Rescued escrita por Lolla


Capítulo 7
Sorvete


Notas iniciais do capítulo

Ó eu aqui de novo, com um capítulo pra vocês hehe
Boa leitura!



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Fico me remoendo por bastante tempo sobre o sonho do casamento no dia seguinte. O que isto significa? Era a pergunta chave que ficava rondando e rondando minha mente. O ânimo de ir à escola é tão grande que eu simplesmente não vou. Como meu pai não está em casa e provavelmente vai ficar ausente por mais alguns dias, ele não vai ficar sabendo. O dia passa devagar, e internamente (bem no fundo mesmo) aquela sensação de que Ethan vai aparecer aqui para ver como estou continua me perturbando. Mas ele não vem, como ele não foi falar comigo na aula. Depois de mais algumas horas vendo TV, simplesmente me sinto sufocada. Preciso sair de casa se não enlouqueço. Pego minha bolsa e tranco a porta de casa.

Decido passear pelas ruas, talvez ir até algum shopping, mesmo não gostando muito da idéia. Eu não gosto de shoppings. Nunca gostei. Nem a minha antiga eu gostava. Porém meus planos tomam outro rumo quando decido ir à sorveteria perto do prédio. A noite está quente e abafada e por isso não é surpresa encontrar o local abarrotado de pessoas quando chego. Alguns rostos são conhecidos. Gente da escola que provavelmente não sabe meu nome.

O sorvete vem derretido. Isso me deixa bem irritada, por isso saio sem pagar. É isso mesmo que você leu. Saí correndo, alegando que fui tomar s-o-r-v-e-t-e, não caldo de chocolate. Isso foi, eu acho, uma das piores decisões que já tomei. Olha que eu já cometi muitos erros.

Por incrível que pareça, não, eu não vi o carro quando decidi atravessar a rua. Ei, eu estou tentando fugir aqui. O barulho do freio me deixa com os pelos arrepiados, mas já é tarde demais. A força faz com que eu seja jogada alguns metros a minha frente. Bato a cabeça tantas vezes que fico tonta. Quando finalmente consigo me agarrar em uma perna que estava perto de mim para me estabilizar, percebo o rastro de sangue no chão. Olho para a cara do cidadão que me serviu de apoio e dou de cara com ninguém menos que Ethan. Eu deveria ter reconhecido os sapatos. A cara dele de horrorizado me faz ter calafrios de novo. Eu estou tão mal assim? Decido não me olhar. Tento me levantar. Inútil. A minha perna esquerda não obedece. Fica lá, paradinha. Mas a dor principal está localizada em minha testa. Ponho a mão lá, sentindo algo molhado. Engulo em seco e olho para uma mão coberta de sangue. Fecho os olhos e começo a contar. Sempre me acalma.

Ethan continua lá, falando no celular. Sério? Ele está com tanta raiva assim que não vai nem me ajudar? Ótimo. Não quero a ajuda dele, de qualquer jeito. Eu me viro sozinha. Começo a me arrastar pela rua, porque minha perna está impossibilitada de me ajudar neste momento. Olha, vou te contar uma coisa, não foi divertido me arrastar por aí. Primeiro porque era constrangedor, principalmente pela minha posição. Segundo, porque convenhamos, o chão é sujo. Eu não gosto de sujeira. Gosto das coisas limpas e cheirosas. Ouço alguma coisa, ou melhor, alguém, bufar e murmurar algo. Não preciso dizer que ele veio atrás de mim, não é? Bom, mas olha o que aconteceu. Ele vem por trás, praguejando pra Deus e o mundo e simplesmente me pega, como se eu fosse algum pedaço de pano.

- Ei, o que pensa que está fazendo? Me solta antes que me quebre mais alguma coisa, imbecil! A propósito, não pense que só porque está sendo caridoso neste momento que eu vou dar rédea solta, se é que você me entende! Ainda estou puta com você! Tão puta que nem consigo olhar na sua cara.

- E porque você está puta? Eu não te fiz nada. –Opa. Na verdade, ele está certo. E eu odeio quando estou errada. Ele não fez nada pra mim. Eu, com meu ciúmes estúpido e sem noção, abri a boca e falei demais. Ele não merece saber meus sentimentos por ele. Não mesmo. Mas isto não me impede de ficar roxa, vermelha e azul. É eu fico com vergonha. Viro a cara em outra direção e cruzo os braços.

- Hm, você... Você me deixou ir s-o-z-i-n-h-a para casa! Sabe o que é isto? Eu podia ter sido assaltada, seqüestrada ou estuprada! E você ia ter que conviver com esta culpa pro resto de sua vidinha miserável. Mas ao invés de me acompanhar nesta viagem longa e excruciante, você prefere ir comer aquela cadelinha sem sal. Mas eu entendo não se preocupe. A testosterona fala mais alto, não é mesmo? Os hormônios estão explodindo dentro do seu corpinho malhado. –Olho para ele e vejo uma expressão estampada em sua cara. Aquilo me deixa com os pêlos em pé, não sei por quê.

 - Está com ciúmes. –Ele diz simplesmente. Canalha. Olho incrédula para os olhos azuis e profundos que ele tem e rio alto.

- Eu? Ciúmes? HAHAHAHAHAHA. Não me faça rir, imbecil.

Ele da de ombros. Quando olho ao redor, estou na frente do hospital perto de minha casa. Calma, ele veio me carregando no colo até aqui? Olho para ele e não vejo resquícios de cansaço ou suor em sua face. Hm será que eu sou tão leve assim? Paciência. Ele me põe em um banco e vai falar com a recepcionista que está... O quê? Ela realmente está fazendo o que eu acho que está? Dando mole para ele? Bem pra ele? Reviro os olhos. Aí ele volta, bem sorridente pro meu gosto e se senta ao meu lado.

- O médico vai te atender daqui a pouco.

- Aquela mulherzinha ali. –Digo apontando para a recepcionista que está agora lixando as unhas. –Ela te deu o número dela, né?

- Sim! –Ele me mostra um papel com uma letra melosa com alguns números escritos. Reviro os olhos, mas ele não liga. Ele está se rindo todo. Risadinhas pra cá, risadinhas pra lá, até que o médico me chama. Ele faz uns curativos em meus braços que estão ralados e passa um líquido transparente em minha testa cortada, me fazendo soltar um gemido de dor. Ele faz um curativo lá também.

- Agora vamos ver esta perninha. –Ele segura minha perna com os braços fortes, diga-se de passagem, e passa a mão no calombo roxo e pulsante que virou minha perna esquerda. –Você quebrou a perna, docinho. –Ah, meu Deus. Não me diga querido, penso. Ele então sai da sala e vai pegar gesso e gases para enfaixá-la. Foi um trabalho árduo, mas no final de uns, não sei, quinze minutos, minha perna estava enfaixada e imóvel.

 Ethan me leva para casa, mas não me carrega. Quando chegamos na portaria, fico encabulada. Olho para o pé enfaixado, olho para as unhas roídas, olho para o céu e finalmente olho para seus olhos.

- Err, obrigada por me ajudar.

- Ta, ta. Até amanhã.

Ele já está indo embora. Rápido, Taylor, faça alguma coisa estúpida na qual você se arrependa MUITO depois. Err.

- Ethan! –Grito, porque ele já está distante. Ele olha para trás, com um sorriso torto no rosto. Aí eu me irrito. O que este sorriso significa? Ele já esperava que eu fizesse isto? Cretino. Ele me paga. Mostro meu dedo médio e saio andando, batendo os pés, mas não antes de escutar sua risada.

O resto da noite vira um tormento. Tenho que explicar, no mínimo, dez vezes a história direitinho de como sofri o acidente e o que aconteceu para o meu pai. É complicado fazer isto via telefone, mas depois de meia hora gasta, consigo me despedir dele, dizendo estar com fome. Na verdade, eu estou mesmo faminta. Faço miojo, ué. Quando uma pessoa não é uma boa cozinheira o que ela faz? Miojo. Simples. Mas para mim nem tanto. Eu consigo queimar meu miojo. É. Tenho que pedir uma pizza então. Pizza é melhor mesmo. Depois de comer, vejo um pouco de TV e vou dormir. Acho que amanhã eu falto na aula de novo. Hm. Não, preciso ter uma conversa SÉRIA com uma certa pessoa de cabelos loiros. 


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Notas finais do capítulo

Desculpa por qualquer erro hihi
Antes que vocês arranquem seus cabelinhos de raiva, saibam que no próximo capítulo vai acontecer um bate boca entre a Taylor e uma certa menina loira. Heheh
Aah, eu dedico este capítulo a você, LyStranb, que esteve comigo desde o primeiro capítulo e me deixa reviews de cada cap que eu posto! hihi Obrigada por estar comigo,me acompanhando e gostando!
Algum comentário, sugestão, crítica? Estou de braços (e olhos hehe) bem abertos pra qualquer comentário, viu?
Beeijos



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