Entre Pais E Filhos escrita por Carol Bandeira


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Bom gente,nesse capítulo o plano de Sara de ajudar Mathew acaba dando certo demais,e o garoto acaba descobrindo uns sentimentos novos dentro dele.
Também uma pitadinha do humor do nosso querido Jim Brass para vocês!
Boa leitura!



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Entre pais e filhos

Capítulo IV:

Grissom se encontrava em casa esperando notícias de Brass sobre seu filho.Brass tinha feito com que Gil voltasse para casa alegando que talvez Mathew pudesse retornar quando tivesse esfriado a cabeça. Ficar em casa deixava o homem mais nervoso do que já estava, sem poder fazer nada para achar seu filho.

Eu devo ser o pior pai do mundo...só vejo meu filho algumas vezes por ano e quando ele vem morar comigo já o perco com menos de uma semana!

Gil tentou pensar em tudo o que fez com Mathew nessas semanas, mas para ele nada parecia ser algo que motivasse uma fuga. Ele tinha comprado todas as comidas favoritas do filho,arrumou o quarto dele em tempo record, deixava o filho ficar com Hank no quarto por ver que o cachorro o acalmava .Fizera de tudo para deixar o filho feliz e nada!Gil Grissom realmente era um homem perdido!

O perito já ia pegar as chaves do carro para dar mais uma volta e ver se achava o filho quando o celular tocou.Atendeu sem nem ver quem era, na pressa de ter alguma boa notícia.Ao ouvir a voz de sua colega Sara,pela primeira vez  na história dos dois,sentiu-se desapontado ao atendê-la.

-Ei Griss

-Sara, agora não é uma boa hora.

-Não, é rápido...

- Sara, agora eu realmente não tenho tempo para ouvir sobre algum caso, ama...

-É sobre o Mathew...

- Como?Você o achou?

- É ele tá comigo....

-Graças a Deus...onde ele se meteu?

- Ele estava em uma lanchonete perto da minha casa

-Sara, eu não tenho palavras para agradecer a você agora...

-Não é problema nenhum Griss...escuta .Ele está muito chateado com algo...eu acho que posso descobrir o que é...

-Eu sei...é toda essa situação nova pela qual nós todos passamos...eu não sou bom com isso...estraguei tudo Sara! Ele deve me odiar agora e eu nem sei o que fiz de errado!

-Griss não se preocupe.Vou tentar falar com ele...

-Mas como, Sara?! Ele é sangue do meu sangue e nem pra mim ele se abre!

-Ele se parece muito com o pai então,não acha?Todo fechado...

- É verdade- agora Grissom deu a primeira risada desde que descobrira que Mathew fugira.Só Sara mesmo para alegrá-lo

- Griss, não se preocupe.Nós temos muito em comum...talvez eu consiga quebrá-lo

-Ah querida,não precisa se preocupar com isso...Você está em casa?Vou passar aí para pega-lo.Mathew tem um problema comigo e eu que devo resolver.

-Nada disso, senhor!Ele precisa de alguém imparcial para conversar...você vai ver. Vai dormir e antes do turno eu o deixo na sua casa....

-Tem certeza de que não vai ser nenhum incomodo?

-Sim. E Griss?Não precisa se preocupar: tá comigo tá com Deus...

-Agora mesmo que eu me preocupo.Não era mesmo você que dizia não ter jeito para crianças?- sua voz saiu com um tom zombeteiro agora

-Hahaha... Ele é um adolescente! Sério, não se preocupe.

-Sara, muito obrigado por isso

-Não há de que Griss...

-Eu ainda vou dar um jeito de retribuir isso

-Não precisa Griss.Eu faço isso porque te quero bem...-

O coração de Grissom disparou agora.Foi isso o que eu ouvi mesmo?Quando ele recuperou a voz para responder ela já veio o cortando.

 -Amanhã eu te ligo tchau!

O homem ainda ficou parado com cara de bobo por algum tempo.Será que isso significava que Sara ainda poderia lhe dar uma chance?Será que se ele a convidasse para um encontro ela não pisaria seu coração como ele havia feito com ela,não muito tempo atrás? Só depois de balançar bem forte a cabeça Gil conseguiu sair do estupor que o telefonema o colocara e lembrou de avisar a Jim.

-Brass falando

-Jim pode parar de procurar...Mathew apareceu.

-Que bom Gil!Como ele está?

-Eu não sei...Sara acabou de me ligar dizendo que o encontrou perto da casa dela.Diz ela que estão tendo uma conversa interessante.

-Sara, a nossa Sara Sidle!- Jim então caiu no riso!

-Jim, não tem nada de engraçado nessa história toda!

-Mas...hahahaha..é claro...hahahaha..que tem Gil!Hahahahaha

-Jim, por favor!

-Desculpe amigo...mas você tem que admitir.De todas as pessoas que poderiam ter ajudado seu filho em toda a cidade...ahahhaha.justo a mulher pela qual você está apaixonado que vai ajudar...auhauhuahua...deve ser o sangue Grissom correndo na veia da família.Admita amigo, o ponto fraco dos homens Grissom é a Sara Sidle.

O amigo,sentindo que poderia haver um pingo de verdade na fala zombeteira de seu amigo, não gostou nada.

-Jim, eu só liguei para que você desfizesse o alerta Amber pela cidade.Agora eu preciso ir.

-Ok, cara.Mas ó..sem ressentimentos ok?Foi só uma brincadeira para acabar com toda essa tensão do dia.

-Ok Jim.Sem ressentimentos.Boa noite e obrigado!

-É para isso que servem os amigos Gil.Boa noite.

Assim que os dois desconectaram logo pensaram...brincadeira uma ova!

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Após a conversa com Grissom ,Sara, vermelha de vergonha,entrou no carro e deu partida.A corrida foi muito curta e silenciosa.Os dois continuaram calados até chegarem na casa de Sara.

A mulher ,por achar melhor deixar o garoto falar algo no tempo dele,sem pressão nenhuma.E também se martirizando pela ideia estúpida de tentar ajudar esse garoto.Afinal, que ajuda eu posso ser quando eu mesma venho de uma família tão disfuncional?Agora,entretanto,não era a hora de pensar nisso.Ela se comprometera a ajudar Mathew nessa hora difícil e ela não se chamaria Sara Sidle se não o fizesse.

Mathew também estava quieto por motivos parecidos.O que dera nele para confiar numa mulher que ele nunca vira na vida?Ela parecia ser tão legal,provavelmente veio de uma família feliz,com os pais juntos e irmãos e cachorros e passeios de fim de ano...o que ela sabia que poderia ajudá-lo?

O som da porta da sala batendo fez com que ele se assustasse.Sara pediu desculpas e falou para ele ficar a vontade.Depois de um pequeno tour Sara deixou o garoto na sala vendo TV para tomar um banho.Quando ela voltou a sala,uns 20 minutos depois,Mathew dormia profundamente.Sara então pegou um cobertor e tentou deixar o garoto confortável, bem, o melhor que se poderia ficar em um sofá.Amanhã então eles conversariam.

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Mathew acordou com cheiro de café no ar. Uma primeira olhada ao seu redor o informou que não se encontrava no seu novo quarto na casa de seu pai. Depois se lembrou do ocorrido na madrugada e do lugar que se encontrava.

O estranho é que ele não se sentira desconfortável na presença de Sara.No início sim,mas depois...Talvez fosse porque os dois tinham em comum o desgosto pela cidade,ou ainda porque ela não o tratou como um bebê. Seu pai não fazia outra coisa senão o paparicar.E se tinha uma coisa que sua mãe e avó fizeram foi cuidar para que ele não virasse um garoto mimado e dependente. Mais um motivo pelo qual seu pai o irritava.

Mathew se levantou do sofá sentindo-se descansado. Viu Sara na cozinha preparando um café e se dirigiu até ela. A perita viu o menino se aproximando e sem se virar da tarefa em mãos falou:

-Boa tarde.Você dormiu bem?Esse sofá não pode ser muito confortável.

-Sim...acho que estava cansado mesmo.

-Bom...então o que você geralmente toma de café da manhã?Ou melhor ,da tarde?

-Eu...cereal tá bom.

Os dois então se sentaram na bancada da cozinha e tomaram um café que consistia em cereal para Mathew e só uma xícara de café para Sara.

A perita esperou um pouco para tentar conversar com o garoto.A essa altura ela já achava que não conseguiria nada com ele.De onde veio essa ideia de conseguir fazer o garoto se abrir para ela,sendo que eles só se conheciam há um dia mais ou menos?Mas ela prometera a Grissom e tinha que tentar.

-Então Mathew,como vão as coisas em casa?-ela perguntou em um tom afável .

-Vamos bem.

O garoto não gostou da pergunta,ao julgar pela postura tensa que tomou.Sua resposta foi curta e Sara sabia que teria que mudar de estratégia se quisesse saber mais sobre ele.

-Tão bem que você resolveu fugir do seu pai, eu entendo isso.

-Você não entende nada!

-Claro que eu não entendo.Afinal eu só te conheci ontem.E pelo que vi, fiquei preocupada com você.

-Não precisa fingir.Eu sei que o meu pai te botou nessa para você tentar me acalmar e fazer com que eu veja milagrosamente a boa pessoa que Gil Grissom é.

Mathew levantou rapidamente da mesa e falou:

-Eu vou dar o fora daqui.

Sara nem se levantou.Ele não conseguiria sair mesmo...

-A porta está trancada e as chaves estão comigo.Você só sai daqui se eu deixar.

-E você pretende me prender aqui contra a minha vontade?

-É claro que não!

Sara balançou o chaveiro na frente do garoto

-Eu tranco a porta porque além de tudo essa maldita cidade é muito violenta.Eu sei bem disso com o meu trabalho.Como é em Marina del Rey?

-Bem calma.- O garoto parou em frente à porta,curioso com o rumo inesperado da conversa.

-Sua mãe deixava você sair sozinho quando vocês moravam lá?

- Para ir para a escola.- a memória da mãe fez com que o garoto tentasse pegar a chave da mão de Sara para sair dali e lamber suas feridas sozinho.A perita deixou o adolescente pegar a chave e se dirigir para a porta:

-Mas aqui é muito mais perigoso fazer isso.É por isso que me preocupei quando te vi sozinho.Ainda mais porque você não conhece Las Vegas.

-Eu sei me virar.Minha mãe me criou para ser independente

-Que bom.Porque parte de ser independente significa saber pesar todas as situações,fazer a melhor escolha que pudermos e se não for a melhor saber lidar com a situação da melhor forma possível.

-Por que você está dizendo tudo isso?-mais uma vez Mathew parou- Eu não preciso de filosofia barata na minha vida!

-Porque,meu caro, você não me parece tão independente ou corajoso assim.Sair correndo de uma situação nova desse jeito...

-Eu não estou correndo de situação nenhuma!Eu só...só.

-Você só está com medo.E isso é natural,Mathew. Você foi tirado de sua casa,de sua família,provavelmente sem ninguém te perguntar se era isso que você queria. Tem mais do que direito de estar com medo.

-Não tenho medo.

Para provar o que falou Mathew colocou a chave na porta e a abriu.

-Mathew,vamos fazer um acordo.

-Para fazer um acordo você tem que me oferecer algo de meu interesse.Não acho que você vá conseguir.

 -Vou tentar mesmo assim.É obvio que essa situação toda com o seu pai te incomoda.Por que não deixamos isso de lado?Não vou tentar te convencer de nada sobre o seu pai, que ele te ama ou coisas assim. Aí você senta e escuta uma história que vou contar.

Mathew não está convencido e diz isso a ela

-Mathew, você pode não acreditar mas eu só quero o seu bem.Eu meio que entendo a situação pela qual você está passando agora. Eu também fui jogada em uma casa qualquer.Perdi tudo o que me lembrava da minha vida antiga e estava em um lugar no qual não me sentia amada.

Foi a dor na voz de Sara ao falar que fez Mathew parar.Ela parecia estar falando a verdade.Mathew desistiu de sair.Deu um suspiro, uma meia volta e se largou no sofá. Sara então se sentou ao lado dele e pensou se deveria continuar com essa historia.

Eu nunca falei disso com ninguém!Não posso simplesmente contar a minha vida toda para esse garoto!Ele não tem maturidade o suficiente para encarar.Nem eu acho que tenho!

Mas foi a única maneira de fazer o garoto ficar.E foi por isso mesmo que ela achou que poderia atingir ao garoto de inicio.Eles tinham uma semelhança em certos aspectos da vida deles.Se ela conseguisse fazer o garoto entender que ele não estava em uma situação tão ruim quanto a dela quando tinha menos que a idade dele! Então Sara decidiu continuar.

-Eu devia ter uns 11 anos...meus pais morreram-foi o jeito encontrado pela perita para não contar verdade mas ainda sim não falar demais- Não tinha nenhum parente vivo e tive que sair de minha cidade.Fui parar em um orfanato atrás de orfanato e ninguém se importava muito comigo.

Sara terminou de falar com os olhos cheios de lágrimas,mas logo as conteve.

-Naquela época eu rezava muito para que meus pais voltassem e me tirassem dali.Eu me sentia muito sozinha.Mais ou menos como você agora não?

Mathew sentiu-se um pouco mal.Ele perdeu somente sua mãe e quase não agüentava a dor.Imagina ela sem os dois pais!!

-Mais ou menos...

Mathew abaixou a cabeça e ficou olhando para suas mãos.A história de Sara fez o garoto pensar na sua vida.Ele não falara de seus sentimentos com ninguém, a não ser com sua mãe e seu melhor amigo e agora... Ela estava morta e seu amigo a milhares de quilômetros. E não era como se ele pudesse falar com seu pai.Agora a oportunidade de tirar de si tudo o que ele guardara desde sua vinda a Las Vegas estava na sua frente.As palavras saíram da boca dele e, sem sentir,Mathew Grissom despejou seu coração em uma bandeja.

-Eu detesto esse lugar... Nada é como em Marina Del Rey e não é por causa da cidade.A casa do meu pai... É só uma casa.Você já foi até lá?É tudo tão vazio...a única coisa mais pessoal é a coleção de insetos dele e...haha- a risada fria do garoto atingiu em cheio o coração de Sara- o que isso deveria dizer do meu pai?Ele tem uma droga de inseto à mostra em casa e nenhuma foto minha.Nenhuma Sara! E pelo que eu entendi nenhum de vocês sabia que eu existia. Ele me detesta! Sabe que ele abandonou a mamãe depois que nasci?! Ele tava feliz sem mim antes.Eu quase não o via durante o ano.Mamãe dizia que ele só estava muito ocupado.Vovó dizia que ele me amava muito... Que mentira.

Agora Sara entendia um pouco do que o garoto estava passando. Ela mesma entendia a dificuldade de lidar com Grissom e já fora vítima de sua insensibilidade diversas vezes.Até mesmo o acusara de não ter sentimentos mesmo sabendo que não era o caso.Era só o jeito super introspectivo e super anti-social dele e Sara tentava agora ser mais paciente com o homem. Mas ele era tão teimoso que por vezes Sara pensava em sumir de vez da vista dele. Isso sendo ela uma adulta independente.Se ela quisesse,poderia muito bem mandar tudo para o ar e ir refazer a vida dela em outro lugar. O caso de Mathew,entretanto, era totalmente diferente.Ele precisava do pai, do apoio moral que só Grissom poderia dar. Afinal,que garoto não queria o pai do lado dele, ensinando a jogar bola, a se barbear etc. E sendo um garoto que cresceu longe do pai ,não fazia ideia desse jeito dele.Ah, esses dois ainda vão bater muito de cabeça um com o outro 

-E o pior de tudo!Ele não me deixa respirar!Tá sempre em cima de mim como se eu fosse um bebezinho que não sabe tomar conta de si!

-Mathew,talvez ele esteja com medo.Talvez esse seja o jeito dele de fazer com que você se sinta bem.

-E isso só mostra como ele não me conhece.Eu não preciso desses paparicos todos!

-Ele está tentando aprender agora não?

-Ele já teve muito tempo pra aprender não é?15 anos deveriam ser o bastante.

-Acho que sim.Mas isso é algo que você deveria discutir com ele Mathew.Grissom é muito inteligente mas pra esses assuntos ele é um tapado.Se você não falar nada ele nunca vai saber.

-Ele já deveria saber.Eu não tenho que ensinar nada.

-Bom em minha opinião é melhor ele aprender agora do que nunca.Você não quer um relacionamento melhor com seu pai?Esse seria o melhor caminho.

-A única coisa que eu quero é a minha mãe de volta.

Novamente o garoto tinha lágrimas nos olhos e a voz embargada.E o que ele disse agora...será...ah coitadinho! Por que Grissom não falou algo antes!Isso realmente explicava o porquê dele estar tão mal.A família dele não se reuniria,como ela imaginara no inicio.Ele perdera a pessoa que,em sua opinião,mas o amava e fora atirado nos braços do “pai carrasco”. Sara sabia muito bem o que significava perder um pai.Era uma dor inigualável.E o que ela mais queria na hora era um abraço,um conforto, e não falar sobre seus sentimentos.Será que Grissom o confortou o necessário?Provavelmente o deixou quieto,pensando que ele conseguiria se reerguer sozinho

-Mathew...sua mãe ela..

-Sim..eu estava com ela no acidente...e ..e...-lágrimas corriam soltas no rosto do garoto-eu preferia ter ido com ela do que ficar aqui!

-Ah Mathew...

Sara resolveu que o garoto precisava mesmo de um abraço.E foi o que ela fez:

-Vem cá Mathew

O garoto resistiu no inicio (bem filhinho de papai mesmo) mas estava tão esgotado que acabou retornando o abraço.E começou a chorar muito,mas muito.Mathew colocou para fora naquele exato momento toda sua angustia, a dor causada pela morte da mãe,do comportamento frio do pai.

Após uma boa hora de choro Mathew sentiu-se melhor. Só de dividir sua dor com alguém Mathew conseguiu tira uma pequena parte do peso que carregava.E a sensação era tão boa que o garoto não parou de falar. Mathew sentia falta do calor humano da casa da mãe ou da avó.Do barulho de musica alta,dos passeios em família no fim de semana,da comida maravilhosa de Olívia.Tudo isso foi passado aos ouvidos de Sara.A perita,no final, prometeu tentar ajudar Mathew com algumas coisas.

-Eu não faço milagres.Seus problemas com seu pai só serão resolvidos entre vocês.Mas eu posso fazer com que ele entenda que você já é grande o suficiente para certas coisas.Mas para ele confiar realmente em você,Mathew,tem que se abrir com ele.Você me promete que vai tentar?

-Eu prometo

Mathew pensou que fez a coisa certa ao confiar em Sara.Nesse tempo passado com ela só sentiu-se desconfortável no inicio da conversa.Ela era uma pessoa agradável, e o coração do garoto ficava mais quente perto dela.Ele não sabia o porquê,mas só de pensar em sair de perto de Sara o deixava mal,vazio.Porém,Mathew sabia que era necessário.E ele tentaria se abrir com o pai,mas só porque Sara pediu e o garoto se sentiu compelido a realizar o pedido dela.

O tempo passou rápido para eles.Logo Sara dirigia para a casa de Grissom com Mathew no banco do carona.Griss já os esperava na porta de casa.Quando viu o pai, o garoto ficou surpreso ao ser abraçado por ele.Grissom tinha lágrimas nos olhos e falou baixinho:

-Nunca mais faça isso comigo,filho.Eu não suportaria te perder.

As palavras tão calorosas de Gil deixaram o garoto com lágrimas nos olhos, pela terceira vez no dia.Não querendo que o pai visse como fora afetado, Mathew soltou-se do abraço e disse que ia entrar para tomar um banho.Antes de ir,porém,surpreendeu aos dois adultos a se virar e abraçar fortemente a Sara.

-Obrigado por tudo...

Tão rápido como a abraçou,Mathew desapareceu,deixando os dois csi’s com cara de bobos.

Grissom saiu mais rápido do estupor com um sorriso no rosto.

-Eu preciso mesmo te agradecer por ter cuidado dele pra mim.Vamos entrar e tomar um café?

O coração de Sara não disparou ao ser convidado para a casa de Grissom pela primeira vez.Ela sabia que era só para agradecer pelo que ela fez por Mathew.Não porque ele a queria aqui.Mas ela estava feliz com isso.Afinal havia ainda uma pequena divida com Mathew que tinha que ser cumprida.

Gil entrou em sua casa e começou a fazer um café,falando para Sara se sentir a vontade.Em outro momento a perita teria aproveitado a chance para fuxicar a casa de Grissom e tentar descobrir mais sobre ele.Agora,no entanto, ela não estava no humor para isso.

-Griss, eu e Mathew conversamos e...

Gil deixou o bule esquentando e sentou-se na frente de Sara,que tinha se acomodado em uma cadeira 

-Fale Sara.Sou todo ouvidos.

-Ele tá se sentindo sufocado.Você o trata como bebê e ele não quer isso.Ele não precisa que você faça tudo por ele,ou que arranje uma babá para tomar conta quando você trabalha.Acho que ele sente falta da atmosfera da casa dele sabe...ele tá acostumado com mais calor humano e tal.Mas o mais importante Griss, é que você tem que escutá-lo.Eu sei que essa não é a sua praia,mas você tem que dar mais espaço para ele se abrir ok?Não deve ser muito difícil,já que você o ama sabe.Fazer as coisas para quem a gente quer bem geralmente compensa os obstáculos.Bom,é só isso.

-Só isso?Mas vocês passaram quase que o dia inteiro juntos.

-Ele dormiu uma parte e a outra.É difícil a gente mostrar o coração para quem a gente não conhece bem.

-Você fez um ótimo trabalho,apesar disso.Ele parece gostar muito de você.Mas realmente,gostar de você é fácil...

O coração de Sara acelerou.Vendo que eles já estavam começando a ficar melosos demais Sara resolveu ir embora.

-Bom Griss, eu tenho que ir.

-Mas já Sara?

Gil estava surpreso com sua fala.Geralmente ele detestava gente em sua casa,mas a presença de Sara lhe dava um grande conforto. Só de pensar em ela ir embora o entristecia,como sempre acontecia ao vê-la saindo do trabalho.A diferença entre o aqui e o antes era que Gil estava fraco.Com suas barreiras abaixadas ele permitia a Sara vislumbrar o verdadeiro eu dele.E ele não dava a mínima para isso agora.

-Você não quer ficar para jantar?Tenho certeza que Mathew adoraria sua companhia.

-Vou deixar para outra oportunidade.Mathew precisa de você.Dê atenção a ele, não quero me intrometer.

-Está bem!Mas vamos combinar de sair em breve.Tenho umas coisas que preciso te falar.

-Tudo bem,Griss.

Gil acompanhou Sara até a porta e se despediram.

-Até mais tarde- disse Grissom

-Até.

E foi embora deixando Grissom mais uma vez como uma sensação de vazio que não sabia explicar.


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Notas finais do capítulo

Antes de postar pra vocês eu reli o capítulo e fiquei novamente impressionada como pai e filho reagiram de maneira parecida a presença de Sara...parece que Brass tem razão...ah ironia...



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