Night Watchers - Primeira Temporada escrita por MS Productions


Capítulo 52
Perigo Constante (Vol. 5) - Capítulo 6




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Enquanto uns trabalhavam e realizavam tarefas, outros observavam ou esperavam… O que era o caso de Abaddon, O Destruidor, conselheiro chefe dos demónios. As horas diurnas não eram favoráveis a todos os seres, era muito raro o demónio sair das grutas durante o dia. Mas hoje era diferente… O seu estado de ansiedade era enorme. Estava à espera de notícias de Giovanni e não conseguia descansar. Com ele, estavam Lunatik, Lezard e Carlota. Lunatik, o humano convertido, acompanhava Abaddon e estava igualmente ansioso… Lezard, o feiticeiro negro, parecia bastante concentrado, como se estivesse a realizar uma meditação profunda… Carlota, a metamorfo revoltada, continuava aborrecida e farta de ali estar sem fazer nada…

Abaddon - Espero que Giovanni traga boas noticias! Estou cansado de estar nestas grutas escondido… Quero caminhar livremente!

Queixava-se o demónio…

Carlota - Estás farto de aqui estar? Já somos dois!

Respondeu a metamorfo.

Abaddon - Depois de a Night Watcher ser eliminada, as coisas serão muito mais fáceis… Verás!

Explicou… Abaddon estava confiante de que Giovanni ia ser bem-sucedido.

Carlota - Promessas… Até agora, têm sido tudo promessas!

Carlota era muito directa... Ultimamente tinha noção de que andava a provocar bastante o demónio, mas não o conseguia evitar. Estava a chegar a um estado em que tudo o que Abaddon lhe dizia, parecia absurdo.

Abaddon - Não desanimes… Olha só para o Lunatik e para o Lezard!

Carlota olhou para os dois. Lunatik estava de pé, imóvel, como sempre. A sua nova máscara não trespassava qualquer tipo de sentimento… Fria. Lezard continuava de olhos fechados, concentrado e em silêncio.

Carlota - O que é que eles têm? Lunatik está sempre igual, parece uma estátua…

Lunatik não gostou do comentário e bateu com o pé no chão de forma ameaçadora… Carlota não lhe ligou nenhuma e prosseguiu.

Carlota - Lezard parece que está a dormir! Grande coisa!

Exclamou um pouco chateada.

Lezard - A tua pouca inteligência consegue ser hilariante metamorfo!

Respondeu o feiticeiro e abriu os olhos. Carlota olhou para ele com raiva…

Carlota - Acho que não ouvi bem… O que é que disseste?

Perguntou com subtileza e a avançar devagar na direcção de Lezard.

Abaddon - Espera Carlota! Deixa-o falar… Parece-me que Lezard tem algo a partilhar connosco!

Interrompeu o demónio, que tinha percebido que o feiticeiro tinha algo a transmitir. Carlota parou e ficou a olhar com muita seriedade para Lezard.

Lezard - Enquanto estávamos aqui em repouso, senti algo estranho… Como se estivéssemos a ser procurados, uma grande atenção… Então entrei num estado te transe profundo pra descobrir a raiz do problema!

Todos estavam atentos ao que o feiticeiro dizia…

Lezard - Abaddon, sabia que está a ser procurado pelas autoridades?

Abaddon estranhou aquilo e ficou a olhar para Lezard de testa franzida.

Lezard - Peço desculpa… Queria referir-me à humana, Vanda, cujo corpo possui!

Agora sim, fazia sentido para todos…

Carlota - Boa! Era exactamente isso que precisávamos! Além da Night Watcher, temos todo o departamento da polícia à nossa procura!

Queixou-se a metamorfo. No entanto, Abaddon estava a sorrir face a tudo…

Abaddon - É normal… Até estou admirado terem demorado tanto tempo. Era inevitável. O desaparecimento da humana ia causar suspeitas!

Lezard - Devo comunicar que na minha visão, apenas vi dois investigadores… Talvez sejam os responsáveis pelo caso!

Lezard referia-se a Pedro Dias e Henrique Gomes, dois dos investigadores do departamento da polícia. Abaddon continuava a rir-se…

Carlota - Desculpa, mas o que é que tem tanta piada pra te estares a rir assim? Não vês que, com isto, os teus planos podem ir por água abaixo?

Perguntou-lhe irritada… Carlota começava a fartar-se de todo aquele drama e suspense.

Abaddon - Não estou preocupado… Tudo vai correr bem! Querem tanto trabalhar, portanto vamos resolver isto! Parece que vamos até lá fora fazer um breve passeio!

Avisou os restantes elementos…

Carlota - Finalmente!

Exclamou mais aliviada. Abaddon prosseguiu, já tinha um plano formado.

Abaddon - Carlota, preciso que vás à frente! Quero que faças um telefonema anónimo para a esquadra, a avisar que tens uma pista acerca da Vanda. Pede para nos encontrarmos no beco que existe na rua traseira dos bares! Preferimos falar pessoalmente…

Pediu, com um sorriso malicioso no rosto. Todos entenderam que aquilo era uma armadilha. Carlota ficou entusiasmada e saiu instantaneamente das grutas, estava desejosa por o fazer.

Abaddon - Quanto a vocês os dois, quero-vos comigo… Não vá ocorrer uma surpresa e a Vanda decida emergir!

Disse para Lunatik e Lezard. Nos últimos tempos, sempre que Abaddon ia até à superfície, levava alguém consigo para o caso da humana voltar ao corpo e tentar fugir.

Lezard - Não é um pouco arriscado caminharmos durante o dia? Principalmente por causa de Lunatik! É difícil caminharmos sob a luz do dia sem sermos vistos!

Perguntou o feiticeiro, que estava sempre disposto a ajudar.

Abaddon - Estou um pouco saturado de estar sempre escondido… De certeza que Lunatik também! Brevemente, quando a Night Watcher estiver morta e todos os meus planos forem concretizados, não haverá mais problemas… Poderemos caminhar livremente!

Respondeu o demónio com um ar decidido… Estava na altura de surgirem à luz do dia, independentemente do aspecto suspeito e bizarro de Lunatik…

*

   Entretanto, pela vila, os ânimos eram outros… Melhor dizendo, as ansiedades eram outras. Melissa Monserrate e Rodrigo Rodrigues tinham acabado de chegar ao Parque Natural de Cila e procuravam por Isabella, a nova Night Watcher.

Melissa - Ok, já falei com os dois! Vêm aqui ter!

Informou enquanto voltava a guardar o telemóvel, referindo-se a Ísis e Leonardo.

Rodrigo - Ainda bem! Lembraste onde nos cruzamos com a Isabella?

Perguntou Rodrigo, bastante apressado e concentrado. Melissa estava a ficar surpreendida ao ver aquela atitude no homem, o que provou que também ele, aprendeu algumas coisas com Érica. Rodrigo era bastante calmo e geralmente, passava bem despercebido no meio do grupo. De alguma forma, era considerado como o “adulto”… Os jovens olhavam e falavam para Érica mais à vontade, tinham criado uma maior confiança com ela. Rodrigo também era considerado um amigo, mas essencialmente, era o marido de Érica. A Night Watcher passava mais tempo com eles… Com ela, conseguiam ter conversas pessoais. Com Rodrigo, nunca tinham estado sozinhos… Érica estava sempre presente.

Melissa - Acho que uns metros mais à frente! Estamos no caminho certo!

Rodrigo - Lembro-me da tenda dela… E do espaço onde fomos atacados pelas Fúrias! Já dá para ver daqui!

Exclamou com convicção e Melissa confirmou o mesmo… Estavam a aproximar-se do local da noite anterior. Subitamente, uma voz conhecida fez com que os seus caminhos fossem interrompidos…

Camila - O que é que vocês os dois estão aqui a fazer?

Era Camila Duarte... Como de costume, aparecia nos momentos menos apropriados. Melissa e Rodrigo olharam um para o outro.

Rodrigo - Eu não tenho tempo para isto!

Disse pra Melissa.

Melissa - Não te preocupes! Vai ter com a Isabella… Já te apanho! Pode ser que a conseguia convencer em vir. Sempre é mais alguém para ajudar!

Rodrigo - Ok! Se bem que não sei em que é que ela pode ajudar… Até já!

E mal acabou de falar, seguiu o seu caminho deixando Melissa e Camila sozinhas.

Camila - De que é que ele estava a falar?

Perguntou, completamente confusa.

Melissa - Olá Camila! Não faço a mínima ideia o que fazes aqui a esta hora, mas por acaso não viste a Érica?

Melissa não estava para grandes conversas e foi directa.

Camila - Pra começar, estou aqui porque uma amiga minha fez anos e viemos todos acampar! E não, não vi a Érica! Porquê?

Respondeu com o seu tom usual de superioridade.

Melissa - Nunca pensei que fosses capaz de acampar, és tão esquisita…

Mesmo no estado de preocupação que estava, Melissa não resistiu e teve de dizer aquilo… Camila ficou a olhar para ela de sobrolho franzido.

Melissa - Bem, não interessa… Eu e o Rodrigo estamos aqui porque a Érica desapareceu… E nós desconfiamos que ela foi atacada por algo!

Explicou apressadamente.

Camila - E vieram procurá-la aqui ao parque?

Perguntou incrédula… Se Érica tinha desaparecido, porque é que haveriam de procurá-la logo ali? Era o que pensava…

Melissa - Não, viemos buscar ajuda… Depois explico! Camila, isto é muito sério! Por isso vou perguntar apenas uma vez… Queres ajudar?

Camila ficou uns segundos a olhar para Melissa… Aquilo implicava ter de faltar às aulas, mas conseguiu perceber que a situação era alarmante. Mesmo não gostando de se envolver naqueles assuntos, conhecia Érica… E sabia o quanto ela era importante para a vila. Sabia que se não ajudasse, ia sentir-se mal.

Camila - Claro!

Decidiu. Melissa esboçou um leve sorriso… Afinal, Camila talvez tivesse um coração.

Melissa - Boa! Vamos…

Melissa começou a avançar e Camila ia seguir-lhe os passos… Até ouvirem a voz de alguém, mais uma vez…

Ísis - MELISSA?

Chamava a jovem Ísis, enquanto deslocava-se a correr na direcção de Melissa e Camila. Tinha acabado de chegar e até fora bastante rápida. As duas jovens foram atraídas pela voz de Ísis e pararam…

Melissa - Ísis, ainda bem que já chegaste!

Exclamou muito apressadamente.

Ísis - Estava a caminho da faculdade quando recebi a tua chamada, então foi rápido!

Em seguida olha para Camila e a ficou instantaneamente admirada.

Ísis - Camila? Como é que estás aqui?

Camila não teve tempo de responder pois Melissa interrompeu a conversa…

Melissa - Desculpem, mas não temos tempo para conversas… Temos de ir!

Ísis - Podes explicar melhor o que aconteceu? Ainda estou um pouco confusa…

Admitiu a jovem bruxa.

Melissa - Pelo caminho explico tudo! Não podemos perder tempo, a Érica pode estar a precisar de nós! Por agora preparem-se… Vão conhecer outra Night Watcher!

Melissa ao acabar de falar, continuou o caminho. Ísis e Camila ficaram paradas a olhar uma para a outra… Só conheciam uma Night Watcher, Érica. Apenas com uma frase, Melissa conseguiu deixar as jovens desorientadas…

Melissa - DESPACHEM-SE!

Ao ouvirem o grito, tanto Ísis como Camila despertaram e rapidamente, alcançaram a amiga…

*

   O excesso de barulho causa dificuldades na concentração… Principalmente em trabalhos que requerem astúcia, a máxima atenção em detalhes e reflexão.

Então, Pedro Dias tinha acabado de assumir uma posição, na qual tudo o que fizesse barulho insuportável deveria ser destruído. Neste caso, o que mais o atrapalhava eram os telefones que tocavam constantemente. Ele sabia que estes eram necessários, mas podiam emitir outro tipo de som… Menos estridente.

   O departamento da polícia, passava o dia inteiro apilhado de detectives a resolverem casos que pouco interessavam a Pedro. Para este, o que realmente devia ter importância, ninguém parece querer ligar… Os mistérios que envolviam a vila Cila. Só recentemente é que o seu amigo e também detective, Henrique Gomes, começou a ganhar curiosidade pelas investigações que este realizava…

Pedro - Muito bem! Obrigado na mesma pela ajuda… Bom dia!

Desligava uma chamada, enquanto Henrique Gomes entrava no seu escritório.

Henrique - Então Pedro? Algum avanço?

Perguntou, referindo-se à investigação do amigo.

Pedro - Claro que não… Estou num beco sem saída! Não sei para onde me virar…

Respondeu um pouco irritado. Tanto acontecia por aquela vila e as pistas eram sempre ridiculamente pequenas e vagas.

Henrique - É como eu em relação à Vanda!

Henrique estava a falar do caso que investigava… O estranho desaparecimento da jovem Vanda. No entanto, o detective estava muito longe da verdade…

Henrique - Sempre que estou a chegar a algum lado, ou assim penso eu, volto ao início! Não faz sentido… Como é que é possível, depois de ela ter desaparecido, já ter sido vista pela vila? Sempre em sítios onde geralmente não está ninguém!

Queixava-se o detective…

Pedro - Nada do que acontece por aqui faz sentido!

Afirmou Pedro Dias, igualmente chateado.

Henrique - Por falar nisso, já ouviste a última?

Pedro ajeitou-se na sua cadeira e abanou a cabeça pra informar que nada sabia… O que era perfeitamente normal, estava tão ausente de tudo, tão focado na sua investigação que tudo o resto passava-lhe ao lado.

Henrique - No espaço de uma hora foram encontrados quatro corpos! Aparentemente, todos eles foram assassinados da mesma forma… Todo o sangue foi drenado e todos tinham duas pequenas marcas no pescoço.

Pedro - Estranho…

Henrique - Fora do comum, talvez… Desconfiam que o sangue foi retirado pelos dois orifícios encontrados nos pescoços!

Henrique começou a rir-se do que estava a dizer…

Henrique - Se estivéssemos num filme diria que eram vampiros!

Pedro continuou sério… E Henrique parou de rir.

Henrique - Eu sei que não tem piada… Mas gostava de apanhar os desgraçados que andam a fazer isto! Que macabro!

Admitiu o detective.

Pedro - Que desgraçados? Pode soar ridículo, mas porquê excluir a ideia de ser mesmo um vampiro?

Perguntou Pedro… O detective já punha tudo em causa. Nunca acreditou em monstros, nem em seres de outro mundo, mas algo tinha de explicar o que acontecia naquela vila. Estava disposto a acreditar em tudo, se isso implicasse chegar à raiz do problema. Henrique ficou a olhar para ele durante uns segundos… E depois deu uma gargalhada.

Henrique - Ao menos ainda consegues ser engraçado…

Dizia entre gargalhadas. Entretanto, olhou para Pedro. E este não tinha achado piada nenhuma e estava novamente a olhar para ele com um ar muito sério.

Henrique - Estavas mesmo a falar a sério…

Henrique tinha parado de rir. O seu amigo estava mesmo a falar a sério… Mas aquilo era um absurdo.

Henrique - Desculpa Pedro, mas vampiros não existem… Realmente passasse algo estranho na vila, concordo! Mas não cheguemos a tanto…

Pedro olhou para Henrique com um ar curioso.

Pedro - Porque não? Como é que explicas o facto de todo o sangue ter sido drenado por dois orifícios no pescoço? De que maneira um humano faz isso a quatro corpos num curto espaço de tempo?

Explicou o detective. Henrique ficou a olhar para ele, pensativo… Pedro tinha alguma razão, mas ao mesmo tempo parecia estar a ir longe demais. Todo este momento foi interrompido pelo telefone, que mais uma vez, estava a tocar. Saturado, Pedro Dias atendeu…

Pedro - SIM?

Respondeu num tom um pouco agressivo… O qual não podia usar pois estava no seu trabalho, no entanto, Pedro Dias não aguentou. Henrique fez-lhe sinal para que este se acalmasse.

...

Pedro - É do departamento da policia sim…

Respondeu com mais calma.

Pedro - Pode falar mais devagar? Não consigo entender nada!

Pediu com alguma impaciência. Estava farto de todas as histórias que eram mal contadas…

Pedro - Desculpe… Pode repetir?

Perguntou com seriedade ao ouvir o que lhe tinham dito do outro lado da linha. Sentou-se direito na sua cadeira, puxou um bloco, pegou numa caneta e começou a escrever algo… Henrique Gomes ficou atento ao ver a reacção do seu amigo Pedro.

Pedro - Sim…

Respondia à medida que escrevia.

Pedro - Claro! Faremos os possíveis! Muito obrigado pela informação!

Em seguida desligou a chamada com um sorriso nos lábios.

Henrique - O que é que aconteceu? Quem era?

Perguntou ao amigo, cheio de curiosidade.

Pedro - Acho que não vais acreditar! Recebemos agora uma chamada anónima com informações acerca do paradeiro da jovem Vanda! Ao que parece, ela foi recentemente vista num dos becos existentes na vila… No mesmo dia onde mais testemunhas viram-na, perto do bar “Cais”!

Informou a Henrique, o qual estava encarregue de encontrar Vanda.

Henrique - Temos mesmo a certeza que essa informação é fiável? Já a viram antes e não chegámos a nenhuma conclusão!

Queixou-se o detective, cansado de pistas sem nexo.

Pedro - Não sei, mas é o que vamos descobrir… A pessoa não se quis identificar pelo telefone mas quer encontrar-nos para contar detalhes! No beco onde afirma ter avistado Vanda…

Exclamou com alguma alegria.

Henrique - A sério?

Perguntou Henrique bastante admirado e empolgado enquanto levantava-se.

Pedro - Achas que ia brincar com isto? Vamos, não temos tempo a perder… Cada minuto que passa nesta vila é fatal!

Disse Pedro, que também levantava-se apressado.

Henrique - É a primeira vez que alguém nos quer encontrar… Pode ser desta que a encontremos!

Exclamou esperançoso.

Pedro - E finalmente encerraríamos um caso!

Todo o aborrecimento e cansaço que abatia os detectives desapareceram e foram substituídos por um enorme entusiasmo… Podiam estar prestes a vir a encontrar o paradeiro da pobre jovem Vanda que havia desaparecido já há alguns meses. À medida que continuavam a dialogar, saíram do escritório, apressados…

*

   Enquanto avançava pelas ruas de Cila, levava um enorme sorriso consigo… Carlota, a metamorfo, estava orgulhosa de si mesma. Acabara de concluir que até daria uma boa actriz, depois de ter realizado um telefonema tão convincente. O detective tinha acreditado em cada palavra que ela dissera, sem qualquer esforço. Mas foi aí que a metamorfo lembrou-se de um pequeno detalhe… Mentir e enganar os outros nunca foi problema para ela, até pelo contrário… Era o que fazia melhor.

   Agora que tinha realizado a sua tarefa, apressava-se a ir ao encontro de Abaddon, Lunatik e Lezard. Caminhava tão distraída e a rir-se do que tinha acabado de fazer, que ao curvar uma rua, não reparou que alguém também o fizera do outro lado… Com força, embateram um no outro.

Carlota - ENTÃO?

Carlota detestava ser incomodada e com severidade, olhou para a pessoa contra quem tinha ido. A sua expressão rapidamente mudou… Por segundos, mostrou espanto.

Leonardo - Desculpe, não estava atento…

Era Leonardo… O jovem estava a caminho de casa de Érica, depois de Melissa ter-lhe feito um telefonema a pedir-lhe que viesse ao encontro dela na casa da Night Watcher. Vinha tão rápido que não reparou que alguém também se aproximava. Depois do embate, o jovem desculpou-se enquanto esfregava a cabeça derivado ao choque. Assim que viu quem era a pessoa, ou melhor, o ser contra quem tinha ido, ficou alerta. Leonardo reconheceu a metamorfo apenas por um motivo… Já a tinha visto antes com aquele disfarce. Cabelo ruivo forte, olhos de felino e uma pele muito branca. Talvez aquele fosse o seu verdadeiro aspecto, pensava o jovem. Mas nunca ninguém iria ter a certeza, uma vez que esta podia assumir a forma que pretendesse.

Carlota - Tu…

Leonardo - Apanhei-te!

Foi a primeira palavra que veio à mente de Leonardo. Carlota era muito esquiva e todos sabiam isso. Era muito difícil encontrá-la. Até Érica já havia tentado várias vezes, mas sem sucesso. A capacidade de se transformar em qualquer um com quem tivesse contacto, favorecia Carlota. No entanto, ali estava ela…

Leonardo avançou na direcção da metamorfo, sem se preocupar em o ter feito no meio da rua em plena luz do dia. Esta desviou-se agilmente e riu-se.

Carlota - Corajoso! Não te preocupas com as aparências pois não?

Perguntou entre risadas.

Leonardo - Não muito! Parece que tu também não!

E volta a avançar na direcção de Carlota, numa tentativa de a alcançar para a tentar magoar. Com sorte talvez conseguisse capturar a metamorfo. Desta vez, Carlota não se desviou e parou o jovem pelos braços. Rapidamente, este desprendeu-se e tentou deferir-lhe um murro, o qual não teve sucesso… Carlota baixou-se e saltou para a direita.

Carlota - Achas mesmo que me vais apanhar?

Leonardo - Sinceramente? Acho!

Mais uma vez Leonardo insistiu e saltou na direcção da metamorfo. Esta recuou e o jovem caiu.

Carlota - Tenho de admitir… De todos acho que és o mais engraçadinho, sabes?

Leonardo olhou para ela, irritado.

Carlota - Mostraste-te tão simpático para a senhora japonesa…

Leonardo - Não sabia que eras tu!

Carlota sorriu de um modo perverso e Leonardo sentiu um calor fora do comum a percorrer o seu corpo. Levantou-se e voltou a dirigir-se a Carlota. Esta não se desviou e ambos encararam-se um ou outro, com as mãos entrelaçadas, cada um a empurrar para o lado oposto. Parecia que estavam a medir quem tinha mais força. Depois de alguns segundos naquela disputa, Leonardo continuava a sentir o mesmo calor a invadir-lhe o corpo… Por outro lado, Carlota sentia-se diferente. Como se aquilo lhe estivesse a dar alguma euforia, algum tipo de energia que não conhecia. Ao mesmo tempo, tinha vontade de bater no jovem, mas parecia não ser capaz. Leonardo observava os olhos de Carlota e o calor aumentava… Aquele olhar assustador e misterioso causava-lhe arrepios mas alguma curiosidade estranha. Sem se aperceberem, as suas cabeças foram avançando, devagar, em direcção uma à outra… Ambos pareciam estar hipnotizados e a sentirem sensações estranhas, novas, mas curiosamente agradáveis. No momento em que estavam perto um do outro e os seus lábios quase encostados, um carro que ali passava buzinou e os dois pareceram acordar. Por momentos ficaram a olhar um para o outro, com um ar um pouco estranho. Até ao momento em que viram bem o que estava prestes a acontecer e rapidamente recuaram…

Carlota - O que é que estavas a fazer?

Pela primeira vez, a metamorfo parecia embaraçada.

Leonardo - Não sei, mas a culpa foi tua!

Acusou-a, também embaraçado.

Carlota não respondeu… Continuou a recuar, até que começou a correr para fugir dali o mais rápido que conseguia. Leonardo ficou confuso por uns instantes e finalmente decidiu que ia seguir a metamorfo. Encontraria Melissa mais tarde… Afinal de contas, tinha acabado de acontecer algo estranho, um sentimento fora do comum tinha sido partilhado no instante em que confrontava Carlota. E o jovem sentiu necessidade de descobrir o que era…

Leonardo - HEY? ESPERA AÍ!

Gritou para Carlota e seguiu a correr atrás dela…


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