Susana Pevensie escrita por Hannah Mila


Capítulo 6
O Diário de Eustáquio


Notas iniciais do capítulo

Desculpempelademora,desculpempelademora, miiiiil desculpas pela demora!!!! Minhas aulas começaram, to com prova, muito caos para um fanfic writer.
Mas vamos seguir em frente! Aqui está o capítulo tão esperado, e eu juro por tudo que é sagrado na Terra, em Nárnia, no mundo bruxo e no Olimpo que o próximo capítulo vai vir mais rápido!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/192364/chapter/6

Eu abri o diário no trem, de volta para casa. Tia Alberta tinha me deixado ficar com ele, já que não era mais de sua necessidade. Na primeira página, eu encontrei uma tabela de notas escolares:

Matemática - 9,5

Geografia - 9,0

História - 9,8

Ciências - 9,4

Português - 9,5

Educação Fisíca - 9,0

________________________________________________

Matemática - 9,9

Geografia - 10,0

História - 9,5

Ciências - 9,5

Português - 10,0

Educação Física - 9,3

_________________________________________________

Achando que aquela parte não era de muita importância, eu a pulei. Passei por uma página onde Eustáquio havia colado páginas de livros instrutivos e besouros mortos. Por fim, em uma página, eu achei as reclamações de Eustáquio a respeito do Peregrino da Alvorada, o barco em que Edmundo, Lúcia e ele próprio viveram outras aventuras.

O diário de reclamações de Eustáquio havia começado no dia 7 de agosto e terminado em 11 de setembro. Depois de 11 de setembro, estava um prefácio:

Usarei este diário para registrar os debates que os seis(este seis foi riscado)sete amigos de Nárnia iniciam em suas reuniões.

Assinado, Eustáquio Clarêncio Mísero, sem títulos.

Passei imediatamente à outra página e lá estava:

Digory Kirke (DK): Bem-vindos, todos vocês.

Polly Plummer (PPL): Ora, não seja tão formal, Digory. Viemos aqui para nos divertirmos um pouco.

Pedro Pevensie (PPE): Seria mais fácil nos divertimos se Susana estivesse aqui.

Edmundo Pevensie (EP): Não seja rabugento, Pedro. Você mesmo disse que um dia ela volta a acreditar em Nárnia.

Eustáquio Mísero (EM): Bem, não viemos para conversar sobre isso. Não quero anotar uma discussão aqui.

Lúcia Pevensie (LP): Com toda a razão. Viemos para conversar sobre Nárnia. Alguém gostaria de ouvir um poema?

EP: Qual deles?

LP: Aquele a respeito de Corin da Arquelândia.

PPE: Era um dos meus preferidos. Pode recitar, Lu.

Então Lúcia recitou um dos nossos poemas preferidos de Nárnia, que era assim:

Foi numa montanha lá da Arquelândia

Que Corin Mão de Ferro realizou sua maior façanha.

Corin não usou espada nem lança

Nem flecha nem veneno.

Para derrotar o urso selvagem,

Bastou o seu punho de ferro.

Dizem que quando pequeno Corin brigava com seu irmão.

Cor, apesar de um rei sagaz, acabava sempre no chão.

O príncipe Corin da Arquelândia era temido e admirado

Por seus inimigos, procurado.

Hoje Corin Mão de Ferro está morto, enterrado.

No país de Aslam ele descansa, mas jamais será superado.

Li e reli esta última parte muitas e muitas vezes. Tinha acabado de me dar conta de algo perturbador, uma coisa que o Sr Tumnus nos contou quando estava já muitíssimo velho.

Flashback on

- Sinto que vou morrer logo, mas não me preocupo – disse-nos o Sr Tumnus pouco tempo antes de voltarmos para o nosso mundo da primeira vez – Vou para o país de Aslam, que é para onde todos nós vamos, ao morrer e ao sonhar. Dizem que até os primeiros reis de Nárnia, que vieram no dia da criação, estão lá, descansando, aproveitando a vida, digo, a morte. Vão para lá todos os reis e rainhas, todos os caçadores, todos os animais, todos que são leais e bondosos.

- E para onde vão os traidores e maldosos, senhor? – perguntara Pedro. O Sr Tumnus deu de ombros.

- Ninguém sabe ao certo. Mas creio, e muitos outros também, que eles são levados por Tash, o abominável Deus dos calormanos – Lúcia arregalou os olhos diante dessa ideia – Mas vocês não precisam se preocupar. São os melhores reis e rainhas que Nárnia já teve, e irão sem dúvida alguma para o país de Aslam daqui a muitos e muitos anos, espero.

Flashback off

E refleti. Refleti por algum tempinho, murmurando para mim mesma: Não, não pode ser, quero dizer, eles morreram neste mundo, não em Nárnia. Mas por mais que eu repetisse aquilo, eu não conseguia me convencer. Por que eu sabia que talvez todos eles estejam no país de Aslam naquele momento, conhecendo tantas pessoas históricas como os primeiros reis e rainhas de Nárnia.


- Hum, está tudo bem, senhorita? – perguntou-me alguém, despertando-me de meus pensamentos. Uma moça loura que trabalhava no trem me mirava num misto de preocupação e curiosidade. Eu a entendia. Não era todo dia que você encontrava uma passageira segurando um caderninho preto e murmurando para si mesma palavras estranhas como Nárnia e Aslam.

- Eu estou bem – eu disse fechando subitamente o diário de Eustáquio.

- Tem certeza? – insistiu a moça – Não quer um copo d’água ou algo assim?

- Não, eu estou ótima, obrigada – tornei a dizer. A moça se afastou e eu abri novamente o diário, me sentindo ligeiramente nauseada. A todo caso, pensei, vou procurar o que eu queria procurar desde o início: o debate a respeito dos anéis.

Finalmente o achei – estava em uma das últimas páginas em que Eustáquio havia escrito algo:

DK: Bem-vindos, novamente, principalmente a nossa nova amiga, Jill Pole.

Jill Pole (JP): Obrigada, professor Kirke.

PPL: Não se acanhe querida, todos são bem-vindos aqui junto aos seis... Sete amigos de Nárnia. Lúcia, por favor...

PPE: A melhor poetisa entre nós.

LP: Com certeza.

Lúcia recitou um poema, mas eu estava em um clima muito tenso para lê-lo, então pulei para o fim do jantar.

JP: Aaaah!

Não me pergunte por que Eustáquio anotou os gritos das pessoas.

PPE: Fale, se você não é um fantasma ou uma visão. Existe em você algo que lembra Nárnia, e nós somos os sete amigos de Nárnia. Espectro ou espírito, ou seja, lá o que for! Se você é de Nárnia, ordeno-lhe em nome de Aslam que fale comigo. Eu sou Pedro, o Grande Rei.

LP: Vejam! Está sumindo!

EM: Está desaparecendo!

PPE: Ele tem algo haver com Nárnia. Foi Aslam. Ele o mandou para cá como uma aparição, para mostrar que Nárnia precisa de ajuda.

PPL: Certamente, Pedro, mas como vamos chegar lá? Você muito bem sabe que não podemos ir todos para lá sem a ajuda de Aslam.

EP: Bem, não todos, mas Eustáquio e Jill podem.

JP: Quê, mas... Por que não vocês, ou...

EM: Esqueceu-se, Jill, que só nós dois neste grupo podemos retornar a Nárnia? Tio Digory e tia Polly não voltam lá há anos. Pedro, Lúcia e Edmundo já não podem voltar de forma alguma. Tem que ser nós dois.

JP: Está bem.

PPE: Certo, mas ainda temos um problema: como Eustáquio e Jill chegarão lá?

DK: Ora, isto é muito fácil de resolver: os anéis!

JP: Anéis? Que anéis?

LP: É uma longa história. Conto depois.

PPL: Mas é claro, os anéis!

EP: Mas que bom que eles não estão enterrados em uma casa que já não é mais de tio Digory, não é?

LP: Quieto, Edmundo.

EM: Mas é verdade, isso é um problema. Como nós vamos conseguir os anéis?

PPE: Bem, eu e Edmundo vamos pensar em algo.

EP: Eu? Por que eu?

PPE: Ah, vejamos. Tio Digory e tia Polly já estão velhos demais para pular muros. Não seria legal fazermos nossa irmãzinha parar na cadeia por invadir propriedade privada. Eustáquio e Jill têm de se preocupar com Nárnia. O que sobra?

Eu não pude deixar de rir baixinho ao ler a fala de Pedro. Havia me esquecido como ele poderia ser engraçado quando tinha vontade.

EP: Certo.

PPE: Enfim, nós vamos pensar em algo depois.

EM: Esperem. Amanhã nós vamos ter de voltar à escola. E isso, então, hein?

LP: Acho que podemos encontrar vocês em algum lugar a caminho da escola.

JP: E entregar os anéis. Isto é, se os conseguirem.

DK: Vocês os vão conseguir.

PPE: E chegando em Nárnia...

EM: Deixe essa parte conosco. Depois de duas aventuras naquele mundo, acho que eu sei me cuidar.

JP: Pois eu acho que você vai cair de outro abismo.

EM: Lembre-se que eu perdi o equilíbrio porque você queria se livrar da minha ajuda.

PPL: Quietos! Não estamos aqui para discutir o porquê de Eustáquio ter caído em um abismo.

EP: Porque você caiu de um abismo?

EM e JP: Longa história.

PPL: Estamos aqui para discutir a respeito do chamado de ajuda de Nárnia.

LP: Então, nós temos um plano.

PPE: Eu e Edmundo vamos sair escondidos esta noite e invadir a antiga casa de tio Digory...

EP: Desenterrar os anéis e sair antes que a polícia chegue...

DK: Pegar um trem para entregar os anéis a Eustáquio e Jill...

JP e EM: E ir para Nárnia.

PPL: Jantar encerrado. Nos vemos amanhã.

LP: Nos vemos?

PPL: É claro. Acha que vou deixar que dois dos sete amigos partam sem me despedir? É obvio que não. Então, adeus, amigos!

DK: Vemo-nos amanhã.

E ali acabara a conversa.


De repente, o trem parou. Demorou alguns minutos para a moça loura que trabalhava no trem chegar na frente do vagão e anunciar:

- Senhores passageiros, sentimos informar que o trem enguiçou. Pedimos que retirem-se para a estação de trem mais próxima e esperem lá pelo trem que desejam pegar. Não se esqueçam de seus pertences nos bagageiros.

Levantei-me, peguei a maletinha de Lúcia e já estava saindo do vagão quando a moça bloqueou minha passagem e disse de forma de que apenas eu pudesse ouvir:

- Majestade, a senhorita sabe que nenhum rei ou rainha de Nárnia deixa de ser rei ou rainha de Nárnia – eu olhei dentro dos olhos da mulher. Eu conhecia aqueles olhos em qualquer lugar. Mas não podia ser...

A moça olhou-me de volta, seus olhos cor-de-rosa penetrando fundo na minha alma. Então, ela sorriu.

- Sabia que se lembraria de mim – disse Maitê, minha ninfa das árvores favorita, ainda em um sussurro – Apenas lembre-se: ninguém que já foi a Nárnia está livre dela para sempre. É tudo que lhe digo, Majestade.

E alargando seu sorriso branco e perfeito, ela me liberou para sair.

Eu saí do trem olhando chocada para Maitê. Ela era uma das ninfas mais chegadas de mim e de meus irmãos. O que ela estava fazendo ali, disfarçada de moça? Como sou burra, pensei, É óbvio que ela está aqui por ordem de Aslam. Ainda me perguntando mil coisas, eu me virei para ver onde o trem havia parado. Arquejei.

Eu estava diante de um enorme prédio de mármore branco, incrivelmente sujo e com a poluição da cidade abundante. Mas não fora o prédio que havia me impressionado. Fora que em frente ao prédio havia uma estátua, também em mármore branco, de um leão. Mas não era apenas um leão. Era Aslam. Isso eu percebia em qualquer lugar, hora, situação.

Eu andei até a estátua, mirando-a fixamente nos olhos de pedra. Algumas pessoas por perto deviam ter me achado louca, uma moça jovem e bonita andando em direção à um leão de mármore branco quase cinza de tão sujo. Mas eu nem me virei. Encostei a palma da mão direito na juba de Aslam e disse:

- Seja o que for que tenha acontecido, apenas me diga: eles estão bem?

Não sabia se quando dizia eles me referia aos meus pais, aos meus irmãos, ou aos outros que eu mal conheço. Sabia apenas que naquele mesmo instante desmaiei, afundando no sonho mais real que eu já havia tido em toda a minha vida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, porque valeu muito trabalho. E eu coloquei um pouco mais de comédia agora, porque achei que estava faltando.