Rescued escrita por Lolla


Capítulo 6
Pesadelo


Notas iniciais do capítulo

Oioi, voltei!!
Finalmente, mais um capítulo para vocês!
Beijos



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Acordo com a cabeça leve. Meu pai está em casa e como é fim de semana, vamos ao parque andar de patins. Isso é um ritual que temos desde... sempre, eu acho. Ele me ensinou a andar em qualquer tipo de coisa, desde bicicleta até quadriciclo. Eu tinha um quadriciclo quando era menor, mas quebrou. Enfim, fomos ao parque e tomamos nosso usual sorvete-da-manhã (em vez de comermos o café-da-manhã normal, tomávamos sorvete com cobertura. Idéia minha) e fomos ao super mercado. No final do dia estávamos mortos de cansaço e por isso fui dormir cedo.

                O despertador me acorda de um sonho bizarro. Tomo um banho gelado para afastar o cansaço e o medo que o sonho proporcionou. Meu pai já saiu e como estava cedo, decido tomar café fora. Há uma lanchonete aqui perto e desde que meu pai se separou, ele sempre tomou café aí. Ele não gosta nem um pouco de cozinhar (ou sujar a louça) por isso comemos fora sempre que estou com ele.  

Chegando à escola avisto a loura aguada vindo em minha direção. Dia ruim. Reviro os olhos e espero a tonta chegar. A cara de frustrada dela é a melhor, sem dúvida. Me contenho para não rir e acabar com o olho roxo. Mesmo achando que isto não vai acabar muito bem para mim.

- Mongolóide. –Chama ela. Fofa. –Eu tenho certeza que eu já te avisei para ficar longe do Ethan, não é? Ou será que eu estou ficando burra?

- Ficando? –Digo, com escárnio. Já está tudo ferrado mesmo. Agora a chance de eu acabar com olho roxo subiu para 99,9%. Cruzo os braços no peito, meio me protegendo e meio para dar ênfase a minha frase anterior.

E como previsto, recebo um tapa bem dado na cara. Eu digo bem dado por que foi em cheio. Consigo até imaginar a marca de sua mão em destaque. Arde muito, se você quer saber. Levo minha própria mão ao machucado e olho para ela. Sabe, eu tenho o histórico de não levar desaforo para casa. Bom, no meu caso, vai ser tapa. Mas vou deixando BEM claro que eu odeio qualquer tipo de violência. Odeio de verdade. Eu só não tenho escolha neste exato momento. Essa Barbie de araque esta merecendo isso há muito tempo. Revido o tapa, só que com mais força e já agarro seu cabelo hidratado. Ela grita (se é pelo tapa ou pelo puxão de cabelo, eu não sei. Só sei que gostei de ouvir). Subo em suas costas esqueléticas e fico puxando aquele cabelo macio até sentir alguém me puxando pra trás. Tento resistir, mas são muitas mãos. Provavelmente das cachorrinhas dela. Elas me jogam no chão e começam a me chutar. Não estava doendo tanto, até aquela ruivinha me chutar no estômago. Cara, eu nunca fiquei com tanta dor. Me encolho enquanto elas me arranham, batem e chutam. O impressionante é que ninguém vê esta palhaçada. Olho em volta e vejo que estou errada. Todos os alunos presentes naquela escola estão em uma roda em volta da gente, gritando alguma coisa que eu não entendia. Provavelmente “briga!”. Cadê os responsáveis desta joça? Eu vou processar todos. Mentira.

Ouvimos então um apito, para o alívio de minha graça (e de meu rosto). O treinador, senhor Curts, entra no meio da roda e fica chocado. Eu não sei com o quê, mas também não quero descobrir. Ele me levanta do chão, mas estou com dores pelo corpo todo.

- Vá se lavar, senhorita Strecker. Depois vá a diretoria. E vocês –Diz se virando para Anne a as cachorrinhas- pelo jeito não se machucaram. Direto para a diretoria. –Tentar argumentar com o treinador é inútil, por isso elas foram sem reclamar.

- Taylor! –Alguém grita. Não preciso me virar para saber quem é. Ele chega correndo e meio que tromba em mim. Dou um gemido de dor. –Desculpa. Aconteceu alguma coisa? –Inocentemente ele pergunta. Olho para ele com uma cara de perplexidade.

- Você tem algum tipo de distúrbio ocular? Você consegue me ver? –Balanço a mão em sua cara. Ele pega minha mão e revira os olhos, mas não tira o sorriso da cara.

- Tá, pergunta errada. O que aconteceu?

- Sua namorada deu à louca. Literalmente. Quase entortou meu pescoço com aquele tapa. Ainda tem a marca da mão dela aqui? –Me certifico, passando os dedos por minha bochecha. Sim. A marca ainda está lá. Agora em relevo. Ele me olha confuso.

- Namorada?

- Anne. –Indico. –Falando nisso, acho que o aviso dela está bem claro, Ethan. Ela até deixou ele em relevo, para eu não me esquecer. É melhor eu parar de falar com você antes que eu acabe no hospital. Fica longe de mim, para o meu próprio bem. –Depois disso eu me limpo e vou para a diretoria. Dizem que ela é uma mulher assustadora com encrenqueiros, mas como eu nunca apronto nada, nunca vi este lado selvagem dela.

No final das contas, como eu sou a mais prejudicada, só recebo uma intimação. Vou para casa mais cedo, alegando que estou com muita dor na costela, o que é uma completa mentira. Entro na internet depois de fazer metade da lição (amanhã eu digo que não consegui escrever, pois minha mão estava doendo muito, devido aos atos de agressão de minhas colegas. Palavras da diretora). Nunca fiquei tão agradecida por terem me batido. Jogo um pouco de vídeo-game e para o jantar, comida congelada.

No dia seguinte todos me olham quando eu chego. Não os culpo. Quem diria que o tapa ia acabar virando uma enorme mancha roxa em forma de mão? Eu não. Mas parte disto também é minha culpa. Devia ter posto gelo. Paciência. Quando passo por elas, Anne ri. Mostro meu dedo do meio e vou para a sala. Ethan já está lá, conversando com uma menina, Christi. Os dois riem. Sinto uma coisa aqui dentro, mais profundo que a dor da surra, mas não sei o que é. Os olhos vidrados nos dois, até ele voltar seus olhos para mim. Desvio a cabeça, deitando ela em meu braço estendido. Mordo os lábios, pois quero que ele venha até aqui também. Quero que ele brinque comigo também. Mas isso não acontece. Porque eu mesma disse para ele se afastar.

A aula passa devagar, principalmente por que meus olhos não estão na lousa (muita novidade) e sim na conversação entre Ethan e Christi via bilhetinhos. É um bilhetinho pra cá, uma risadinha pra lá. Eu não agüento mais. Bato a mão com força da mesa, causando muitos olhares em minha direção, e isto inclui o de Ethan e de Christi.

- Professor, posso ir ao banheiro? –Pergunto, envergonhada.

- Volte logo.

Saio de lá fico no banheiro até o final da aula. O resto do dia passa assim, eu me escondendo de Ethan e de Anne. Vou a pé para casa, principalmente para encontrar ele. Mas hoje ele não vai. Espero quase uma hora na portaria e ele não aparece. Isso me deixa realmente bolada da vida. Pego meu celular e envio uma mensagem para ele.

“Por que você não voltou a pé hoje? Fiquei te esperando um tempão.”

Depois de longos minutos de demora, recebi uma resposta que me deixou chocada, mas no fundo eu já suspeitava.

  “To na casa da Christi. To ocupado, para de me mandar mensagem. Até amanhã.”

Jogo o celular com força na cama e grito. Eu sei o quão ocupado você está, canalha. Na realidade eu não sei o porquê de toda esta raiva, mas fico assim até pegar no sono.

O lugar é todo branco e está vasto de pessoas, mas surge de repente Christi, com um sorriso estampado no rosto. Ela está linda, com um vestido branco e com um penteado maravilhoso. “Você está linda” ela diz. Olho para mim mesma e percebo que estou usando a mesma roupa e meu cabelo está arrumado igual ao dela. “Vamos” sua mão está estendida e eu a pego. Estamos desfilando em um tapete rosa, com flores ao redor. Várias pessoas sorriem para nós, sentadas em bancos ao lado do tapete. Alguns rostos são familiares. Papai, mamãe, Thomas, meus avós. No fim do tapete há um homem, terno branco, esperando ao lado do altar e perto de um padre que está segurando uma bíblia e sorrindo para nós. Não consigo ver a face do homem de branco, ma tenho a impressão de que sei quem é. Ele vira o rosto para nós e consigo vê-lo. Ethan está sorrindo, um sorriso medonho, com todos os dentes a mostra. Ouço o padre perguntar “Então, Ethan, quem você escolhe?” Ethan olha de Christi para mim e para Christi de volta. Dentro de meu ser torço para eu ser a escolhida. Ele abre a boca e diz, olhando em meus olhos “ Escolho a Christi.”

Acordo gritando e com lágrimas por toda a face. Percebo depois que é mais um pesadelo. Fios de cabelos grudam em minha testa pelo suor. Deito novamente e só volto a dormir depois de muito tempo.   


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Notas finais do capítulo

E ai?? Tadinha da Taylor, né? Levou uma surra e tanto! E agora que ela fez o Ethan se distanciar de novo dela?? Comentem!
Beijinhos gostosos!



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