Night Watchers - Primeira Temporada escrita por MS Productions


Capítulo 38
Medos (Vol. 4) - Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Tudo continua a desenrolar-se... Esperemos que gostem! :)



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Como quase sempre, a jovem Camila Duarte sentia-se vitimizada… Há cerca de 15 minutos que estava numa fila para ser atendida. Tinha tirado umas horas da sua tarde para ir a uma das lojas mais conceituada, em termos de vestuário, para gastar um pouco o dinheiro do seu pai.

   Para a jovem, não havia nada melhor do que, num dia em que as pessoas parecem estar a agir como loucas, dirigir-se àquela loja e comprar tudo o que quanto gostasse. Depois de ter vasculhado as roupas quase todas, tinha decidido o que havia de levar e tinha seguido para a fila.

   Estava sozinha, tinha tentado ligar a duas amigas da faculdade, mas nenhuma das duas atendera. Nunca tivera paciência para esperar e o facto de estar ali já há algum tempo estava a chateá-la. O que lhe valia era que, a seguir àquela fantástica compra, ia até à praia aproveitar algumas horas do sol. Ao chegar a sua vez, cumprimentou a empregada que estava atrás do balcão… Já se conheciam por a jovem ir lá tantas vezes. Como das outras vezes, a mulher registou as roupas e meteu-as em sacos… Quando chegou a altura do pagamento, a jovem ficou indecisa se pagaria com dinheiro ou com o cartão. Tanto fazia, o seu pai tinha-lhe passado os dois, em caso de a jovem precisar para alguma emergência, geralmente fútil… Finalmente decidiu que ia pagar com dinheiro, assim usava o cartão em outra coisa qualquer.

Empregada - Vai pagar com dinheiro ou multibanco?

Camila - Com dinheiro! Assim não ando tão carregada!

A empregada sorriu de um modo falso… Todos conheciam a jovem e sabiam que ela era rica, não era necessário estar a esfregar na cara dos outros, principalmente de quem trabalha.

Camila - É só um minutinho…

A jovem abriu a sua mala e tirou a carteira. Ao abri-la ficou a olhar para o seu interior, boquiaberta… Não tinha dinheiro nenhum… Ou melhor, tinha desaparecido. “Deve estar espalhado na mala!”, Pensou… Foi então procurar na mala. Mas nada… Quase que a virou na esperança que o dinheiro caísse, mas definitivamente não estava lá dentro. Nervosa, olhou para a empregada e sorriu… Tinha acabado de perder uma enorme quantia de dinheiro, vindo do seu pai. Para não dar nas vistas, Camila disfarçou…

Camila - Mudei de ideias! Afinal vou pagar com multibanco!

Voltou a agarrar na carteira, tirou o cartão do pai e passou-o à empregada. Esta passou-o na máquina correspondente uma vez… Depois segunda…

Empregada - Peço desculpa, mas este cartão caducou! Não pode usá-lo!

Camila olhou para a empregada e a seguir para o resto das pessoas que estavam atrás dela, na fila… Todos olhavam-na.

Camila - Mas isso é impossível! Verifique de novo, se faz favor!

A jovem estava atrapalhada, nunca lhe tinha acontecido uma situação daquelas. A empregada tenta mais uma vez…

Empregada - Não dá mesmo! Peço desculpa, mas não pode levar nada destas coisas! Tem de cá voltar com dinheiro!

Se houvesse um buraco Camila tinha-se escondido com a vergonha que estava a sentir…

Camila - Mas já me conhece! Sabe que tenho dinheiro! Alguma coisa não está certa, de certeza! Essa máquina está a funcionar como deve ser?

Empregada - A máquina não tem problema nenhum. Volte cá com dinheiro… Próximo!

Diz a empregada para atender os próximos clientes.

Camila - Não! Deixe-me ver a máquina!

Exclamou a jovem… Não ia sair dali assim… Não ia passar essa vergonha.

Empregada - Tem de sair da fila! Desculpe, mas não a posso ajudar!

Camila - Recuso-me a sair daqui! Tem de haver uma explicação lógica para isto!

Insistiu Camila com o seu humor complicado.

Empregada - Próximo!

A empregada desprezou-a por completo…

Camila - Não, nem pense! Tem de me atender! O cliente tem sempre razão!

Alguém que estava na fila, um pouco mais atrás, gritou: “VAI TRABALHAR PRA TERES DINHEIRO! COMO TODOS NÓS!”.

Camila - O que é que você quer? A conversa é consigo?

Respondeu a jovem logo a seguir… Enquanto isso a empregada tinha pegado no telefone e feito uma chamada. Em 10 segundos, dois seguranças aproximaram-se do balcão. Camila continuava a discutir com as pessoas que estava na fila, até ver os dois homens que se tinham aproximado.

Empregada - É esta menina… Não tem dinheiro, quer levar as coisas e recusa-se a sair sem o fazer!

Disse a empregada para os seguranças enquanto apontava pra Camila.

Camila - O que é que disse? Não foi isso que aconteceu…

Tentou explicar, mas os dois homens agarraram-na pelos braços, um de cada lado, e arrastaram-na dali pra fora. Camila tentava soltar-se dos seguranças enquanto gritava, danada com o que estava a acontecer. Finalmente, largaram-na à porta da loja…

Camila - Vão se arrepender por isto! O meu pai vai processar-vos!

Ambos seguranças desprezaram-na e riram. Ao entrarem na loja, fecharam as portas e mudaram o sinal de “aberto” para “fechado”. Camila ficou confusa, eles não podiam fazer aquilo… Além disso não era hora de fechar. E ainda havia pessoas lá dentro. Foi aí que lembrou-se da sua mala… Tinha tudo ficado lá dentro. Desesperada, correu até à porta e começou a bater com força.

Camila - Abram! Deixei aí a minha mala com os meus documentos e os meus pertences!

Ninguém respondia… A jovem continuou a bater durante cerca de 20 segundos e finalmente desistiu. Quando ia a sair dali, bastante revoltada, lembrou-se de espreitar à montra… Quando o fez, ficou parada durante algum tempo. Tinha ficado mais confusa do que nunca… Não estava ninguém dentro da loja… Nem empregados, nem clientes. Nenhum tinha saído pela porta, senão a jovem tinha visto. Houve algo naquilo tudo que a arrepiou imenso… Assustada, a jovem saiu dali a correr.

*

   Érica Rodrigues sentia-se perdida no meio das ruas de Cila… Para todo o lado onde olhava, tinha receio que, a qualquer momento, Abaddon aparecesse novo e recuperado. Como estava a chover bastante, a Night Watcher estava toda molhada e mal conseguia ver o que se passava à metros à sua frente, derivado à força da chuva. O que também não era necessário, uma vez que desde que saíra, ainda não tinha visto nem uma única pessoa, nem um único carro a transitar nas estradas… As lojas estavam todas fechadas e Cila aparentava estar deserta. Érica já tinha percebido há muito tempo que algo estranho se estava a passar, mas ainda não sabia o quê… Tudo o que estava a acontecer parecia ser forçado, como se não pertencesse ao presente que viviam. Além disso, já tinha passado por alguns sítios que nunca reparara que a vila possuía… Sítios que jurava não existirem. Já vivia ali há algum tempo e conhecia Cila muito bem. Todos estes pormenores deixavam-na nervosa e impediam-na de pensar com clareza. Então, parou no meio da chuva e decidiu acalmar-se… Respirou fundo, relaxou o corpo e concentrou-se no presente. Já se sentia mais calma… Como Night Watcher, aprendera muitas técnicas para focar a concentração e manter em calma em situações de pânico. Raramente as punha em uso, mas quando o fazia, sentia logo as diferenças.

   Mais confiante, seguiu o seu caminho… Estava a acabar de percorrer uma rua e ia preparar-se para entrar em outra. Assim que o fez, algo estranho voltou a acontecer, mas em maior escala…Subitamente, quando trocou de rua, pareceu-lhe que todo o cenário tinha mudado. Parara de chover, o sol brilhava, o calor era incomodativo e as ruas estavam secas… Ao olhar para trás, viu o mesmo… Todo a estrada que tinha percorrido estava seca e o céu limpo. Ficou ainda mais espantada quando reparou em si própria. Toda ela pingava, encharcada, há segundos atrás… Agora estava seca e leve outra vez, como se nunca tivesse caído água sob si. Ou era sua impressão, ou a realidade tinha mudado… Mal teve tempo para pensar nisso, pois metros à sua frente, Melissa estava parada no meio da rua… Érica aproximou-se.

Érica - Melissa?

A jovem estava de costas e virou-se para ver quem a chamava… Assim que viu a Night Watcher, uma expressão de alívio passou-lhe pelo rosto.

Melissa - Érica! Tenho estado este tempo todo à tua procura… Algo estranho está a acontecer aqui em Cila!

Exclamou preocupada.

Érica - Sim, já reparei! O que é que te aconteceu?

Melissa - Mal o dia começou, abri a janela e fui atacada por dezenas de abelhas. Depois quando vim para a rua, as pessoas pareciam estar todas loucas, a correr de um lado para o outro e a comportarem-se como se estivessem assustadas e tristes! Nisto, o Hugo estava comigo… Não sei o que é que lhe aconteceu que de repente começou a fugir e acabou por desaparecer! O que é que se passa Érica?

Érica - Não tenho a certeza!

Érica lembrou-se do facto de Rodrigo a ter deixado, mas não quis mencionar…

Érica - Até ao momento, ligaram-me da Ordem a avisar que Abaddon estava activo… Disseram que tinha conseguido livrar da Vanda!

Melissa - O quê? Como é que isso aconteceu?

Perguntou assustada.

Érica - Não sei em que acreditar… Também tinha estado a chover até agora, eu estava toda molhada… E assim que curvei a rua tinha parado de chover e o céu estava limpo. E eu seca…

A jovem franziu o sobrolho.

Melissa - Isso é estranho!

Érica - Sim, parece que a realidade foi alterada. Também referiste ver pessoas… Eu desde que saí de casa não vi ninguém na rua! Receio que a notícia acerca de Abaddon também possa ser falsa!

Melissa estava pensativa…

Melissa - É isso! A realidade está a ser alterada! É por isso que quando voltei ao meu quarto já não havia nenhuma abelha e os meus braços estavam curados, como se nunca tivessem sido picados! E na rua… Tentava encontrar a tua casa, mas não estava em lado nenhum. Como se no sítio onde era suposto estar, estivesse outra qualquer a substituir!

Diz a jovem atenta… Era incrível como apenas em 3 minutos, com Érica, já estivessem a decifrar os vários enigmas que foram apresentados.

Érica - Então também te aconteceu…

A Night Watcher estava pensativa e concentrada em todos os factos… E Melissa reparou nisso.

Melissa - Então e o que o achas? Magia pode fazer isto?

Érica - Sim, Magia pode alterar a realidade como a conhecemos! Se bem que há algo estranho familiar neste género de acontecimentos… Acho que devíamos descartar a hipótese de a culpa derivar de feitiçaria.

Melissa - Como assim?

Érica - A realidade não está a ser alterada de um modo qualquer… Estamos a experienciar momentos de pânico. Situações de medo!

Melissa pensou por uns segundos…

Melissa - Sim, faz sentido… É a única explicação lógica!

Depois fez uma pausa…

Melissa - Espera… Então porque é que para ti estava a chover? Tens medo da chuva?

Perguntou a jovem, um pouco confusa.

Érica - Não sei porquê, mas não gosto de mau tempo… Curiosamente, associo a desgraças!

Melissa - Bem, cada um tem os seus traumas! Érica, se descartamos Magia, o que é que será responsável por isto?

Érica - Que eu conheça, há apenas uma única criatura capaz de tal poder…

Antes de Érica acabar de falar, uma casa ali perto explodiu… O impacto violento fez com que a Night Watcher e Melissa fossem atiradas ao chão, com alguma força. Uma onda de calor foi sentida… Ambas ficaram bem. Quando levantaram a cabeça, olharam para trás pra ver o que tinha realmente acontecido. Não havia ninguém na rua… A casa estava a arder, já quase toda queimada. Assustadas, olharam uma para outra…

Melissa - Temos de fazer alguma coisa… E rápido!

Érica - É melhor sairmos daqui!

Apressadas, ajudaram-se a levantar uma à outra e saíram daquele cenário destrutivo…

*

   Há uma hora que Ísis procurava a casa de Érica e a faculdade… Mas algo estava errado. Conhecia muito bem a vila e sabia onde iam dar todas as ruas. No entanto, naquele dia, as coisas eram diferentes. Cila estava mudada, como se os edifícios tivessem sido construídos em zonas diferentes… As pessoas corriam de um lado para outro e ninguém parava pra dizer o que se estava a passar. Sentia-se perdida e tinha a certeza que algo assustador tinha caído sob a vila.

   Ao chegar à avenida principal, verificou que estava a haver uma manifestação qualquer. Centenas de pessoas estavam espalhas pela rua, num frenesim enorme… Tentavam invadir a câmara municipal. A polícia de choque impedia-as… Através da violência. Ísis detestava qualquer acto violento…. Teve vontade de esgueirar-se pela multidão e usar magia para afastar todos… “Quem me dera ter esse poder!”, pensou. Nesse preciso instante, a jovem teve a sensação de ter visto Filipe Mendes entre as pessoas, mas rapidamente perdeu-o de vista. Não sabia o que fazer… Estava indecisa entre sair dali ou entrar pela multidão a dentro e tentar ver o que se passava, o que podia acabar em desgraça dada a agressividade que todos mostravam ter. Reflectiu sob o assunto… E decidiu que ia ver o que se passava. Não haveria problema, certamente conseguiria defender-se. Quando ia a preparar-se ara avançar, alguém agarrou-a pelo braço…

Leonardo - Ísis? O que é que estás aqui a fazer?

Leonardo tinha acabado de encontrar a amiga… Esta quando viu que era ele, ficou um pouco mais descansada.

Ísis - Oh Leonardo, és tu… Ainda bem que estás aqui!

Leonardo - Estão todos loucos? O que é que se está a passar?

Pergunta o jovem, chateado.

Ísis - Não sei, ia tentar descobrir…

Responde Ísis a tentar espreitar lá para a frente.

Leonardo - Não é isso… Estou a falar em geral!

Ísis - Eu sei… Mas talvez as pessoas saibam de algo. Estão aqui todas juntas… Eu tentei ir até casa da Érica, mas não sei onde fica...

Disse, confusa…

Leonardo - Já reparei que certos sítios parecem estar no lugar errado! Mas não acho que saibam alguma coisa aqui.

Ísis - Então porque estão aqui tantas?

Perguntou, meio baralhada.

Leonardo - Anda até ali! Quero mostrar-te uma coisa!

Ísis assentiu e Leonardo seguiu à frente… Ao curvarem ara outra rua o jovem parou.

Leonardo - Ok… Agora vamos voltar para trás!

Ísis não estava a perceber onde é que Leonardo queria chegar… Mas assim que voltaram à mesma rua de onde tinham vindo, a avenida principal, a jovem compreendeu de imediato. Todas as pessoas que estavam em frente à câmara municipal a fazerem uma manifestação tinham desaparecido. Parecia estar tudo normal, nem a polícia estava de guarda. A jovem olhou para Leonardo…

Ísis - Como é que é possível? Onde é que estão todos?

Leonardo - Não sei, mas aconteceu-me o mesmo! Estava em casa e a minha avó chegou… Depois disse-me umas coisas estranhas e vim-me embora. Nem tive tempo de sair da frente da minha porta quando voltei atrás e ela tinha desaparecido… Não estava ninguém em casa!

Ísis ficou ainda mais preocupada…

Ísis - Quem me dera que a Érica estivesse aqui!

Exclamou a jovem… Ela e Leonardo, sozinhos, não valiam de muito.

Leonardo - Então temos de procurá-la! Não deve estar longe…

Ísis - Dizes tu… Há uma hora que já a procuro!

Leonardo - Se calhar é mais fácil se nos separarmos!

Ísis - Não sei se será seguro… Não devíamos ficar juntos?

Leonardo - Devíamos… Mas se temos pressa em encontrar a Érica era melhor assim!

De seguida sorriu confiante para a jovem…

Leonardo - Não te preocupes! Se já aguentámos até aqui, conseguimos mais um pouco!

Ísis aceitou…

Ísis - Então como fazemos?

Leonardo - Daqui a 20 minutos em frente à câmara! Com ou sem a Érica! Ok?

Ísis - Combinado!

Disse Ísis, numa voz fraca… Não estava muito segura do que iam fazer. Leonardo notou a incerteza na jovem…

Leonardo - Vai correr tudo bem!

Exclamou com alguma firmeza para Ísis. Logo depois, correu por umas das ruas, à procura de Érica.

Ísis - Espero que sim…

Disse a jovem para a si mesma enquanto via Leonardo a afastar-se. Um pouco contra vontade, Ísis fez o mesmo e seguiu por uma rua diferente.


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Notas finais do capítulo

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