Capítulo 41

Pov. Bella

Exausta.

Era assim que eu me sentia.

Abri a porta da frente, após colocar meu carro na garagem e entrei apressadamente, tentando me esconder do vento gelado que soprara durante todo o dia e me abrigar no calor aconchegante de minha casa.

E tudo estava estranhamente silencioso.

Coloquei minhas chaves sobre o aparador, a bolsa e o casaco sobre o sofá e fui à busca dos amores da minha vida.

_ Nessie? Carlie? Ethan?_ Chamei pelos meus pequenos furacões, preocupada com a falta de ruídos na casa.

Há muito tempo não se tinha silêncio nessa residência.

Na verdade, eu acho que nunca tivera.

Não éramos conhecidos por sermos uma família silenciosa.

Chamei outra vez e eles não me responderam.

_ Edward?_ Chamei por minha criança grande, que junto com os filhos, tornava-se mais peralta que eles, mas tudo que recebi de volta, foi o silêncio.

Apreciei por um momento a graça de estar em um lugar calmo e silencioso pela primeira vez em muitas horas e me esqueci por um tempo da busca pelos meus filhos e marido.

Hoje o dia havia sido extenuante.

Estava em época de provas finais na faculdade e passei toda manhã envolvida em uma tensão que precedia esses momentos decisivos na graduação e com a cabeça enfiada em livros.

Fui obrigada a pular o almoço e ir direto para a livraria, já que esta estava em reforma, e mesmo assim os clientes assíduos não deixavam de freqüentá-la.

Alice e Ângela não conseguiam dar conta de tudo e eu sempre precisava ajudar.

No fim do dia eu estava acabada.

E nesse momento, como em todos os dias, tudo que eu queria e precisava era sossego ao lado da minha família.

Se eu os encontrasse, é claro.

Passei as mãos pelos cabelos, quase cedendo à vontade de ir tomar um bom banho antes de procurá-los. Mas não fiz isso.

Segui com passos firmes até a pequena biblioteca, para verificar se Edward estava lá revendo os exames e dando laudos como quase todos os dias, mas ele não estava.

Suspirei e fui para a cozinha.

Desde que eu resolvera voltar para a universidade, Edward me ajudava incondicionalmente.

Ele assumira praticamente toda a responsabilidade com a casa e as crianças e me apoiava de todas as formas possíveis.

Todos os fins de tarde ele saía do hospital e voltava para casa, assumindo todos os cuidados com nossos filhos, desde banhos, jantar e ajuda com deveres de casa.

Alda, apesar de casada, vinha todos os dias para cuidar da roupa, da casa e das refeições.

Eu tinha muito a agradecer a Edward e a ela.

Minha missão era apenas me concentrar nos estudos, na livraria e dar muito amor aos meus pequenos e ao meu marido lindo nos momentos livres.

Estava prestes a me formar e meu diploma, sem dúvida alguma, seria dedicado aos meus amores.

Eu não voltara para Harvard, como Edward me propusera.

Preferira terminar meus estudos em uma universidade próxima a Forks do que comprometer toda a vida e rotina dos meus filhos e o trabalho de Edward.

Fora melhor assim.

Um diploma de Harvard seria maravilhoso, mas o que realmente valia era o conhecimento que eu adquirira durante minha graduação.

No fim das contas eu resolvera terminar a faculdade de psicologia e depois me especializar em algo envolvendo literatura, que era minha verdadeira paixão.

Não quis desperdiçar dois anos de graduação, já que Edward, Deus sabe como, conseguira a equivalência para os períodos cursados em Boston.

Eu estava praticamente formada e apesar da correria, nossa rotina era tranqüila e estabilizada.

E tudo valia a pena pela felicidade dos meus filhos.

Abri a porta da cozinha e parei assustada com a cena a minha frente.

Edward e meus pequenos estavam cobertos de farinha dos pés a cabeça.

A cozinha estava um verdadeiro caos.

Sobre a mesa havia um bolo colorido, com meu nome escrito em confetes de chocolate, e sobre a mesa uma faixa me felicitando por meu aniversário.

Aniversário?

Que dia é hoje?

Olhei para o calendário ao lado da porta e me dei conta que hoje era definitivamente meu aniversário.

13 de setembro.

E eu me esquecera completamente disso.

_ Surpresa!_ Eles gritaram juntos e eu não pude deixar de sorrir ao ver a alegria em suas expressões por terem conseguido me surpreender e me deixar feliz.

Ethan se contorcia nos braços do pai e assim que Edward o colocou no chão ele correu para meu colo.

_ Paabéns, mamã..._ Ele falou com sua voz fininha contra meus cabelos e me abraçou com seus bracinhos pequeninos.

Não pude evitar as lágrimas de alegria que invadiram meus olhos ao me dar conta da família maravilhosa que eu tinha.

Nessie e Carlie também correram em minha direção e rodearam meu corpo em um abraço, me fazendo quase perder o equilíbrio por um momento.

_ Feliz aniversário, mamãe!_ Nessie falou e eu acariciei seus cabelos com a mão livre.

_ Fizemos bolo, mãe._ Carlie explicou e eu olhei divertida para a bagunça na cozinha.

_ É... Eu percebi. Obrigada crianças._ Falei sorrindo e elas me soltaram, indo outra vez em direção à mesa.

Ethan também se contorceu nos meus braços e eu o soltei depois de beijar seus cabelos dourados que tinham um cheiro estranho de chocolate misturado com alguma coisa que eu não soube definir.

Meu pequenino foi até a mesa, seguindo as irmãs e subiu em uma cadeira, colocando o dedinho indicador na cobertura do bolo e levando-o até a boca.

_ Não, Ethan. Isso é feio._ Nessie falou o repreendendo e ele riu sapeca, fazendo as irmãs revirar os olhos.

Eu e Edward rimos da cena.

Ethan era um verdadeiro furacão.

Sossego era uma condição que eu desconhecia desde que ele aprendera a engatinhar.

Com o tempo, eu imaginava que ele ficaria mais calmo, mas já estava com dois anos e as artes só aumentavam.

Eu já nem me importava mais.

Fazia parte do seu encanto.

Carlie e Nessie ficavam loucas com suas travessuras, mas eu sabia que elas adoravam o irmão e não tinha coragem de tratá-lo mal, mesmo quando ele atrapalhava quase todas as suas brincadeiras.

Edward aproximou-se de mim e me enlaçou pela cintura, dando um beijo delicioso em meus lábios.

Eu sentia tanta falta dele.

Meus dias atribulados geralmente nos impediam de curtir alguns momentos a sós, porque quando podíamos ficar sozinhos, o cansaço me nocauteava.

_ Feliz aniversário, amor._ Ele falou em meu ouvido, me fazendo estremecer.

_ Obrigada._ Respondi, beijando-o no pescoço.

Ficamos assim por alguns minutos, apenas curtindo a presença um do outro.

_ Chega de beijo, agora. Vamos comer o bolo antes que o Ethan fure tudo com os dedinhos..._ Nessie falou e eu e Edward nos separamos, indo em direção à mesa.

_ Mamãe, você tem que soprar a velinha e oferecer o primeiro pedaço a um de nós. São as regras._ Carlie esclareceu e Edward prontificou-se a acender a velinha em forma de coração que decorava o bolo.

Eles cantaram parabéns e eu soprei a velinha, como mandavam as regras.

Cortei meu primeiro pedaço e olhei para ele pensativa, fazendo suspense de quem seria o merecedor da prenda.

_ Eu ofereço o primeiro pedaço... A mim que estou morrendo de fome e que sou a única aniversariante no momento._ Pisquei para eles, que sorriram e ficaram me observando saborear o primeiro pedaço, que estava estranhamente delicioso.

_ Humm... Ficou muito bom!_ Falei com a boca cheia e meus três pequenos pareceram radiantes com o elogio.

_ Ufa! Foi o papai quem fez, mas nós ajudamos, não é, pai?_ Nessie perguntou a Edward e ele assentiu solenemente.

_ O que seria de mim sem a ajuda dos meus filhos._ Ele falou fazendo graça e todos riram.

_ Qué boio..._ Ethan falou, apontando meu bolo com o dedinho gordinho e eu ofereci um pedaço a ele.

Edward preparou chocolate quente e assim comemoramos meu aniversário.

Com bolo, chocolate, sorrisos e bagunça.

Algo simples, mas que me deixou completamente feliz.

Se é que era possível ser mais feliz do que eu era.

XXXXX

Já fazia algum tempo que as crianças estavam na cama e eu e Edward ainda estávamos limpando a bagunça da cozinha.

Depois de comermos quase metade do meu bolo de aniversário eu recebi os presentes que meus filhos fizeram para mim.

Cartinhas vindas das meninas, um desenho indefinido vindo de Ethan e um colar incrível de Edward.

Não que eu me ligasse em jóias, mas daquela eu havia gostado.

Seguia o estilo da pulseira que ele me dera em nossa lua de mel e como pingente eu tinha duas menininhas idênticas e um menininho com carinha de sapeca.

Uma ótima representação para Ethan.

_ Adorei a surpresa, mas acho que vocês deveriam ter feito menos bagunça._ Falei, enquanto batia de leve em seu braço com o pano de prato.

Ele lavava louça e eu me ofereci para secar, mesmo hoje sendo meu aniversário e meu suposto dia de folga.

O fato era que eu queria ficar mais ao seu lado.

_ Eu juro que tentei, mas controlar três crianças em uma cozinha, sendo uma delas o Ethan, é uma tarefa um pouco difícil._ Ele se justificou, fazendo uma careta para as travessuras do filho.

Eu ri e ele me acompanhou.

_ Bella?_ Ele me chamou com a voz divertida depois de uns minutos e eu o olhei atenta._ Você se esqueceu, não é?

Eu senti meu rosto esquentar e baixei o olhar.

_ Sim._ Respondi com um longo suspiro e ele me abraçou, deixando a louça de lado._ Qual o grau de loucura de uma pessoa que esquece o dia do próprio aniversário?_ Perguntei emburrada e ele beijou minha testa.

_ Você não está louca. Está apenas cansada. Os dias estão atribulados e a correria a fez esquecer-se de um detalhe importante.

Fiz uma careta e escondi meu rosto em seu peito.

_ Não acho o aniversário uma data importante. Odeio envelhecer._ Falei, com a voz abafada contra seu peito, e ele levantou meu rosto, me fazendo encará-lo.

_ Você é tão absurda. Eu adoro você mais a cada dia. Amo o fato de envelhecer ao seu lado. Mas antes que você pire com essa idéia, saiba que não está envelhecendo. Está ficando mais gostosa a cada ano._ Ele disse e beijou meus lábios.

_ Gostosa, é? Sei._ Falei emburrada e ele riu.

_ Eu estou falando muito sério, amor. E tenho propriedades para afirmar isso, já que vi seu corpo transformar-se em vários estágios. De menina à mulher... À mulher GOSTOSA.

Eu gargalhei e beijei seu pescoço.

_ Você também não está mal. Embora eu preferisse que ficasse feio a cada ano. A competição seria bem menor._ Falei fazendo uma careta e ele me olhou sério.

_ Você não pode falar nada sobre competição, Bella. Todas as vezes que fui buscá-la na faculdade eu a vi rodeada por um monte de universitários famintos por sexo. Acredite: Não é uma circunstância agradável de encontrar a esposa._ Ele respondeu fazendo bico, e eu sorri.

_ Qual é, Edward? Acha mesmo que algum universitário vai se interessar por uma mulher casada e mãe de três filhos?_ Perguntei incrédula e ele apenas me olhou com as sobrancelhas levantadas.

_ Já fui universitário, amor. O inatingível nos atrai. Sempre achei mulheres maduras atraentes. E você, nem é tão mais velha assim. Vinte e seis anos é pouco para os padrões considerados velhos.

_ Ainda bem. Não preciso me preocupar com rugas por enquanto._ Disse fazendo graça e ele estreitou os olhos em minha direção.

_ Não sei não, hein... Acho que tem umas aqui... E aqui..._ Ele falava enquanto dava beijos suaves em pontos diferentes do meu rosto e eu não contive as gargalhadas.

Terminamos de arrumar a cozinha e fomos para o quarto.

Amanhã seria sábado e eu poderia dormir até tarde.

Nessa noite queria dedicar-me inteiramente a Edward.

Queria ser dele de todas as formas possíveis.

Fui para o banheiro e estaquei na porta, assustada.

O ambiente estava todo iluminado a luz de velas, a banheira estava cheia e repleta de pétalas de rosas e ao lado dela, havia um banco com champanhe e gelo.

Olhei embasbacada para Edward e ele sorria.

_ Jamais deixaria seu aniversário passar em branco. O bolo foi idéia das meninas, mas essa é a minha idéia de comemoração._ Ele falou, aproximando-se e eu estremeci com o tom rouco de sua voz._ Gostou?_ Perguntou, enquanto afastava o cabelo do meu pescoço, beijando ali várias vezes e me deixando inteiramente arrepiada.

_ Claro que gostei. Gosto de tudo que vem de você, Edward. Cada gesto, por menor que seja, me encanta... Me atrai._ Falei baixinho, beijando seu rosto e ele sorriu._ Eu te amo!

Ele sorriu e me pegou no colo, levando-me até perto da banheira.

Tirou minha roupa lentamente e eu me sentia protagonista de umas das cenas mais sensuais e eróticas que eu já presenciei nos meus vinte e seis anos de vida.

Não gostava de pensar muito em minha idade.

Sempre tive sérios problemas em envelhecer.

Mas, estar ao lado de Edward, mesmo que fosse para envelhecer a cada dia, valia à pena.

Ele tirou as próprias roupas e alguns minutos depois estávamos mergulhados na água morna da banheira, curtindo, de forma maravilhosa, a simples presença um do outro.

Ele acariciava minha barriga lentamente, subindo e descendo as mãos pelo meu quadril, enquanto dava beijos suaves nos meus ombros e na minha nuca.

_ Seu corpo está diferente._ Ele sussurrou no meu ouvido e eu estremeci.

_ O que? Já está notando as rugas?_ Perguntem fazendo graça e ele riu.

_ Oh, sim! Muitas rugas... Não seja boba, Bella! Não existe nenhuma imperfeição em você._ Ele falou sério e eu descansei a cabeça em seu ombro._ Quando eu digo diferente é... Sei lá! Seus seios estão maiores... Seu quadril mais largo. Seu corpo mudou.

Eu suspirei e não disse nada.

Também sentia meu corpo diferente, mas não me atinha nos detalhes.

Eu não teria o mesmo corpo para sempre e depois de duas gravidezes, imaginava que as mudanças fossem normais.

Ficamos um tempo em silêncio, tomando champanhe e trocando carícias suaves, apenas curtindo a companhia um do outro.

_ Amor... Precisamos visitar sua mãe e conhecer sua irmã..._ Falei com a voz baixa e mesmo de costas, pude imaginá-lo fazendo uma careta.

Ele não conseguia lidar bem com esse assunto.

Como Nessie previra, Esme voltara da lua de mel grávida.

Demorou a dar a notícia para nós, com medo da reação de Edward.

Ele ficara aparentemente tranqüilo, mas não quisera conhecer a irmã quando esta nasceu.

Nós vimos à pequena Kristen apenas por fotos.

Ninguém, jamais, poderia negar a beleza daquela criança.

A pequenina era a mistura perfeita de Esme e Seth e os dois, principalmente Seth, não se cabiam de tanta felicidade.

Eu ficara muito feliz por eles.

Esme poderia, finalmente, ter a família que sempre sonhou.

E entendia o fato de Edward não querer conhecer a irmã, por enquanto.

Ele precisava de tempo para adaptar-se às novidades, que não paravam um minuto de aparecer.

_ Nós vamos... No natal. Não posso deixar o hospital e você não pode deixar a faculdade. Minha mãe sabe disso. Além do mais, acompanhamos o crescimento da pequena pela internet. Está tudo certo._ Ele falou calmamente e eu me virei para olhá-lo.

_ Você não tem mais problemas com isso, não é?

_ Problemas? Eu? Imagine! _ Ele falou com ironia e eu revirei os olhos._ Nada errado em ver o melhor amigo casado com minha mãe, sabendo que eles transam e fazem filhos. Tá tudo bem!

_ Edward, por Deus! Já está na hora de superar isso. Encare os fatos de que eles são uma família. E qual o problema em transar? Você também faz sexo e aposto que sua mãe acha isso normal._ Falei como se explicasse matemática para uma criança e ele me apertou mais em seus braços.

_ Certo. Mas... Falando em sexo..._ Ele disse, tentando mudar de assunto, e eu sorri._ Eu não tenho praticado o tanto que eu gostaria. O que acha de irmos para o quarto?_ Perguntou com a voz insinuante e eu senti minha pele toda arrepiada.

_ Acho uma ótima idéia._ Falei, tentando soar sedutora e imagino que tenha dado certo, já que em menos de um minuto, eu estava deitada entre os lençóis e sendo beijada e tocada de todas as formas possíveis.

Foi uma noite maravilhosa.

Sentíamos falta de momentos assim, que ultimamente eram raros.

As atividades diárias, na maioria dos dias, nos impediam de nos dedicarmos a qualquer coisa que não fosse o sono.

Mas hoje, seríamos apenas Edward e Bella, um casal apaixonado que precisa desses momentos para justificar uma união perfeita.

Não existia nada mais certo do que estar ao lado dele.

Do que ser dele.

Para sempre.

De todas as formas possíveis.

_ Quando teremos outro bebê?_ Ele perguntou em meu ouvido, quando finalmente no deitamos para dormir, e eu sorri.

_ Não sei. Quando Deus quiser..._ Falei sonolenta e ele beijou meu rosto.

_ Logo, eu espero. Quero outro fruto do nosso amor correndo para lá e para cá.

_ Outro furacão?_ Perguntei sorrindo, me lembrando das travessuras de Ethan e ele riu.

_ Quantos forem preciso para sermos ainda mais felizes._ Ele falou me abraçando e eu dormi, pensando que era impossível ser mais feliz do que eu era.