Por Um Segredo escrita por Bruna Diniz


Capítulo 22
Capítulo 22: Passado


Notas iniciais do capítulo

O Pov de Esme como eu prometi...
Aproveitem e boa leitura...



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Pov Esme:

Eu olhava para as feições apavoradas de Edward e Bella e me sentia um monstro.

Todos os motivos que eu tive para levar Carlie pareciam insignificantes ao presenciar o desespero nos olhos de minha nora.

Ela era uma mãe maravilhosa para Nessie e pensar que Carlie poderia ter tido o mesmo tratamento, a mesma dedicação e o mesmo amor, me deixava dilacerada.

É claro que eu garantira à Carlie uma excelente educação e muito amor e carinho, mas não era a mesma coisa ter essa dedicação dos próprios pais.

Eu tivera meus motivos. Precisava protegê-la. Cuidar de sua saúde tão debilitada, mas fazendo isso eu me colocara na mira do ódio do meu filho e de sua, agora, esposa.

_ Onde ela está?_ Bella gritou, me assustando.

Ela parecia sempre tão calma, tão serena. Nunca a vira perder a paciência ou discutir com quem quer que fosse.

Mas, ao que parecia, mexer com seus instintos maternos não era uma boa idéia.

_ Ela está bem. Segura._ Disse com convicção.

_ Mas onde?_ Ela disse enquanto fechava os olhos com força. _ Ela deveria estar comigo. Ao meu lado. Eu deveria criá-la, protegê-la, amá-la... Deus! Quantos problemas ainda vão despencar sobre minha cabeça? Eu não suporto mais isso..._ Percebi que Edward segurava suas mãos, em uma tentativa muda de acalmá-la.

Sua angústia era evidente.

_ Diga, mamãe. Onde está nossa filha?_ Edward pediu atormentado.

Eu respirei fundo.

_ Quando Bella foi dada como morta, eu realmente acreditei nisso. Fiquei muito mal e, de certa forma, me sentia até um pouco culpada. Eu não havia apoiado o envolvimento de vocês e era muito fraca em relação ao Carlisle. Não conseguia ir contra sua vontade. Mas eu sempre gostei dela. Achava-a doce e via, nos olhos do meu filho, o quanto o fazia feliz. Ele estava radiante, na verdade.

Eles me encaravam esperando a continuação e não manifestavam nem um som sequer.

_ Antes de descobrirmos que ela estava viva, um senhor veio procurar por Carlisle e por você, filho. Ele se recusava a me dizer sobre o que queria conversar com vocês, até que depois de muito custo eu o convenci a revelar o propósito de sua visita.

_ Quem era esse homem, mamãe?

Eu respirei fundo e encarei Bella.

_ Chefe Charlie Swan.

Ela empalideceu, levantando da cama em um pulo e me encarando com os olhos arregalados.

_ Meu pai?_ Ela balbuciou.

_ Sim, Bella. Seu pai. Ele chegou a minha casa exigindo seus direitos e querendo que Edward assumisse a responsabilidade sobre você e os bebês.

_ Mas ele nunca soube quem era o pai das minhas filhas. Eu nunca lhe disse._ Bella disse confusa.

_ Mas ele, de algum jeito descobriu. E quando ele me contou sobre sua gravidez eu soube que precisava impedir o acesso de Carlisle a você e às minhas netas.

Ela me olhou séria por um momento.

_ Mas isso não explica o fato da senhora ter roubado minha filha._ Ela gritou e veio em minha direção.

_ Bella, acalme-se._ Edward pediu tentando segurá-la.

_ Não quero me acalmar. Desde que me envolvi com sua família minha vida virou um tormento. Tive que suportar o psicopata do seu pai por anos a fio, agüentar suas acusações e agora descobri que sua mãe seqüestrou uma das minhas filhas. Portanto, eu não quero me acalmar. Eu não quero ser racional nesse momento.

_ Eu não seqüestrei sua filha._ Eu disse erguendo um pouco a voz.

_ Eu não tenho outra palavra para definir isso que você fez, Esme.

_ Ela era doente. _ Eu gritei._ Seu pai e eu fomos para Forks e quando chegamos lá você já tinha dado a luz. Estava muito mal, internada na UTI e as gêmeas na UTI neonatal. Uma das meninas estava muito fraca e os médicos deram poucas chances de vida a ela. Eu precisava tentar salvá-la e seu pai sugeriu que eu a adotasse.

_ Vocês não tinham esse direito. Ela era minha filha e não estava para adoção.

_ Eu sei. Mas ela precisava de tratamentos caros e você e sua família não teriam condição para arcar com tais despesas. O médico de Seattle que te atendeu já tinha vendido a informação do seu paradeiro para Carlisle e eu precisava proteger minha neta.

_ Como conseguiu levá-la embora?

_ O dinheiro compra tudo, Bella. Ofereci o dobro da quantia que Carlisle ofereceu ao médico e forjamos a morte da bebê. O trato era que Carlisle jamais deveria saber sobre a Carlie. Jamais. Caso contrário, todos seríamos presos. Seu pai assinou todos os papéis necessários para eu removê-la do hospital e antes que Carlisle chegasse a Forks eu a levei para Boston.

Me lembrava perfeitamente do dia em que conhecera minhas netas. Elas eram lindas. Uma mistura perfeita das feições de Edward e Bella.

Sabia que jamais poderia deixar Carlisle descobrir sobre elas. Pelo menos não antes de Edward conhecê-las.

Mas eu não pude impedi-lo. Isso nunca esteve sob meu poder.

_ Elas são tão lindas..._ Eu disse as admirando pelo vidro da UTI.

_ E caras. Fraldas, roupas, móveis... E agora, remédios para essa menina doente._ Charlie disse olhando para as netas.

Eu senti uma raiva imensa do seu comentário.

_ Essa menina doente é sua neta, senhor Swan.

_ Neta que eu não pedi.

_ E que pelo visto você não ama._ Afirmei o encarando.

_ Olha, dona... É fácil amar alguém quando se tem grana para sustentá-la.

_ Dinheiro não tem nada haver com isso, senhor. Absolutamente nada.

_ Ah, tem sim. Essa menina terá sérios problemas respiratórios e talvez precise até de um transplante. Isso custa caro e nem eu e muito menos minha filha temos dinheiro para arcar com essas despesas. O que vai acontecer com o amor quando essas crianças começarem a passar necessidade? Quando não tiverem o que vestir ou o que comer?

_ Isso não vai acontecer. Elas são minhas netas e terão todo o apoio necessário.

Ele riu com escárnio.                                                                                                                          

_ Claro que terão! Que eu saiba, o nascimento dessas meninas deve ser mantido em segredo do seu marido e do safado do seu filho. Como vai explicar o sustento de duas crianças sem expor esse mistério?

Eu respirei fundo.

_ Não sei. Mas tenho certeza que pensarei em alguma solução.

Ficamos novamente em silêncio e eu continuei admirando minhas netas.

Embora não gostasse de admitir, Charlie Swan estava certo. Se fosse ajudar Bella não poderia esconder esse segredo por muito tempo.

Mas não deixaria, de forma alguma, que minhas netas passassem necessidades.

_ Porque a senhora não a adota?_ Charlie perguntou de repente.

_ Como?_ O olhei confusa.

_ É... Adotar a gêmea doente. Assim pode fazer o que quiser com ela e ajudar minha filha, mesmo que ela jamais saiba de sua pequena contribuição.

_ E como acha que vou conseguir adotá-la? Pelo que me disse Bella quer ficar com as meninas. Não imagino ela entregando uma das filhas só porque essa é doente.

_ Ela jamais faria isso. Mas, se ela não souber..._ Ele disse pensativo.

_ O que o senhor está sugerindo?

_ Leve a menina e suborne o hospital. Diremos a Bella que a criança morreu ao nascer e ela só fica com uma menina. Você leva sua neta pra onde quiser e arca com todas as despesas de sua doença.

Eu não queria aceitar.

Recusei a idéia de imediato.

Não podia separar mãe e filha.

Mas Carlisle descobriu sobre Bella e eu sabia que, mesmo sendo médico, ele não era adepto a cuidar de pessoas doentes. Se ele soubesse da menina, certamente daria um jeito para que ela realmente morresse.

“_ Sou a favor de uma raça pura e saudável. Anomalias e doenças não entram no meu padrão de seres ideais.”

Era isso que ele sempre repetia.

Não. Eu não poderia permitir que ele colocasse as garras sujas em minha neta.

Eu precisava protegê-la.

Dessa forma eu aceitei a proposta de Charlie e a levei comigo.

_ Onde ela está? Com quem?_ Bella perguntou aparentemente mais calma, me tirando dos meus devaneios.

_ Com Rosalie e Emmett. Ela vive na Suíça com os tios.

_ O que?_ Edward perguntou incrédulo.

_ Isso mesmo. A princípio ela foi tratada em Boston e eu e Alda cuidamos pessoalmente dela. Mas o seu pai voltou de Forks e você passou a freqüentar mais nossa casa e eu não tinha mais como escondê-la. Viajei para a Suíça e a deixei sob os cuidados de sua irmã.

_ Alda sabia de tudo?_ Ele me perguntou perturbado.

Ele confiava de mais em Alda e saber que ela possivelmente o traíra o machucava.

_ Não. Eu disse a ela que era apenas uma menina que eu queria ajudar. Ela ficou sabendo a verdade quando conheceu Renesmee. Ela mantém contato com Carlie e ficou sem ação ao ver que existiam duas meninas iguais.

_ Eu quero minha filha._ Bella disse pausadamente e uma ira intensa era perceptível a cada palavra.

_ Rosalie está vindo com ela. _ Disse tentando acalmá-la._ Bella, tudo que eu fiz foi para protegê-la. Desde que nasceu, Carlie foi submetida a uma série de exames e tratamentos. Tudo muito caro. Seus pulmões eram fracos e uma série de profissionais fizeram parte do seu tratamento.

_ Mãe, porque nunca me disse?_Edward perguntou com lágrimas nos olhos.

_Eu não podia. Sabia que seu pai mantinha contato com Bella e Renesmee e, de certa forma, elas também precisavam de proteção. Ambas estariam seguras enquanto você não soubesse dos seus paradeiros. Seu pai não pouparia esforços para cumprir as ameaças caso você reencontrasse a Bella. E quanto a Carlie..._ Respirei fundo._ Eu simplesmente não podia. Se contasse a você, inevitavelmente seu pai teria acesso a ela e seria mais um motivo para ele atormentar essa pobre moça._ Disse apontando em direção a Bella.

Bella chorava silenciosamente e era muito doloroso ver seu sofrimento.

_ Ela sabe sobre mim? Sobre nós?_ Bella perguntou em um fio de voz.

_ Sabe. Ela sabe que você é a mãe dela e que, por não ter escolha, para protegê-la, a deixou sob meus cuidados. Ela a ama. Não vê a hora de conhecê-la, querida. O fato de Edward a ter encontrado foi um alívio para mim. Agora eu posso lhe entregar a filha que jamais deveria ter saído do seu lado.

_ Ela está viva... Meu Deus, minha bonequinha está viva..._ Bella dizia enquanto escondia o rosto entre as mãos e chorava copiosamente. Edward a abraçou e também chorava.

_ Em breve ela estará conosco..._ Edward murmurava contra seus cabelos.

_ Eu não me arrependo do que fiz. Era isso ou muitos problemas pra você. Carlie é uma criança saudável e inteligente. Nada lhe faltou nesses quatro anos. Rosalie e Emmett cuidaram muito bem dela e... Eu também. Espero que possam me perdoar. Da mesma forma que teve seus motivos para deixar meu filho eu tive os meus para levar Carlie.

Sai os deixando a sós e fui para um dos quarto de hóspedes. Me deitei na cama e deixei que todas as lágrimas que eu segurara até agora descessem pelo meu rosto.

Finalmente Carlie poderia conhecer os pais.

_ Vovó, eu tenho mesmo uma papai e uma mamãe?_ Carlie me perguntara enquanto eu a colocava para dormir em uma das minhas visitas a ela e a Rosalie na Suíça.

_ Claro que tem, meu amor._ Eu disse enquanto acariciava seus cabelos.

_ E onde eles estão?_ Ela me encarava com os olhinhos castanhos curiosos.

_ Nos Estados Unidos só esperando você melhorar para encontrá-los.

_ Mas eu já sarei. Não tenho nem tosse mais e nem fico cansada quando corro.

_ Que bom, amorzinho. Então, logo, logo, você poderá encontrá-los.

Ela se inclinou e pegou a foto dos seus pais que eu lhe dera de natal. A encontrei entre as coisas do Edward e a guardei para poder entregá-la a Carlie e permitir um contato com sua verdadeira família.

_ Minha mãe é tão linda... Quero ficar igualzinha a ela quando crescer. E o papai também é um gatão.

Eu ri.

_ Eles são lindos mesmo. E você é uma mistura perfeita dos dois.

_ Minha mamãe vai gostar de mim mesmo eu sendo doente, não é?_ Carlie perguntou algum tempo depois e quando a olhei, notei que seus olhos estavam cheios d’água.

_ Oh, meu anjo... Sua mãe vai te amar de qualquer jeito. Ela é uma mulher maravilhosa e não liga se você é doente.

_ Mas ela não me quis..._ Ela murmurou com a voz triste.

_ Claro que ela quis. Eu já te expliquei. Ela só não pôde ficar com você porque ela não podia pagar seus remédios. Ela te queria bem e por isso te entregou a mim.

_ Quando eu a encontrar vou abraçá-la um montão e matar a saudade que eu sinto para sempre dela... E do papai também._ Ela disse enquanto fechava os olhos sonolentos.

Era em momentos assim, ouvindo a carência na voz de Carlie, que eu me perguntava se eu tinha feito a coisa certa.

_ Na acho que deva devolvê-la àquela mulher..._ Rosalie disse parada à porta.

Eu me levantei da beirada da cama e a encarei.

_ Aquela mulher é mãe dela._ Disse com voz firme.

_ Ela não sabe sobre Carlie e, portanto, não tem necessidade de tirá-la de mim.

_ Rosalie, eu disse que isso era provisório. Não podemos escondê-la para sempre. Bella merece saber que sua filha está viva.

_ Ela já tem a outra menina, não precisa da minha._ Ela levantou a voz e eu segurei seu braço a levando para fora do quarto. Não queria que Carlie acordasse e ouvisse essa discussão.

_ Carlie é do Edward e da Bella e não sua._ Disse secamente.

_ Fui eu quem cuidou dela, que fiquei acordada muitas noites velando seu sono e cuidando de sua respiração. Fui eu que a vi dizer a primeira palavra, dar os primeiros passos, era pra mim que ela corria quando se machucava, quando tinha medo... Ela é minha sim. Mais minha do que daquela vagabunda.

_ Não fale assim. Ela não é uma vagabunda, Rosalie. É a mãe de Carlie e tem todo direito de conhecer a filha. E você não vai impedir.

_ Eu só servi enquanto não podia contar ao Edward e a ela, não é? Mas fique sabendo mãe, não vou entregá-la de mão beijada a ninguém. Ela é tão minha quanto do Edward e sua namoradinha...

Suspirei dolorosamente e tentei afastar essas lembranças.

Esperava sinceramente que Rosalie não criasse problemas quanto a entregar Carlie para seus pais.

Peguei o telefone e disquei para seu celular.

_ Diga, mamãe._ Rosalie disse irritada.

_ Onde vocês estão?

_ Em New York. Vamos ficar aqui essa noite e iremos para Boston amanhã.

_ E Carlie?_ Perguntei preocupada. Sabia que a ansiedade não fazia bem para sua respiração.

_ Ela está bem. Ansiosa, mas bem.

_ Assim que chegarem me ligue.

_ Ok. Tchau.

Desliguei o telefone e fui em direção a cozinha.

Alda fazia o jantar e Renesmee estava sentada a mesa desenhando.

_ O jantar está pronto?_ Perguntei e Alda se virou para me encarar com o semblante preocupado.

_ Quase. Como foi a conversa?

_ Tensa. Mas agora eles sabem de tudo.

_ É melhor assim... Carlie tem o direito de viver com os pais.

_ Quem é Carlie?_ Nessie perguntou confusa.

_ Alguém que você vai conhecer em breve, meu bem._ Eu disse desviando os olhos do rosto preocupado de Alda.

_ Uma menina ou uma mulher?_ Ela disse erguendo as sobrancelhas.

_ Uma menina.

_ Da minha idade?_ Disse animada.

_ Exatamente da sua idade.

_ Oba. Alguém pra eu brincar. Não vou ter que esperar meu irmãozinho crescer.

Eu a olhei confusa.

_ Que irmãozinho?

_ O que o papai e a mamãe fizeram e está na barriga dela.

Olhei para Alda e ela parecia tão surpresa quanto eu.

_ Querida, como sabe disto?

_ Eu sei, ué.

Nesse momento Edward e Bella chegaram à cozinha e eu e Alda os encaramos.

_ Sabe o que, querida?_ Edward perguntou enquanto dava um beijo suave em sua cabeça.

_ Que a mamãe tem meu irmãozinho na barriga._ Ela disse ainda concentrada em seu desenho.

Edward empalideceu e olhou para Bella, que também estava mortalmente pálida e com uma expressão assustada.

Pelo visto, Renesmee adivinhara um acontecimento e os mal estares de Bella tinha uma boa explicação.

Muito boa!


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Notas finais do capítulo

KKKK
E então, gente?
O que acharam?
Isso ainda não é um fato.
Renesmee apenas pressentiu, mas....
Esme teve motivos fortes para levar Carlie, mas ela logo estará de volta aos braços dos pais...
Espero que tenham gostado...
Próximo capítulo Pov de Bella e o reencontro...
Pode ser que esse capítulo demore mais pra sair, mas enquanto isso vcs terão tempo para comentar bastante e recomendar a fic...
Beijos!