Pov. Bella

Respirei fundo pela décima vez e enxuguei as mãos na lateral da beca preta que eu vestia.

Eu definitivamente não conseguiria me acalmar.

Sentia meu estômago apertado e tentava me segurar para não vomitar todo meu café da manhã.

Ultimamente, essa era uma prática freqüente em minha rotina.

Sempre que me sentia nervosa, vomitava.

Olhei atentamente para a platéia, por detrás das cortinas escuras, onde toda minha família e amigos estavam sentados, e me senti ainda mais nervosa.

Recoloquei a cortina no lugar e passei a mãos pelos cabelos, tentando não desarrumá-los ainda mais.

Alice me mataria se eu subisse descabelada ao palco.

Sorri com o pensamento.

Hoje era minha formatura na faculdade.

Depois de tantas reviravoltas e contratempos eu conseguira, finalmente, alcançar meu diploma de Psicologia.

E eu estava muito feliz.

E orgulhosa também.

Só eu sei o caminho longo que tive que percorrer para alcançar essa conquista.

Jamais me esqueceria o apoio incondicional que Edward e toda minha família me ofereceram durante esse período conturbado, que envolvera estudos, trabalho e os cuidados com minhas crianças.

Sem eles eu não estaria aqui, hoje, recebendo esse diploma.

_ Eu vi seu marido... Bella, ele é lindo. Muito mais que bonito, agora que o vi pessoalmente. _ Lauren falou com a voz maliciosa, se abanando teatralmente e olhando na direção onde Edward estava sentado com nossos filhos.

Encarei-a por um momento e depois sorri de leve.

Lauren tornara-se minha amiga desde que eu voltara para faculdade.

Ela era divorciada e havia iniciado a faculdade para tentar esquecer os problemas e realizar um sonho de adolescência de tornar-se psicóloga.

Identificamos-nos logo de cara e ela sempre fora muito curiosa a respeito da minha família.

Ela não tivera filhos e ficara eufórica ao saber que eu tinha duas meninas gêmeas e um pequeno furacão chamado Ethan.

Certa vez, deixei cair uma foto minha e de Edward do meio dos meus cadernos e ela ficara encantada com a “beleza inacreditável” do meu marido.

Esse definitivamente era seu assunto preferido e às vezes chegava ser constrangedor ouvi-la perguntar sobre minha vida sexual, mas com o tempo, eu simplesmente me acostumara.

Alice tinha ciúme da minha relação com Lauren, mesmo eu dizendo a ela que jamais seria substituída. Afinal, ela sempre seria minha melhor amiga.

Certamente, se ela me visse agora, estaria fazendo uma careta devido à minha proximidade e intimidade com Lauren, que continuava a olhar na direção onde Edward estava sentado.

_ Ele é lindo mesmo, Lauren. Mas é meu. Só meu._ Falei séria e ela riu.

_ Isso é uma pena, querida. Eu adoraria que você o dividisse. Eu e toda nação feminina, é claro._ Ela piscou pra mim e eu ri de sua cara de pau.

Eu vivia dizendo a ela que um namorado resolveria seus problemas, mas Lauren insistia em dizer que não queria homens em sua vida tão cedo.

É claro, que essas afirmações, não a impediam de me provocar, dizendo que meu marido era gostoso.

Eu até sentia um pouco de ciúmes, mas como disse, acabara me acostumando com seus surtos referentes a Edward.

Ouvimos a voz do orador e ficamos atentas, já que em breve seriamos chamadas para receber os diplomas.

_ É uma pena que já tenhamos acabado. Não que eu não quisesse me formar, mas vou sentir sua falta._ Lauren falou, com os olhos marejados e eu sorri, abraçando-a.

_ Lauren, você mora em Port Angeles e eu em Forks. Trata-se de uma distância insignificante. Fique calma. Não perderemos o contato. Eu prometo.

Ela sorriu e me abraçou de volta.

Lauren era uma mulher muito solitária e eu entendia seu medo em perdermos o contato, mas não deixaria isso acontecer.

Gostava bastante dela e queria continuar sendo sua amiga.

Respirei fundo e endireitei o corpo, assim que o orador começou a chamar pelos nomes.

Lauren foi juntar-se às pessoas cujo nome começava com a letra L e eu fiquei sozinha, tentando me acalmar.

Mas comecei a suar e tremer outra vez.

A conversa com Lauren conseguira me distrair por um momento, mas agora o nervosismo voltara com força total.

Odiava ser exposta, mesmo que fosse apenas para pegar um diploma.

Mas, hoje eu precisava esquecer meu desconforto e ir até o palco para receber a prova da conquista que eu, Edward, nossos filhos, nossa família e todos os nossos amigos alcançamos.

Os formandos foram sendo chamados em ordem alfabética e eu fiquei na expectativa de ouvir o meu nome.

Olhei para Lauren, mais ao fim da fila e dei um tchauzinho animado.

_ Isabella Marie Cullen._ Ouvi o chamado e respirei fundo, dirigindo-me ao palco sem olhar para os lados.

Eu sempre fora muito estabanada e tinha medo de simplesmente tropeçar e cair.

Não seria nada surpreendente se isso acontecesse.

Peguei o canudo, que o paraninfo de nossa turma oferecia, e sorri radiante para ele.

Agora era oficial.

Eu estava formada.

O diploma não era de Harvard, mas sinceramente, eu não me importava.

Estava feliz e satisfeita por simplesmente ter uma profissão.

Olhei em direção a platéia e sorri mais ainda ao ver todos levantados e me aplaudindo.

Edward segurava Ethan nos braços e meu pequeno agitava os bracinhos animadamente. Carlie e Renesmee estavam subidas na cadeira e acenavam para mim, sorridentes.

Alice tentava conter Julya em seus braços, mas não parava de sorrir por nenhum momento.

Esme segurava à pequena Kristen nos braços e parecia sinceramente emocionada.

Meu pai batia palmas com tanta força, que não demoraria a arrebentar as mãos.

Sue sorria orgulhosamente para mim e eu me senti muito amada nesse momento.

Era bastante importante receber o apoio de todos àqueles a quem eu amava e respeitava.

Voltei para os bastidores da colação, onde a alegria era geral, e após cumprimentar a todos meus colegas de sala e alguns professores, segui apressadamente em direção à minha família.

Carlie e Nessie vieram correndo em minha direção e eu abri os braços para recebê-las.

_ Mamãe, você era a formada mais linda de todas._ Nessie falou entre meus cabelos e eu sorri.

_ Formanda, meu bem. Diz-se formanda. E obrigada!_ Agradeci o cumprimento e ela sorriu radiante.

_ Quando crescer, eu quero ser uma formada também._ Carlie falou sorridente e eu a apertei mais em meus braços, apenas rindo de suas confusões com a ortografia.

Edward aproximou-se e meu sorriso se expandiu ao ver que ele segurava um imenso buquê de flores nas mãos.

_ Parabéns senhora psicóloga._ Ele falou me oferecendo as flores e eu me inclinei para beijá-lo.

_ Obrigada, senhor médico. Finalmente eu estou formada. Nem acredito._ Falei sonhadora e ele sorriu.

Senti duas mãozinhas puxando minha beca e olhei para baixo, encontrando Ethan muito sorridente, com os dentinhos de leite a mostra e com os bracinhos erguidos em minha direção.

Entreguei o buquê para Edward e peguei meu pequeno no colo, apertando-o conta meu peito.

_ Oi, meu amor._ Falei carinhosa e ele sorriu mais ainda, colocando as mãos em meu rosto e beijando minha bochecha.

_ Mamãe linda!_ Ele falou e eu ri.

Ethan era muito carinhoso.

Desde que ele aprendera falar, não cansava de me chamar de linda.

Todos os dias ele era o primeiro a me acordar.

Descia do berço sozinho, e ia direto para meu quarto, subindo no meu colo e me acordando com “carinhos” nada sutis. Nem eu e nem Edward podíamos mais dormir nus, já que sempre recebíamos visitas na manhã seguinte.

Mas, apesar desses pequenos infortúnios, jamais reclamávamos. Ethan era um garotinho saudável e cheio de vida e eu agradecia todos os dias por tê-lo.

Ele adorava o pai com paixão, mas ninguém poderia desfazer o laço que eu e ele criamos.

Edward era o responsável pelos loucos momentos de diversão com ele e eu era a pessoa com quem ele dividia os afagos e os carinhos.

Meu pequenino seria um lorde assim como o pai.

Jamais deixaria de ser grata pela linda família que Deus me proporcionara.

Olhei para Carlie e Nessie que conversavam animadamente com outras crianças e suspirei feliz.

Minha vida era perfeita!

Existiam problemas, é claro, mas os momentos felizes superavam qualquer inconveniente que aparecesse. E, no final das contas, era isso que importava.

Pouco tempo depois, eu estava cercada por todos meus familiares e amigos presentes, que não cansavam de me parabenizar pela conquista.

Meu pai me esmagou em um abraço emocionado e para minha total surpresa, tinha os olhos marejados ao me desejar sucesso na carreira.

Pietro conseguira amansar o velho Swan, afinal!

Desde que o pequeno nascera, Charlie se tornara um novo homem.

E isso era maravilhoso.

Edward observava as crianças correrem pelo jardim, enquanto segurava à pequena Kristen em seus braços.

Ele parecia genuinamente feliz em conhecer a irmãzinha e Esme e Seth estavam em júbilo por ele não a ter rejeitado.

Ele me olhou de onde estava e eu sorri amorosamente, transmitindo-lhe todo o orgulho que eu sentia por sua atitude tão madura.

Esme não quisera esperar até o natal para que Edward conhecesse a irmã.

Aproveitou a primeira oportunidade e veio até nós com seu pequeno milagre.

Sua gravidez havia sido um pouco complicada devido sua idade, e esse fator somado ao grande amor que ela sentia por Seth, fazia com que ela exibisse a filha como se fosse um prêmio.

O que não deixava de ser, já que ela teve que trilhar caminhos muito dolorosos para alcançar a verdadeira felicidade.

Assim como eu.

Mas, de tudo isso, a única lição que ficara era de que confiar no amor, sempre valia à pena.

Eu não mudaria nem uma vírgula em minha vida.

O que eu passei, só serviu para me fazer dar valor a tudo de maravilhoso que eu tinha.

Rosalie, segundo Esme, não viera, pois não encontrou passagens, mas ela me felicitara pela formatura hoje de manhã, enquanto falava comigo pelo telefone.

Ela também recebera muito bem a irmã e parecia absurdamente feliz com sua pequena família.

Acho que tudo que Rosalie sempre quis e precisou foi de normalidade e de amor.

Suspirei e olhei ao redor em busca de Lauren.

Ela nos observava de longe e eu a chamei, para que pudesse apresentá-la a todos.

Sentia uma pena muito grande por ela não ter com que dividir esse momento.

Por muito tempo, eu me imaginei assim: Sozinha.

Gostaria de proporcionar-lhe a felicidade de ter uma família e amigos em um momento tão especial.

_ Pessoal, essa é Lauren. Ela era da minha turma e também acaba de se formar.

Todos a olharam com simpatia e ela parecia encabulada, mas eu sabia que era fachada.

Lauren não conhecia o significado da palavra vergonha.

Pouco tempo depois, ela já parecia super entrosada com todos, e se não fosse pelos olhares mal humorados que Alice lhe lançava, o momento seria perfeito.

Aos poucos, a multidão de pessoas que veio para assistir à colação de grau, começou a se dissipar e eu convidei a todos que vieram assistir esse momento único em minha vida, inclusive Lauren, a irem para minha casa.

Alda havia preparado um grande almoço em comemoração a minha formatura e como Esme, Sue, Charlie e Seth vieram exclusivamente para a ocasião, achei por bem reunir todos lá.

A faculdade era bem próxima a Forks e, portanto, a viagem seria rápida.

Todos tinham vindo de carro e em pouco tempo, nos colocamos na estrada rumo a Forks.

As meninas foram o caminho inteiro cantando musiquinhas infantis e Ethan tentava imitá-las ou segui-las com palmas.

Edward os olhava pelo retrovisor, com um sorriso divertido nos lábios e eu também ria da cena.

_ Feliz?_ Edward me perguntou, enquanto segurava minha mão que descansava sobre minha perna e eu o olhei por um momento.

_ Imensamente. Não conheço ninguém que tenha conseguido tudo o que sonhou e mais as coisas que nunca nem sequer pediu, em uma mesma vida._ Respondi sonhadora e ele alargou o sorriso.

_ Eu digo o mesmo. Jamais me imaginei sendo tão feliz. Tão completo._ Sorri com suas palavras e beijei sua mão, apertando-a suavemente.

Suspirei, encostando a cabeça no banco e me deixando levar pelo momento e pelo barulho que as crianças faziam.

Edward e eu não precisávamos preencher todo o tempo com conversas vazias.

Muitas vezes o silêncio falava mais do que as palavras.

Era um silencio harmonioso, repleto de amor, amizade e companheirismo.

Nossos filhos completavam um cenário maravilhoso e se Deus quisesse, jamais nos separaríamos.

XXXXX

_ Você tem muita sorte, Bella._ Lauren falou suavemente, enquanto observava Ethan adormecido em meus braços.

Depois de tanto correr e pular em companhia das outras crianças, ele finalmente sucumbira ao cansaço e como sempre, se aninhara em meus braços para dormir.

_ Eu sei, Lauren. Não me canso de agradecer a Deus todos os dias por tudo de maravilhoso que eu alcancei._ Falei, depois de dar um beijo na testa do meu caçula.

_ Ele é a cópia perfeita do seu marido, não é?_ Ela perguntou e eu sorri.

_ Sim. A miniatura mais fiel que pode existir._ Falei divertida e ela riu.

A cada dia que passava, Ethan ficava mais parecido com o pai. Os mesmos olhos, cabelos, tom de pele, formato do rosto... Tudo absolutamente igual.

Meu filho era tão lindo quanto o pai e este fato me enchia de orgulho.

_ Meu casamento foi um desastre. Nunca quis filhos, mas agora eu vejo que minha vida seria menos solitária se eu tivesse alguém com quem me preocupar e de quem cuidar. É claro, que não desejaria que eles fossem iguais ao meu ex-marido. Deus me livre lembrar-se de sua cara feia todos os dias!_ Ela falou tristemente e eu a encarei.

_ Você ainda pode ser feliz, Lauren. É jovem, bonita... Nada a impede de recomeçar.

_ O medo me impede, Bella. Sofri demais com meu marido e tenho medo de quebrar a cara outra vez. Pode parecer covardia, mas eu chamaria de cautela. Nem todos os homens são príncipes como seu marido. Na verdade, a grande maioria não passa de sapos idiotas._ Ela falou azeda e eu ri.

_ Minha vida nem sempre foi assim. Ele e eu tivemos que vencer muitos problemas para estarmos assim hoje. Felizes._ Expliquei e ela assentiu.

_ Sim. Mas, existia amor. Não sei se posso dizer o mesmo em relação ao meu marido. Acho que nossa relação era baseada no comodismo. Apenas isso._ Ela falou triste e soltou um longo suspiro.

_ Você ainda vai ser muito feliz, Lauren. Pode apostar._ Falei convicta.

Ela sorriu e olhou para o teto, mantendo a cabeça apoiada no encosto do sofá.

_ Vou me concentrar em minha carreira. Quero exercer minhas funções de psicóloga o quanto antes. O resto vem com o tempo. Ou não. Só me resta esperar.

Eu respirei fundo após suas palavras e olhei ao redor.

Todos estavam conversando e se divertindo e eu pude constatar que esse dia, assim como tantos outros, entrou para a lista dos meus preferidos.

Apenas Alice nos lançava olhares faiscantes, mas eu procurei ignorá-la.

Eu podia ter outras amigas sem que ela desse pitis.

E ela tinha que aprender a lidar com isso.

_ Sua amiga não é muito minha fã._ Lauren falou, enquanto olhava discretamente para Alice e eu balancei a cabeça, sorrindo.

_ Não ligue para ela. Trata-se apenas de ciúmes._ Expliquei e Lauren apenas sorriu.

Ficamos em silêncio outra vez.

_ Vai continuar com a livraria?_ Lauren me perguntou depois de alguns minutos e eu assenti, animada.

_ Sempre. Lutei muito para abri-la e não há possibilidades de me afastar. Quero fazer uma especialização em literatura. Não sei bem a linha de pesquisa que quero seguir, mas sei que literatura é o caminho. Gosto muito dessa área e me sentirei bastante realizada se conseguir me aventurar por ela._ Falei decidida e ela sorriu.

_ Quero me especializar em terapias de casais. Quem sabe assim, eu não me entendo de vez e arranje um homem._ Ela falou brincalhona e nós rimos.

Edward me olhou de onde estava, conversando com Seth, e eu mandei um beijo, fazendo-o sorrir.

_ Se um dia, algum homem me olhar como seu marido a olha, eu me caso com ele no mesmo dia._ Lauren falou e eu a encarei com estranheza.

_ E como ele me olha?

_ Com uma adoração e amor sem limites. Isso não existe, amiga. Aproveite. Esse homem é uma jóia rara!_ Ela me aconselhou e eu apenas sorri.

É claro que eu já sabia disso.

Edward era único.

E meu.

Só meu.

É... Eu realmente tinha sorte.

Muita sorte.

XXXXX

_ Posso, finalmente, falar com você._ Alice perguntou emburrada e eu a olhei, divertida.

Lauren tinha acabado de sair e só agora ela se atreveu a aproximar-se.

O dia havia sido muito bom.

O almoço fora delicioso e passamos a tarde toda conversando e dando risadas.

Alda preparara um bolo de laranja com creme delicioso para o café da tarde e todos pareceram encantados com os dotes culinários da velha senhora.

Eu já estava acostumada.

Alda mimava minha família assim todos os dias.

Deixei meus devaneios de lado e olhei para Alice parada a minha frente, com a expressão emburrada.

_ Claro que pode. Poderia ter falado antes, mas o teu grau de mimo a impediu._ Falei debochada e ela bufou.

_ Não gosto daquela sua amiga. E não posso fazer nada quanto a isso.

_ Alice, ela é uma pessoa maravilhosa, mas o ciúme te impede de perceber isso.

Alice suspirou e me olhou por um momento.

_ Ok. Chega desse assunto. Ela foi embora mesmo. Quero conversar com você sobre outra coisa._ Ela falou séria e eu me sentei para ouvir o que ela tinha a dizer.

_ Diga.

_ Estou grávida._ Ela falou de repente e eu arregalei os olhos, assustada.

_ O que?_ Balbuciei e Alice me olhou, rubra.

_ Grávida, Bella. Eu estou grávida. E... Jasper vai querer me matar. Ele havia dito que não queria mais filhos e agora..._ E para meu desespero ela começou a chorar.

_ Alice, acalme-se. Jasper vai adorar a novidade. Ele é perfeito com os filhos. E não foi algo que você tenha feito sozinha. Ele vai entender, tenho certeza.

_ Ele não vai. Eu perguntei a ele e sua resposta foi decidida: não é o momento. Basta Jacob e Julya. Dois filhos está muito bom._ Ela falou, enquanto as lágrimas insistiam em cair e eu me levantei, conduzindo-a para os escritório.

Edward me olhou assustado enquanto eu fechava a porta, mas eu apenas meneei a cabeça.

Conversaria com ele mais tarde.

_ Alice, acalme-se. Isso não é o fim do mundo._ Disse, enquanto a observava chorar copiosamente.

_ É sim, quando você tem o risco eminente de perder o marido._ Ela respondeu fungando e eu revirei os olhos.

_ Por acaso o filho não é dele?_ Perguntei de repente e ela me olhou chocada, esquecendo-se do choro na hora.

_ Como? Que porra de pergunta é essa? É claro que o filho é dele._ Falou irritada e eu apenas sorri.

_ Então está tudo certo. Não é algo que tenha como mudar, então se acalme. Um filho é sempre uma benção._ Falei suavemente, enquanto acariciava seus cabelos e ela sorriu, pela primeira vez desde que me contara a novidade.

_ Eu queria que fosse como à gravidez de Julya. Nós duas esperando bebês, preparando enxovais, decorando os quartos... Eu ia adorar!_ Ela falou sonhadora e eu apenas sorri.

_ Edward quer outro bebê, mas acho que não é o momento. Acabei de me formar. Quero investir em minha especialização e me dedicar mais a livraria. Sem contar, que quando sua gravidez estiver mais avançada, eu poderei ajudá-la.

_ Talvez seja melhor, mesmo. Mas estou com muito medo de contar a Jasper. E se ele me odiar?_ Ela perguntou e eu revirei os olhos.

_ Não seja boba, Alice. Ele não vai odiá-la. Pare com isso!_ Repreendi-a e ela apenas sorriu, aparentemente mais calma.

Alice era muito dramática e exagerada às vezes.

Eu tinha certeza absoluta que Jasper ficaria imensamente feliz com o bebê.

Ele era um pai dedicado e adorava os filhos.

Tudo daria certo, ao final das contas.

XXXXX

_ Ela é tão linda, Esme. Parece uma bonequinha._ Falei enquanto segurava Kristen em meus braços e Esme sorriu toda derretida.

_ Kristen é um anjo. Uma bebezinha calma e muito linda. Seth não se cansa de babar sobre ela._ Ela falou sorridente e eu apertei mais a bebê em meus braços.

_ Eu imagino. Ele sempre gostou muito de crianças. Imagino como deve ser com a própria filha.

A garotinha me olhava curiosa, com seus grandes olhos verdes iguais aos de Edward e herdados de Esme e de vez em quando, abria sorrisos banguelas.

_ Ela não sorri muito. É uma garota bastante séria. Imagino que será bastante geniosa._ Esme falou divertida e eu assenti.

_ Será carrancuda como o irmão._ Falei, quando vi Edward se aproximando e ele estreitou os olhos em minha direção.

_ Não sou carrancudo._ Falou emburrado e Esme e eu rimos de sua expressão.

Ele sentou-se ao meu lado e eu me inclinei, dando um beijo em sua bochecha.

O dia havia passado rapidamente e todos estavam exaustos.

Eu não via a hora de me deitar em minha cama e dormir a noite toda.

Esme e Seth ficariam em nossa casa, já que Sue e Charlie foram para a casa de Alice.

Ela estava mais calma e me prometera contar a Jasper sobre a novidade.

Eu esperava, sinceramente, que tudo terminasse bem.

Ethan veio correndo em minha direção e estacou assim que viu que eu segurava um bebê nos braços.

_ Mamãe minha..._ Ele falou emburrado, cruzando os bracinhos no peito e me olhando mal humorado.

Rimos de sua expressão docemente irritada e Edward pegou a irmã dos meus braços, abrindo espaço para Ethan se aninhar nos meus colo e descansar a cabecinha dourada em meu peito.

Ele espalmou a mão em minha barriga plana e me olhou nos olhos.

_ Neném?_ Ele perguntou e eu olhei-o assustada.

 _ Não tem neném aí, amor. _ Falei suavemente e ele sorriu, encostando-se outra vez em meu peito.

Eu e Edward havíamos decidido esperar mais algum tempo para termos outro filho.

Nossa vida estava muito atribulada para envolver outra criança em toda essa loucura.

Eu tomava remédios e não havia esquecido nem um dia sequer.

Uma gravidez agora seria impossível.

_ Bem que poderia ter um bebê aí. Eu não acharia nada ruim._ Edward falou sonhador e eu ergui as sobrancelhas em sua direção.

_ Claro que não. Não é você que vai parir._ Falei sarcasticamente e ele riu descarado.

Todos o acompanharam, inclusive eu, e ficamos ali, mais um tempo conversando.

Ethan pulou do meu colo, assim que ouviu a palavra vídeo game ser pronunciada e correu para a sala de vídeo, onde Edward, Seth, Carlie e Renesmee se juntaram para uma partida no Xbox 360.

Eu e Esme ficamos conversando mais um tempo, até que resolvemos que já estava na hora de colocar todos na cama.

Levei as crianças para cima, sob protestos, já que elas queriam continuar jogando vídeo game com o tio Seth e com Edward.

Seth estava exausto e vi o alívio em seus olhos, assim que levei meus pestinhas comigo.

Ethan não jogava nada, mas não parecia cansado em ficar pulando entre eles.

Meu pequeno desmaiou assim que o peguei no colo e logo pude colocá-lo no berço.

As meninas também estavam cansadas e dormiram rápido, não agüentando esperar nem mesmo o beijo de boa noite diário de Edward.

Quando todos se juntavam, elas brincavam incansavelmente com todas as crianças disponíveis e isso as deixava exaustas.

Minhas pequenas estavam crescendo, mas isso não as impediam de ser criança.

Elas ainda brincavam bastante de todas as brincadeiras possíveis, e vê-las assim, saudáveis e felizes me deixava muito satisfeita.

Os cuidados com a saúde de Carlie ainda eram constantes, mas ela não teve outra crise.

Às vezes, ficava resfriada, mas tratávamos de cuidar de qualquer problema, por menor que fosse, para evitar complicações.

Aparentemente, estávamos tendo sucesso.

Tomei um banho demorado, escovei os dentes e desabei na cama, me envolvendo em meus edredons e me preparando para meu tão merecido descanso.

_ Sabe... Eu planejei fazer amor essa noite._ Edward falou em meu ouvido, assim que senti seus braços me envolvendo em um abraço apertado.

Ele tinha vindo para o quarto antes de mim e já estava deitado quando fui para o banheiro e eu cheguei a pensar que estivesse dormindo.

_ Sério? Encontrou alguma candidata?_ Perguntei fazendo graça e ele riu.

_ Muitas. Sou um homem gostoso. Encontrar candidatas para o sexo é umas das muitas facilidades em minha vida.

Eu belisquei sua perna e ele gemeu de dor.

_ Anda em busca de candidatas, doutor Cullen? Não tem medo de perder o membro?_ Falei com uma carranca e ele gargalhou.

_ Você não destruiria seu brinquedo favorito._ Falou debochado e eu tentei agredi-lo novamente, mas ele segurou minhas mãos acima da cabeça.

_ Edward Cullen, eu mato você se descobrir que anda se engraçando com alguma safada..._ Ele me calou, colando seus lábios nos meus em um beijo suave.

_ Pare de ser boba. Foi apenas uma brincadeira. Já disse: nenhuma outra mulher me interessa.

Olhei-o desconfiada e depois suspirei.

É claro que ele não faria isso, mas a idéia de outra mulher com ele me deixava fora do sério.

_ Hum... É bom mesmo!_ Falei apenas para ter a última palavra e ele riu.

_ Você é muito brava, dona psicóloga. Não ousaria desobedecê-la ou traí-la. Até porque, eu temo. Muito.

Eu sorri e acariciei seus cabelos.

_ Também te amo._ Falei baixinho e ele beijou meus lábios mais uma vez.

Dentro de poucos minutos estávamos nus, conectados um no outro, como se o mundo lá fora não existisse.

_ Você é tão linda._ Ele sussurrou, enquanto beijava meus seios._ Eu sou viciado em sua pele, em seu cheiro, seu corpo... Eu te amo muito_ Ele falou afoito e eu gemia a cada nova carícia.

Não existia nada melhor do que fazer amor com Edward.

Ele era um amante perfeito e transformava nossos momentos juntos em mágica.

Ficamos assim durante horas.

Só fomos dormir quando os primeiros raios de sol apareceram.

Mas eu não me importava com as horas de sono perdidas.

Eu estava simplesmente feliz e satisfeita por ser amada.

XXXXX

_ Algum problema, Renesmee?_ Perguntei, incomodada pelo fato de minha filha não para de me encarar desde que eu entrei na cozinha.

Estávamos sozinhas, já que Edward fora com Ethan e Carlie buscar pão e ovos para o nosso café da manhã e Nessie dissera que não quereria ir porque estava frio.

Esme e Seth ainda não haviam se levantado e hoje Alda estaria de folga.

Portanto, o café era responsabilidade minha.

Eu não estava me sentindo bem esta manhã, mas achava que Nessie não havia percebido, embora ela fosse mais perceptiva do que as outras pessoas.

_ Não. Eu... Acho._ Ela falou hesitante, respondendo minha pergunta e foi minha vez de encará-la.

_ Você acha?_ Ergui as sobrancelhas e ela suspirou.

Dois anos fizeram de minha pequena garotinha um projeto quase perfeito de uma dama.

Nessie era muito madura para sua idade e às vezes isso me incomodava.

Mas, fazia parte de sua essência.

Carlie era totalmente o oposto.

Era uma molequinha muito travessa.

Mas o fato de serem diferentes, só fazia delas uma dupla ainda mais perfeita.

Elas se complementavam.

Fazia algum tempo que Nessie não tinha nenhuma previsão.

Os sonhos com minha avó e com Carlisle haviam parado definitivamente e isso me deixava muito aliviada.

Hoje ela estava inquieta e eu não sabia o motivo.

_ O que acontece, meu anjo?_ Perguntei, sentando-me ao seu lado e acariciando seus cabelos dourados.

_ Eu... Mamãe... Eu não sei. Tem alguma coisa estranha. Eu sinto, mas não sei o que é._ Ela falou angustiada e eu a abracei.

_ Meu amor... Você não tem que prever nada. Fique calma. Está tudo bem e vai continuar assim._ Disse, tentando tranqüilizá-la.

Ficamos um tempo em silêncio, até que ela se afastou e me encarou outra vez.

_ Mãe... Eu acho que você vai ter um bebê._ Ela falou baixinho, tocando minha barriga e eu paralisei.

O que?

_ Nessie, eu... Filha, isso é impossível. Eu e o papai não planejamos nada. Não tem como eu estar grávida

_ É sério, mãe. Eu não tenho tanta certeza como tinha antes, porque a vovó Marie e o vovô Carlisle não falam mais comigo, mas eu posso sentir. Aqui tem um bebê._ Ela afirmou e eu respirei fundo.

Bebê?

Grávida?

_ Não sei como os bebês são feitos, mas nenhum de nós, Carlie, Ethan e eu, fomos planejados. Apenas acontecemos. Não é?_ Ela perguntou séria e eu apenas concordei._ Então... Mãe, tem um bebê aí... Eu tenho certeza. E tem um bebê na barriga da tia Alice, também, não é?

Assenti outra vez, e me levantei.

_ O Ethan sabe disso também._ Ela falou baixinho e eu me lembrei do gesto inocente do meu filho ontem.

_ Eu acho que não queria ter dois filhos videntes._ Falei, tentando fazer uma brincadeira e Nessie fez uma careta.

_ Não sou vidente. Ás vezes eu odeio isso. Mas faz parte de mim. Não posso evitar._ Falou emburrada e eu beijei seus cabelos.

_ Fique calma, meu amor. Está tudo bem. Talvez isso seja um engano. Faz tempo que esse dom não se manifesta. Vai ver nem é nada. Até por que, eu acho que não estou grávida. Eu saberia se estivesse.

Ela deu de ombros e ficou em silêncio, não tocando mais no assunto.

Logo a cozinha estava cheia de gente e eu não conseguia parar de pensar no que ela dissera.

Fui para meu quarto e entrei no banheiro, trancando a porta.

Olhei-me no espelho atentamente e ergui a blusa que eu vestia, encarando minha barriga.

_ Será que tem alguém aí?_ Perguntei suavemente e sorri com o pensamento.

Eu não ficara nervosa como Alice.

Eu sabia que Edward queria um bebê.

Eu também queria.

Só não sabia se era o melhor momento.

_ Bella?_ Ouvi a voz de Edward, abafada contra a porta e arrumei minha roupa rapidamente, destrancando a porta em seguida.

_ Aconteceu alguma coisa?_ Ele perguntou, preocupado e eu sacudi a cabeça.

_ Não._ Falei com a voz sumida e ele me olhou desconfiado.

_ Tem certeza?

Assenti com a cabeça e ele pareceu se convencer.

O dia passou tranqüilo, mas Nessie não parava de me lançar olhares estranhos.

Fomos até a livraria após o almoço, para que Esme a visse depois da reforma e Alice parecia mais animada.

Contou a todos a novidade e Edward me olhou tristonho.

Ele estava feliz por Alice e Jasper, mas queria outro filho e eu queria poder dar isso a ele.

Mesmo que Nessie estivesse errada, eu daria um bebê a ele.

Começaria a trabalhar nisso hoje mesmo.

Chegamos em casa a noite, depois de comermos pizza preparadas por Edward e Jasper, que de uns tempos pra cá, mostraram-se cozinheiros excepcionais.

As meninas foram assistir desenho e eu fui dar banho em Ethan, enquanto Edward dava atenção para a mãe e Seth.

Eu estava zonza e não sabia nem sequer o motivo.

Havia comido durante todo o dia e não passara mal em nenhum momento.

Coloquei Ethan no berço e lhe ofereci a mamadeira que Edward preparara, esperando que ele dormisse logo.

A noite estava fria e decidi cobri-lo com mais alguns cobertores.

Ethan se mexia demais e eu temia que ele passasse frio.

Subi sobre o braço da poltrona, que ficava próximo ao armário, para alcançar os cobertores e senti uma vertigem muito forte.

Segurei-me na porta do guarda-roupa, mas não consegui me equilibrar.

A poltrona virou e tudo o que eu me lembro é de ouvir o choro de Ethan.

Depois disso, a escuridão me tomou.