Entre Pais E Filhos escrita por Carol Bandeira


Capítulo 22
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Então meus queridos!
Chegamos ao fim desta fic! Mathew finalmente entendeu o que se passava com ele, com a ajuda de sua avó.
Eu tive a ideia dessa fic ao reler Sakura Card Captors, no ep que Sakura se declara para Yukito. Acho que quem leu vai pescar a situação! Bom, como faz um tempo que eu reli,não vai estar a mesma coisa,mas a ideia é semelhante.
Só me falta digitar o epílogo, mas o rascunho já está pronto, e em minha opinião, tá bem legal.
Boa leitura



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Entre pais e filhos:

Capítulo XXII:

Seria uma cena cômica, não fosse a dor e a vergonha que assolou os corações daqueles que a presenciaram. Mathew continuava a olhar para o casal, a boca aberta de espanto e a peça intima que encontrara no chão ainda em suas mãos. Grissom, sua cara vermelha por ter sido pego de surpresa, tinha a mesma expressão do filho. E Sara estava ali, olhando de pai para filho, tentando imaginar o que fazer para que aquela cena não piorasse.

O primeiro a sair do estupor foi Mathew, mas este não conseguia fazer sentido do que via a sua frente. Eles não poderiam estar juntos, em nenhuma realidade alguém tão bonita como Sara daria a luz do dia por alguém como seu pai! Não que ele não pensasse muito sobre Grissom. Mas é que a fase de idolatria já havia passado por eles há muito tempo. E, apesar de sua relação com seu pai ter melhorado muito desde que ele veio morar com ele Mathew via o pai como uma pessoa difícil de lidar, introspectivo, teimoso e... bom ele deveria ter no mínimo uns 10 anos de vida a mais que Sara.

-Pai, Sara... o que significa isso!?

 Grissom ficou mais surpreso ainda ao ouvir essa fala da boca de Mathew. O garoto era esperto e com certeza teria que ter entendido o que ouve ali, tendo em vista o estado deles e da casa.

-Mathew... eu queria ter lhe dito antes... na verdade eu queria ter explicado a seu pai antes- Sara falou, se posicionando a frente do namorado para falar com o filho.

-Explicar isso? Então é por isso que você, que a gente...

-Não, Mathew, não é bem assim. Eu não sou a

-Por que? É a diferença de idade? Porque pelo visto- ele disse isso apontando para Grissom- isso não te incomoda!

-Agora já chega!- Gritou Grissom- Isso aqui tá virando um circo. Alguem pode me explicar o que está acontecendo? E Sara, pelo amor de Deus, vá colocar sua roupa!

Aquela gritaria toda deu nos nervos do supervisor. Ele era uma pessoa muito calma, mas uma das coisas que o tirava do sério era ser mantido no escuro sobre coisas que tinha todo o direito de saber. Além disso, quando Sara se pôs a sua frente Gil se lembrou do estado em que estava vestida. Já não bastava Mathew estar alterado por conta da notícia, ele não precisava de uma exibição das longas pernas de uma mulher para fazerem seus hormônios aflorarem. Gil já tivera essa idade e sabia muito bem o que uma visão daquelas poderia fazer. Além disso, até mesmo ele tinha dificuldades de se concentrar quando Sara estava daquele jeito.

Sara correu para o quarto, mas antes disse:

-Gil, eu queria ter te dito antes mas...

-VocÊ não tem nada a dizer a ele!- Mathew retrucou.

Sara somente balançou a cabeça e seguiu seu caminho.

Gil e Mathew acompanharam Sara com o olhar até ela sumir de vista e Gil não tomou nenhum segundo para perguntar.

-Então, Mathew, não vai me contar o que está acontecendo?

-Pergunte para a sua namorada que eu tenho certeza que ela conta.

Mathew falou enquanto andava em direção ao quarto. Gil, já sem paciência, impediu o filho de sair o segurando pelo braço.

-Espera aí! Eu exijo saber o que está acontecendo pra você tratar a Sara assim! Achei que você gostasse dela-

Gil já estava preocupado, será que Mathew tinha algum problema com Sara? E se ele tivesse e exigisse que eles terminassem? O que Gil faria, escolher sua mulher ou seu filho?

Mathew deu uma risada irônica ao ouvir a pergunta do pai. Gil soltou o braço de Mathew, que então se dirigiu ao sofá e se jogou nele, colocando as mãos na cabeça.

-Esse é o problema, pai. Eu gosto dela, demais... e ela está com VOCÊ. Como isso é justo?

 Mathew falou num tom tão baixo que Gil achou que tivesse ouvido errado. Sentou também no sofá, tendo perdido o ar ao entender as implicações do que acabara de ouvir.

-Filho... Você quer dizer que...

-Sim, pai.

-Ah...

Os dois ficaram calados, olhando para o nada e perdidos em seus pensamentos, tanto que quando Sara voltou para a sala ninguém reparou. A perita então chamou suavemente:

-Gil...

O homem saiu do transe e olhou para a mulher a sua frente. Levantou e puxou Sara para o outro canto da sala.

-Era isso que você queria me falar? Que o meu filho está apaixonado por você?- Gil tinha dificuldades em falar essa frase, de tão irreal que a situação lhe parecia.

Sara ficou vermelha e não conseguiu responder, podendo somente balançar positivamente a cabeça. Gil suspirou e passou as mãos agitadamente pelos cabelos.

-O que devemos fazer agora?

-Gil, se acalma, não é o fim do mundo.- Sara disse enquanto pegava as mãos do namorado e as apertava junto a seu peito.

-Como não? Deus, Sara! Como é que isso foi acontecer?

-Aconteceu, Gil. E a gente vai ter que encarar... Eu também não sei o que fazer, mas... Tenho certeza que no fim tudo se resolve. O mais importante agora é tentar fazer o Mathew se abri com você.

-E você?

-Eu vou para casa agora- ao ver a cara de desespero de Gil ela logo completou- Vai por mim Gil. Eu sou a última pessoa que Mathew quer ver agora. Acabei de dizer não a ele e de quebra esse show de hoje à tarde... Ele precisa se acalmar primeiro e depois... Depois a gente vê o que faz. Mas lembre-se, ele precisa saber que você está do lado dele ok?

-Ok...

Gil parecia derrotado e o que Sara mais queria era abraça-lo e tirar toda a dor que via em seus olhos. Mas sabia que não podia, pois Mathew os olhava de canto de olho. Fazer isso seria como por sal na ferida do garoto. Então ela somente sorriu para Gil e foi embora.

Assim que Sara saiu Gil se virou para o sofá a fim de conversar com o filho, mas esse já havia sumido. Gil suspirou mais uma vez e achou melhor ajeitar as almofadas no sofá. Era óbvio que estava enrolando para procurar Mathew, mas também de que adiantaria ir falar com ele sem ter nada a dizer? Achou por bem dar um tempo para o garoto se acalmar enquanto pensava no que dizer.

Enquanto colocava as almofadas no lugar encontrou suas roupas e uma peça que não pertencia a ele. Gil sorriu ao se lembrar de como retirou aquela peça de roupa em particular, mas logo seu sorriso murchou. Se Sara não tivesse o arrastado para o quarto Mathew provavelmente teria visto uma cena que filho nenhum gostaria de ver. “Ainda bem que ela teve a cabeça no lugar enquanto a minha...”.

Foi uma meia hora mais tarde quando Gil entrou no quarto de Mathew para falar com ele. E qual não foi sua surpresa ao encontrar seu filho fazendo as malas.

-Mathew, o que você pensa que está fazendo?- Gil falou desesperado.

- O que você pensa que está fazendo, pai, entrando no meu quarto sem bater? 

-Chega disso, Mathew! Chega de me atacar, você tem é que me respeitar! Eu por acaso te tratei mal ou te desrespeitei desde que você chegou aqui?

-Não. - o garoto respondeu a contragosto e continuou a fazer a mala.

Gil ,que até este ponto tentava se controlar, perdeu a paciência e foi em direção ao filho fechando sua mala com um baque. Ele pos toda sua raiva naquele ato, tentando assim se livrar de toda energia negativa que o tomava antes de falar com o filho. Ele não queria causar maiores estragos.

-Agora você vai me ouvir...-ele disse enfatizando a última palavra- Eu entendo que isso que você viu na sala possa ter sido demais pra você, em razão de... dos seus sentimentos. Mas isso não é motivo para você fazer as malas e fugir de casa novamente. Isto é uma atitude infantil e covarde, Mathew. Dois adjetivos que eu sei não te descrevem.

-Bom pra você saber disso... ter tanta certeza que me conhece. Coisa que eu não posso dizer do senhor né, já que você fugiu da nossa casa, nossa família antes que eu pudesse entendê-lo.

Mathew não sabia o motivo de tocar nesse assunto. Ele já tinha perdoado o pai no que tocava o passado deles. Mas ele estava muito magoado e tinha uma vontade louca de garantir que não fosse o único a se sentir assim. A julgar pela cara que o pai fez ao ouvir suas palavras, ele conseguira.

O silencio se instaurou depois da fala do garoto. Gil tirou as mãos da mala do garoto e se virou, dando as costas para o filho. Como se suas pernas não aguentassem mais seu peso, Gil sentou pesadamente na cadera da escrivaninha de Mathew, a pose idêntica a que seu filho tomara um pouco mais cedo no sofá. Os cotovelos apoiados nas pernas, os braços apoiando a cabeça. De súbito Gil se levantou e começou a andar pelo quarto, nervoso demais para ficar parado.

-Mathew... eu não posso apagar o passado. Tampouco você deve viver nele. Eu juro, estou tentando melhorar e ,até agora, achei que estava conseguindo- Gil parou de andar e procurou os olhos do seu filho.

Mathew reparou na voz embargada e nos olhos molhados do pai antes de responder.

-Você conseguiu, pai. Eu não sei porque eu disse isso...

-Então, filho- Gil se aproximou de Mathew e pôs a mão direita em seu ombro- Se você pode me perdoar por isso, talvez você ache em seu coração um pouco mais de força para me perdoar mais uma vez. Por favor, feche essa mala e vamos tentar resolver isso em família.

Gil estava preparado para implorar se Mathew não mudasse de ideia, mas o garoto estava resoluto em continuar com seus planos.

-Não, pai. Não é tão simples assim. Eu não vou conseguir me esquecer de tudo assim, de uma hora pra outra... eu não vou aguentar ficar aqui sabendo que vocês...

-Filho, ela não vai ficar aqui... essa é a sua casa... eu faço de tudo pra você se sentir mais confortável.

-Se você faz de tudo vai me deixar ir. Eu não to falando de ir para sempre... eu só preciso de um tempo pra mim...

Gil fechou os olhos e respirou fundo. Sentando na cama do filho, ele abriu a mala e continuou a arrumação para Mathew.

-Eu posso arranjar com a sua avó para você ficar lá... uma semana. Nada mais que isso. O senhor tem aulas. Assim você pode visitar seus amigos e conversar com ela também. Sei que você sente falta disso.

Mathew deu seu primeiro sorriso para seu pai.

-Esse era o meu plano todo o tempo. 

CSICSICSICSICSICSICSI

Gil arranjou passagens para seu filho embarcar para Califórnia bem cedo na manhã seguinte. Avisou a mãe da chegada do garoto. Olívia se mostrou bastante preocupada, mas disse que faria o possível para ajudar no que quer que fosse. Gil não falara do motivo da viajem, só que Mathew precisava espairecer. Avisou também a escola e levou o garoto até o aeroporto.

Quando Mathew chegou a Marina del Rey não esperava ver sua avó na área de desembarque. Provavelmente seu pai a avisara, achando que uma visita surpresa fosse demais para o coração de sua mãe.

- Meu querido! Quantas saudades senti de você!

-Eu também vovó.

 Os dois seguiram o caminho falando sobre a nova vida de Mathew em Vegas. Embora Olívia estivesse morrendo de curiosidade para saber por que Mathew viesse visita-la em plena semana de aulas, ela se policiou para não tocar no assunto. Falando com seu filho na noite anterior ele lhe dissera que eles estavam passando por uma dificuldade e que Gil sentira que ela poderia ajuda-los. Mas também não falou sobre o que aconteceu, limitando-se a dizer que Mathew falaria sobre o ocorrido quando estivesse pronto.

E o garoto não se mostrou pronto nem tão cedo. No primeiro dia Mathew foi reencontrar seus amigos e só voltou para casa tarde da noite. Jantou com a avó e logo dormiu, de tão cansado que estava.No segundo dia Olívia levou seu neto para sua galeria, onde o garoto passou o dia relembrando como era ser um marchand e  também da inspiração que dava estar cercado de tão belas pinturas.

Foi somente no terceiro dia que a curiosidade de Olívia levou a melhor. Aconteceu quando ela ia servir o lanche da tarde. Encontrou seu neto sentado no jardim, olhando para o nada, mas com os olhos cheios de tristeza. Aquela cena cortou o coração da matriarca da família. Mathew naquele momento estava tão parecido com seu filho nos meses que se seguiram a total perda da audição da mãe. Ela não poderia esperar mais. Teria que saber o que estava acontecendo agora!

 Levando a bandeja com o lanche, Olívia dispôs tudo na mesa do jardim antes de ir até Mathew chama-lo. O garoto estava tão distraído que não ouvira sua avó se aproximando. Tomou um susto quando a senhora colocou a mão em seu ombro.

-Desculpe, querido. Fiz um café para a gente. Vamos toma-lo aqui na varanda?

-Sim, vovó- o garoto falou assim que recuperou o folego.

Os dois sentaram e começaram a apreciar a comida em silêncio. Não tinha comida nenhuma no mundo que fosse melhor do que a da sua avó. O garoto comeu com gosto, sem nem trocar uma palavra com a senhora. O que não deixava de ser algo normal naquela casa. Afinal, a maior parte da comunicação era feita com as mãos e como elas já estavam devidamente ocupadas...

Olívia comia e observava o neto calmamente. Estava esperando o momento certo para dar o bote. Mathew terminou seu lanche e olhou para a avó dando um mega sorriso de satisfação, que se perdeu quando o garoto viu no rosto da avó uma expressão séria, pensativa.

-O que houve, vovó?

-Ah, meu menino... acredito que sou eu que deva te perguntar isso, não é?

Mathew não entendeu, num primeiro momento, e indagou.

-Do que a senhora está falando?

-Estou falando do motivo de você estar aqui. Não que eu não te queiram Mathew, mas você tem que concordar comigo quando eu digo que é estranho teu pai te mandar aqui em plena semana e, ainda mais, você andar pela casa cabisbaixo e suspirando pelos cantos.

 - Ah.

-É só isso que você tem a me dizer?

-Vó, eu realmente não estou a fim de falar sobre isso- e se levantou para sair

-Mathew, por favor... Tem algo te incomodando e você não sabe o que fazer, mas mesmo assim, você veio até mim porque acredita que eu posso ajudar, não foi? Então por que você não me dá a chance de fazer isso por você?

O garoto suspirou e voltou a se sentar na cadeira. Olívia tinha razão, foi por achar que sua avó poderia lhe ajudar que Mathew correu até ela. Também se lembrou de seu pai, dizendo que ele tinha que parar de fugir quando as coisas davam errado. Era hora de abrir o jogo com a avó e descobrir o que fazer de sua vida.

-É uma história complicada vovó.

-Então me conte para que nós a descompliquemos juntos.

Mathew sorriu e continuou

-É que tem uma garota... garota não, mulher.

Olívia escutava com atenção. Por experiência, sabia que seria melhor deixar Mathew falar tudo que tinha a dizer antes de dar sua opinião. Mas isso não a impedia de imaginar: “ Ah, tal pai ,tal filho...aposto que já se apaixonou por uma professora!

-E eu gosto muito dela. Ela é tão legal... e me ajudou muito nos primeiros meses lá em Vegas... com uns lances com meu pai.

-E qual o problema, meu filho?

-O problema é que... é que eu me declarei para ela e ... ela foi totalmente... ela meio que ignorou tudo o que eu disse e me disse que eu estava confuso! E que eu estava me confundindo com os sentimentos por minha mãe. Foi horrível vovó.

Olívia pegou a mão de seu neto e a apertou, sem ter muito o que falar no primeiro momento. Pensou bem antes de falar.

-Mathew, talvez vocês não tenham se entendido direito. Conte-me, pedaço por pedaço de como vocês se conheceram- Olívia queria saber de tudo antes de dizer alguma coisa.

-Ok. Eu conheci a Sara...

Mathew se lançou em uma narrativa sobre o relacionamento dele com Sara .Muitas vezes Olívia sorriu, ao ouvir o relato de um menino apaixonado. Era impressionante como na adolescência as pessoas podiam pegar qualquer sentimento, por menor que fosse, e transformasse em um turbilhão de emoções. O que mais intrigou a senhora foi, entretanto, o fato da paixão de seu neto ser ninguém mais e ninguém menos que a subordinada de seu filho, por quem Gil nutria uma paixão desde séculos.

-Então eu descobri que eles estavam juntos. Meu pai e a Sara... e eu simplesmente não sei como lidar com tudo isso. Por isso estou aqui, vovó.

O garoto não sabia, mas ele quase sucedera em fazer sua avó ter um infarto naquela mesma hora. Como assim aquele filho ingrato não a contou que estava namorando! Depois de todas as conversas que eles tiveram sobre Sara, Gil vai e resolve deixa-la no escuro! Santa paciência! Ah, mas ele não perde por esperar! Vai ouvir umas poucas e boas!

-Vovó? A senhora não tem nada a dizer?

-Querido, eu tenho tanta coisa a dizer que nem sei por onde começar... mas tudo para o seu pai...aquele filho da mãe!

-É... Vovó... será que poderíamos falar do meu problema em vez do pai?

-Sim, claro. - ela finalmente voltou seu olhar para o neto, um olhar de angústia pelo sofrimento do garoto. Pois o que ela tinha para lhe dizer com certeza não seria de seu agrado-Mathew, eu ainda acho que houve um problema de comunicação. Acredito meu filho, que você não quis ouvir o que ela te disse.  

Mathew bufou e escorregou na cadeira, os braços agora cruzados em sua frente.

-Quando ela disse que você estava confundindo seus sentimentos por sua mãe para com seus sentimentos por ela, não acredito que ela quis dizer que você sofria de um complexo de Édipo. O que ela quis dizer é que você estava sentindo muita falta de uma presença feminina em sua vida, que sempre foi uma constante para você. Então, quando ela apareceu e te ajudou era natural que se apegasse a ela.

-Então, seria natural que eu me apaixonasse!

-Mathew, existem muitos tipos de amor.O amor que você sente pelos seus pais, o amor que você sente por mim... o amor que você sente quando encontra a mulher ou o homem da sua vida. O que ela quis dizer foi isso... não é o amor de mãe ou o amor de uma mulher que você sente por ela. Sim algo que você pode sentir por um membro da família. Um carinho imenso, um querer bem.

-Ah... achei que fosse outra coisa.

-Natural. Você ainda é jovem, está descobrindo as coisas da vida ainda.

-Mas vó, eu ainda acho que isso não é só um, como voce diz, querer bem. Eu sei que ainda sou novo, mas muita gente da minha idade já provou que conhece o amor.

-Mas nem todos passaram por sua experiência. Eu entendo o que Sara quis dizer. Pense bem, Mathew... pense bem se este sentimento que você guarda aí não é parecido pelo que sente por mim? Se você conseguir responder sim a essa pergunta, então realmente, está apaixonado. Se não...

Mathew não queria parar para pensar. Estava convicto do que sentia

-Eu a amo vovó.

Olívia suspirou, deixando suas mãos descansarem pela primeira vez desde que começou aquela conversa. Levantou-se da cadeira e , com uma última tentativa daquele dia, falou:

-Isso não é algo para se responder assim. Tire esses últimos dias aqui para refletir sobre tudo que falamos. Agora sua velha precisa descansar.

-Eu te acompanho vó.

*****************************************************

Seguindo os conselhos de sua avó, Mathew tirou aqueles dias calmos para descansar, ficar com os amigos e refletir. O garoto tinha consciência de que não sabia de fato o que era esse tal amor. Lera em alguns livros de seus pais  mas, sendo garoto, nunca parou muito para prestar atenção nisso. E agora se encontrava perdido, desejando que Lindsay estivesse ali para ajuda-lo nesse papo tão meloso. Sua avó fora de grande ajuda, mas ele queria o ponto de vista de alguém da sua idade. Tinha a impressão de que só assim seria melhor entendido.

Seu pai ligava todos os dias querendo saber dele. Mathew nunca atendia. Embora já não sentisse raiva do pai ainda não tinha coragem de falar com ele sem retomar as rédeas de seus sentimentos. Queria se mostrar forte na próxima vez que o encontrasse. Não queria passar novamente por um garoto fraco e mimado. E só conseguiria passar a impressão que queria se soubesse o que fazer com relação a Sara.

Ao se lembrar da perita o garoto ficava feliz. A imagem de Sara lhe trazia uma segurança, coisa que lhe fora tirada quando perdeu a mãe e foi morar num lugar totalmente novo. Ela o ajudou quando mais precisava, fez com que se entendesse melhor com seu pai. Ele sentia que Sara o entendia, assim como sua mãe. “Mas que droga! Por que toda hora que eu penso em Sara acabo comparando-a com minha mãe!!!”

Foi aí que Mathew atinou. Será que o que Sara e sua avó disseram tinha algum fundo de verdade? Era verdade sim que ele sentia falta de sua mãe, mas ele não queria mesmo substitui-la. Seria impossível. Mas o que fora mesmo que sua avó falara? Não era questão de substituir. Ele encontrara em Sara alguém em que pudesse confiar, um porto seguro, que antes tivera com sua mãe e avó. Ela se tornara importante para ele por isso e por não ser da família Mathew acreditou que fosse algo que não era. Sim, ele amava Sara, mas não como um amor romântico. Algo mais platônico, como um ente querido.

Finalmente Mathew pode relaxar de verdade.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que esse final tá com gostinho de quero mais, porém como o cap tá enorme achei por bem cortar aí. Mas todas as explicações virão em seguida.
Quero salientar que nao deixei de lado as outras fics, mas como esta já estava parada há tanto tempo me forçei a terminá-la. Logo logo postarei as outras
beijocas!