PDV DIOGO

Depois de tudo o que aconteceu, sabia que afastamento da parte dela era inevitável, mas isto doía demais, se o amor nasceu para fazer sofrer as pessoas preferia mil vez odiar, ao menos não sentia assim como me sinto agora.

Só não a quero perder, nunca, ela é o mais importante que tenho, daí protege-la como se fosse de vidro, mas até isso, a margarida acha exagerado, alias ultimamente acha tudo em mim exagerado. Notei que ficou chateada com o simples facto de não falar bem com colega dela, não gosto dele e deixo sempre isso bem explicito quando eles estão juntos. Estou a tornar-me obcecado, talvez a queira tanto que lhe esteja a fazer mal.

Chegamos a casa, a Clara tinha ficado a fazer o almoço e o Tiago a trabalhar, os dois tinham sido incansáveis na recuperação da margarida, embora não fosse encarregue de os proteger, sentia essa obrigação.

- O almoço já esta pronto – Disse a Clara trazendo um enorme tacho  com um cheiro delicioso, isto de andar no meio de humanos mexia com o meu organismo, o que me fazia ser como eles, ter as suas necessidades básicas.

- Hum, cheira bem! – Disse a margarida, sentando-se á mesa. – Estou com uma fome!

- Entao come! – Respondeu a Clara sentando-se de seguida. – Diogo senta-te!

Sentei-me e servi um pouco para o meu prato, estava divinal já sabia que iria repetir de certeza.

- Como foi o primeiro dia? – Perguntou a Clara, enquanto a margarida levava uma colher a boca.

- Foi bacano! Amanhã devo de ir para outra área! Estou desejando que me calhe a dos originais! – Sorriu.

- Isso é bom, estou a ver que em vez de trabalhares vais passar o tempo a ler! – Respondeu-lhe a Clara, eu continuava a comer em silencio, topando a conversa que se desenrolava ali na mesa.

- Claro! – Sorriu a margarida. – Então e tu? Vais ficar mais uns dias a descansar não é?

- Não…Estou farta de estar em casa! Amanhã já vou para o bar! – Disse a Clara comendo. – Nem vale a pena começar com as tuas coisas porque eu estou bem.

-Eu vou também! – Respondeu a Margarida.

- Não, não vais! – Respondi-lhe logo de seguida. – Tens que descansar! Alem disso tens o estágio, já não precisas do bar.

- Vou! – Disse-me, furiosa. – Eu estou bem e tu não tens que te meter. Conta comigo amanha Clara.

Eu estava furioso, como e que ela podia ir contra o que eu estava a dizer.

- Não vais, eu não deixo! – Respondi-lhe mais uma vez, a raiva estava a tomar conta de mim, como é que ela não percebia que so lhe queria o bem.

- Tu não mandas em mim Diogo, se eu digo que vou é porque vou e acabou-se! – Ela foi longe demais. – Tu…

- Nem te atrevas a dizer… - Ela calou-se, assim como a Clara. Levantei-me da mesa e sai daquela casa, não conseguia mais, cada palavra dela era uma facada em mim.

- Diogo espera! – Ainda a ouvi dizer, mas já tinha fechado a porta.

Precisava da paz para me acalmar, precisava de me sentir um pouco livre. Fui até ao ponto onde tudo era tao pacífico e natural e sentei-me num banco, e a floresta densa me rodeava.

Fazia um esforço enorme para não chorar, mas uma lagrima correu o meu rosto.

Como é que isto foi mudar de um dia para o outro, ela diferente para mim, cada vez mais, não ouve os meus conselhos, não entende que só a quero proteger, algo esta para acontecer e só a quero em segurança. A frieza dela machuca, ela afasta-se e aos poucos estou a perdê-la!

- Será que ela ainda me ama? – Estupidez, não ia ter respostas, estava ali sozinho. Desanimei.

- Claro! – Miguel surgiu a meu lado, olhando em frente. – O amor que ela sente por ti é do mais puro que possa existir – Disse-me sorrindo – Tens de dar tempo ao tempo, ela está receosa!

- Arcanjo Miguel, apoiando um amor que há uns meses atrás me aconselhava a não existir.

- Azazel, não posso ir contra o vosso amor, alertei-te no inicio, sabias que era perigoso! Mas agora é diferente, ela conhece os nossos, sabe o teu segredo e mesmo assim com o seu dom, ela continua amar-te.

- Os arcanjos estão do meu lado então?

- Eu estou do vosso lado, o vosso amor é quase como profético. Tu um anjo de duas vertentes, ela um ser fruto de uma união única entre o bem e o mal. Não posso interferir cabe a ti decidires o que achas de melhor para os dois!

- Profético...Hum! No mínimo estranho, Miguel, e se tudo o que eu sentir for apenas originado do seu poder? – Muitas vezes aquela questão surgia na minha mente confundindo-me.

- Talvez, mas não sentirias o que sentes, sabias? Terias uma enorme atracção, algo divinal por ela, estarias confuso e no momento de fazeres algo contra ela, a piedade surgiria no meio dos dois. Tal como o teu irmão se sente junto a ela, não é capaz de a amar, mas por mais ódio que tenha mata-la não surge no seu pensamento!

- Beliel, julguei por momentos que ele a amasse! – Lembrando-me da conversa sobre o amor, que tivemos antes de tudo.

- Está confuso, a margarida sem saber mexe com a cabeça dele, com os seus princípios! Mas basta o olhar de belzebu sobre ele para a negritude o consumir de novo, exclarecido? – Sorriu.

- Aliviado talvez… Obrigado Miguel, por me orientares! – Disse-lhe agradecido.

- Vai ter com ela, não deixes nada por lhe dizer, grandes tumultos se aproximam e vai ser necessário a confiança entre vocês para lutarem lado a lado! – Sorriu de novo e levantou-se. – Vou dando noticias, cuida dela! – E desapareceu, ele tinha razão em tudo, era a pessoa que mais confiava para desabafar todos os meus problemas e confusões. E no fundo sabia que ela precisava do meu apoio, tinha que lhe dizer que a amo, que a quero como sempre quis e seja qual for as decisões que ela tome e mesmo que tudo mude, eu vou estar sempre com ela.