Por Um Segredo escrita por Bruna Diniz


Capítulo 30
Capítulo 30: Pratos limpos


Notas iniciais do capítulo

Oie, galera...
Sei que estou atrasada com os posts, mas é que minha vida está realmente corrida...
Espero que gostem do capítulo, pois eu adorei escrevê-lo...
Imaginem que a inspiração para escrevê-lo veio durante uma aula sobre fungos na faculdade???
Peguei a caneta e deixei minha mente divagar...
E aqui está ele...
rsrsrsrsrs
Boa leitura!!!



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Pov. Bella

_ Eu posso saber por que diabos saíram tão apressadas de New York?_ Charlie gritava com minha avó e eu encolhia os ombros a cada palavra._ Nossa casa, mãe. Nossos móveis. Nossa vida. Por quê? Só me responda.

Lágrimas grossas rolaram por meu rosto enquanto eu ia lentamente em direção à sala da casa onde estávamos morando em Forks.

Depois de muita procura, conseguimos encontrar um imóvel que fosse acessível às nossas condições e havíamos nos mudado rapidamente.

Não tínhamos dinheiro para arcar com contas de hotéis e precisávamos conseguir uma casa antes do meu bebê nascer.

Estremeci ao pensar em meu bebê e coloquei as mãos protetoramente no meu ventre já dilatado.

Charlie iria me odiar quando descobrisse sobre a gravidez.

Ele sempre me alertara para não cometer os mesmos erros de minha mãe.

Mas agora... Eu estava irremediavelmente grávida.

No entanto, nada do que ele dissesse ou fizesse me faria desistir do meu bebê.

Respirei fundo e entrei silenciosamente na sala, onde minha vó encarava a figura nervosa do meu pai.

_ Bella precisava sair de New York e viemos para cá. Não vejo nenhum problema em nos estabelecermos aqui. Uma cidade pacata e tranquila, bem diferente de New York._ Minha avó disse, enquanto me observava entrar na sala.

Charlie bufou irritado e virou-s em minha direção.

Assim que seus olhos pousaram em mim e ele notou minha barriga proeminente seu olhar tornou-se gélido.

Eu senti um medo terrível de sua possível reação.

_ Está explicado!_ Ele disse vindo em minha direção com passos largos._ Essa vagabunda não conseguiu manter as pernas fechadas, engravidou e vocês tiveram que ir embora. Bravo!_ Ele disse batendo palmas, evitando, certamente, me agredir._ Você é tão vadia quanto sua mãe._ Ele gritou, me sacudindo pelos ombros e eu não pude evitar a torrente de lágrimas que desceram por minha face.

Charlie nunca fizera o tipo amoroso, mas jamais me dissera coisas tão horríveis.

Jamais proferira palavras tão ofensivas.

_ Cale a boca, Charlie. Não vou permitir que ofenda a Bella dessa maneira porque ela está grávida. Você mesmo engravidou uma garota quando tinha a idade dela e não tem moral para dar sermões._ Minha avó gritou, enquanto tirava as mãos do meu pai que apertavam meus ombros me fazendo gemer de dor.

_ Ela estragou tudo, mamãe. Desperdiçou a droga da vida dela, largando a faculdade e carregando o filho de Deus sabe quem na barriga! Eu pedi. Implorei para que ela não fizesse isso. Para que não cometesse os mesmos erros da mãe. E olha o que acontece? Ela foge de Harvard grávida!_ Charlie gritava descontrolado._ De Harvard. Depois de todo o esforço que fizemos para mantê-la lá.

_ Não adianta gritar com a menina, Charlie. Nada mudará o fato de que ela carrega um bebê na barriga. E a única pessoa que se esforçou para manter-se em Harvard foi a própria Bella. Ela terminara a faculdade quando o bebê nascer. Quando o seu neto nascer.

Ele me olhou com tanto ódio e desprezo que eu senti como se ele me atingisse fisicamente.

_ Neto que eu não pedi e não quero. Espero que ela se livre disso o mais rápido possível.

Senti meu corpo gelar ao ouvir suas palavras.

Como assim livrar-se disso?

Era do meu bebê que ele estava falando.

_ Eu não vou me livrar do meu bebê. Da pessoa mais importante da minha vida. Da única criatura que me amará independente dos meus erros, qualidades e defeitos.

Ele me olhou por alguns instantes e depois, como em um pesadelo me deu um sonoro tapa no rosto.

_ Charlie! Meu Deus!_ Ouvi a voz desesperada de minha avó e senti lágrimas de vergonha e indignação caírem dos meus olhos._ Jamais encoste a mão nela outra vez. Você não tem esse direito._ Minha avó me amparava, mas nesse momento, nem o seu apoio me confortava.

_ Quem é o pai, Bella? Me diga quem fez isso com você?_ Ele perguntou aparentemente mais calmo.

_ Eu não falo. Não te interessa._ Eu disse com ódio e corri em direção ao meu quarto, trancando a porta em seguida.

Charlie não merecia meu amor.

Não merecia minhas satisfações.

Eu havia errado e tinha plena consciência disto.

Mas ele não tinha o direito de me tratar daquela forma, se quando ele era jovem cometeu o mesmo erro.

Suspirei e passei a mão levemente pelo meu ventre.

_ É bebê... Agora somos apenas eu e você!

E seria assim para sempre.

Mas uma coisa era certa: eu daria a vida pelo meu filho.

Jamais desistiria dele.

E eu realmente nunca desistira.

Minhas filhas sempre foram tudo para mim.

Mas Charlie me separara de Carlie.

E agora, depois de tanto tempo, meu pai aparecia em minha vida.

Eu tinha muitas mágoas em relação a ele.

De certa forma, ele dera o seu melhor. Fora razoavelmente bom pra mim antes que eu ficasse grávida.

Olhei-o parado à porta da minha casa e senti minha cabeça zunindo.

 As lembranças ainda vívidas em minha mente.

Nunca, nem em meus mais loucos sonhos, imaginei meu pai aparecendo em minha casa.

Ele não me considerava mais sua filha desde que eu aparecera grávida. Desde que eu o envergonhara em frente a uma sociedade que não se importava, a menos que você ferisse sua tão sagrada “virtude”.

A menos que você não fizesse o considerado politicamente correto.

Olhei para o fim da rua e desejei que Edward aparecesse e me tirasse dessa situação constrangedora.

Estranha.

Mas meu marido há essa hora estava em seu primeiro dia de trabalho, imaginando estar tudo bem comigo e não viria ao meu socorro.

_ Você não me convida para entrar?_ Charlie me perguntou depois de uns momentos em silêncio total, fazendo com que minha atenção se voltasse para seu rosto.

Respirei fundo e abri mais a porta, dando-lhe passagem.

Minha relação com Charlie fora sempre assim: silenciosa.

Acho que o fato de ter convivido tão pouco com ele fez de nós dois estranhos que por um acaso tinham o mesmo DNA.

_ Imagino que esteja curiosa para saber qual o propósito da minha visita._ Ele disse depois de observar por uns instantes a foto do meu casamento com Edward que repousava sobre a lareira.

_ Extremamente._ Respondi estreitando meu olhar em sua direção e usando o tom mais irônico que consegui.

Eu simplesmente não era capaz de esquecer todas as palavras ofensivas que ele me dissera e todas as agressões vindas dele que eu sofrera. Não podia tão pouco ignorar o fato de que ele fora o maior responsável por Carlie ter crescido longe de mim.

E apesar dele ser meu pai, eu não conseguia perdoá-lo.

Ele suspirou e sentou-se no sofá.

Eu fiz o mesmo esperando que ele começasse a falar para terminar logo com isso.

_ Bella, desde que recebi o convite do seu casamento eu estou planejando vir vê-la. Mas passei por alguns problemas que me impediram de vir até aqui. No entanto, Sue não me deixou mais adiar essa visita e aqui estou eu.

Eu continuei encarando-o em silêncio.

_ Eu sei que eu não fui um bom pai. Sei que a deixei sozinha, mas... Olha Bella... Apesar de ter tido uma excelente mãe, eu sempre fui um cara estranho. Odeio mostrar meus sentimentos e de verdade... Eu não sei amar. Eu estou aqui porque acho que devo pedir-lhe uma segunda chance para ser um pai de verdade para você. Para ser o pai que eu nunca fui.

Eu agora encarava o chão enquanto ouvia as palavras atropeladas de Charlie.

Que merda era essa agora?

Depois de tantos anos, de tanto sofrimento ele volta me pedindo uma segunda chance?

Agora que eu não preciso mais do seu carinho, amor, apoio e compreensão?

_ Tarde demais, Charlie._ Eu respondi em voz baixa e o senti tencionar-se ao meu lado.

_ Bella... Eu preciso contar-lhe uma coisa. Algo que eu fiz há alguns anos e do qual eu me arrependo amargamente. Só assim poderei começar uma verdadeira relação de pai e filha com você.

Senti lágrimas nos meus olhos e respirei fundo algumas vezes.

Será que ele iria me contar sobre Carlie?

_ Bella, eu..._ Mas antes que ele pudesse me dizer algo, o telefone tocou estridente, assustando a nós dois.

Eu me levantei em silêncio e andei até o telefone.

_ Alô?_ Disse baixinho, tentando controlar meu nervosismo por estar na presença de Charlie.

_ Sra. Cullen?_ Uma voz feminina perguntou._ Sra. Cullen, aqui é Livy, diretora do colégio onde suas filhas foram matriculadas.

Senti meu coração falhar algumas batidas e um medo absurdo tomou conta do meu corpo.

_ O que aconteceu?_ Perguntei nervosa.

_ Fique calma, Sra. Cullen. Estou ligando para avisá-la que uma de suas filhas foi levada ao hospital com uma crise respiratória bastante séria. Os médicos já assumiram os cuidados com ela, mas preciso que vá imediatamente ao hospital.

Nem esperei ela terminar de falar.

Bati o telefone e corri pro meu quarto, a procura da minha bolsa.

Desci apressadamente as escadas, e só quando olhei para o rosto confuso de Charlie e que me lembrei de sua presença.

Meu pensamento era chegar até Carlie o mais rápido possível.

Eu prometi a ela que quando crises como essa a atingissem, eu estaria ao seu lado.

Minha pequena deveria estar tão assustada!

_ Bella, o que aconteceu?_ Charlie perguntou alarmado.

_ Eu preciso ir ao hospital._ Declarei e só então me lembrei que estava a pé._ Minha filha está doente.

_ Eu te levo._ Charlie disse decidido, sem rodeios e sem perguntas.

Certamente ele havia notado a falta de meios de locomoção no meu quintal.

Assenti de leve e fui em direção à viatura estacionada a minha porta.

Lembrei-me do dia em que entrei em trabalho de parto e ele disse que o carro da polícia não era para esse tipo de emergência.

Mas agora, lá estava eu.

Indo para o hospital na viatura de Charlie.

Como o mundo dá voltas!

XXXXX

Quando chegamos ao hospital, desci correndo da viatura e nem esperei para ver se Charlie me seguia.

Minha meta era chegar até Carlie.

Passei direto pela recepção, ignorando o chamado das atendentes e fui apressadamente em direção a ala pediátrica, colidindo com Edward no longo corredor.

_ Ei... Calma, amor. Não precisa de tanta pressa._ Ele disse me abraçando, e eu não pude evitar as lágrimas, devidas a tanta tensão vivida por toda manhã.

_ Onde ela está? Edward, como nossa filha está?_ Perguntei desesperada.

Ele me guiou até um banco de madeira disposto no corredor, e nos sentamos. Deitei a cabeça em seu ombro e ele me apertou forte pela cintura.

_ Fique tranquila, amor. Carlie já foi medicada e agora está dormindo. Ela teve uma pequena crise respiratória devido ao clima. Ela não está acostumada com tanta umidade.

_ Então vamos embora._ Eu funguei em seu ombro, enquanto ele acariciava meu cabelo.

_ Não precisamos, Bella. Existem medicamentos eficientes para o problema de Carlie. Ela vai ficar bem.

_ Eu prometi que estaria com ela em suas crises. Prometi que ia abraçá-la para que não sentisse medo e até a crise passar. Eu falhei._ Falei chorando ainda mais. Minha voz saiu abafada contra sua camisa.

_ Ela estava na escola. Foi algo repentino, amor. Você estará com ela agora. Cuidará dela e é isso que importa. Não chore. Você precisa manter-se calma. Pensar no bebê.

Eu respirei fundo e tentei me acalmar.

Edward tinha razão.

Eu precisava pensar no bebê.

_ Bella?_ Ouvi a voz do meu pai e me separei de Edward. Nos levantamos e notei que Edward olhava intrigado para meu pai, certamente notando nossa semelhança, mas não a entendendo bem.

Poucas vezes conversara de Charlie com ele.

Os dois nunca haviam se visto.

Suspirei pesadamente e olhei de um para o outro.

_ Edward, esse é o meu pai, Charlie Swan.

Edward ergueu as sobrancelhas surpreso e estendeu a mão direita para meu pai.

_ Prazer em conhecê-lo, Sr. Swan. Sou Edward Cullen. Marido de sua filha.

Charlie aceitou o cumprimento e o olhou seriamente.

_ Eu sei que você é, rapaz. Prazer em finalmente conhecê-lo.

Os dois estavam tensos e isso era bastante notável.

Edward sabia da participação do meu pai na história de Carlie e certamente, devido a isso, haveria uma ressalva em uma possível relação entre sogro e genro.

Quanto a mim, a mágoa que nutria por Charlie vinha desde a infância e eu tinha certeza que seria difícil perdoá-lo.

_ Edward, quero ver nossa filha. Ter certeza que ela está mesmo bem._ Eu disse, enviando minhas divagações para o fundo da mente e dando atenção ao que era realmente importante nesse momento: Carlie.

_ Vou verificar se você já pode entrar. Espere aqui._ Ele deu um beijo leve em meus lábios e seguiu pelo corredor.

Fiquei olhando ele se afastar e mordi meus lábios para não chorar.

_ Você está grávida?_ Charlie perguntou minutos depois da saída de Edward.

Eu respirei fundo e o encarei, colocando as mãos protetoramente em torno do meu ventre dilatado, que a camisa xadrez  de Edward que eu vestia, disfarçava.

_ Sim._ Eu respondi simplesmente. Não gostava de tratar desses assuntos com meu pai.

_ Imagino que esteja feliz dessa vez._ Ele declarou.

O encarei séria.

_ Quando descobri que estava grávida das meninas, eu também fiquei feliz. Muito. Como agora. O papel de infelicidade e revolta ficou apenas para você, Charlie Eu sempre desejei minhas filhas. Sempre.

Ele ficou em silêncio, apenas me encarando.

_ Eu sinto muito por tudo. Podia não parecer, mas eu queria seu bem. Apenas isso.

_ A sua definição de bem difere bastante da minha, Charlie. Eu cresci sozinha. Sem meus pais. Vovó era maravilhosa e graças a ela eu não cresci revoltada. Você nunca estava lá por mim. Mudava constantemente de cidade e às vezes passava anos sem me ver. Quando eu comecei a tomar formas de mulher, você limitava-se a dizer para que eu me afastasse dos homens e não cometesse os mesmos erros que minha mãe. E qual foi o erro dela? Eu. E foi assim que você sempre me viu: um erro._ Eu falei, tremendo incontrolavelmente.

_ Bella... Eu..._ Ele tentou falar. Se explicar. Mas eu precisava desesperadamente desabafar. Só assim àquela dor incomoda que me acompanhou a vida todo me deixaria em paz.

_ Eu nunca tive seu amor, Charlie. Jamais ganhei sequer um beijo seu. Quando me apaixonei por Edward, imagino que tenha transferido para ele o amor que eu jamais pude lhe dar. Pode parecer doentio até, mais foi exatamente assim. Ele foi o único homem que me amou. Que foi carinhoso comigo. Que cuidou de mim. E sim... Eu me entreguei a ele. Fiquei grávida e não me arrependo. Minhas filhas, diferente da sua, não foram um erro. Foram as coisas mais certas que aconteceram em minha vida._ Eu disse entre lágrimas, vendo um Charlie atônito me encarar.

_ Bella... Bella... Sobre suas filhas... Eu preciso lhe contar uma coisa._ Ele disse hesitante.

Eu respirei fundo e sequei as lágrimas teimosas que insistiam em descer por meu rosto.

Charlie queria me contar sobre Carlie.

Ele parecia mesmo disposto a se redimir. A amenizar seus erros do passado.

Eu só não sabia qual seria sua reação ao saber que Carlie já estava com os pais.

_ Eu quero minha mãe! Mãe..._ Antes que Charlie pudesse dizer mais alguma coisa, ouvi a voz chorosa de Renesmee e olhei para o fim do corredor, de onde vinha a voz.

E lá estava ela: Debatendo-se nas mãos da enfermeira que tentava lhe segurar a todo custo, impedindo que ela chegasse até mim.

Fui correndo em sua direção e olhei feio para a enfermeira, tirando minha filha de suas mãos.

_ Eu cuido dela._ Eu disse seca.

_ Crianças não são permitidas em hospitais, senhora._ A enfermeira falou, aparentemente irritada.

_ Eu não sou criança. Já sou uma mocinha._ Nessie falou, abraçando-me forte pela cintura.

_ Ela pode ficar. Por favor. Não tenho com quem deixá-la no momento._ Decidi que brigar não era o caminho.

A enfermeira pareceu que ia recusar meu pedido, mas deu de ombros e afastou-se bufando.

_ Meu anjo, o que você está fazendo aqui? Não devia estar na escola?_ Eu perguntei me abaixando à sua frente.

_ Eu fugi, mamãe._ Nessie disse chorando._ Não me deixaram ver a Carlie. E eu sei que ela está dodói. Eu sinto. Aqui._ Ela disse colocando a mãozinha perto do coração._ Ninguém me deixou vir também. Aí eu fugi. Eu quero apenas ver minha irmã. Minha gêmela.

A olhei por um momento e não tive coragem de dar-lhe uma bronca.

Ela estava apenas preocupada com a irmã.

_ Oh, meu anjo... Carlie vai ficar bem. Mas nunca mais fuja da escola, Nessie. É perigoso.

Ela assentiu e me abraçou, escondendo o rosto em meus cabelos.

De repente senti seu corpinho ficar tenso e me separei dela para ver o que a deixara assim.

Ela estava olhando assustada para meu pai, que a encarava igualmente espantado.

_ Vovô? O que está fazendo aqui? Mamãe..._ Ela virou-se preocupada em minha direção._ Ele não vai levar Carlie embora outra vez, não é?

Senti meu corpo todo estremecer ao ouvir a pergunta de Renesmee.

Jamais havíamos contado a ela a real história que a separou de sua irmã.

Às vezes, ela me assustava com sua percepção e suas previsões.

Charlie me olhava pálido.

_ Eu pensei... Eu pensei... Não era Renesmee que estava internada?_ Charlie perguntou gaguejando. Incerto.

Eu respirei fundo e segurei Nessie pelos ombros.

_ Não, papai. É a gêmea dela. Carlie.

Se Charlie não fosse um homem forte eu poderia jurar que ele desmaiaria aos meus pés.

Ele nos olhava e eu podia perceber o quanto ele estava perdido.

Arrependido.

_ Então você já sabe?_ Ele perguntou em um fio de voz.

_ Na verdade, eu acho que eu sempre soube. Mas, sim. Já faz algum tempo que Carlie voltou para os pais. Para mim. Para o lugar da onde ela nunca deveria ter sido tirada.

Ele encostou-se à parede e colocou o rosto entre as mãos.

_ Eu sinto muito por isso. Espero sinceramente que me perdoe. A outra criança era doente e eu sabia que não teríamos como arcar com as despesas do seu tratamento. A Sra. Cullen era rica e não teria problemas em cuidar da menina. E ela era a avó. Eu sabia que a bebê estaria segura ao seu lado.

Eu o olhei por um momento, chegando até a sentir pena de sua figura arrependida.

_ Eu não concordo com o que fez, papai. Eu desceria ao inferno para dar um tratamento adequado à Carlie e impedir que ela saísse do meu lado. Mas o importante é que agora ela está com os pais de verdade e jamais sairá do nosso lado outra vez.

Ele apenas assentiu e fechou os olhos, visivelmente nervoso.

Não podia dizer que estava triste por vê-lo sofrer.

Apesar de não ser uma pessoa vingativa, eu gostaria que ele sentisse pelo menos um pouquinho da dor que eu senti por ficar longe da minha filha.

Olhei para o fim do corredor e vi que Edward andava em nossa direção.

Renesmee soltou-se dos meus braços e correu ao encontro do pai.

_ Papai, como a Carlie está?_ Perguntou ansiosa.

Ele aproximou-se mais, com Nessie no colo e deu um beijo em minha testa.

_ Está bem. Ela acabou de acordar e que ver a mamãe.

Eu suspirei e sorri de leve.

_ E eu também quero vê-la.

Ele sorriu e segurou minha mão, entrelaçando nossos dedos.

_ Vamos?_ Ele me perguntou, depois de olhar brevemente para meu pai.

Charlie me olhou e suspirando deu um tapinha em minhas costas.

_ Vai lá. Depois a gente conversa.

Eu me limitei a assentir e segui Edward pelo corredor.

XXXXX

Ver Carlie tão pálida, encostada a um travesseiro, com seus cabelos escuros despenteados, ligada a alguns aparelhos foi uma das piores visões da minha vida.

Mas a partir do momento que ela sorriu lindamente em minha direção, meu mundo voltou ao eixo.

_ Oi mamãe..._ Ela disse com voz fraca e eu me aproximei para dar-lhe um beijo na testa.

_ Oi meu anjo. Como está se sentindo?_ Perguntei acariciando seus cabelos.

_ Cansada. Mas logo vai passar. É sempre assim depois de uma crise._ Ela sorriu e eu não pude evitar que novas lágrimas se acumulassem em meus olhos.

Edward estava parado à porta com Renesmee em seus braços, que observava a irmã atentamente.

_ Claro que vai passar logo, meu amor. E eu estarei aqui com você._ Eu disse, enquanto me sentava ao seu lado.

_ Você me assustou, Carlie. Fiquei com medo que você morresse._ Renesmee disse chorosa, enquanto escondia o rosto na curva do pescoço de Edward._ Não consigo mais viver sem você.

_ Calma, Nessie. Ela está bem agora. Não vai morrer._ Ele disse calmamente, acariciando seus cabelos.

_ Mamãe?_ Carlie me chamou suavemente e eu a olhei.

_ Diga, meu amor.

_ Apesar de tudo, eu fico feliz que esteja aqui. Eu sempre quis que você me abraçasse quando eu tinha as crises. Dessa vez não foi tão ruim, pois eu sabia que você viria. E o papai esteve o tempo todo comigo, dizendo que eu ia ficar bem.

Eu sorri em meio às lágrimas e me debrucei na cama, dando um beijo em seu rosto.

_ Eu sempre estarei aqui, a partir de agora. Eu e o papai.

Ela sorriu satisfeita e fechou os olhos, entregando-se novamente ao sono.

Olhei para Edward e notei que ele também chorava.

_ Obrigada por estar com ela._ Eu disse o abraçando.

_ De nada. E você está certa. Estaremos sempre juntos. Como uma família deve ser.

Eu sorri satisfeita e bracei a ele e Renesmee, nos sentido muito próximos.

Como uma verdadeira família deveria ser.

XXXXX

Levantei a cabeça ao ouvir o clique da porta.

Edward entrava suavemente no quarto onde Carlie estava e sorriu ao me ver acordada.

_ Hora de ir pra casa, Sra. Cullen.

Eu sorri de volta e neguei com a cabeça.

_ Vou ficar com ela a noite toda. Eu prometi._ Disse decidida.

Ele sentou-se ao meu lado e me puxou para seu colo.

_ Você precisa comer, tomar um banho e descansar. Mudei o horário do meu plantão e estarei o tempo todo com Carlie. Já disse: você precisa pensar no bebê.

_ Mas Edward..._ Eu queria insistir, mas a verdade é que eu estava realmente cansada.

Desde que vira para cá de manhã, não saíra do lado de Carlie nem um segundo.

Pedi que Edward deixasse Nessie com Alice e fiquei o dia todo cuidando da minha bonequinha.

Liguei para Esme e Rosalie, contando da crise e por incrível que pareça, minha cunhada havia conseguido me acalmar.

Carlie realmente ficareia bem em breve.

_ Mas nada... Deixei Nessie na casa de Alice como me pediu e eu ordeno que vá para casa descansar._ Edward disse atoritário.

Eu sorri e encostei a cabeça em seu ombro.

_ Ok... Mas saiba que você é muito mandão.

Ele riu e continuou me segurando, acariciando minhas costas.

_ Seu pai conversou comigo._ Ele declarou após alguns minutos.

Eu suspirei e não disse nada.

_ Ele disse que veio pedir desculpas por todo o mal que lhe fez. Por todas as injustiças que cometeu.

Eu funguei e apertei meu rosto na curva do seu pescoço, não conseguindo evitar as lágrimas.

_ Bella, seu pai não é um homem ruim. Ele apenas é um ser humano sujeito a erros. Apesar de tudo, eu sinto que ele te ama._ Edward disse baixinho.

_ Ele me considera um erro._ Eu respondi.

_ Amor, quando se é jovem, engravidar uma garota realmente pode ser um erro. Homens demoram mais para amadurecer e isso pode colocar em risco a criação de uma criança.

_ Você queria que eu ficasse grávida quando namorávamos.

Ele sorriu e beijou meu cabelo.

_ Queria. Realmente. Mas eu apenas tinha medo que você fosse embora e um filho nos uniria para sempre. Mas isso não significa que eu estivesse pronto para ser pai.

Eu pensei nas palavras de Edward e conclui que elas faziam todo o sentido.

Mas ainda sim, era difícil perdoar Charlie.

_ Minha vida foi extremamente difícil, Edward. Se não fosse por minha avó eu nem sei o que seria de mim. Minha mãe era enfermeira e eu sei, que na verdade, ela nunca amara Charlie. A vida sexual dela era bastante movimentada. As pessoas pensam que eu não sei disso, mas minha mãe tinha AIDS.

Edward não disse nada, apenas me apertou contra o corpo.

_ Meu pai nunca me quisera. Nunca amara minha mãe e também teve uma infinidade de mulheres. Quando eu era pequena, o ouvi dizer várias vezes que eu não era filha dele, embora nossa semelhança não deixasse dúvidas quanto a isso. Quando eu fiquei grávida ele me tratou muito mal. Vivia dizendo que eu era a mesma vagabunda que minha mãe fora. E isso acabava comigo. Apesar de tudo, ela era minha mãe. E eu não era uma vagabunda. Eu havia me entregado a você por amor. E depois de tudo, ele ainda pediu para que sua mãe levasse minha filha embora. Não sei se posso perdoá-lo.

Ele suspirou e me afastou do seu corpo, olhando-me nos olhos.

_ Bella... Eu sei que pode perdoá-lo. Por que você é assim. Altruísta. A pessoa menos egoísta que eu conheci. Seu coração é enorme, amor..._ Ele beijou meus lábios e acariciou meu rosto._  Você me perdoou. Eu a ofendi, a fiz sofrer e você continua me amando. Porque é tão difícil perdoar seu pai também?

Eu ergui as sobrancelhas e o encarei séria.

_ Quanto meu pai te deu para fazer essa campanha ao seu favor?

Ele riu e beijou meu rosto.

_ Não pagou nada. Eu apenas quero ajudá-lo porque sei o quanto uma pessoa pode ser feliz apenas por ter seu amor.

E o encarei emocionada e beijei seus lábios.

_ Você é lindo, sabia?_ Eu perguntei e ele riu.

_ É o que todas dizem._ Eu o olhei, incrédula e belisquei sua barriga, fazendo com que ele risse mais ainda.

_ É sério, Bella. Converse com seu pai. Dê-lhe a chance de estar ao seu lado. Mostrar que te ama. Tenho certeza que você se sentirá muito feliz fazendo isso.

Eu respirei fundo e saí do seu colo.

Andei até a cama de Carlie e beijei sua testa de leve.

_ Cuide dela._ Eu pedi, olhando para as feições suaves de minha bonequinha.

_ Eu vou cuidar. O carro está lá fora. Vá com ele. Quando chegar amanhã, eu irei para casa.

Eu assenti e me dirigi para a porta.

_ Bella?_ Edward chamou.

_ Sim?_ Eu disse, me virando em sua direção.

_ E quanto ao seu pai?_ Ele perguntou enquanto se aproximava e me abraçava mais uma vez.

_ Não posso prometer perdoá-lo, mas eu vou conversar com ele.

Ele sorriu e beijou de leve meus lábios.

_ Essa é a minha garota!_ Ele disse animado e eu sorri.

Só esperava não me arrepender dessa decisão.

XXXXX

Acendi a luz e entrei rapidamente na sala trancando a porta.

A casa parecia sem vida sem meus três amores ali.

Me sentei pesadamente no sofá e fechei os olhos por um momento, me sentindo muito cansada.

Fora extremamente difícil deixar Carlie no hospital.

Eu queria estar o tempo todo com ela, mas eu precisava descansar.

Afinal, eu estava grávida e precisava pensar na saúde do bebê.

Subi as escadas e fui direto ao banheiro, que agora, era só meu e de Edward.

Ele havia transformado meu antigo quarto em uma adorável suíte e havia mandado construir outros dois banheiros.

Um para as crianças, no andar de cima e outros para os hóspedes no andar de baixo.

A reforma estava indo muito bem e a cada dia que passava, nossa casa ficava ainda mais aconchegante.

O plano era terminar tudo antes da chegada do bebê, e eu esperava que fosse realmente assim.

Terminei meu banho e desci até a cozinha para comer alguma coisa.

Não estava com fome, mas precisava me alimentar direito.

Comi as sobras do café da manhã, pois não estava a fim de cozinha uma hora dessas e fui para o quarto.

Eu precisava muito dormir.

Mas quando cheguei ao pé da escada, quase morri de susto.

Charlie estava parado no meio da sala e me olhava fixamente.

_ Será que podemos, finalmente, conversar?_ Ele perguntou sério.

Eu suspirei e assenti de leve, me sentando no mesmo lugar que me sentei de manhã para conversar com ele.

_ Pode falar, Charlie.

Ele pareceu incerto, mas depois de alguns momentos de hesitação, sentou-se ao meu lado e segurou minhas mãos.

Durante toda minha vida esse fora o contato mais íntimo que eu tivera com Charlie.

_ Bella... Me escute. Eu vim até aqui para pedir que me perdoe e para que me diga como eu faço para ser um pai de verdade.

_ Pai, eu...

_ Não... Me escuta. Eu sei que errei, que te fiz sofrer e me arrependo muito. Eu só não quero e não posso cometer os mesmos erros outra vez.

O olhei confusa.

Como assim cometer os mesmos erros?

Do que Charlie estava falando?

_ Bella..._ Ele disse, certamente notando a confusão que se instalara em meu rosto._ Sue está grávida. Você vai ter um irmão.

Eu prendi a respiração por um momento e o encarei incerta.

O que?

Irmão?

Eu não poderia ter um irmão estando grávida do neto dele, poderia?

Deus!

Quando minha vida seria, pelo menos, um pouco normal?

Ao que parecia, nunca.

Pensar em um irmãozinho enviou uma onda de ternura por todo meu corpo.

Não poderia permitir que Charlie o fizesse sofrer como fez a mim e pensar nisso me deu forças para colocar tudo em pratos limpos com Charlie.

Diferente de mim, meu irmão ou irmã teria um pai de verdade.

E seria muito feliz.

Eu podia garantir isso.


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Notas finais do capítulo

Galera...
É isso...
Espero que tenham gostado e preciso muito saber a opinião dos meus leitores lindos... =D
Eu realmente não tenho tempo para responder os comentários, mas eu leio tds. Fico muito feliz quando entro e vejo que mais pessoas comentaram a Fic.
Próximo capítulo, teremos POV de Edward e saberemos finalmente o que aconteceu à Carlisle...
Comentem...
Espero não demorar muito para postar...
Vou me esforçar para isso...
Beijos!!!
( Não esqueçam de ler minha nova fic... https://www.fanfiction.com.br/historia/209938/Eu_Voce_e_Nosso_Amor...)
Até mais!!!