Rescued escrita por Lolla


Capítulo 5
Muralhas


Notas iniciais do capítulo

Aqui está um capítulo fresquinho.
Boa litura!
Ps: LEIAM AS NOTAS FINAIS :3



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Acordo assustada por me dar conta que já era 8h da manhã. Estou mais que atrasada. Na verdade, mesmo que eu conseguisse chegar à escola, não me deixariam entrar. Ponho a mão na testa, rezando para meu pai já ter saído para o trabalho. Quando vou ao seu quarto, vejo que minhas preces foram cumpridas, pois a cama está arrumada e vazia.

                Felizmente ele voltaria somente à noite ou nem voltaria, não notando minha breve “escapada” da escola. Tomo meu café lentamente, saboreando cada mordida do pão tostado. Depois do café demorado, vou ao banheiro de meu pai (onde há uma banheira que eu simplesmente amo) e tomo banho lá, colocando todo tipo de sais e pétalas. O banho relaxado me traz paz, uma coisa que eu havia perdido há muito tempo.

                Saio da banheira pingando água e espuma e quando não encontro toalhas, transito pela casa nua, com a intenção de pegar uma toalha em meu próprio banheiro. Quando estou no corredor a ponto de chegar ao meu quarto, vejo um par de olhos se arregalarem ao me ver totalmente livre de roupas. O meu grito estridente o afasta, abrindo rapidamente a porta e saindo de casa. Pego uma toalha qualquer e desço até o térreo, indignada. Ao constatar que o par de olhos me era familiar, fico vermelha. Um misto de raiva, vergonha e indignação borbulha em meu peito e marcho até o jardim do prédio, onde me deparo com um Ethan um tanto quanto vermelho.

                Meu cabelo molhado joga gotas de água em meus olhos, por isso o afasto com a mão, pondo-o atrás de minha orelha. Tento olhá-lo nos olhos, mas obviamente ele não deixa, desviando eles a lugares diferentes a cada instante.

                - Tem algo a me dizer?

                - V...você está somente de toalha no jardim do seu prédio, onde várias pessoas perambulam, e elas estão olhando-a nesse exato momento.

                Reviro meus olhos e olho em volta, então percebo que estou mesmo somente com uma toalha (que, em minha opinião, é extremamente curta) no jardim de meu prédio, com homens e mulheres me olhando de forma estranha. Coro imediatamente e tento me cobrir o máximo que posso com o minúsculo pedaço de pano.

                -Is... Isso não justifica o fato de você ter invadido meu apartamento e visto euzinha aqui sem roupas, cretino. –Com meu comentário, ele cora violentamente. –Você vai ter que me explicar detalhadamente o porquê disso. –Olho em volta novamente. –Na minha casa. –Completo. Eu não vou ficar aqui discutindo com um garoto de toalha. Não mesmo. O que eu não imaginava é que, pelo olhar das pessoas (fofoqueiras), uma menina subindo para seu andar com somente uma toalha e acompanhada por um garoto, causa uma bela de uma má impressão. Mas só descobri isso mais tarde.

                Enfim, voltando ao presente, subo para meu andar e Ethan me acompanha. Peço para ele se sentar em meu sofá enquanto me troco e deixo estritamente proibido vagar para ale da sala de estar. Tento achar uma roupa decente e confortável ao mesmo tempo (o que não é fácil) enquanto me olho no espelho grande preso na porta de meu closet. Opto por um short azul e uma blusa qualquer, com uma rasteirinha preta. Penteio meu cabelo molhado e prendo-o. Um suspiro por minha parte antes de entrar na sala. Ele ainda está lá, brincando com as mãos enquanto vaga os olhos pela sala.  

                - Ethan. –Chamo. Ele prontamente se levanta, ficando vermelho. Dou uma risada disfarçada e chego perto dele. –Por que você veio aqui?

                - Eu... Eu... –Ele começou, mexendo nervosamente nas mãos. Levanto uma sobrancelha e reviro os olhos. –Queria saber por que você não foi à aula, pensei que tinha acontecido alguma coisa... O porteiro chamou pelo interfone mais parece que você não ouviu.

                - Aparentemente eu estava ocupada TOMANDO BANHO. –Grito a última parte e ele encolhe minimamente os ombros. Sopro minha franja que está dificultando minha visão e ponho as mãos na cintura. –Olha, eu to bem, então se você quiser se retirar... –Indico com a mão para a porta.

                - Quer ir ao parque de diversões comigo? –Ele soltou rápido. Tão rápido que quase não compreendi. Quase.

                - Como é? –Pergunto assustada. A última vez que fui a um parque de diversões foi com meu irmão e ele quebrou a perna em uma montanha-russa. A partir daquele dia eu nunca mais entrei naquele brinquedo e não vai ser hoje que vou entrar.

                - É que... Hum... Um parque novo foi aberto aqui perto e como ninguém quis ir... Hum... Eu...

                - Espera aí... É claro! –Digo, batendo as mãos e com uma cara irônica. –Como ninguém quis ir com o pobrezinho do Ethan é claro que ele vai pedir para a garota melancólica que perdeu a família em um trágico acidente, né?! Como se ela fosse uma rejeitada esperando desesperadamente um convite do cara gostoso que namora a Anne Ricci! Poupe-me, Ethan! Eu quero que você saia desta casa agora! –Digo empurrando seu peito em direção a porta.

                - Ei, espera aí, Taylor! Não é minha culpa e de ninguém mais que a sua mãe era uma louca depressiva que fez essas barbaridades com seu irmão! Eu simplesmente não agüento mais seu mau-humor todo dia! Você fica reclamando como você é totalmente esquecida na escola e como às pessoas se afastam de você, mas você não enxerga seu próprio erro, Taylor! As pessoas se afastam simplesmente porque elas têm medo de você. Eu tenho medo de você. –Ele admite, baixando os olhos claros até a altura dos meus. Olho em volta, envergonhada pelo discurso sincero que fui obrigada a ouvir e pior, concordar.

                Ethan se aproxima cautelosamente e antes mesmo de protestar, envolve seus braços em torno de meu corpo frágil. Eu sei que devo manter distância. Para meu bem. Mas estou cansada de me cercar de muralhas, por isso deixo de me defender. Não consigo me lembrar da última vez e que me senti tão bem só com um abraço. Nos braços dele, eu quase posso acreditar que não estou sozinha nisso. Engulo em seco, com medo desse sentimento novo que eu tento empurrar novamente para as profundezas de meu coração gelado, mas é inevitável.

                O amontoado de pessoas começa a me empurrar com mais freqüência quanto mais perto da entrada eu chego, mas isso não me impede de entrar no parque de diversões. Minha mão está grudada na de Ethan pela desculpa esfarrapada de quê ia ser desastroso se nos perdêssemos um do outro.

                Começamos pelos mais simples: carrinho de bate-bate (ele sugeriu este) e roda gigante (ele sugeriu este também). Os dois são chatos e monótonos, mas não reclamo. Eu devo esta a ele. Então sugiro o elevador, mas ele recusa, me fazendo ir sozinha. O seu argumento é o medo de frio na barriga. O parque está cada vez mais lotado e eu quase não consigo andar depois de sair do elevador. Pego em sua mão novamente e alego estar com medo de me perder em meio a tanta gente. Passo longe da montanha russa e Ethan não discute, por causa de seu medo de frio na barriga.

                O último brinquedo que escolhemos (depois de algumas discussões por minha parte, eu admito) é o castelo fantasma. Clichê, não é? Enfim, um cara qualquer nos fez pagar VINTE pratas CADA UM para podermos entrar, mas é claro que eu recusei e Ethan teve que pagar quarenta no total. Na verdade isto foi só uma desculpa, pois eu realmente tenho medo de coisas relacionadas a terror, mas não queria admitir.

                O lugar é escuro e fede a suor e adrenalina (mesmo eu sabendo que este último não tem cheiro). O fato de ser um breu absoluto e quase impossível de caminhar sem tropeçar não impede as pessoas desesperadas a empurrarem umas as outras tentadas a fugir dos monitores vestidos de monstro e, mesmo eu achando isto uma total babaquice, não consigo parar de gritar e me agarrar ao braço mais próximo (o que, no caso, é o Ethan).

                No final do passeio revigorante, eu estou com o cabelo embaraçado e bagunçado e os olhos vermelhos, por chorar de medo. Ridículo. Mas o mais ridículo é a cara de divertimento de meu acompanhante, enquanto ele massageia o local do braço onde eu fiquei o agarrando. Reviro os olhos e limpo meu nariz escorrendo na manga do casaco.

                - Passeio ridículo. –Resmungo, mas ele somente ri. –Será que dá para me levar pra casa agora que você descobriu que eu não sou totalmente medonha?

                - Ainda acho você medonha. –Ele admite, dando de ombros. Levanto uma sobrancelha.

                - E o que pretende fazer a respeito? –Digo ironicamente.

                - Levar você para jantar seria uma opção bem plausível. –Ele diz, mas eu vejo o pedido de permissão em seus olhos claros.

                - Vamos então. Eu não tenho outra opção mesmo. –Agora é minha vez de dar de ombros. Seus olhos brilham e um sorriso aparece em seus lábios, provocando em mim mesma um sorriso, mesmo que pequeno. Pelo jeito ele achou isso um progresso, pois tomou liberdade de passar um braço sobre meus ombros. Fico tensa instantaneamente, mas não retiro o braço.

                Ethan me leva para comer em um restaurante meia boca e com atendentes preguiçosos, mas não comento. O hambúrguer, como ele diz antes de pedirmos, é maravilhoso. Depois de discutirmos alguns assuntos (como qual banda é a melhor, mas nem discuto muito.) e ele tomar todo meu milk-shake, mesmo quando ele diz que só fez para me irritar, ele me leva para casa. Paramos em frente a minha portaria, e mesmo com o olhar penetrante do porteiro enxerido, beijo sua bochecha por apenas um milésimo de segundo, antes de sussurrar um “obrigada pelo passeio”. Corro para o elevador antes de ouvir qualquer exclamação dele.

                Jogo-me na cama e durmo de roupa e sapato, sem me importar com nada. Um sorriso verdadeiro se abre em minha cara e eu permito que ele fique no meu rosto até pegar no sono. Dou um suspiro, não reconhecendo sua origem no começo, mas depois percebendo seu significado. Outro sorriso surge, quando me dou conta de uma coisa que tento evitar a muito tempo. Este sentimento enche meu peito e aquece meu coração como nunca havia aquecido antes e pela primeira vez em muito tempo, durmo tranquilamente.


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Notas finais do capítulo

Primeiramente, desculpe pelo atraso e pelos possíveis erros de digitação.
Segundo,tenho uma notícia boa e uma má. A má primeiro? Ok. Eu vou viajar para casa da minha vó, em Bauru o/, e por isso eu talvez não consiga mais escrever nenhum capítulo até voltar. A boa é que eu vou ficar lá só uma semaninha, ou menos até, então não se desesperem.
Enfim, gostaram do cap.?? Comentem!
Ps: eu vou amanhã pra Bauru, gente.



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