Numa opinião mais detalhada, as ruas de Cila transbordavam de loucura… Todos os sítios estavam em constante movimento e as pessoas experienciavam todo o tipo de terrores. Agramon rejubilava enquanto caminhava por entre todo o pânico. Era o único que conseguia ver tudo o que se estava a passar, em certa parte, por ser o causador da situação, por outro lado, porque alimentava-se de todo aquele medo. Toda a energia invisível que pairava no ar era sugada pelo demónio.

Agramon tinha uma maneira muito própria de aniquilar a humanidade… Gostava de lhe s apresentar jogos… O seu poder consistia em mudar a realidade e fazer as pessoas viverem os seus maiores medos, temores e receios. Gostava de o fazer como se fosse um jogo, no qual ele ditava as regras e decidia quando era o início e o final. Geralmente dava aos humanos dois planos de sobrevivência… Ou tentam fugir aos seus medos, ou ficam e tentam enfrentá-los, o que geralmente acabava em morte. Era um jogo cruel e sujo, uma vez que o demónio fazia sempre batota… Na primeira situação, pode deixar a pessoa fugir, mas volta a persegui-la até ser bem-sucedido. No segundo cenário apostava sempre no seu instinto: Os humanos são fracos e não conseguem superar os seus medos. Ideia que, até hoje, nunca tinha sido alterada. Algumas vezes, quando os medos não eram suficientes para matar a pessoa, o demónio fazia questão de ele próprio aniquilá-la, no seu momento mais vulnerável.

Desde que entrara na vila, as coisas tinham piorado consideravelmente. Bastava a sua presença física para causar este tipo de transtornos. Por onde passasse, maior era o poder que emitia, causando nos locais em questão, o ponto máximo de terror que alguém poderia sentir. Já há muitos anos atrás tinha estado em Cila e até ao momento, verificara que a vila estava muito mudada. Em primeiro lugar, a sua área tinha aumentado para o triplo. Em segundo, um parque natural tinha sido construído no centro da mesma. E finalmente em terceiro, sentia que o número de criaturas e seres do antigo mundo tinha também, sofrido um acréscimo.

Havia um único sítio que ainda conseguia manter a sua forma original… A longa avenida principal. Enquanto deslocava-se calmamente ao longo da rua, relembrava-se do passado e dos momentos que tinha aterrorizado Cila, no passado. Já tinham passado 575 anos desde a sua última visita àquele mesmo local… Nessa altura, quase dizimou a população inteira, causando um das quedas da vila, a níveis históricos. Riu-se… Era sempre agradável apreciar momentos de glória. Com um poder daqueles, rapidamente poderia apoderar-se do mundo. Mas como tudo na vida, havia um defeito no meio de tanto poder… Geralmente, depois de acabar com uma cidade ou vila inteira, era obrigado a descansar, no mínimo cerca de 25 anos, o que podia vir a prolongar-se. A enorme quantidade de energia que absorvia, não lhe permitia sobreviver a um segundo ataque… Era algo que Agramon sempre se lamentara, mas que já tinha acabado por aceitar.

Ao aproximar-se da câmara municipal, parou em frente à grande estátua da guerreira Cila, a qual se situava em frente ao edifício. Olhou para a cara da mulher, esculpida em pedra, e soltou uma gargalhada fria e arrepiante…

Agramon - Ridícula! Tudo o que sobrou foi um pedaço de pedra com a tua figura!

Agramon era um demónio muito antigo e pelo comentário, mostrou ter conhecido a grande guerreira, no seu tempo de vida. Cila sempre fez parte da vertente da luz, do bem. E antigamente Agramon recordava que existiam muitos… Hoje, a história era outra. Muitos da vertente das trevas sobreviveram e alguns que foram banidos, arranjaram maneira de voltar.

Os descendentes do bem foram eliminados aos poucos e apenas alguns sobreviveram, no entanto, seu paradeiro é desconhecido… O que era uma pena para Agramon. Por ele, extinguia por completo, a vertente da luz. Foi aí que se lembrou de algo que nos dias correntes, substituíam os seres da luz… Os Night Watchers. E como era mais do que óbvio, aquela vila possuía algum responsável por ela.

Deliciado pela ideia de encontrar um Night Watcher, o demónio desviou a sua atenção da estátua e avançou pelo resto da avenida, convicto de que ia ter um momento glorioso…