Meu coração palpitava a todo segundo. Já haviam se passado pelo menos meia hora que Scorpius e meu pai estavam conversando e eu não conseguia ouvir absolutamente nada do que estavam falando. Isso me frustrava ainda mais.

Todos na cozinha estavam entediados de tanto esperar. Tia Gina se distraia mudando as cores das flores que estavam em cima da mesa com sua varinha, tio Jorge e Lily, tentavam concertar as orelhas extensíveis, mamãe estava na janela apenas observando a paisagem, e eu estava sentada em uma cadeira, num canto da cozinha, longe de todos.

A porta da cozinha se abriu, fazendo todos se virarem rapidamente para ver quem era.

– Rose, venha aqui. – Disse papai muito sério. Eu obedeci me levantando da cadeira e seguindo para a sala.

– Meu namorado não está morto. Calma Rose, relaxa. – Eu disse para mim mesma, tentando me tranquilizar.

Meus batimentos agora voltavam ao normal ao ver Scorpius sentado no sofá, intacto.

– Queremos falar com você. – Disse papai, fazendo sua voz soar como um trovão em meus ouvidos.

– Tudo bem, falem. – Eu disse me sentando no sofá ao lado de Scorpius.

Cheguei um pouco mais perto de Scorpius e peguei sua mão para segurá-la. Mas, por mais estranho que pareça, ele soltou suas mãos das minhas, e nem se quer se virou para mim.

Afastei-me de Scorpius e olhei atentamente para meu pai, esperando o que tinha a dizer.

– Rose, eu e Malfoy conversamos e ele concordou que o melhor para todos é... Bom, queremos apenas que você saiba que nós queremos apenas o seu melhor, certo? Sou seu pai e...

– Pai, ande logo com isso, por favor. – Eu disse, interrompendo ele.

– Ah, certo. Bom, como eu estava dizendo, nós concordamos que o melhor para todos é que você e o Malfoy terminem. – Demorei um pouco para raciocinar o que meu pai havia dito.

– O que? – Eu disse me levantando do sofá em um salto.

– Veja bem Rose...

– Ver o que? Ver que você está desistindo de mim? – Interrompi Scorpius e senti meus olhos se encherem de lágrimas.

– Rose isso nunca iria dar certo, deveria saber disso. – Disse meu pai fazendo todas as lágrimas acumuladas em meus olhos caírem.

– Eu não estou desistindo. No fundo nós dois sabíamos que esse relacionamento não iria durar muito tempo. – Disse Scorpius me fazendo ficar incrédula com o que ele acabara de dizer.

– Pensei que me amasse! – Eu disse aos prantos olhando para ele.

– As pessoas se enganam. – Disse ele olhando para o chão. Ele nem se quer teve a coragem de olhar em meus olhos e dizer tudo de cabeça erguida.

– Rose... – Disse meu pai segurando delicadamente meu braço direito.

– Não me toque! – Eu disse decepcionada, tirando brutamente suas mãos de meu braço.

– Tudo bem então Rose Weasley. Mas pelo menos me ouça! – Disse meu pai alterando levemente o tom de voz.

– Eu não quero te escutar, não entendeu ainda? Eu nunca pensei que o meu próprio pai pudesse estragar a minha vida por culpa de orgulho próprio. Quer saber? Quero mais é que você e seu orgulho vão para o inferno! – Eu disse sentindo mais milhares de lágrimas caírem sobre meu rosto.

– Sou seu pai, não fale assim comigo.

– E como eu devo falar? Devo agradecer por ter feito essa atitude egoísta? Quer que eu faça uma reverência? – Ironizei.

– Rose, você está muito estressada, por que você não...

– Cale a boca Scorpius Malfoy! – Interrompi. – Querem saber? Vocês se merecem. Podem ir juntos para o tártaro agora. – Eu disse aos prantos e segui para o meu quarto os deixando sozinhos.

Cheguei em meu quarto e me joguei na cama. Lembrei-me de todos os meus momentos junto á ele. Seu nome ainda me causava batimentos acelerados.

Mas ele tinha razão. Como ele disse: “as pessoas se enganam”. Eu sabia que aquilo era verdade, pois havia me enganado e me magoado muito naquele dia.

– Rose? – Ouvi Lily abrir a porta e me chamar.

– Oi Lily, pode entrar. – Eu disse limpando as lágrimas de meu rosto rapidamente.

– Rose, eu sinto muito. – Disse Lily sentando-se ao meu lado em minha cama.

– Eu também Lily. – Eu disse e senti uma lágrima cair em meu rosto.

– Tem alguma coisa que eu possa fazer pra te fazer se sentir melhor? – Perguntou ela docemente.

– Não Lily, não há nada que ninguém possa fazer pra eu me sentir melhor. – Eu disse e abaixei minha cabeça, olhando para o chão.

– Sabe do que você precisa? – Perguntou ela.

– Deitar na minha cama e chorar enquanto como porcarias?

– Não! Você tem que sair Rose, tem que se divertir. – Sugeriu ela.

– Não sei se devo. – Eu disse desanimada.

– É claro que deve Rose! Vai mesmo ficar aqui chorando e se lamentando enquanto o Malfoy não está nem aí pra você?

– Acha mesmo que ele não se importa comigo Lil’s? – Perguntei tristemente.

– Eu não sei, mas eu não vou deixar você ficar deitada nessa cama engordando. Olha, vai ter uma festa de ano novo na mansão do Mclaggen, e eu posso conseguir um convite pra você. – Disse Lily sorrindo para mim.

– Mclaggen? Esqueceu que nós ficamos e depois peguei ele beijando uma Corvina? – Eu disse.

– Rose, isso são águas passadas! È como os trouxas dizem: “Quem vive de passado é museu”. Vai Rose, vamos? Vai ser divertido! – Insistiu Lily.

– Lily, eu acabei de terminar com meu namorado. Não sei muito bem se consigo. – Eu disse tristemente.

– Ah Rose por favor, por mim? – Insistiu ela novamente.

– Tá, eu vou. Mas e se o Mclaggen não quiser te dar mais um convite? – Perguntei.

– É claro que ele vai me dar mais um convite! – Disse ela em um tom de “óbvio”.

– Tudo bem então senhorita Potter. – Eu disse fazendo-a rir.

– Rose, quer saber de uma coisa? – Perguntou ela.

– Sim.

– Se ele terminou com você, é por que realmente não te merece. Você é uma garota incrível, e aposto que quando os garotos de Hogwarts souberem que você está livre, vão fazer uma fila no dormitório feminino para poderem implorar pelo seu amor. – Disse Lily reconfortante.

– Só você mesmo para me fazer me sentir melhor Lily, obrigada. – Eu disse a abraçando bem forte.

– É o que eu faço com as pessoas que eu amo. – Disse ela e eu a abracei muito mais.

Lily e eu ficamos conversando durante toda à tarde. Relembramos nossos melhores momentos juntas quando crianças, rimos de todos os micos, palhaçadas e situações constrangedoras que já passamos.

Tudo isso me fez esquecer um pouco ele. Eu não diria esquecer, mas pelo menos parar de pensar por alguns momentos. Mas era inevitável.

Eu não tinha mais coragem de pronunciar seu nome, parece que cada letra dele apertasse meu pescoço e me sufocasse. De hoje em diante eu iria citá-lo em alguma conversa ou até em pensamentos apenas como “ele”.

Pensando bem, talvez Lily tivesse razão. Talvez essa festa na mansão do Mclaggen realmente me fizesse esquecer tudo o que havia acontecido nesse perturbador, triste e choroso almoço de natal.

Mas até o dia trinta e um de dezembro, muitos dos meus pensamentos ainda seriam voltados apenas para ele.