá-lo. Tudo parecia tão difícil, tão complicado...

– Escuta Gaara. Eu não quero que você me faça te esquecer... Tem que ter um jeito! Não é justo!

Ela correu para o banheiro e fechou a porta. Logo o barulho do chuveiro foi ouvido, misturado com os soluços da garota. Gaara estava tão destruído quando a sua amada. Queria não poder fazer aquilo. Como queria... Só que ele não poderia. Se ele tivesse nascido humano teria dado certo? Ele a conheceria e se apaixonaria por ela? Ela retribuiria? Sabia que não, sem os poderes ele não a teria desvendado e não a teria feito ver o que ela realmente é, sua real beleza, suas reais qualidades, as que a tornavam tão especial e única. Seus poderes não poderiam ajudá-lo agora. Quando mais precisava deles, se tornaram inúteis. Se sentiu fraco, sem poder fazer nada, sem poder ao menos consolar a mulher que amava.


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