Por Um Segredo escrita por Bruna Diniz


Capítulo 32
Capítulo 32: Precipício


Notas iniciais do capítulo

Oie, gente...
Eu sei que estou atrasada, mas não tenho tido tempo de escrever.
Sempre que posso, escrevo um pouco, mas parece que não tem sido o suficiente para postar mais rápido.
Espero que não me odeiem por isso...
Faço o que posso!!!
Gostaria de agradecer aos lei tores fiéis,à todos os comentários e a paciência eterna de vcs... rsrsrsrs
Boa leitura!



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Pov. Bella

Alívio. Alegria. Ódio. Dor. Tristeza.

Todos esses sentimentos se amontoavam em meu íntimo enquanto eu observava a imensidão de pessoas circulando pelo grande saguão do aeroporto de Boston.

Eu não pretendia voltar a essa cidade tão cedo.

Em meus mais inocentes pensamentos nos imaginei levando uma vida normal e feliz em Forks.

Eu, Edward e nossos filhos.

Carlie e Renesmee estavam matriculadas no jardim da infância e pareciam imensamente felizes com a nova realidade.

Edward estava trabalhando no hospital e eu voltaria para a livraria, como sempre foi minha vontade.

Minha gravidez seguia tranquila e em breve conheceria meu bebê e poderia, finalmente, tê-lo em meus braços.

Até mesmo minha relação com Rosalie havia melhorado.

Ela sempre ligava para saber notícias de Carlie e me tratava com simpatia, não mais me acusando de ter tirado minha bonequinha do seu lado.

Esme também me ligava constantemente e seus presentes destinados ao bebê não paravam de chegar.

Alice e eu havíamos desenvolvido uma rotina e ela me ajudava na livraria e com alguns afazeres domésticos.

Minha vida não poderia estar mais perfeita.

Mas as coisas jamais aconteciam da forma como eu imaginava.

Jamais eram da forma que queria.

Minha vida tinha a necessidade de ser mais complicada do que podia se esperar.

Primeiro foi a visita inesperada de Charlie.

Sua volta trouxera a tona muitos sentimentos que eu tentara ignorar a vida toda.

Charlie nunca fora um verdadeiro pai para mim, e vê-lo tentando se redimir deixava minha mente bastante confusa.

Não que eu o odiasse.

Apesar de tudo ele era meu pai.

Mas perdoá-lo não era tão simples assim.

Minhas mágoas eram muito profundas.

As palavras e ofensas que ele dirigira a mim me causaram feridas profundas, que eram difíceis de serem curadas.

E em meio a todo esse caleidoscópio de emoções, Carlie tivera sua primeira crise respiratória sob meus cuidados e os dias que eu passara ao seu lado no hospital me pareceram intermináveis.

Vê-la fraca e debilitada era demais para mim.

Odiava ver uma das minhas filhas sofrerem.

Eu sabia que deveria me manter tranquila por causa do bebê, mas era simplesmente impossível.

Carlie era uma criança frágil e precisava de cuidados extremos, que eu estava disposta a oferecer enquanto vivesse.

E finalmente, quando tudo parecia que ia entrar nos eixos, Carlisle morre.

Não que isso fosse uma coisa ruim.

Pelo menos não era ruim para mim.

Saber que agora, ele jamais voltaria para me atormentar me trazia um imenso alívio.

Meus filhos estariam seguros para sempre, longe de suas maldades e maluquices.

Eu estaria segura da sua sede de vingança, que eu sabia que certamente viria em algum momento.

Olhei para Edward sentado ao meu lado e senti uma imensa pena.

Desde que soubera da morte do pai ele se mantivera em um silêncio total, imerso em seus pensamentos.

Saímos apressadamente de Forks, no primeiro voo que conseguimos para tentar descobrir o que realmente acontecera.

Entramos em contato com Esme, mas seu estado emocional estava bastante abalado e não conseguimos notícia alguma.

Edward tentara contato com Rosalie, mas aparentemente sua irmã também estava a caminho de Boston e qualquer comunicação estava impossibilitada no momento.

Olhei para as meninas que conversavam baixinho ao meu lado e suspirei.

Carlie e Renesmee estavam assustadas e apreensivas.

Renesmee havia chorado muito desde que soubera da morte do avô.

Carlie era solidária com a dor da irmã, mas não sentia a mesma coisa.

Para ela, o avô era um completo desconhecido.

Olhei atentamente para Nessie e estreitei meu olhar em sua direção.

Eu viveria cem anos e jamais poderia entender como Nessie adivinhava certas coisas.

Imagino que esta sua sensibilidade fosse um dom.

Ela soubera que eu estava grávida antes mesmo de eu descobrir.

Ela pressentira que eu acordara do coma depois do ataque de Carlisle.

Sem ninguém ter dito nada a ela, soubera que Charlie fora o responsável por tê-la separado da irmã.

E agora, sem que ninguém soubesse ou esperasse, ela pressentira a morte do avô.

Desde muito pequena, Nessie me assombrava com coisas assim.

Além de sua infinita inteligência, ela possuía um sexto sentido que lhe permitia identificar pessoas más, pessoas boas e segundas intenções.

Geralmente, ela sabia o que uma pessoa desejava antes mesmo que essa pessoa se aproximasse.

Por isso que eu nunca entendera sua relação com Carlisle.

Ele era, sem dúvida, um homem mal.

Isso era um fato.

Mas ela jamais mostrara qualquer tipo de receio com relação a ele.

Nessie gostava do avô.

Ela apenas se preocupava com meu sofrimento perto dele.

Nada mais.

Ouvi o suspiro de Edward e me virei mais uma vez em sua direção.

_ Pare com isso._ Falei com voz baixa, enquanto colocava a mão em sua perna.

Ele me olhou confuso.

_ Parar com o que?

_ De se culpar. Seu pai, de certa forma, teve o fim que mereceu. Não foi culpa sua.

Ele respirou fundo e apertou minha mão que ainda repousava em seu colo.

_ Deu para ler pensamentos agora, Sra. Cullen?_ Ele perguntou sério, sem nenhum resquício do sorriso encantador que eu tanto amava.

_ Eu apenas conheço todas as suas expressões e sei como sua mente absurda funciona. Quando se ama, fica fácil ler pensamentos. E volto a repetir: não foi culpa sua._ Disse convicta, dando um beijo suave em seu pescoço.

_ Não queria que as coisas terminassem assim. Eu sei que isso talvez soe utópico, mas eu esperava que ele se arrependesse de todo mal que nos causou.

Acariciei seus cabelos e beijei seus lábios de leve.

_ Talvez ele tenha se arrependido. Não sabemos o que se passava em sua mente no momento de sua morte.

_ Ainda é surreal pensar na morte de Carlisle._ Ele sussurrou e deitou a cabeça em meu ombro._ Mesmo depois de tudo o que vivemos, eu não gostaria que ele terminasse assim.

_ Eu sei, meu amor. Ele era teu pai._ Disse baixinho._ Apesar de tudo, eu sei que você o amava. Talvez Carlisle o tenha amado à sua maneira, também. Nunca entendi seus motivos para agir da forma que agia.

_ Ele sofreu muito nas mãos dos pais. Pelo que sei, meu avô era um homem violento e Carlisle era sua maior vítima.

Isso não justificava todas as maldades que ele cometera, mas é claro que eu não diria isso a Edward. Ele estava sofrendo e não precisava de mais comentários para piorar a situação.

Olhei ao redor, enquanto continuava a acariciar os cabelos de Edward.

_ Você está feliz com a morte de Carlisle?_ Ele perguntou baixinho, virando a cabeça para olhar em meus olhos.

Eu suspirei e mantive meus olhos vidrados no seu.

_ Eu estou aliviada, Edward. Você sabe o quanto seu pai me fez sofrer e eu não serei hipócrita a ponto de dizer que sinto muito por sua morte. Não sinto._ Respondi com voz firme, tentando avaliar os efeitos das minhas palavras sobre Edward. Ele manteve-se calado, me encarando._ Agora eu posso finalmente viver em paz, com a certeza de que seu pai jamais voltará para me importunar. Para me chantagear ou me fazer sofrer. Mas, respeito sua dor e o apoiarei em todos os momentos que precisar.

Ele assentiu e me abraçou, dando um beijo em meus cabelos.

_ Obrigado por estar ao meu lado. Obrigado por simplesmente existir e por me dar o privilégio de ter o seu amor. De amá-la.

Senti uma lágrima solitárias escorrendo por meu rosto e funguei em seu ombro, o apertando ainda mais contra mim.

O tamanho da minha barriga já dificultava nossa aproximação, mas isso não nos impedia de estarmos juntos, nos apoiando.

Reconheci Alda vindo em nossa direção, e suspirei aliviada, me separando lentamente de Edward.

Finalmente saberíamos o que realmente acontecera.

_ Oh, meninos! Que tragédia!_ Ela disse chorando, nos abraçando desajeitadamente.

_ O que houve realmente, Alda?_ Edward perguntou se levantando e segurando Alda pelos ombros.

_ Ele foi assassinado, menino Cullen. Encontraram-no morto na cela ontem de manhã. Aparentemente, ele arrumou inimizade com outro preso e por uma infelicidade os colocaram no mesmo lugar.

Edward me olhou e pude notar lágrimas se amontoando em seus olhos.

Ele suspirou e se virou para as meninas que observavam a conversa atentamente.

_ Vamos, princesas?_ Ele perguntou estendendo a mão e elas pularam do banco em sua direção.

Ele estava tentando se fazer de forte, mas eu sabia que ele sofria.

_ Não quero ir a um velório, papai._ Carlie disse baixinho e vi Nessie assentindo, em concordância ao pedido da irmã.

_ Vocês não precisam ir se não quiserem. Ficarão com Alda na nossa casa.

Eu suspirei aliviada.

Podia parecer bobagem, mas eu não queria minhas filhas perto de Carlisle mesmo ele estando morto.

XXXXX

_ O que acontece com uma pessoa quando ela morre, mamãe?_ Renesmee me perguntou enquanto eu a ajudava tomar banho.

Ao sairmos do aeroporto, fomos direto para nossa casa em Boston e eu estava arrumando as meninas para que ficassem sob os cuidados de Alda.

Edward queria que eu o acompanhasse até o hospital, onde o corpo de seu pai aguardava para ser liberado.

Sentia um arrepio ao me imaginar fazendo tal coisa, mas não podia negar nada ao Edward em um momento tão difícil.

_ As pessoas que morrem fazem uma longa viagem._ Falei simplesmente, enquanto a ajudava sair do chuveiro e a envolvia em uma toalha.

_ E elas nunca mais voltam, não é?

_ Não, meu anjo. Nunca mais.

_ Nem nos sonhos?_ Perguntou, me encarando com os olhinhos amedrontados.

 Um alerta soou em minha mente ao ouvir sua voz suave e notar sua expressão assustada.

_ Porque, meu amor?_ Perguntei, enquanto fechava a tampa do vaso e me sentava com Renesmee em meu colo.

_ Mãe, a vovó Marie sempre me visita nos sonhos. E ela morreu. Não devia voltar, então.

Um tremor tomou conta do meu corpo ao imaginar Nessie sonhando com minha avó.

Mesmo sabendo que se tratando de Marie, Nessie só podia sonhar coisas boas, eu me preocupava mais ainda com as facetas desse dom estranho da minha pequenina.

_ E o que ela te fala no sonho, amor?_ Perguntei baixinho enquanto embalava seu corpo.

_ Muitas coisas. Ela é muito legal, mãe. Ela que me contou que o bebê que você espera é um menino. Que é o Ethan.

Deus!

Que história era essa agora?

Como assim Renesmee conversava com minha avó nos sonhos?

Pensei que essas paranormalidades eram coisas da ficção.

_ Eu não tenho medo dela. Ela é muito legal. Mas eu não quero que o vovô Cullen me visite, mãe.

Prendi a respiração ao ouvir essas palavras.

Um grito de pavor ficou preso em minha garganta ao imaginar Carlisle visitando minha pequena, mesmo em sonhos.

Queria-o longe da minha família.

Para sempre.

_ E ele já te visitou?_ Perguntei, enquanto um medo terrível assolava meu corpo.

_ Sim._ Ela respondeu em um sussurro._ Mas acho que foi antes dele morrer, mamis. Ele ainda estava vivo, porque ele não brilhava igual a vovó Marie.

Eu respirei fundo, tentando me acalmar e pensei nas palavras de Nessie.

Carlisle jamais brilharia como minha avó.

Marie havia sido uma pessoa maravilhosa e fizera apenas bondades durante toda sua vida.

Muito ao contrário do meu sogro.

_ Ele disse que gostava muito de mim e pediu que eu cuidasse do papai e da Carlie. Ele estava bonzinho no sonho, mamãe. Mas eu não quero vê-lo outra vez._ Ela disse com voz chorosa.

_ Oh, querida!_ Disse, não conseguindo conter as lágrimas._ Seu avô não vai voltar. Ele morreu. Jamais voltará a vê-lo.

Nesse momento, Edward entrou no banheiro e pude notar sua expressão apreensiva ao notar que Nessie e eu chorávamos.

_ Algum problema?_ Ele perguntou, abaixando-se a nossa frente. Tinha uma expressão preocupada.

_ Não papai. Só estamos tendo uma conversa de mulheres._ Nessie disse e Edward e eu rimos.

Ele me olhou por um momento e aproximou-se, depositando um beijo suave em minha testa.

_ Temos que ir._ Ele disse apenas e eu suspirei, tirando Nessie do meu colo e me levantando.

Fui para o quarto terminei de arrumá-la.

Carlie estava dormindo encolhida na cama e eu lhe dei um beijo suave na testa.

Desde que ficara doente, minha pequenina se cansava com facilidade e passava a maior parte do tempo adormecida.

_ Podem ir. Cuidarei do jantar das meninas e logo as colocarei na cama._ Alda falou e pude notar que ela sofria com a situação.

Imagino que mesmo Carlisle sendo um crápula, depois de tantos anos servindo a família Cullen, Alda desenvolvera um carinho especial pelo patriarca e estava sentida com a situação.

_ Alda, Alice virá ficar com as meninas. Creio que ela chegará ainda hoje. Você será liberada para acompanhar o velório de Carlisle.

Ela sorriu de leve e assentiu.

Nessie nos observava atentamente, sentada sobre a cama e agarrada a uma boneca.

_ Cuidado papai._ Nessie pediu nos encarando e eu e Edward trocamos um olhar apreensivo antes dele abaixar-se a sua frente.

_ Eu sempre me cuido, meu anjo. Mas porque está me pedindo isso?_ Ele perguntou acariciando seus cabelos úmidos pelo banho recém-tomado.

_ É que eu não quero que você se vá outra vez. Eu quero ter um papai para sempre. Eu, Carlie e Ethan precisamos de você.

Edward pareceu desconcertado com sua declaração e me olhou atentamente, antes de voltar sua atenção para Renesmee.

_ Nada vai acontecer comigo, meu anjo.  Eu prometo jamais deixá-los._ Ele disse acariciando seu rosto._ Quero que você fique aqui e obedeça à Alda. Logo eu e a mamãe estaremos de volta.

Ela assentiu e rodeou o pescoço de Edward com os bracinhos pequenos.

_ Volta logo, papai.

Ele beijou seu rosto e levantou-se em seguida.

_ Voltarei, meu amor.

Dito isso, saímos do quarto e seguimos em direção ao hospital.

O que viria a seguir era um grande mistério, mas tinha certeza que odiaria as surpresas.

XXXXX

Eu definitivamente odiava hospitais.

Aquele clima mórbido, aquele cheiro horrível de remédio...

Não tinha preparo psicológico para estar ali.

Já fazia horas que Edward me deixara na sala de Seth e fora cuidar dos trâmites para a liberação do corpo do pai.

Todos no hospital pareciam bastante abalados com o acontecimento.

Carlisle era membro da diretoria e um profissional bastante respeitado no local e toda a equipe parecia estar sentindo muito sua perda.

Apesar de tudo, ninguém jamais pudera duvidar da competência do meu sogro como médico.

Ele era um excelente profissional e todos lamentavam sua morte.

Algumas pessoas me lançaram olhares estranhos quando eu chegara acompanhando Edward no hospital, como se de certa forma me culpassem pelo fim trágico de Carlisle.

Desde sua prisão, todas as suas maldades e crimes vieram à tona, e foi inevitável às associações comigo.

Carlisle havia me causado muito mal, e todos pareciam saber disso.

Uma pena, que para alguns indivíduos, Carlisle fosse a vítima e não o grande vilão.

Ouvi a porta se abrindo e suspirei aliviada ao ver Seth entrando.

Ele me olhou por um momento e veio ao meu encontro, pegando minhas mãos e fazendo com que eu me sentasse em uma poltrona.

_ Onde está o Edward?_ Perguntei aflita.

Sua expressão me apavorava.

_ Está cuidando dos últimos detalhes. Daqui a pouco ele vem .

_ O que aconteceu?

Ele suspirou.

_ Carlisle deixou uma carta para Edward e ele ficou bastante perturbado depois de lê-la.

_ Carta?_ Perguntei confuso.

_ Sim. Uma carta.

_ Carlisle sabia que ia morrer, então?_ Perguntei cada vez mais confusa.

Se ele fora assassinado, porque diabos ele deixaria uma carta para o filho?

_ Não sei. Acho que isso será um mistério eterno. O fato é que a carta deixou Edward muito nervoso e Rosalie acaba de chegar. A situação está feia lá fora.

Estremeci ao ouvir as palavras de Seth.

Tinha a impressão que a relação amigável que eu conseguira desenvolver com Rosalie acabara no momento em que o coração de Carlisle parara de bater.

_ Imagino o quanto ela deve estar sofrendo. Sempre foi apegada ao pai._ Murmurei e Seth me encarou.

_ Aquele homem era um monstro. Já foi tarde! Tenho certeza que não fará nenhuma falta aos filhos._ Ele declarou com raiva, me surpreendendo.

Jamais havia conhecido esse lado raivoso de Seth.

Ele sempre havia sido um doce de rapaz.

Atencioso e dedicado.

Em todos os momentos que o vira com Carlisle, ele sempre o tratara com demasiado respeito.

_ Nunca o vi falando assim._ Falei baixinho, temendo deixá-lo mais nervoso.

_ Eu desprezo aquele tipo de homem que se aproveita da fragilidade de uma mulher para fazê-la sofrer. Que maltrata e manipula os filhos para conseguir o que quer. Eu só o aturava em respeito ao Edward que era meu amigo e porque, infelizmente, ele era meu patrão. Caso contrário, já o teria mandado a merda há muito tempo._ Disse irritado, dando um soco na beirada da mesa.

Eu o olhei, assustada e engoli em seco, tentando conter as batidas frenéticas do meu coração.

Vê-lo irritado assim me assustava bastante.

_ Ele está morto agora, Seth. Fique calmo._ Falei suavemente, colocando minha mão sobre a sua.

Ele suspirou e sentou-se novamente a minha frente.

_ Eu sei. E... Eu desejei isso tantas vezes, que agora eu me sinto culpado. Eu odeio ver Edward sofrendo. Ele é o meu melhor amigo e... Deus!_ Ele cobriu o rosto com as mãos e eu me desesperava cada vez mais ao ver seu estado.

 _ Se isso te alivia, o próprio Edward já desejou a morte do pai. Carlisle era um homem mal. Eu acho que você não precisa sentir-se culpado.

Ele me olhou por um momento, e segurou minhas mãos.

_ Bella... Bella... Eu e Esme estamos juntos._ Ele disse de repente.

Eu arregalei os olhos e o encarei.

_ O que?_ Murmurei confusa.

_ Juntos. Nós estamos namorando. E eu sou completamente apaixonado por ela. Na verdade, acho que sempre fui.

Eu me levantei e segui em direção à janela.

MEU. DEUS!

Esme e Seth juntos?

Namorando?

Apaixonados?

Isso era surreal demais para imaginar.

Não que eu fosse uma mulher preconceituosa.

Pelo contrário.

Sou adepta a teoria de que o amor pode manifestar-se em qualquer idade.

Mas eram tantas coisas acontecendo juntas.

Respirei fundo e me virei na direção onde Seth estava.

Ele me olhava receoso, como se esperasse uma reação negativa de minha parte após sua revelação.

_ Você tem consciência que nem todos terão uma reação positiva em relação a esse namoro, não é?_ Perguntei.

Ele suspirou e passou a mão pelos cabelos.

_ Esme pretendia divorciar-se. Ela é uma mulher jovem, atraente e encantadora. Não merecia ficar ao lado daquele mostro. Mas agora ele está morto. Eu não sei se isso é melhor para nós. Rosalie e Edward parecem emocionados. Talvez, agora, as coisas se compliquem ainda mais para nós dois._ Ele disse tenso, e eu pude identificar notas de desespero em sua voz.

_ Seth, Carlisle era o pai deles, por pior que fosse. De alguma forma ou em algum estágio da vida eles o amaram. A morte é algo difícil de aceitar. Eu..._ Suspirei._ Estarei ao lado de vocês. Mas eu peço calma. Esperaram até agora, então...

Ele assentiu e olhou para a porta que se abria nesse momento.

Edward entrou na sala com cara de poucos amigos e nos encarou.

Sua expressão era de quem havia acabado de sair de um campo de batalhas.

Aproximei-me lentamente e o abracei.

Ele se apoiou em mim e chorou.

Vê-lo sofrer era horrível, mas nesse momento eu não sabia o que fazer.

_ Calma, amor. Você precisa ser forte._ Murmurei contra seu ombro.

_ Bella... Eu sou horrível. Não posso perdoá-lo. Mesmo morto, eu ainda o odeio._ Ele dizia entre soluços e eu troquei um olhar com Seth.

Edward estava confuso.

Carlisle era seu pai, mas ele o odiava.

Edward já desejara a morte do pai, e agora que isso realmente acontecera ele sentia-se culpado.

_ Shii... Vai ficar tudo bem. Eu estou aqui._ Disse o abraçando ainda mais forte.

Ficamos abraçados por um longo momento, e aos poucos eu sentia Edward se acalmando.

Cortava o meu coração vê-lo tão abalado, ainda mais por um homem como Carlisle.

Como dissera, eu não podia ser hipócrita e dizer que sentia muito pela morte de Carlisle, mas no fundo, pelo bem de Edward e até mesmo por Rosalie, eu torcera pela reabilitação de seu pai. Isso lhes daria a família que nunca tiveram.

_ O corpo já foi removido, Edward. Dentro de algumas horas será liberado para o velório._ Seth disse algum tempo depois e nós nos separamos.

Não o tinha visto sair da sala, mas em qualquer momento sua eficiência era notável.

Seth era um grande profissional.

E em breve seria meu sogro.

Sacudi a cabeça de leve, na tentativa de afugentar esses pensamentos e olhei novamente para Edward.

Ele passava as mãos pelos cabelos, nervoso e seu rosto parecia ter envelhecido anos.

_ Agora é nos preparar para a pior parte._ Ele disse baixinho , me estendendo a mão._ Você vai para casa descansar. Não a quero a mercê das loucuras de Rosalie._ Edward disse decidido.

_ Ela me culpa, não é?_ Perguntei.

Na verdade eu já sabia disso.

Queria apenas confirmar.

_ Não ligue para as alucinações da minha irmã. Ela é louca. Quero que vá para casa ficar com as meninas e descansar. Precisamos pensar no bebê._ Ele falou, acariciando suavemente minha barriga.

Eu sorri e assenti.

No fundo, eu me sentia aliviada.

Por mais que quisesse apoiar Edward nesse momento, eu não queria, de forma alguma, ir a esse velório.

_ Tudo bem. Eu estou realmente cansada._ Falei enquanto segurava a mão que ele me estendia.

Saímos para o corredor, seguidos por Seth e fomos em direção à saída.

_ Ele foi mesmo assassinado?_ Perguntei baixinho, tentando não me incomodar com os olhares a nossa volta.

_ Sim. Ele foi envenenado. Mas apenas o veneno não causaria a sua morte. A pessoa que o matou sabia disso e esperou o momento ideal para cortar-lhe o pescoço.

Arfei e fechei os olhos por um momento ao imaginar a cena.

Era um fim muito terrível para qualquer ser humano.

_ Vocês sabem quem foi?

Ele assentiu de leve e apertou minha mão.

_ Carlisle era um homem perigoso e colecionou inimigos a vida toda. Seu assassino já o conhecia e o fato de serem deixados no mesmo lugar apenas piorou a situação. Carlisle gostava de provocá-lo e ele apenas esperou o momento certo para a vingança.

_ E quem era esse homem?

Edward parou e me olhou nos olhos.

_ Lembra-se da Sammy?_ Ele perguntou e eu estremeci ao ouvir o nome da minha companheira de quarto da época da faculdade.

_ Sim..._ Sussurrei.

_ O homem que matou meu pai é irmão dela._ Edward declarou e eu engoli em seco, sentindo tudo a minha volta girar._ Ele sabia que Carlisle estava envolvido no acidente que matou a irmã e simplesmente esperou o momento da sua vingança. E esse dia chegou.

Respirei fundo e continuei seguindo-o pelo corredor.

“Aqui se faz, aqui se paga”.

Esse dito popular era uma verdade incontestável e Carlisle provara seu poder.

Eu me lembrava vagamente do irmão da Sammy.

Era um cara estranho, mas que parecia adorar a irmã.

Meses depois da morte de Sammy, um laudo comprovara que o carro havia sido sabotado.

Eu sempre soube que aquele acidente fora planejado por Carlisle, mas sempre imaginei que ninguém mais o associaria ao crime.

Doce engano!

Sammy morrera, mas seu irmão conseguiu vingá-la.

Matou Carlisle a sangue frio e tenho certeza, que agora, mesmo sendo condenado a uma sentença terrível, sentia-se de alma lavada.

Saímos para o dia claro de Boston e seguimos em direção ao carro.

Quando nos aproximamos, notei que Esme estava encostada no veículo e parecia bastante perturbada.

Ela ergueu o rosto ao nos ver e seus olhos brilharam.

Seth passou a nossa frente e foi com certo pavor que eu vi Esme correr para os seus braços.

Ela chorava copiosamente e Seth a abraçava e beijava seus cabelos, murmurando palavras de carinho.

Olhei para Edward e notei que ele observava a cena com cara de poucos amigos.

Sua boca estava apertada em uma linha fina e seus olhos estreitaram-se em direção ao casal.

Coloquei a mão em seu braço e pude senti-lo tremendo.

_ Edward, tenha calma._ Pedi baixinho.

Ele fechou os olhos com força e fechou as mãos em punho.

Tinha medo que ele agredisse Seth.

Edward não aceitaria a relação da mãe e do amigo com facilidade

Eu tinha certeza disso.

Mas antes que algo pudesse realmente acontecer, senti mãos em meus braços que me puxaram violentamente, fazendo com que eu me virasse, dando de cara com Rosalie.

_ Meu pai morreu, Bella. Mas você não vai viver para rir disso._ Rosalie gritou, me olhando com raiva.

Edward a segurou pelos braços e a empurrou para longe de mim.

_ Fique longe dela. Carlisle cavou a própria cova a vida inteira. Bella não tem culpa de nada._ Ele gritou, me abraçando pela cintura e me colocando protetoramente atrás do seu corpo.

_ Papai estava preso por culpa dela. Ela jamais deveria ter aparecido em nossas vidas, porque só trouxe desgraça. Eu a odeio.

Senti lágrimas escorrendo por meu rosto e escondi meu rosto nas costas largas de Edward.

Não queria mais ouvir as palavras ofensivas de Rosalie.

_ Largue isso, Rose._ Ouvi Esme gritar e no minuto seguinte escutei o barulho de um tiro.

Gritei assustada e vi uma grande mancha de sangue se formando na camisa clara de Edward.

Rosalie o atingira.

Ele foi deslizando para o chão e minha força não foi capaz de impedir que ele caísse.

_ Edward._ Gritei desesperada._ Edward, fala comigo._ Pedi.

Deus!

_ Filho!_ Esme veio correndo e ajoelhou-se ao lado do corpo inerte de Edward.

_ Edward, amor... Por favor, não me deixe. Fale comigo. Por Deus!_ Eu pedi chorando.

Ele estava tão imóvel.

Tão pálido.

Olhei para a poça de sangue que se formava ao seu redor e senti minha cabeça girando.

Eu o estava perdendo.

_ Rosalie, olhe o que fez! Você matou seu irmão!_ Esme gritou e eu, desesperada coloquei o ouvido sobre seu coração que ainda batia.

_ Ele não está morto._ Gritei._ Socorro! Alguém nos ajude!

Vi ao longe Seth correndo com uma maca e suspirei aliviada.

Edward ficaria bem.

Ele tinha que ficar, caso contrário, minha vida não teria mais sentido algum!

_ Eu... Eu não queria..._ Rosalie balbuciava.

Eu me levantei irada e dei uma bofetada em seu rosto.

_ Se ele morrer, eu a mato. Se acontecer qualquer coisa com seu irmão eu a mando para o inferno para que possa fazer companhia para seu querido pai._ Gritei irada.

Voltei para o lado de Edward, que já estava sendo colocado na maca e dei um beijo em sua testa.

_ Salve-o, Seth. Pelo amor de Deus, não deixe morrer._ Implorei.

_ Farei o possível._ Ele prometeu e levou Edward para dentro do hospital. Olhou para Esme brevemente e se foi.

Me abracei a Esme e chorei.

“Senhor, leve a mim. Mate a mim. Ele não. Por favor! Edward não!”_ Implorei em silêncio e fechei os olhos, sentindo meu mundo desmoronar.

Eu precisava de Edward e se ele morresse, eu morreria também.


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Notas finais do capítulo

Bom... É isso!
Prometo que essa é a última tragédia antes do final feliz...
rsrsrsrs
Só posso adiantar que ele ficará bem, gente!
Prometo!
Mas isso precisava acontecer para que a fic tivesse sentido.
Farei de tudo para postar a continuação em breve.
Comentem bastante...
Mesmo os fantasminhas que leem e não se pronunciam...
A opinião de vcs é extremamente importante para minha criatividade...
Beijos e até o próximo!!!