Susana Pevensie escrita por Hannah Mila


Capítulo 8
Era Uma Vez Nárnia


Notas iniciais do capítulo

Mais de 20 reviews, estou tão feliz!
Me desculpem realmente pela demora, mas eu simplesmente não estava conseguindo arranjar uma história para esse cap. Mas aí vai, e eu acho que ficou bom. Está um pouco mais dramático, mas está legal.
Espero que gostem.



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Acordei exatamente em frente ao leão onde fora deixada. A luz do sol ofuscou minha visão e quando o mundo entrou em foco, percebi o círculo de pessoas à minha volta, olhando-me preocupados.

Levantei-me e sorri inocentemente para eles.

- Tudo bem – disse eu – Acho que era só a pressão.

Depois de me olharem novamente, dos pés à cabeça, agora desconfiados, eles se foram. Eu me apoiei no leão e respirei fundo. Fora um sonho, pensei. Mas se realmente fora um sonho, porque era tão real?

Só havia uma maneira de saber. Procurei em meu pescoço o cordão que Aslam me dera. Lá estava. Tudo aquilo havia acontecido. Nárnia havia acabado.

Abri o pingente do colar. Uma foto minha, não cansada e confusa como estava, mas elegante, exuberante em meu vestido de coroação, quando ainda tinha doze anos. Feliz. Bonita. Em Nárnia.

Olhei ao redor. Não estava em Finchley, claramente, mas em algum lugar por perto. Um quadro de cortiça grudado na parede da estação de trem dizia que o próximo trem para Finchley sairia em cinco horas.  Perfeito.

Sentei-me em um banco na estação. Entre tudo que me acontecera não arranjara muito tempo para pensar. Ficar sozinha e refletir.

Nárnia. Eles estavam em Nárnia. O tempo de Nárnia é impreciso comparado ao nosso, e é impossível saber o que pode estar acontecendo agora. Mas eles estão mortos. Mortos...

De repente, uma ideia me atinge. Eles estão mortos em Nárnia... Todas as aulas de cristianismo na escola, falando sobre o Céu e o Paraíso junto a Jesus. Finalmente havia me dado conta: Nárnia é o céu. Aslam é Jesus.

Me senti ligeiramente burra em só ter percebido isso naquele momento.  Mas se para reencontrar meus irmãos e meus pais eu só precisava morrer... A ideia me aterrorizava. Não queria tirar minha própria vida, mas minhas vontade de revê-los era enorme.

Uma lágrima escorreu em meu rosto. Depois outra e mais outra. Meus pequenos e baixos soluços me faziam me sentir fraca. Que é que eu iria fazer?

Aos poucos, os trens chegavam e várias pessoas saíam, as claramente ricas me olhando com os olhos estreitos. Uma jovem confusa, deliberando seu suicídio, chorando consigo mesma.

- Susana? – chamou uma voz conhecida – Está tudo bem com você?

Ele sentou-se a meu lado, com um olhar de preocupação. Provavelmente estava ali para entregar alguma carta.

- Ah, Charles – disse eu encostando minha cabeça em seu ombro. Ele hesitou, e então, abraçou-me.

- Vamos, me conte seu dilema – disse Charles.

Eu me sentei, limpei as lágrimas e contei-lhe. Contei-lhe tudo sobre Nárnia. Sobre meus irmãos. Sobre nossas aventuras. Sobre os diários de Lúcia e Eustáquio. Sobre a morte, Aslam/Jesus, e o Paraíso. Contei-lhe inclusive sobre meu sonho e a vista de Nárnia morrendo. À medida que eu contava, as lágrimas voltavam e uma chuva começava, como se meu humor afetasse o clima.

Quando terminei, olhei fixamente para Charles, procurando qualquer sinal de alteração, incredulidade ou mesmo um simples arregalar de olhos. Mas ele estava impassível.

- “Uma grande aventura” – disse Charlie – Quando Pedro me escreveu isso, eu pensei em, não sei, uma expedição à uma floresta ou uma brincadeira de teatro. Não a ida a um mundo medieval onde vocês se tornaram reis e rainhas.

- Você acredita em mim? – perguntei. Charles me olhou e sorriu.

- Está brincando? – exclamou – Depois de tudo que já passei com Pedro? Não duvido de nada. E, além do mais – ele sorriu um pouco mais encabulado – eu confio em você.

Eu sorri de leve. Charles e Catherine eram meus amigos. Eu confio neles e eles em mim. Jamais poderia deixá-los.

- Escute – disse eu – Vá fazer o que veio fazer. Depois me encontre em minha casa amanhã à noite.

- Por quê? – ele disse confuso.

- Você quer reencontrar Pedro?

- Lógico.

- Então faça o que eu disse.

Ele hesitou, fitando com os olhos inexpressivos. Para minha surpresa, ele tirou o cabelo que caía em meus olhos. Senti meu coração bater muito forte.

- Como eu disse, eu confio em você – ele levantou-se, beijou minha testa e seguiu para fora da estação.

Que era aquilo que senti quando ele me abraçou, tirou meu cabelo do rosto e sorriu para mim? Não poderia ser amor. Eu o conhecia bem, mas não o conhecia a tanto tempo. Seria possível que eu pudesse esta apaixonada por Charles Harris, um dos meus melhores amigos?

O trem para Finchley chega, e eu o miro, perguntando se eu quero mesmo voltar para minha solitária casa.

Levanto-me, com toda a dignidade que me resta e entro no trem. Precisava voltar para casa. Precisava descobrir o que acontecera com Nárnia.


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Notas finais do capítulo

Reviews, hein? Quero chegar aos trinta!



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