Entre pais e filhos:

Capitulo III

Os três jovens csi’s entraram no escritório de Grissom com uma vaga ideia do assunto que seria discutido. A julgar pelo semblante do chefe, nenhum deles estava muito animado para receber o que seria provavelmente uma conversa desagradável sobre ética no trabalho. Sara ainda menos.Afinal, ela não tinha culpa se o pessoal falava de tudo na frente dela.Era impossível não escutar. Ela nunca foi atrás das fofocas.E era exatamente isso que Sara falaria a Grissom. Eu não vou levar uma bronca a troco de nada!Não mesmo!

Antes que ela pudesse dizer algo,porém, Grissom falou:

- Pessoal sentem-se,fechem a porta e guardem tudo que vocês têm para falar para depois.Vamos só esperar o Greg.Não quero me repetir.

Não precisaram esperar muito e Greg apareceu,trancando a porta a pedido de Grissom.

-Como vocês já ouviram falar, meu filho está aqui comigo hoje.Eu só o trouxe porque não quero deixá-lo sozinho em casa.Não por enquanto.

Grissom parou de falar para olhar no rosto de cada um de seus subordinados.Como ele imaginara a notícia não era novidade para ninguém. Ele se demorou um pouco mais no rosto de Sara, encontrando ali uma emoção diferente da dos outros.Seus olhos pareciam refletir uma tristeza maior do que a de costume.Para ela um filho significa uma família, uma mulher que provavelmente recebia o amor que neguei a ela.Ah ,querida, se você soubesse o quanto isso não é verdade! Como Grissom queria tirar essas ideias da mente de Sara.Mas fazer isso  na frente de seus amigos traria mais problemas do que soluções.Sem contar que Grissom tinha que se concentrar no seu filho agora.Isso significa que se Mathew tivesse que passar alguns dias no laboratório o menino o faria sem ser o centro das atenções.

- Mas esse não foi o motivo pelo qual eu chamei vocês aqui.Afinal disso vocês já estavam cientes. E sim sobre como vocês ficaram sabendo.

Mas uma pausa para ver as reações deles. Quando ele viu que Sara iria falar ele a cortou rapidamente

-Eu nunca liguei muito para essas fofocas,boatos que rondam aqui pelo lab, nem os que me dizem respeito. Eles são fundados em mentiras, portanto não poderiam me ferir.Mas quando esses boatos falam do meu filho isso vira outra história.

-Grissom,você pode até estar certo ao defender seu filho.Mas essa conversa deveria ser dirigida a quem está criando a confusão e não a mim,ou a nenhum de nós

-Mesmo que não seja você a começar os boatos, Sara, tenho certeza que podem me ajudar a acabar com eles.Por isso essa conversa.Se vocês sabem os meus motivos para querer acabar com eles, não vão achar que sou só eu sendo obtuso novamente.Assim nada fica escondido e não haverá motivos para as pessoas ficarem especulando em vez de trabalhar,como são pagas para fazer.

-Isso significa que poderemos fazer perguntas Griss?- Greg perguntou, tentando quebrar o gelo criado pelo quase monólogo de Grissom.

-Na verdade vou dizer só o necessário.Matt vai morar comigo de agora em diante.Antes ele morava com sua mãe que tinha sua guarda em Marina Del Rey.Ele tem quinze anos e sempre viveu com ela.A adaptação vai ser difícil e eu espero sinceramente contar com a colaboração de vocês se eu precisar faltar ao trabalho ou algo do tipo.

Foi tudo o que Gil conseguiu dizer.Até porque os outros não precisavam saber de mais nada.Não contou sobre a morte de Melissa porque seu filho não precisava de ninguém o tratando como se ele fosse quebrar a qualquer instante.Ele próprio já fazia isso por demais.

O silêncio formado após a fala de Griss foi interrompido por Sara.Ela não queria mais ficar ali.Ele não falou nada sobre a mãe do garoto então ela podia não estar mais na vida de Griss.Porém,mesmo que não, se o garoto iria morar agora com Griss a mãe com certeza iria ser presença constante na casa o que poderia levar a ... Não ela não queria pensar nisso! Resolveu então acabar logo com a tortura.

-Bom parece que já está tudo resolvido.-ao ver a cara que Griss fez foi logo falando- Não se preocupe Grissom eu vou fazer o que você pediu.Tenho muito trabalho agora.

E saiu porta a fora sem esperar Griss dar uma resposta.O homem deu um forte suspiro,pensando que realmente não conseguia entender essa mulher em particular.Se ele não se abre ela fica brava, agora se ele o faz fica brava do mesmo jeito! Grissom então dispensou os outros CSI’S para tentar fazer algum trabalho.

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Após o tour dado por Catherine, Mathew se instalou no breakroom,mas ficou lá por pouco tempo.Ele tinha a ligeira impressão de ser vigiado em qualquer lugar que estivesse .Isso aqui parece mais com os bastidores de um jornal de fofocas do que com um laboratório!

Mathew não sabia mais aonde ficar. Ele odiava ser o centro das atenções e isso acumulado com todos os fatos das últimas semanas fez com que ele desejasse sumir dali. E foi exatamente o que ele fez. Pegou sua mochila na sala vazia do pai e saiu na noite quente de Las Vegas, sendo notado por um grande número de técnicos. A recepção estava vazia (hora do lanche da Judy!) então o garoto saiu sem nenhum problema.

Agora restava tomar uma direção que provavelmente o levaria para bem longe dessa vida ridícula ao lado de quem nunca esteve presente para ele.O garote se encontrava tão perturbado, tão cansado.Suas pernas o levaram pelas ruas desconhecidas e imundas, nas quais pessoas bêbadas cambaleavam, profissionais do corpo trabalhavam ( tentando ser politicamente correta! ;p) pessoas eram atiradas sem dinheiro dos cassinos.A cidade era um caos, exatamente como o garoto andando por ela.

Ao chegar em uma lanchonete o garoto resolveu parar para descansar e tentar resolver o que faria dali para frente.

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Grissom andava desesperado pelos corredores do lab.Após a conversa com seus csi’s ele fora distraído pelos inúmeros resultados dos casos da noite.Além disso um telefonema inesperado do Xerife o fizera perder uma hora de trabalho.

Aparentemente um de seus aliados se envolvera em uma briga que acabou em assassinato.Infelizmente o caso caíra nas mãos de Grissom e fora passado para Sara.Se o amiguinho do Xerife fosse mesmo culpado Grissom temia pelos resultados.Ao que parece o homem era um grande aliado do xerife e esse deu a entender que ele alcançaria os resultados preferíveis de qualquer jeito.

Esse caso tinha todo o jeito de virar uma briga feia e ,como sempre, a corda sempre arrebenta no lado do mais fraco.No caso seria Sara.Griss realmente precisava avisá-la para tomar cuidado.Não que ele quisesse se render aos caprichos do xerife.Mas nessas horas era necessário ter um jogo de cintura enorme que nenhum dos dois possuía. Por que não dei esse caso para Catherine?!        

Quando Gil se deu por si já era o fim de seu turno. Antes de ir para casa ele realmente precisava falar com Sara.Ela provavelmente estaria fazendo uma hora extra, então ele resolveu procurar por sua csi e por seu filho.

Ao andar por todo o laboratório e não ver sinal de nenhum dos dois o supervisor começou a ficar tenso.O último lugar a procurar seria o vestiário, mas lá só estavam Catherine e Warrick. Ao avistar o amigo Cathy avisou:

-Gil a Sara já foi embora e seu filho estava na sua sala.

-Acabei de sair de lá e ele não estava.Não está em nenhum lugar para falar a verdade.

-Gil eu..-Cathy foi cortada por Gil

-Olha Cathy por que você não ficou com ele como eu pedi!-ele estava alterado

-Gil eu não sou paga pra ficar de babá.Tive uma abertura em um caso antigo e fui investigar!

-Você não devia deixá-lo sozinho aqui!

-Gil ele não é nenhum bebê!Eu não iria imaginar que ele sumiria assim!

A amiga estava certa.Além do mais ela não sabia dos problemas que pai e filho tinham.Não era culpa sua que Gil não tinha nenhum tato ao lidar com seu filho.Mas isso não acalmava a angústia que o tomou quando não conseguiu achá-lo onde o deixou.Sem falar mais nada partiu para a garagem para começar a procura por seu filho.Antes de entrar no carro Gil ligou para Brass e pediu ajuda para encontrá-lo.

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Naquela noite Sara saiu na hora do trabalho.O caso no qual ela trabalhava não estava mais na sua cabeça e ela detestava fazer um trabalho porco. Resolveu ir comer algo em um restaurante preferido dela perto de sua casa.

Como sempre o lugar estava vazio àquela hora.Somente um ou outro cliente se encontrava ali.Sara foi até o balcão e fez o seu pedido. Enquanto esperava olhou a sua volta,como um bom csi está acostumado a fazer. As mesmas pessoas freqüentavam o lugar,trabalhadores da noite assim como ela.Encontrou somente um rosto desconhecido.Um garoto que parecia vagamente com alguém que ela meio que conheceu só hoje.Mas será possível?!Ele não me deixa em paz!

Sara foi acordada de seu devaneio pelo atendente com sua comida. Assim que pegou a comida tratou de se sentar atrás do garoto...Mathew era seu nome não?Bom se ele está aqui provavelmente Grissom também estaria.Sara teve um impulso de largar toda a sua comida ali e sair correndo, com medo de Grissom acusá-la de perseguição. O que a fez ficar foi o fato de que ela sempre freqüentava o restaurante há muito tempo por ser um com opções vegetarianas e perto de sua casa. Então a melhor opção agora seria agir como se manda a etiqueta.Dar um rápido oi,engolir a comida e sair correndo dali antes de se fazer de boba.Talvez até pedir desculpas por seu comportamento na sala dele.Culpa da TPM, ela diria.

Por que eu não pedi para viagem como sempre?Ahhh!!!!

Respirou fundo e esperou alguns minutos para ver se encontrava Grissom.Depois que ela comeu metade de seu sanduíche e ele não aparecera achou estranho e resolveu ir ver o que estava acontecendo.

-Ei você é o Mathew, não é?

O garoto deu um pulo da cadeira e olhou assustado para ela.

-Hã... é sim sou eu- ele olhou para a morena tentando reconhecê-la.Parecia já ter visto a mulher em algum lugar.

-Desculpe pelo susto.Sou Sara Sidle, trabalho com seu pai.

Quando Sara terminou de falar percebeu que o garoto ficou mais para baixo do que já estava.Sentindo-se desconfortável resolveu que essa era a deixa de ela ir embora.E Sara já ia mandar uma desculpa quando Mathew voltou a falar.

-Você falou com ele não é?

-Com seu pai não desde que sai.

-Ah...- O garoto não sabia se ficava aliviado por seu pai não o estar procurando ou triste por realmente não se importar com ele.

-Mathew...seu pai sabe onde você está?

-Sim ele....- respondendo muito rápido ele se enrolou para inventar uma desculpa- ta....no...banheiro!

-Então vou me sentar e esperar por ele aqui- Sara percebeu que Mathew estava mentindo e que estava sozinho.

Depois de uns minutos Sara tornou a falar

-Ele não está aqui realmente né?

O garoto não respondeu.Rapidamente se levantou e foi porta a fora.

Sara xingando Grissom,Deus e o mundo (nessa ordem exatamente!) foi atrás do garoto.Sua sorte foiarua estar lotada(é Vegas,baby!) pois Matt não conseguiu sair dali rapidamente.Ao alcançá-lo, Sara o pegou pelo braço ,puxou para o lado e o largou

-O que você pensa que está fazendo!- o garoto gritou-Me deixe em paz!

-Eu até o faria se você soubesse para onde está indo.-Apontou para a direção que Mathew tomara- Você ia se enfiar num beco. Pode até ir parar em um lugar perigoso.Vegas não é uma cidade boa para se perder a essa hora..ou a qualquer hora

-Eu detesto essa cidade!

-Junte-se ao clube.

-Você não é daqui?

-Não...eu sou da Califórnia

-Eu também.Isso aqui é um inferno transformado em cidade!

-Haha.Verdade.Sou muito mais o calor da praia com a brisa do mar do que essa cidade do neon 

Mathew esboçou um sorriso , o primeiro dele do dia.

-Eu também. Só estou aqui por causa do meu pai

"Nós dois estamos,meu bem..." pensou Sara

 -Bom essa conversa tá boa,mas eu não gosto muito de conversar assim no escuro.O que você acha de eu dar uma carona para você até a sua casa.No caminho a gente pode falar mal de Vegas a vontade.

-Eu não tenho casa aqui.

-Não me diga que o Griss ta fazendo você dormir num hotel?

-Não...na casa dele...mas eu não me sinto bem lá.

-Nossa...olha Mathew...vem comigo.Eu não vou te deixar lá mas...  vou avisar Grissom que você está comigo?Ele deve estar muito preocupado.

-Fique a vontade...aposto que ele não está nem aí para onde eu estou.

O coração de Sara se apertou ao ouvir aquilo.Mathew não tinha nem ideia de como o pai o amava.Ela via isso nos olhos de Grissom.Coisa que ela nunca vira nos olhos do pai...ou que ela nunca vira parecido nos olhos dele para ela.Era por isso que ela estava triste esse dia.Grissom não podia amá-la porque ele já tinha um filho e com o filho uma mulher que amava...mesmo que não estivesse junto com a mãe do garoto há um tempo, não devia deixar de amá-la.Qual seria a razão de seu filho se mudar se não fosse isso?Formar uma família novamente.

E mesmo assim,Mathew não se sentia querido.Mas por quê?Isso não deveria interessar agora.Sara conhecia muito bem o sentimento de rejeição.Primeiro do pai abusivo,depois dos anos passados em casas diferentes sem nenhum amor.A rejeição e a falta de carinho são as piores experiências do mundo!Mathew é amado, só precisa saber. E ela ajudaria Mathew a enxergar isso.Faria isso por ele, por que toda criança merece ser amada.Faria por Grissom pois mesmo construindo uma família ele era um dos homens mais tapados sobre as histórias do coração.Faria isso porque ,apesar de tudo, amava o homem acima de tudo.E como dizia sua mãe, quem beija os meus filhos minha boca adoça.

Sara então levou Mathew a seu carro . No caminho ligou para Grissom se afastando do garoto para que ele não ouvisse a conversa.

-Ei Griss.

-Não é rápido...

-é sobre o Mathew...

- é ele ta comigo....

- Ele estava em uma lanchonete perto da minha casa

-Não é problema nenhum Griss...escuta

Ele ta muito chateado com algo...eu acho que posso descobrir o que é...

-Nos temos muito em comum...talvez eu consiga quebrá-lo

-Escuta vai dormir e antes do turno eu deixo ele na sua casa....

-Não se preocupe, tá comigo, tá com Deus...

-Hahaha... sério não se preocupe.

-Não há de que Griss...

-Eu faço isso porque te quero bem...-ops informação demais!desligando agora

-Amanhã eu te ligo tchau!

E dirigiu para casa pensando se estava prestes a cometer a maior burrada do século.