Ainda escrita por Nara


Capítulo 3
Segundo Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Oie gente!
Muito triste porque só tiveram dois reviews contando com o prólogo e o primeiro capítulo, e olha que eu esperei para postar de novo, hein.
Mas vamos deixar isso de lado, segue mais um capítulo. Não é tão grande como os que eu costumo escrever, mas já é alguma coisa. Espero que gostem, enjoy!



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Segundo Capítulo

Chicago, 1917

Ao longe, já podia avistar a estátua da liberdade.

Liberdade. Isso chegava a ser ridículo.

O mar havia estado calmo durante toda a viagem, mas a calmaria do mar nem de perto havia tido alguma influencia sobre mim. Meu coração batia descompassado e eu não fazia outra coisa a não ser tremer. O motivo? Eu iria me casar dentro de pouco tempo.

Diferentemente de qualquer outra mulher de minha idade, o nervosismo não se dava pela ansiedade. Muito pelo contrário. Eu sequer conhecia meu noivo, mas já o odiava com todas as minhas forças.

A palavra noivo ainda era estranha para mim, apesar de que ela já devia ser comum, afinal de contas, estou noiva há um bom tempo. Para ser mais precisa, desde que nasci. Às vezes me pergunto como isso é possível, mas a resposta é simples: meu pai e o pai do dito cujo firmaram um contrato, pacto, ou seja lá o que for, assim que nascemos.

Resumindo, desde que me entendo por gente, me encontro presa a um maldito trato que eu ao menos tinha noção de que existia.

O tempo passou voando, infelizmente, e logo estávamos aportando. Os passageiros se dirigiram para o desembarque, inclusive eu – ainda que sem vontade alguma.

No porto havia muita gente, muitos carros. Pessoas abraçando seus familiares que há muito não viam, provavelmente. Abaixei a cabeça. Apenas por um momento, mas logo me lembrei de manter a postura e a cabeça erguida.

Srta. Swan?” Um homem me chamou. Devia ser um motorista qualquer. “Estou aqui para levá-la até sua residência” Que previsível.

Apenas concordei e ele segurou minha mão por cima das luvas que eu usava para me ajudar a entrar no carro.

“Cuide de minha bagagem” Ordenei.

A viagem foi longa e feita em silêncio. Infelizmente não havia um meio de transporte mais veloz. Ou felizmente, já que eu precisaria de muito tempo para me preparar psicologicamente para as provas que se seguiriam.

Realmente, eu esperava que Deus estivesse ao meu lado e que ele não me abandonasse nunca, já que não eu tinha mais nada a que me apegar.

Após muito, muito tempo naquele veículo insuportável, havíamos chegado a Illinóis. Dei-me conta disso quando abri os olhos, não sabia quantas horas haviam se passado, mas sabia que já era outro dia, e passei a reconhecer alguns detalhes do caminho que fiz há muitos anos atrás, porém com o sentido contrário.

Estava voltando para Chicago, depois de meus pais terem me mandado para a Inglaterra na intenção de que eu recebesse a melhor educação, na melhor escola. Queriam que eu me tornasse a moça perfeita. Não estava exatamente feliz com a volta para casa.

Agora faltava pouco para reencontrar todos aqueles que eu não fazia nenhuma questão de rever. E o tempo corria e a cada minuto esse momento estava mais próximo.

“Chegamos senhorita” O motorista, que não fazia questão alguma de saber o nome anunciou descendo do carro e se dirigindo até minha porta para que pudesse descer.

Novamente ele segurou minha mão por cima da luva e eu pude encarar, agora do lado de fora do carro, a mansão à minha frente.

Era como eu me lembrava, mas a aparência não era tão acolhedora quanto deveria ser.

Caminhei lentamente em direção à casa, pelo caminho de pedras que levava diretamente até a porta da frente.

Como era de se esperar, haviam alguns empregados parados na entrada, esperando a minha chegada.

“Bem vinda senhorita.” Disseram um de cada vez. Não me dei nem ao trabalho de olhar para eles, não faria diferença.

Adentrei a casa, de cabeça erguida.

“Que saudade de você minha filha!” O senhor Swan exclamou, como se realmente sentisse saudade de mim. Agarrou-me e me deu um abraço apertado. Fiquei sem reação.

Quando ele me soltou eu não disse nada, apenas o encarei.

Havia muitas diferenças em sua face, seu cabelo, antes completamente negro, agora era um pouco grisalho. Havia algumas marcas de expressão em sua testa e perto dos olhos. Para mim ele era outra pessoa.

Em seguida desceu as escadas uma mulher muito bem vestida que deveria ser minha mãe. Eu não me lembrava com perfeição de seu rosto. Ela se parecia comigo em algumas coisas, como o nariz e os olhos, tão azuis quanto os meus. Nos igualávamos também no cabelo, apesar de um meu parecer ainda mais vermelho que o dela.

“Filha! Ó meu Deus, que saudade de você minha filha” Ela correu para me dar um abraço. Como tinha feito com Charlie, não me movi. Deixei que ela me esmagasse em seu abraço. O que mais eu poderia fazer?

“Veja como ela está diferente Charlie, como ela está mudada. Ela cresceu tanto.” Meu sangue ferveu quando Renné proferiu essas palavras.

“Tem razão, eu quase não me lembrava do rostinho dela”

“Ora, não se preocupem, eu também não me lembrava de vocês” Falei pela primeira vez, com uma voz calma, baixa. “Agora se me dão licença, foi uma longa viagem”

Deixei-os na sala, sem ao menos olhar para trás. Subi as escadas e tentei me lembrar do caminho para meu quarto. Reconheci a porta que devia dar-me acesso a ele e abri. Exatamente aquilo que eu esperava.

O quarto continuava o mesmo. A mesma grande cama, a mesma escrivaninha, e mesma penteadeira, as mesmas bonecas de porcelana em cima da cama. Eu havia ficado muito triste por ter que estar longe de minhas bonecas.

Retirei as luvas e o chapéu, jogando-os em algum canto do quarto e me jogando na cama. Que saudade disso, de meus lençóis, de meu quarto, de abraçar meu travesseiro e poder chorar, como chorei da última vez que estive aqui.

Amanhã seria um longo dia, o dia em que teria que encarar meus problemas de frente.

Acordei com os primeiros raios de sol entrando pela janela. Hoje seria um dia daqueles.

Fiquei em minha cama durante algum tempo, até que uma empregada adentrou o quarto.

“Bom dia senhorita, que bom que já está acordada. Vossa mãe a está esperando na copa”.

Levantei-me e fiz minha higiene, a criada ajudou-me a colocar o espartilho e escolhi uma roupa elegante. Quando já estava pronta desci. Na sala se encontrava meu pai.

“Bom dia minha filha. Dormiu bem?” Perguntou-me sorrindo, porém um tanto apreensivo, provavelmente depois de minha cena de ontem.

“Dormi bem, obrigada” Respondi educadamente. Respirou aliviado, mas não contente.

“Estávamos esperando-a para tomar café. Vamos, não percamos tempo.” Ele puxou-me até a copa. Lá estava Renné, ela nos acompanhou no café da manhã.

“Pronta para o jantar de hoje a noite filha?” Ela perguntou como se eu devesse estar animada para tal acontecimento.

Apenas levantei canto dos lábios com algo que deveria se assemelhar a um sorriso.

“Já escolheu o vestido que irá usar?” Perguntou-me casualmente, notando minha falta de animação. Seria um bom assunto para se iniciar um diálogo. Roupas. Qual mulher não adorava vestidos, luvas, chapéus e todas essas coisas fúteis? Eram os únicos presentes que eu recebia com freqüência de meus pais, vestidos, jóias, sapatos, tudo isso eles me mandavam enquanto eu estava presa no colégio.

“Sim” Foi a única coisa que eu disse, torcendo para que ela não insistisse em um diálogo.

“Bem, então é bom começar a se preparar para hoje à noite. Eu tenho que resolver alguns detalhes ainda, terei de sair. Quer me acompanhar?” Balancei a cabeça negando.

“Bem, então me espere, eu não pretendo demorar.” Informou-me e tratou de se levantar da mesa.

Meu pai acompanhou seu gesto. “Eu também tenho que ir filha, mas não pretendo demorar, não vou ficar no trabalho o dia inteiro hoje, afinal de contas, também tenho que me preparar para o jantar” Ajustou o paletó impecável.

Os dois disseram tchau novamente e partiram para seus respectivos destinos. Eu não tinha interesse em saber quais seriam os detalhes fúteis que minha mãe tinha para acertar ou saber da maldita quantia que meu pai tinha para ganhar em seu escritório, o que eu queria mesmo era sumir.

Subi para meu quarto novamente e fiquei lá o dia inteiro. Estava terminando mais um livro de um de meus pensadores favoritos e nem percebi que as horas estavam passando rapidamente. Somente quando a mesma criada de hoje mais cedo bateu à minha porta, para que pudesse ajudar a me arrumar, eu percebi que estava começando a escurecer do lado de fora.

Retirei da caixa o primeiro vestido de festa que me veio à mente e deixei-o em cima da cama. Lavei-me, me penteei e a criada novamente me ajudou a colocar o maldito espartilho o mais apertado que pode. Sentia que meu sangue podia parar de circular a qualquer momento.

Quando estava pronta, pude ouvir o barulho das pessoas lá em baixo. Olhando pela janela, vi os carros desconhecidos estacionados na calçada. Um frio se instalou em minha barriga e um arrepio atravessou minha espinha. Faltava pouco para o ato final.

Uma segunda criada bateu à porta trazendo-me a notícia de que o meu tão amado noivo já havia chegado. Era hora de eu dar as caras.

Mandei-as para fora de meu quarto e fiquei sozinha por alguns minutos.

A quem eu queria enganar? Estava morrendo de medo de ter que encarar esse desconhecido. Queria poder correr para algum abrigo e nunca mais aparecer. Não queria ter que terminar meus dias como a esposa obediente do herdeiro Masen, só porque isso iria trazer dinheiro à nossas famílias.

Uma lágrima desceu pela minha face, chegando até meu queixo.

Mas como já era de costume, ao invés de fazer algo para tentar me libertar, apenas ergui a cabeça e me preparei para bater de frente com o que quer que fosse.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?
No próximo capítulo a Bella vai encontrar com o tão odiado noivo, a partir daí as coisas melhoram.
Não sei se os hiperlinks vão abrir, mas se não abrirem, segue os links aqui em baixo:
1° vestido: http://img59.imageshack.us/img59/3962/eduardiana11.jpg
2° vestido: http://img221.imageshack.us/img221/2706/eduardiana6.jpg
Comentem, ok? Prometo que o próximo não demora. Beijos, Nara.