Night Watchers - Primeira Temporada escrita por MS Productions


Capítulo 62
O Começo (Vol. 6) - Capítulo 5




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   Érica Rodrigues continuava na mesma… A pesquisa que fizera durante toda a tarde não dera em nada. Ainda não sabia quem era o responsável pelos últimos crimes cometidos na vila. A única informação existente era que as vítimas tinham sido devoradas… Mas era uma pista inútil. A Night Watcher conhecia dezenas de criaturas capazes de tal atrocidade. Teria de ver com os seus próprios olhos qual seria. E estava confiante de que ia conseguir.

   O telefone tocou enquanto Érica planeava a sua noite de trabalho, desta vez, sem Rodrigo presente. A mulher tinha intenções em sair de casa antes que este chegasse do trabalho. Apressada, atendeu a chamada…

Érica - Sim?

Do outro lado da linha, uma voz familiar foi escutada e a Night Watcher sorriu com carinho. Era um dos membros chefes da Ordem Secreta dos Night Watchers.

Sr. Charters - Olá, Érica?

Érica - Olá Sr. Charters, como está?

Cumprimentou-o.

Sr. Charters - Está tudo bem, obrigado! E contigo minha querida? Como está o Rodrigo?

Perguntou, atencioso.

Érica - Estamos bem! Já tinha saudades de o ouvir! Como está a Ordem? E a Fada Bella? Quem me dera ir aí…

Érica falava rápido… A voz do Sr. Charters trazia-a à memória tempos passados, a sua adolescência, quando tornara-se numa Night Watcher.

Sr. Charters - Tudo igual, sempre cheios de trabalho! Podes vir quando quiseres, as portas estão sempre abertas para ti!

Érica - Eu sei, o problema é ter tempo livre… Sabe como é Cila! Neste momento estou a tentar capturar algo que anda a devorar a população! Cada semana que passa, cada caso diferente! Ou em menos tempo, já nem sei!

Justificou a Night Watcher.

Sr. Charters - Sei pois, é uma das vilas mais problemáticas… Devo dizer que estás a fazer um óptimo trabalho Érica. Estou muito orgulhoso de ti!

Érica ficou feliz ao ouvir aquelas palavras.

Érica - Obrigado… Tenho mesmo muitas saudades suas Sr. Charters!

Confessou directamente. Para Érica, o Sr. Charters era como se fosse da família.

Sr. Charters - Eu também linda… Mas infelizmente teremos de deixar isso para depois. A razão do telefonema é bem mais grave… Tenho uma informação muito importante a passar-te!

Érica franziu a testa, curiosa.

Érica - O que é que se passa?

Sr. Charters - Como sabes, estamos sempre em cima do que os demónios andam a tramar… Recentemente tivemos a brilhante ideia de tentar fazer com que os nossos feiticeiros localizassem os cinco demónios da ordem superior…

Érica - E então? Fizeram-no?

Sr. Charters - Sim, mas apenas conseguimos localizar dois!

Érica - Desculpe Sr. Charters, mas onde é que quer chegar?

Perguntou de modo a chegar logo ao assunto.

Sr. Charters - Bem Érica, um deles está aí em Cila… Abbadon, o Destruidor!

Érica ficou surpreendida e ao mesmo tempo, incomodada. Érica conhecia muito bem os demónios, principalmente os da ordem superior, que eram cinco. Abaddon era extremamente perigoso e estava ali, em Cila… O choque da notícia estava espelhado no seu rosto.

A Night Watcher teve a certeza… Mais problemas graves se avizinhavam.

*

   O sol voltara a pôr-se… Uma nova noite vinha a caminho. O dia tinha conseguido passar sem chover, mas o clima estava muto incerto. Uma leve aragem corria pelas ruas enquanto as pessoas dirigiam-se a casa ou a restaurantes da vila, para jantarem.

   Carlota caminhava sem destino… Observava o movimento e atitude dos humanos. A metamorfo detestava pessoas e todas as suas regras estupidas e sem sentido. Em primeiro lugar, achava-as egocêntricas e limitadas… Apenas aceitavam e compreendiam a sua própria espécie. Em segundo lugar, muitos eram inúteis… Levavam as suas vidas sem saberem o que era realmente importante. Por fim, via-os como pequenos monstros, que matavam-se a si mesmos quase sempre pela mesma razão, dinheiro. Para Carlota, os humanos deviam ser varridos da face da terra, não faziam falta alguma. Enquanto passava por eles tinha vontade de os matar a todos. Na sua cabeça passavam várias imagens de como o poderia fazer… Então, ia-se rindo à medida que se deslocava.

   De repente, no meio de tantos humanos uma imagem chamou-lhe à atenção… Uma rapariga loira encontrava-se também ali perto. A metamorfo conheceu-a imediatamente e dirigiu-se até ela…

Carlota - Olhem só quem vive como humana… E move-se no meio deles!

Exclamou, provocativa. A rapariga loira olhou para Carlota e levantou uma sobrancelha, com ar sério.

Carol - Que piada… O mais engraçado é que também andas entre eles! O que queres?

Era Carol… Uma antiga amiga de Carlota. Na verdade, Carol era um demónio, o da falsidade, Jezebedth. Era um pouco diferente dos outros, uma vez que vivia com os humanos. Razão pela qual ela e Carlota deixaram de ser amigas. Antes, as duas estavam sempre juntas, a criar o caos por onde passassem. No entanto, Jezebedth preferira mudar de rumo. Já que tinha de viver neste mundo, do modo que ele é, tinha de se adaptar. Então começou a ter uma vida normal como os humanos tinham. E assim, podia viver e continuar a exercer a sua função… O que não faltava entre aquela espécie, era falsidade.

Carlota - Nada! Estou só aqui de passagem… E como te vi, não resisti em vir falar! Então? Como vai essa vida ridícula como humana, Jezebedth?

A metamorfo voltou a provocar a ex-amiga.

Carol - Já te disse que o meu nome agora é Carol! E a minha vida vai muito bem! Estou muito satisfeita!

Carlota - Deve ser tão interessante…

Dizia com ironia.

Carlota - Eu não acredito! Admite lá que não tens saudades dos tempos em que andávamos por aí a aterrorizar tudo o que se mexe! Eramos uma dupla tão forte…

Carol - Os tempos passam Carlota! As necessidades mudam! Como já te disse, estou muito bem assim!

Respondeu com ar desinteressado.

Carlota - Então deixa-me dizer-te que és estúpida! Estes não são tempos para estares perto de humanos… As coisas vão mudar!

Carol - E quem disse isso? Algum profeta? Ou tu? Porque para mim, as coisas estão como sempre…

Retorquiu o demónio. Carlota podia ser insistente, mas Carol também o era.

Carlota - Podes não acreditar, mas eu irei arranjar um plano que faça com que a raça humana caia na desgraça!

Disse já um pouco chateada. Não conseguia compreender o porquê de Carol ter mudado tanto. O demónio riu-se…

Carol - Sabes o que é que eu acho? Que estás sozinha… Não tens nada, nem ninguém e isso corrói-te por dentro!

Carlota teve vontade de bater no demónio, mas controlou-se.

Carlota - Estás errada, eu não preciso de ninguém!

Defendeu-se.

Carol - Todos precisamos de alguém… Seja quem for! E tu irás perceber isso um dia!

Exclamava enquanto virava as costas à metamorfo e preparava-se para ir embora.

Carlota - Idiota! Devem ter-te feito alguma lavagem cerebral…

Carol parou e olhou uma vez mais para trás.

Carol - Não há espaço neste mundo para quem está sozinho… Verás!

Avisou e continuou o seu caminho…

Carlota - Ai é? Voltaremos a ver-nos, não te esqueças!

Finalizou Carlota… Mas o demónio não ligou, apenas continuou a andar, com um sorriso estampado no rosto.

*

   Assim que pôde, Melissa saiu de casa… O tempo que lá estivera fora um pouco desagradável, tendo em conta que a sua madrasta quis uma justificação para todas as peças que estavam partidas. A jovem inventou a desculpa esfarrapada de que um gato entrara em casa e que os objectos partiram-se enquanto o tentava apanhar. Reparou que Clara não tinha ficado muito satisfeita com a sua palavra, mas como sempre, o seu pai acreditara nela. Melissa não gostava de mentir, mas não teve outra alternativa. Não poderia dizer a verdade, se bem que nem ela sabia ao certo qual era. Ainda não tinha entendido o que havia acontecido com ela. Mas também já não se importava, tudo tinha voltado ao normal.

   Deslocou-se até à avenida principal, onde tinha marcado ponto de encontro com os seus novos amigos. Assim que chegou já eles lá estavam e juntos, seguiram caminho até um dos bares que os jovens frequentavam com regularidade, “O Cais”. Para Melissa, tudo era novidade… Pelo caminho tivera várias conversas com eles, de modo a que estes a ficassem a conhecer melhor. Ísis, Leonardo, Camila e Filipe fizeram o mesmo, queriam deixá-la completamente à vontade. Ísis contara os seus planos de vida, Leonardo explicara que os seus pais haviam falecido quando era criança e morava com a sua avó desde bem cedo, Camila deu a conhecer que era bem rica e que o seu pai era o dono de maior parte da zona industrial de Cila e Filipe falou da sua casa em Medeia. Melissa tinha contado o porquê da sua mudança para Cila, a complicada relação que tinha com a sua madrasta, o facto de nunca ter conhecido a sua mãe e notificou Camila de que o seu pai, Vasco Monserrate, estava a trabalhar numa das indústrias da jovem. Toda esta conversa libertou os jovens de inibições. Melissa achava-os um grupo engraçado e estes pareciam estar mesmo interessados em conhecê-la.

   “O Cais” estava bem cheio para um dia de semana… A música estava alta e várias luzes de cores variadas, percorriam o bar. Alguns jovens dançavam, outros encontravam-se nas mesas e outros no balcão. Leonardo e Filipe dirigiram-se logo para a pista de dança, ambos a fazerem palhaças, bastante divertidos. Camila vira outros amigos e fora ter com eles. Melissa e Ísis decidiram ir até ao bar para beberem algo, enquanto riam-se das figuras de Leonardo e Filipe.

Melissa - Eles são sempre assim?

Perguntava à amiga, sem parar de rir.

Ísis - Quase sempre, já me habituei… O que achas do bar?

Dizia alegremente.

Melissa - Até agora estou a gostar! Obrigado por me trazerem até aqui… É bom estar a fazer amizades!

Agradeceu com honestidade.

Ísis - De nada, é um prazer! Deve ter sido triste ter de deixar todos os teus amigos para trás… Namoravas?

Perguntou com cuidado, não queria ferir os sentimentos da sua nova amiga.

Melissa - Ya, foi difícil! Namorava, mas não era nada muito certo, então isso foi a parte menos complicada…

Ísis - Como assim?

Melissa - Digamos que era algo mais físico do que sentimental! Na verdade, só namorávamos para não dizermos eu não tínhamos ninguém! Nada de especial… Então e tu? Existe alguém na tua vida?

Ísis - Ninguém… Solteira!

Admitiu a jovem… Na realidade sentia algo por Leonardo, mas ninguém sabia, eram os melhores amigos. Ísis não sabia ao certo o porquê mas teve vontade de contar a Melissa… De uma forma estranha, já confiava na rapariga. Falavam como se fossem amigas há bastante tempo.

Ísis - Bem, gosto de alguém… Mas não sou retribuída! Além disso, somos bastante amigos e não quero estragar a nossa amizade! É preferível mantermos isto entrenós, ninguém sabe!

Melissa compreendeu de imediato…

Melissa - Estás a referir-te ao Leonardo… Está descansada, não conto a ninguém!

Exclamou sorridente, de modo a deixar a amiga descansada.

Ísis - É o melhor! E estou bem assim… Não sinto a falta de ninguém! A minha vida é preenchida!

Melissa - Eu também estou bem assim! Namorar só traz dores de cabeça! Se bem que eu acho que tens alguém interessado em ti… Não olhes, mas o Filipe ainda não tirou os olhos de ti a noite inteira!

Explicou à amiga.

Ísis - Achas? Não pode ser… Somos só amigos! Nada disso…

Negava Ísis. De repente, Leonardo e Filipe aproximaram-se e as jovens calaram-se…

Leonardo - Venham dançar… O que é que estão aqui a fazer?

Desafiou-as.

Ísis - A beber um copo e a aproveitar a vista!

Respondeu ainda baralhada pela conversa que tivera com Melissa.

Filipe - Vá, venham lá… Não vão deixar eu e o Leo a dançarmos sozinhos, pois não?

Insistiu Filipe Mendes. Subitamente uma outra voz foi escutada dali de perto…

Camila - Estudam na faculdade de Cila, não é? Por favor, votem em mim para representante dos estudantes… Garanto-vos evolução! Os meus objectivos estão aí escritos! Espero que sejam os mesmos que os vossos!

Era Camila… Mesmo no bar, a jovem estava afazer publicidade a si mesma, enquanto entregava folhetos. Ao acabar de tentar persuadir um grupo a votar nela, avançou entre a multidão para continuar a espalhar a sua palavra. Os jovens estavam espantados a olhar para ela…

Melissa - Já vi que a Camila não brinca em serviço…

Leonardo - Eu não acredito que ela está a fazer isto aqui!

Exclamou chateado.

Ísis - Vai começar…

Avisou para Melissa. Leonardo foi com a mão ao bolso e tirou de lá umas folhas. Também ele andava com a sua publicidade.

Leonardo - Se ela quer guerra, assim a terá!

E avançou também por entre a multidão, deixando Melissa, Ísis e Filipe sozinhos.

Filipe - Afinal acho que vou juntar-me a vocês!

Informou o jovem, desistindo da ideia de irem dançar.

Melissa - Ou é minha impressão ou o Leonardo e a Camila estão a levar isto dos representantes dos estudantes muito a sério?

Perguntou Melissa, que começara a ter calor de estar ali dentro.

Ísis - Não é impressão tua… Era de esperar que a Camila fosse concorrer, nem sei porque é que ele está tão espantado! O Leo quando mete uma coisa na cabeça, tem de a levar até ao fundo!

Melissa - Pois… Mas também já reparei que o feitio da Camila não é muito fácil!

Ísis - A quem o dizes!

Respondeu a rir-se.

Filipe - Isto hoje está mesmo cheio!

Exclamava o jovem enquanto observava a pista de dança.

Melissa - Demasiado… Estou cheia de calor!

Nesse momento a jovem pegou no copo para beber algo e matar a sede… Mas este partiu-se mal pegou nele e em consequência, Melissa cortou-se na mão. Tanto ela como Ísis e Filipe assustaram-se momentaneamente.

Ísis - Melissa, estás bem? Estás a sangrar…

Melissa - Sim, estou bem!

Respondeu de forma atrapalhada, lembrando-se do que lhe acontecera durante a tarde. Curiosamente, o corte não lhe estava a causar qualquer tipo de dor…

Filipe - Toma, é melhor limpares! Eu vou buscar um penso ou algo do género!

Indicou o jovem, enquanto passava um suporte com guardanapos e afastava-se para ir buscar o que prometera. Rapidamente, Melissa apressou-se em agarrar o suporte, apenas para o amolgar por completo. Estava novamente a acontecer-lhe o mesmo, tinha outra vez uma força bruta e inexplicável. Ísis ficou a olhar para o que a jovem fizera, estática.

Melissa - Que azar!

Disfarçou Melissa, à medida que apanhava guardanapos e limpava o seu sangue.

Ísis - És mesmo forte…

Referiu Ísis, ainda espantada.

Melissa - Não sou nada… O material é que é de má qualidade, a sério!

Melissa falava, mas Ísis já estava a olhar para outro sítio, reparara em outro detalhe…

Ísis - Melissa… O teu corte… Já sarou!

Exclamava boquiaberta, enquanto puxava a mão de Melissa, para poder analisar.

Melissa - O quê?

Perguntou para ter a certeza de que tinha ouvido bem. Também a jovem olhou para a sua própria mão e ficara admirada… Ísis tinha razão, o corte tinha sarado, desaparecera por completo. E ela nem sequer sentira algo…

Ísis - Como é que é possível?

Dizia a olhar para a mão da amiga e em seguida para ela.

Melissa - Não sei…

Respondeu com sinceridade… A jovem estava muito confusa e não podia negar o que estava a acontecer. Se ao menos ela soubesse o que era…


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