Um sorriso malicioso era percebido no rosto daquele que carregava a garota. Parecia sentir-se bem ao ver o sofrimento da arqueira enquanto sobrevoavam um casal caído em meio aos escombros. Muitos aldeões corriam desesperados tentando se afastar daquele homem que havia derrubado o prédio com apenas um golpe. E em meio a um mar de desesperados um homem mantinha uma expressão seria olhando para o ser de quem todos tinham medo.

- Jhony! – Sussurrou o atirador olhando aquele que havia traçado o seu destino como vingador na noite em que matara seus pais.

Uma mistura de sentimentos floresceu e tomou conta do coração de Jhonata e o ódio explodiu dentro dele, que, em meio à fumaça sacou uma grande arma de calibre doze que possuía dois grande canos onde era possível ler alguma coisa escrita em um idioma desconhecido, usando as duas mãos para suportar o peso da arma o atirador mirou na cabeça do vampiro e num estalo ele preparou a arma para disparar.

- Morra desgraçado! – Pensou o atirador puxando o gatilho. O projétil viajou pelo longo cano e ao sair da arma transformou-se em diversas pequenas esferas de chumbo que voaram a uma grande velocidade na direção da cabeça de Jhony.

O vampiro não percebeu Jhonata atirar e sequer o ouviu por causa do grande alvoroço que os aldeões faziam e antes que Jhony pudesse perceber era acertado pelo tiro de Jhonata que atravessava sua cabeça e atingia também parte de seu pescoço e peito, Diego que continuava caído apenas olhava com uma expressão assustada a face deformada de seu mestre.

O vampiro por sua vez, começava lentamente a cair perdendo os sentidos, assim, largando a arqueira. Logo que a loira caiu no chão, sem perder tempo correu para longe dali se apoiando num chafariz que ficava no vilarejo à frente do antigo sobrado. Jhony cambaleou no ar antes de pousar no chão e 2 segundos depois de aterrissar caiu morto – Presumiu Jhonata. - que agora se colocava a caminhar vagarosamente até o Vampiro apontando a grande arma para o Inimigo caído no chão.

Por mais que a lógica dissesse que ele estaria morto após levar um tiro daqueles o coração de Jhonata sentia que ele não estava o que praticamente se confirmou quando o atirador se aproximou e viu que, estranhamente, Jhony não sangrava.

- Será que é algum truque? Ou talvez ele já estivesse morto há tanto tempo que até mesmo o sangue dele parara de circular.

Por um instante, Jhonata pareceu tentar se convencer que seria algo assim, porém, no fundo ele sabia que não se tratava de algo tão simples. Que apenas um tiro, não seria suficiente para por fim a vingança que buscou por tantos anos.

Jhony estava caído no chão abaixo dos pés de Jhonata que agora olhava para Barbara que estava abaixada do outro lado da rua ao lado do chafariz com seu arco em mãos.

Jhonata lançou-lhe um sorriso tranqüilizador como quem quer dizer “Esta tudo bem agora...” Então percebeu sua irmã arregalar os olhos soltando um grito com uma expressão de pavor, mas antes que o som pudesse chegar aos seus ouvidos ele sentiu sua vista tremer e perder o foco enquanto todo seu corpo enfraqueceu e deixou de obedecê-lo.

- NÃO! – Berrou Gisele chegando ao local com Isa nos braços. Ela acabara de ver Jhony atravessando seu braço na barriga de Jhonata, que ao receber o golpe quase desacordou deixando sua arma cair. O olhar do atirador correu de Baah para Gisele ao ver sua mulher chegar e ele a lançou um sorriso enquanto seus olhos perdiam o brilho. Ele observava tudo acontecendo ao seu redor perdendo os sentidos lentamente, enquanto o chão sob seus pés parecia deixá-lo.

Sentia sua alma deixando seu corpo vagarosamente indo em direção ao céu até que alguma coisa a segurava e a puxava de volta. Nisso oscilou seus olhos e então sentiu uma leve vibração no seu corpo a partir da mão esquerda. Via-se o anel no dedo anular esquerdo brilhar em um tom vermelho. Jhonata percebeu como já acontecera antes, que o anel o impedira de partir, se aproveitando disso, Jhonata sacou da parte de trás de seu cinto uma pistola prateada e a encostou na testa do Vampiro que estava diante dele com a mão cravada em seu tórax. Após um breve sorriso o garoto disparou a arma fazendo um projétil atravessar a cabeça de Jhony causando um grande estrago em sua face enquanto o fazia dar alguns passos para trás com o impacto provocado pelo disparo, o braço ainda fincado no tórax de Jhonata não o permitiu cair e fez puxar Jhonata junto a si quando deu alguns passos para trás. Porém Jhonata era só ódio por dentro, não ligou para a dor que sentia pela mão do vampiro atravessada em seu corpo e enquanto o anel brilhava fortemente em seu dedo, continuava a puxar o gatilho mais vezes com tanta ferocidade que parecia querer arrancar o gatilho da arma de seu lugar.

Jhony cambaleava indo para trás a cada tiro dado enquanto um som ensurdecedor chegava aos ouvidos de todos que se encontravam ali próximos até que Jhonata parasse de atirar. Jhonata havia disparado mais três tiros com a pistola, todos na face de Jhony que estava irreconhecível.

Fez-se um grande silencio que foi quebrado pelo som da brisa assoviando aos ouvidos de todos. Assim um minuto mais tarde Jhonata segurava o braço de Jhony que ainda estava atravessado em seu corpo e com um pouco de esforço se impulsionava para trás arrancando o braço de Jhony de seu corpo o deixando cair.

Ricardo, Isa, Baah, Diego, Gisele e alguns aldeões olhavam aterrorizados para a cena que acabaram de ver. Onde Jhonata teria dado diversos tiros na face do assassino dos seus pais. Imaginavam que ele havia conseguido a vingança que tanto almejou. Tudo teria terminado ali!

- Tem alguma coisa errada. – Estranhou Jhonata notando o mesmo fenômeno de agora a pouco, A face de Jhony estava se cicatrizando e não escorria uma gota de sangue sequer.

O Atirador se apressou a pegar algumas munições de um compartimento em sua longa capa. Suas mãos tremendo como se estivessem sob choque enquanto colocava os projeteis na arma. O nervosismo e a tensão tomavam conta do local onde antes era uma estalagem. E antes mesmo de fechar o compartimento da arma onde se colocavam os projeteis viu um vulto à sua frente e no instante seguinte Jhony estava lá novamente, segurando o garoto de cabelos rebeldes pelo pescoço suspendendo-o no ar e apertando seu pescoço com violência.

- Droga... É imortal? – Questionou Ricardo observando a cena enquanto todos se surpreendiam e Gisele soltava um gemido de angustia.

- Garoto, quem é você? – Questionou o Vampiro à Jhonata, que tentava se soltar daquele que o segurava com força pelo pescoço prendendo sua respiração. – Quero saber qual o nome do garoto que conseguiu me fazer sentir dor depois de tantos anos.

- Não te interessa o meu nome. – Replicou Jhonata. Jhony apertou mais forte o pescoço do atirador e fez rapidamente um gesto para Gisele que havia soltado Isa no chão e apontava suas duas mãos tremulas para o vampiro. – Não se atrevam a fazer nada, pois para mim é fácil arrancar fora a cabeça deste aqui! – Advertiu Jhony voltando seus olhos à Jhonata e questionou mais uma vez em um tom sutil. – Qual o seu nome?

- Saiba apenas que eu sou o cara que vai matar você. – Respondeu Jhonata com ódio.

Nesse instante Ricardo apareceu rapidamente entre Jhonata e Jhony e com um movimento rápido com uma adaga arrancou facilmente a mão do vampiro que apertava o pescoço do atirador, com um perceptível sorriso em sua face, o ágil gatuno agarrou a arma de Jhonata que estava caída no chão com a mão livre e num movimento empurrou Jhonata para longe com a mesma mão que estava a adaga. Jhony tentou usar sua outra mão para segurar Ricardo, mas ao estendê-la para o Gatuno, centímetros antes de poder tocá-lo, uma flecha brilhante atingiu o braço do vampiro com força, dando tempo para o Gatuno fugir. “Um disparo perfeito” – Pensou Ricardo - Tudo acontecia rápido demais, era como se o Grupo Templários fosse uma pessoa só. Todos seus movimentos eram calculados milimetricamente, sem defeitos ou falhas. Então antes que o Vampiro olhasse para a Arqueira que o havia atingido levava um tiro entre os olhos, Jhonata havia disparado sua arma que fora recolhida por Ricardo no momento em que Barbara havia atingido o braço de Jhony.

- Amor! – Chamou Jhonata. – Acaba com ele agora! – Gritou caindo no chão agora após o empurrão dado por Ricardo.

Logo Gisele sorria em resposta ao chamado do atirador e seus cabelos começavam a se mover com certa voracidade pelo poder que emanava dela. Logo um turbilhão de chamas se materializava diante das mãos de Gisele e ia a uma velocidade absurda na direção do inimigo que estava cambaleando ainda por causa do tiro recebido por Jhonata.

- Funcionou! – Exclamou Ricardo dando um pequeno pulo comemorando o suposto sucesso do ataque em conjunto observando o vampiro arder em chamas agora...