Susana Pevensie escrita por Hannah Mila
Notas iniciais do capítulo
Desculpem NOVAMENTE pela demora, mas é que a santa escola passa prova a cada duas semanas. E eu ainda estava com um bloqueio de criatvidade e fiquei de castigo por uma semana, então só agora eu pude postar. Espero que vocês gostem desse cap, ele é meio triste, mas eu achei que ficou bom. Como eu já disse, estou com um ligeiro bloqueio de criatividade, mas espero que vocês gostem.
Em meu sonho, eu estava acima de nuvens de tempestade.
Acordei com o barulho de um trovão. Estava escuro acima do céu, e a única coisa visível era a silhueta de um leão. Um não. O Leão.
Aslam observava abaixo das nuvens, com pesar nos olhos. Era como observar um pai que assiste à morte do filho...
Ou um rei que vê seu reino se despedaçar, lenta e dolorosamente. Mas não. Nárnia não poderia ter se ido.
- Finalmente me pediu ajuda, Susana Pevensie – Aslam me disse, sem tirar os olhos do mundo lá em baixo.
- O que vê, Aslam? – perguntei, aproximando-me.
- O fim do mundo – respondeu o leão calmamente – Creio que Digory Kirke lhe contou a respeito do fim de Charn? Bem, Nárnia está no lugar daquele mundo, agora.
Me desesperei. Como Aslam poderia estar tão calmo a respeito daquilo?
- Não há nada que você possa fazer? – perguntei – Meus irmãos estão lá em baixo. Já morreram no nosso mundo. Não quero que morram aqui – havia uma pontada de irritação em minha voz.
Aslam tirou os olhos da paisagem e me mirou. No mesmo instante, me arrependi de ter ficado irritada com ele. Seus olhos – ferozes e idosos – já haviam visto de tudo, e isso me intimidava ligeiramente.
Ligeiramente. Já havia por muita coisa para ter medo de um leão manso.
- Susana – começou Aslam com sua voz grave e profunda – Seus irmãos passam bem. Preocupo-me com seu primo e a amiga dele – ele voltou os olhos para abaixo das nuvens. Aproximei-me e olhei para o mundo também.
A Feiticeira Branca quase matando meus irmãos? Assistir as mortes nas poucas guerras de que participei? Pedro e Edmundo chegando a Cair Paravel feridos depois de dez dias lutando com gigantes? A guerra contra os telmarinos? A visão dos escravos da Calormânia sofrendo ao carregar aqueles sacos mais pesados que quinze dos mais gordos reis? Nada exalava tanto terror quanto a visão que o fim do mundo ia me proporcionando. Homens e animais guerreavam. Anões corriam pela terra que afundava gritando “Viva os anões!” (nem pergunte). O sol, enorme e tão vermelho quanto o sangue das pessoas atingidas, descia aos poucos no horizonte para nunca mais voltar.
Por um segundo, não fiz nada senão olhar. Então, ofeguei e lágrimas caíram involuntariamente de meus olhos. Era como quando soube que meus irmãos estavam mortos. Nárnia havia me servido de lar, de lugar para refletir, e agora... Puf! Acabou. Simples assim.
Aslam me olhou solidário enquanto as lágrimas caíam também em seus olhos sábios.
- Nárnia terminou – murmurou O Leão.
Eu levantei os olhos.
- Aslam – disse – Por que Nárnia terminou?
Aslam levantou os olhos para o vazio muito acima de nós, como se pedisse permissão ao céu. Por fim, assentiu e fitou-me.
- Em parte – começou – porque a malandragem e a mentira se apoderaram do reino maravilhoso. Em parte porque uma rainha de Nárnia acreditou que poderia deixar de sê-la – concluiu calmamente. Eu funguei como uma garotinha de cinco anos – Meu Pai e eu decidimos que um castigo deveria ser feito. Afinal – ele olhou pesaroso para Nárnia – a Era de Ouro já terminou há milênios.
- Mas não é justo – eu disse ainda como uma menininha – E as boas pessoas lá embaixo? Ela não precisam ser castigadas.
- Há mais mal do que bem no mundo, criança – disse Aslam – Não é bom, mas é a realidade.
- Pois prefiro a fantasia – emburrei. Aslam deu uma risada.
- Ah, lembro-me quando ainda era aquela garotinha de 12 anos, sensata, bonita e, se me permite dizer, um pouco pessimista – sorriu O Grande Leão.
Eu consegui dar um pequeno – muito pequeno – sorriso.
- Aslam, eu posso falar de Nárnia para meus amigos? – pedi, lembrando-me que uma hora ou outra eu teria de contar.
Aslam assentiu.
- Os anéis – disse Aslam. Eu o mirei confusa – Os anéis que Jill e Eustáquio iriam usar para vir aqui. Eles funcionam com eles. Caso não acreditem, traga-os aqui. Eu os guiarei.
Eu olhei o horizonte. Trazer meus melhores amigos em uma Nárnia que se destrói pouco a pouco? Impossível. Mas eu não hesitaria em deixá-los nas mãos de Aslam.
- Verei – respondi, sem tirar os olhos do horizonte. Então, eu avistei um estábulo minúsculo e um leão entrando nele – Espere. Você está aqui ou lá?
Aslam pareceu sorrir.
- Achei que já tinha uma ideia do que eu poderia fazer, criança – disse. Eu me senti uma idiota. É claro que Aslam podia ficar em dois lugares ao mesmo tempo. Ele criou Nárnia, pelo amor de Deus!
Lá embaixo, eu vi alguém espiar por entre a porta do estábulo. Acho que era Pedro. Não tinha certeza. Antes que pudesse observá-lo melhor, o sol desapareceu por completo no horizonte e Nárnia esfriou e escureceu.
- Nárnia terminou – murmurei, com uma lágrima caindo de meus olhos.
Aslam me mirou pesaroso, como se fosse eu e não Nárnia que havia esfriado e escurecido.
- Boa sorte, Susana – disse O Leão Maravilhoso – E lembre-se – um cordão de ouro apareceu em meu pescoço, com um pingente do tipo que se coloca uma foto – uma vez rainha de Nárnia, sempre rainha de Nárnia.
E antes que eu pudesse responder, o mundo girou e desmaiei novamente.
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Review, hein?