O Erro de John Winchester escrita por AngelSPN


Capítulo 6
Capítulo 6




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/190393/chapter/6


As horas se arrastavam, John estava ansioso. Tentava não demonstrar, e para alegria do caçador, Bobby estava falando que a dispensa estava vazia e que iria buscar alguma coisa para comer.

– Bobby, não esquece. Quero com muita cebola! – Bobby acenou e antes de fechar a porta Dean gritou:

– A torta! Não esqueça a torta! – E a porta se fechou. – Será que ele ouviu, pai?

John não respondeu estava absorto em seus pensamentos. Dean aproximou-se, sentiu que seu velho estava angustiado, colocou as mãos em seu ombro como sempre fazia e disse:

– Pai? Não se preocupe, com nada. Sam está bem, ele está seguro. – John levantou os olhos, não conseguiu fitar aquele olhar tão carinhoso do filho.

– Você está com algum problema pai? Está escondendo algo de mim? – Aquilo quase matou John, sua voz não saía da garganta. Respirou fundo.

– Sabe filho, você me fez lembrar do dia em que cheguei de uma caçada difícil. Você e Sam eram pequenos, entrei cansado e...desabei no sofá. Seu irmão dormia, você chegou perto de mim colocou suas mãozinhas em meu ombro e disse “Está tudo bem, papai”. Dean, obrigado por cuidar desta família, eu e Sam damos cabeçadas um no outro mas você nos manteve unidos...- John sorriu, um sorriso triste. Dean nunca tinha visto seu pai tão abatido.

– Pai, eu...- John não deixou o filho falar. Levantou-se e abraçou-o como a muito tempo não fazia. Dean foi tomado por uma sensação de bem estar, como era bom um abraço!

John ouviu o relógio marcar 19 horas, empurrou delicadamente o filho, encarou-o e falou:

– Filho, nunca esqueça. Eu sempre quis o melhor para vocês. Do meu jeito torto, mas eu amo meus filhos queridos. E tudo que faço é para proteger vocês. Você me entende?

– Claro, pai. Você está me assustando. – Dean não estava acostumado com esses tipos de diálogo com seu pai.

– Não se assuste, filho. Venha vamos beber uma cerveja, aceita? – John pensou por um momento que iria fraquejar, mas foi movido novamente pela sua intempestuosidade. E sem que Dean percebesse tirou um frasco e colocou no copo do filho o líquido.

– Aceito, pai. – Dean aceitou o copo tentadoramente gelado e espumado. Bebeu com vontade, sua garganta estava seca pela poeira que comeu a pouco tempo, fora as malditas teias de aranhas.

Pouco mais de vinte minutos faltavam para Joseph ligar. John viu seu filho tomar até o último gole da cerveja, ele sentou-se e começaram a conversar. Dean aproximou-se de uma mesa de centro onde estavam suas armas e começou a desmontá-las para limpá-las. John observava calado. Orgulhava-se do filho, ele sempre cuidou de Sam e nunca questionou John, tornou-se o protetor do irmão e um excelente soldado. A destreza do jovem era admirável, até mesmo invejosa. John aproximou-se, começou a ajudar o filho na tarefa.

A conversa transcorria tão agradável que o caçador mais velho, não percebeu que já eram vinte horas e trinta minutos, apenas deu-se conta do atraso da ligação de Joseph, quando Dean mostrou-se desatento ao deixar uma parte do rifle cair.

– Mas que droga! – Resmungou o loiro indignado.

Foi neste momento que John sentiu seu coração palpitar, o telefone estava tocando. Chegara a hora de executar seu plano. Iria arrancar a pele de Joseph por não cumprir o horário combinado.

– Alô, Joseph. Calma homem, fale devagar. – John colocou no viva voz ao perceber o interesso do filho na conversa.

– John, John – interferência...

– Não estou te ouvindo, há alguma interferência na linha.

– O desgraçado me pegou John, estou ferrado, por sua causa! – Dean sentia que o tom voz do tal de Joseph estava de uma forma transtornada.

– Joseph, mantenha a calma, um caçador deve manter-se em equilíbrio e sangue frio para manter-se vivo. Estou indo, agüente até eu chegar.

– John...você não está entendendo...John? John? É uma cilada, homem! – Gritava Joseph desesperadamente, mas John já havia desligado.

John olhou para o filho, viu a chama acesa naqueles olhos verdes. Pronto para seguir o pai.

– Dean, fique aqui. Joseph meteu-se em alguma encrenca das grossas. – John disfarçava o olhar para as armas.

– Não, pai. Vou com o senhor e nem adianta dizer não. Joseph me pareceu seriamente nervoso e angustiado. Algo de muito ruim deve tê-lo feito a falar desta maneira tão desesperada. Nós dois poderemos dar conta da “coisa”, juntos!

– Você é um moleque teimoso, teimoso como uma mula! Então vamos! – John ia saindo quando Dean falou abruptamente.

– Vou ligar para o Bobby, ele deve estar chegando e...

John não esperava isso, mas faria do seu jeito.

– Deixe que eu mesmo ligo. Leve essas coisas para o impala e aqueça o motor, não podemos perder tempo.

– Sim, senhor! – O loiro seguiu para a porta com duas mochilas.

John o seguiu com o olhar, pegou o celular e limitou-se a levá-lo próximo de sua orelha, completando a encenação. Chegou no carro, viu o filho esperando-o na direção e argumentou:

– Dean, eu vou dirigindo. Ganharemos tempo, pois conheço um atalho. – O loiro não entendeu muito a repentina mudança, apenas assentiu e levantou-se. Sentiu uma leve tontura.

– O que há, Dean? – John já havia notado que o do remédio estava surtindo efeito no organismo do filho.

– Nada não, pai. Apenas levantei rápido demais. – Dean passou sua mão no rosto e já estava correndo para o outro lado do carro.

John dirigia em alta velocidade, mas freou tão bruscamente em uma curva que Dean assustou-se.

– O que há pai? – John fitava a estrada, tinha a nítida impressão de ter visto Sam, bem no meio do caminho.

– Pai, o senhor está bem? – Dean encarou John e preocupou-se ao vê-lo ofegante. – Hey, pai? O que há de errado? – O caçador vasculhava a estrada com o olhar para tentar descobrir, o que deixou seu pai naquele estado.

– Nada...nada. Apenas pensei ter visto...alguém no caminho. Preciso de uns dias de descanso, apenas isso. – E John continuou a corrida, sem obstáculos, sem ilusões.

Ao chegarem no local Dean estava suando, alguma coisa não estava certo com ele, mas não iria preocupar ainda mais seu pai com frescuras de estômago, pensava o jovem orgulhoso.

John entrou primeiro, a porta estava como deveria estar, adentrou o recinto escuro. E logo viu a marca que Joseph deixara para marcar sua localidade. Dean seguia de perto o pai, analisando o local e protegendo-o na retaguarda. O loiro encostou-se na parede, estava com a visão embaralhada, piscou uma, duas, três vezes. Resolveu alertar seu pai.

– Pai, sinto muito...sei que essa não é a melhor hora..há algo de estranho me...

– Quieto, Dean! Ouça! – Dean ouviu o murmúrio. John pensava “Joseph entrou no clima” e bem a tempo de não deixar Dean lhe contar que não estava passando bem, e o loiro queria alertá-lo.

– Filho, vá para a esquerda. Te encontro no centro do saguão.

– Ok. – Dean empunhou sua arma, passou seu braço pela testa suada. Fosse o que fosse estaria pronto para atirar.

John observou seu filho distanciar-se, esperaria alguns minutos e o encontraria. John apoiou a mão na parede e sentiu-a umedecer, pegou a lanterna e analisou o liquido vermelho em sua mão, sangue! Joseph teria feito isso? Iluminou o corredor, mais sangue. A dúvida começou a crescer no peito do caçador, ouviu claramente um gemido. Aproximou-se cautelosamente e deparou-se com algo rastejando-se em sua direção. Empunhou a arma e iluminou a “coisa”. Um frio congelou seus pensamentos, era Joseph.

– Joseph? O que...quê aconteceu? – John observou o homem esvair-se em sangue.

– Uma cilada, John...uma maldita cilada...daquele homem desgraçado..- Joseph cuspia sangue.

– Do que você está falando? Quê homem? Quê cilada? – John estava muito nervoso.

– Ele...ele apareceu...do nada, John! O tal desgraçado do olho amarelo, ele disse que você estava entregando a ele o que ele mais queria...seu filho, John!

John tentou coordenar as pernas que perderam as forças, ouviu Joseph emitir um forte gemido e logo seus olhos estavam arregalados olhando para John. Aquilo eram os olhos da morte.

– Dean!Deannn!!- John ouviu os tiros, correu como se sua vida dependesse disso, e realmente dependia.

Ao longe avistou seu garoto, lutando bravamente contra algo que John ainda não conseguia vislumbrar. Ele apenas gritava o nome do filho, como se fosse um mantra. E para seu maior desespero, viu – se preso, não conseguia mexer-se. Suas pernas estavam paralisadas. Tentou inutilmente lutar contra essa terrível imobilidade. Sua voz era a única coisa que se ouvia.

– Dean! – John descarregou a arma ao ver o filho sendo jogado violentamente no teto. Lembrou-se de seu maior pesadelo, lembrou-se de sua amada Mary nas chamas, presa no teto.

– Pelo amor de Deus! Nãooooo! – Lágrimas vertiam de seus olhos, escorrendo pela sua face sofrida pela dor.

Dean olhou para o pai, tentou falar...engasgou com o próprio sangue. A culpa era dele, como deixou-se pegar tão facilmente? Agora seu pai estava ali, a mercê do demônio.

– Me...me desculpe, pai. O senhor...pede para mim cuidar de Sam desde pequeno...cof..cof..agora deixo ele sob sua proteção....- Dean fechou os olhos, emitiu um suspiro de dor e apagou.

John continuava paralisado, e sua agonia aumentou ao ver o desgraçado mostrando sua face demoníaca e aproximando-se de seu filho ainda pregado no teto.

– John, John, John...quanto tempo! Desta vez você pisou na bola! – O desgraçado sorriu e seus olhos aumentavam ao ver no rosto do caçador seu sofrimento, sua dor.

– Por favor, deixe meu filho fora disso! – Ele implorava pela vida do jovem.

– Ah, John...você me procura a quantos anos? Um, cinco, vinte anos? Esses anos todos a minha procura e arrastando consigo essas suas crias? E agora me pede para poupá-lo? Não John, você merece ver isso se repetir...tal mãe...tal filho!

– Não!Não...eu imploro seu desgraçado....por favor...nãoooooooooooo!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem, espero que estejam gostando do rumo que a história está levando. Opiniões e sugestões são bem vindas. Um beijo a todos e boa leitura. Aguardarei seus reviews sobre este capítulo.