Algo raro tinha acontecido, eu tinha conseguido passar mais de sete minutos debaixo d'água. Mas ainda me sentia infeliz por ser tão fraca, Liu era uma verdadeira filha de Poseidon, ela tinha tantos poderes na água, eu a invejava silenciosamente. Estava triste e sem motivação nenhuma para continuar nessa missão, escolheram a pessoa mais errada que poderia existir para algo tão sério. Uma lágrima escorreu nos meus olhos sem eu perceber, tava tudo tão rápido, mas dentro de mim tudo tão lento. Encostei meu rosto nas costas de Damien, ele pareceu ter percebido que eu precisava de um ombro amigo naquela hora e não reclamou, ficou quieto. 

A viagem foi rápida, quando eu dei a terceira piscada já tinha chegado no destino e de longe eu via o palácio. Liu conversava com Leo, eles pareciam se tornar cada vez mais amigos e cada vez mais intimos.

Do nada Nico apareceu por debaixo da terra. Eu tinha percebido que ele não havia usado os cães infernais, por um instante pensei que ele não participaria mais da missão e deixaria eu- eu não, a equipe sozinha. 

- Estou com sono - Nico comentou. Deveria ser pelo gasto de poder, na minha mente passou a pergunta, se o Damien poderia fazer todas aquelas coisas incriveis e sinistras que o Nico faz. 

Nesse momento, Leo parou bruscamente e eu taquei minha cara em cheio nas costas dele. 

- Aí - dei um grito de baixo. Meu nariz doia, e o garoto virou para mim e pediu desculpas rindo. Que otário.

- Desculpa Cindy - ele falou olhando pra mim rindo e depois fez uma cara séria e olhou para todos - Tem cinco semideuses aqui, com isso o monstro que tem lá, já pode ter notado a nossa presença ou não, mas séria bom que não. Eu e o Nico vamos pegar a sexta chave, enquanto vocês pegam a quinta, a sexta chave de acordo com o mapa está perto daqui, neste ponto - ele apontou no mapa o lugar para eu, Liu e Damien - não tem nada, neste local, vamos ver o que encontramos por lá, quando terminarem aqui, venham até este ponto - ele apontou para o lugar debaixo dos nossos pés - e corram para aquela direção, direto, estaremos esperando vocês lá para ir para o monte, libertar os deuses e os nossos amigos, por fim, acabar com essa missão. - por fim ele deu um sorriso simpático.Todos concordamos afinal, mas se eu interpretei bem, Liu não estava muito satisfeita com a separação, Leo abraçou ela antes de ir e por fim os dois partiram.

Quando estavamos indo prosseguir o caminho, fomos surpreendidos.

- Mas o que? - Liu falou surpresa, sua boca e a do Damien tinham formato de um 'o', e eu não dúvidava muito que a minha boca também.

- Cadê o palácio que estava bem ali? - perguntou Damien.

- Ele não pode ter sumido! - falei.

- É culpa daquela tal de névoa? Só pode ter sido - disse Liu.

- Não, ele só pode ter sido roubado. - falou Damien.

- Ah, eu não acredito que estou escutando essas teorias - eu disse chata - vamos até lá - eu saí correndo em direção aonde o castelo deveria estar, Damien e Liu estavam atrás de mim.

Quando chegamos lá, não tinha absolutamente, apenas terreno e um rio.

- Não pode ser, um palácio enorme daqueles não podem ter sumido em apenas alguns minutos que a gente estava de costas, eu não posso acreditar - falou Liu, com espanto.

- Ok, já nos descobriram, já sabem que estamos aqui - Damien disse já pegando a sua espada e olhando para todos os lugares. Eu tinha duas espadas cobertas nas roupas que eu usava, mas normalmente usava só uma, lutar com duas espadas ainda era complicado e ainda exijia muito de meu físico, então peguei apenas uma das espadas. Liu vendo as espadas agiu como nós, já estavamos em posição de luta. Quando de repente um fogo queima uma árvore. Olhamos para o monstro enorme, cuspidor de fogo. Era uma Hidra.

- Eu não acredito... - ouvi Liu dizer - mas eu matei este monstro, eu lembro que matei... - Liu parecia chocada.

- Monstros depois de mortos vão para tártaro, mas eles voltam, pode demorar anos, meses, semanas ou... Dias - explicou Damien, em posição de luta - não é hora de explicar.. - Damien partiu para o ataque.

- Se eu matei ela uma vez, eu posso matar de novo! - ela se pôs a atacar aquele monstro. Cada um de um lado e cada um se protegendo. Foi de repente que eu notei que numas das cabeças da Hidra, havia um colar e a chave brilhava. Gritei para Damien e Liu para verem e foi atacar ela por trás, tentando feri-la enquanto Liu ou Damien enfiavam a espada no coração daquele monstro. Mas em um pisque que eu dei, eu notei que Liu estava caida no chão e uma das cabeças estava aponto de queima-la com seu fogo, quando Damien entra na frente e leva o fogo todo nas costas.

- Damien... - Liu pareceu ter falado seu nome chocada. 

- DAMIEN! - eu gritei, e fui atingida pelo rabo da Hidra e lançada para o rio.

- CINDY! - ouvi a Liu gritar desesperada, enquanto eu afundava, a voz dela parecia de choro. Tudo estava tão calmo dentro daquele rio...

"DAMIEN VOCÊ É GORDO!... EU-EU NÃO CONSIGO TE LEVAR!... DAMIEN! CINDY!" escutava Liu gritando, ela parecia estar desesperada e chorando. Escutava as pisadas do monstro.

Eu era tão fraca, mal estava conseguindo respirar, meu pai não era Netuno, eu não era poderosa, eu não conseguia nadar até a superficie pra ajudar meus amigos, me lembrava do meu sonho no primeiro dia que eu dormi no acampamento meio-sangue, lembrava da rejeição da minha mãe mortal e do nada passou uma memória, Liu e Damien rindo por piadas sem graças, se divertindo, eu tinha que ajudar....

Não sei de onde e nem sei explicar o porque, mas do nada eu me vi na superficie andando e cada passo que eu dava a terra se tremia de forma incontrolável, mas eu não era abalada com os tremores, eu causava-os, e percebi um tempo depois, a Hidra se desquilibrava e Liu estava no chão segurando Damien, seus olhos estavam vermelhos.

Eu fui até a Hidra com todo ódio e fúria guardados, e meti a faca em seu coração. Sem trabalhos, sem delongas, o colar caiu no chão, eu peguei-a e rapidamente fui até aonde se encontravam Liu e Damien.

- Você esta bem? - perguntei para Liu, ela assentiu com a cabeça. Viramos Damien, Liu pegou um pouco de ambrosia, e jogou o liquido na sua boca para ele beber, ele ainda estava vivo, mas estava a um fio pra morte, suas costas estavam em carne viva, queimaduras de alto grau. Depois de alguns segundos, as queimaduras foram desaparendo pouco a pouco, não muito, no final ainda dava para ver algumas poucas queimaduras. Damien foi abrindo os olhos devagar.

- Damien! - eu e a Liu falamos ao mesmo tempo e demos um abraço nele.

- O.. o que aconteceu? - perguntou ele confuso e com cara de dor. Liu deu um tapa no braço dele.

- Aí - ele deu um grito de dor.

- Nunca, mais nunca mais faça isso, nunca mais se coloque na minha frente de novo -  disse Liu, ela estava séria e o Damien assustado, mas não demorou muito para a expressão séria da cara dela desmoronar e ela sorrir e abraçar ele novamente. Nos levantamos, fomos andando ajudando Damien a andar e seguimos nosso caminho. Liu comentava o que eu tinha feito para o Damien, ela parecia muito surpresa, agora os dois pareciam surpresos. Eu não podia negar, até eu estava surpresa com isso, eu causava terremotos, que incrivel.

- Ui, ela causa terremotos - Damien fez uma piadinha, ele e Liu começaram a rir, e dessa vez eu ri junto com eles.

No caminho se deparamos com um homem, bonito, alto e que parecia um rockeiro que estava com uma moto ao lado.

- Olá crianças, eu sou Ares.